O governo Bolsonaro se preocupa com os mais pobres? Tem políticas públicas para diminuir a miséria? Pensa em medidas para reduzir a desigualdade social?
Passado um ano de gestão, a única certeza é que, até agora, o Palácio do Planalto não contou o que quer e pretende fazer. O combate à pobreza é uma incógnita na Esplanada.
O presidente Jair Bolsonaro gastou, nos seus primeiros 12 meses, tempo com bobagens ideológicas nas redes sociais e vocabulário para atacar adversários e jornalistas.
A economia, de fato, deu passos (ainda que curtos) de retomada. No entanto, pouco se sabe qual a estratégia para aqueles que mais precisam de dinheiro e comida na mesa.
Bolsonaro não quer vincular seu governo de direita aos programas sociais da era petista, de esquerda, mas ele não apresenta alternativas. Como mostrou a Folha recentemente, os projetos estão empacados.
Contribuem para essa explícita falta de rumo as divergências entre as alas política e econômica do governo.
O Bolsa Família, principal bandeira social dos períodos de Lula e Dilma, é o maior exemplo. O programa de renda atinge sobretudo Norte e Nordeste, regiões em que Bolsonaro não esbanja popularidade.
O Planalto teve que se virar nos 30 para pagar a 13ª parcela prometida em campanha eleitoral. Tirou recursos das aposentadorias e pensões para tapar o buraco e evitar que as pessoas mais necessitadas ficassem sem o dinheiro no fim do ano.
Ao mesmo tempo, tenta arrancar do papel o que diz ser a reformulação do Bolsa Família. E aí surge outro problema. Uma ideia seria focar em aumento para os brasileiros em situação de extrema pobreza, que representam dois terços dos 13 milhões de famílias que hoje são atendidas.
Apoiado pelo núcleo político, o novo programa pode custar mais R$ 16 bilhões aos cofres públicos. A equipe econômica, sob a batuta do ministro Paulo Guedes, resiste ao plano.
Não está claro quando (e se) o governo vai anunciar as mudanças. E o pobre continua esperando a sua vez.
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