sábado, 9 de julho de 2016

Conspirações e pirações

Na coluna da semana passada sobre a TV Brasil, atribuí equivocadamente ao filósofo Herbert Marcuse o clássico conceito “o meio é a mensagem”, do teórico de comunicação canadense Marshall McLuhan. Logo cedo, fui corrigido por um amável e-mail de meu mestre Zuenir Ventura, que me ensina desde a faculdade. Envergonhado, me restava corrigir na edição on-line e me desculpar no jornal na semana seguinte. São sempre muitos leitores que comentam, mas, para minha surpresa, ninguém reclamou, ninguém notou. E sempre tem quem nota alguma coisa, mesmo quando falo só de números e fatos, para me chamar de fascista nas redes... rsrs.

Um sinal dos tempos. Vivemos no império da ignorância e da esperteza sobre a cultura e a ética, como uma consequência perversa, entre tantas maravilhosas, da era das comunicações de massa que foi antecipada por McLuhan nos anos 60, e levada ao paroxismo na era digital, com a comunicação total, de todos com, ou contra, todos.

“Eu odeio a classe média. A classe média é um atraso de vida. A classe média é a estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista. A classe média é uma abominação política, porque é fascista. Ela é uma abominação ética porque é violenta. Ela é uma abominação cognitiva porque é ignorante.”


Todo esse ódio não vem de um aristocrata, de um representante da nobreza ou das velhas oligarquias, de um coxinha elitista ou de um marginal revoltado: são conceitos e sentimentos da filósofa, professora e ideóloga petista Marilena Chauí, que agora denuncia publicamente que o juiz Sérgio Moro foi treinado pelo FBI nos Estados Unidos, como parte de um plano diabólico para entregar o pré-sal aos americanos.

Até petistas ficam constrangidos. Afinal, eles se orgulham de tirar milhões da pobreza para a classe média — os ignorantes, fascistas, estúpidos e abomináveis que os elegeram.

O juiz Moro, sempre sério, talvez possa dar boas risadas, ou talvez, didaticamente, a processe por danos morais, porque a acusação é grave, sem provas, e a liberdade de expressão não absolve a calúnia e a difamação. Ou a piração.

Nelson Motta

Começou a operação Lava Crime

O ex-ministro Paulo Bernardo foi preso. Ele ocupou as Pastas do Planejamento e das Comunicações nos governos Lula e Dilma. Um ministro importante – ou, mais que isso, um dos líderes da hegemonia petista no Planalto. É acusado de roubar R$ 100 milhões de servidores públicos – destinando a maior parte do roubo para o caixa do Partido dos Trabalhadores, sem esquecer-se de reservar seu pixuleco particular. Mas Paulo Bernardo foi solto pelo STF, em decisão providencial do companheiro Dias Toffoli.

Veio também do Supremo Tribunal Federal outra decisão importantíssima para a preservação da saúde da quadrilha. Em ato do companheiro Teori Zavascki, o processo contra Lula por tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró foi parar longe das mãos de Sergio Moro. O argumento do ministro companheiro para mandar a operação cala a boca para a Justiça Federal de Brasília é impagável: o suposto delito de Lula denunciado pelo senador cassado Delcídio do Amaral não está no âmbito das investigações da Lava Jato.


Perfeito: o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi condenado no escândalo do petrolão, investigado pela Operação Lava Jato, mas a tentativa de um ex-presidente da República de impedir que o condenado contasse tudo o que sabia sobre o escândalo investigado pela Operação Lava Jato não tem nada a ver com a investigação conduzida pela Operação Lava Jato. Claro como petróleo roubado.

Surge então o companheiro procurador Rodrigo Janot, autor de vistosas coreografias para bagunçar o processo de impeachment, e recomenda que José Dirceu tenha sua pena pelos crimes do mensalão perdoada. Outra decisão cristalina. Ela ocorre no exato momento em que o juiz Sergio Moro, esse golpista, aceita nova denúncia contra o ex-ministro de Lula e o torna réu pela segunda vez na Lava Jato. Como se vê, a floresta de implicações de Dirceu no assalto ao Estado brasileiro perpetrado pelo PT não enseja outra providência senão o perdão.

E a quem caberá, no STF, a decisão final sobre o perdão ao guerreiro do povo brasileiro? Ao companheiro Luís Roberto Barroso – isso, aquele mesmo. Façam suas apostas.

Outra dobradinha da Procuradoria-Geral com o Supremo que tem feito história no refresco à quadrilha do bem é a Janot-Teori. Funcionou melhor que a zaga do Barcelona rebatendo a saraivada de denúncias contra a companheira afastada Dilma Rousseff. Nem o escândalo obsceno de Pasadena, repleto de digitais da companheira, mereceu o devido inquérito – sempre sob as escusas de não haver indícios suficientes contra ela, embrulhadas no sofisma de que presidente no exercício do mandato não pode ser investigado.

Mais uma falsidade, naturalmente. Presidente não pode ser réu, mas o delito no qual supostamente se envolveu pode e deve ser investigado. Menos na democracia companheira – onde as instituições são muito sensíveis aos corações valentes.

Aí aparece uma perícia no Senado decretando que a Sra. Rousseff não pedalou. Como o Brasil é uma mãe, a opinião pública é uma geleia e as instituições são uma sopa, a barbaridade se dissemina com solene indignação.

Não adianta informar ao jardim de infância que a perícia contratada pelos ciclistas operou apenas mais uma malandragem – alegando que não há ato direto da Sra. Rousseff nas pedaladas. Claro que não há. O ato da ex-mandatária foi justamente uma omissão – não pagar os débitos do Tesouro com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES, forçando os bancos públicos a emprestar a seu controlador, o que é proibido pela lei fiscal.

A tal perícia deixou só um crimezinho pendurado no processo de impeachment, reconhecendo que os decretos de crédito suplementar não foram autorizados pelo Congresso Nacional. No país da geleia geral, onde as convicções são formadas com a meticulosidade de um churrasco em Atibaia, vai emergindo a versão de que os ladrões não eram tão maus assim – e no fundo são até simpáticos. Aí, Dilma lança sua vaquinha para percorrer o Brasil contra o golpe. E você achava que sabia o que era uma ópera-bufa.

Libertem Paulo Bernardo. Prendam os milhares de servidores públicos desfalcados no escândalo do crédito consignado. Tragam Dilma de volta. Deem mais uma chance à elite vermelha – ela ainda não tinha terminado de raspar o tacho.

Dilma faz proselitismo contra o governo com dinheiro público

Ai, ai… Dilma Rousseff está passando por um processo de infantilização política. A cada dia, a sua retórica fica mais primitiva. Querem ver?

Ela participou de um evento promovido pelo MTST para marcar a entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
As casas foram construídas dentro da tal modalidade “entidades”, em que o Estado repassa o dinheiro para um grupo militante, e este se encarrega de contratar a obra. Sim, o nome disso é privatização de dinheiro público. Ou por outra: quem pertence ao MTST fura a fila da casa própria. Ou por outra ainda: um movimento que é esbirro do PT se apropria de uma política pública.


A prova de que isso é verdade é que a convidada de honra do evento era, ora vejam!, Dilma Rousseff. Que, no momento, não está presidindo o Brasil. E que não voltará a fazê-lo. Se é uma política do Estado brasileiro, o convidado para a cerimônia tem de ser o presidente em exercício, ora bolas!

É assim que as coisas são numa República.

Acontece que Dilma, o MTST e as esquerdas no geral não reconhecem a Constituição e as leis.

No discurso que fez, Dilma desenvolveu uma tese notável: as mulheres seriam imunes à renúncia, à diferença dos homens. Afirmou: “Mulher não renuncia porque mulher não cede na luta”.

Ah, bom! Homem é tudo zé-mané. Ao menor sinal de problema, já vai caindo fora.

É evidente que ela estava se referindo ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Falando sobre si mesma, mandou ver: “Pediram, insinuaram, até pressionaram, para eu renunciar. Jamais faria isso! Sabe por quê? Porque o povo me deu 54 milhões de votos.”

Eu, por exemplo, não insinuei, não pedi nem pressionei. Eu recomendei. Só insinua quem não tem coragem de falar com clareza — e eu tenho porque ela não é minha “chefa”. Só pede quem também vai se beneficiar do ato — um aliado. E só pressiona quem se sente acima da pessoa que tem de agir. Lógica elementar: setores do próprio PT pediram para ela cair fora.

Ainda aludindo a Cunha, veio com a cascata de sempre. Disse não ter roubado dinheiro público nem ter conta na Suíça. Mais uma vez, arrotava a sua honestidade, como se a denúncia contra ela tivesse algo a ver com isso. Não! Ela está fora porque atentou contra a lei fiscal.

Contando uma mentira deslavada, Dilma afirmou que Temer está desmontando os programas sociais. O reajuste que ele aplicou ao Bolsa Família foi superior ao proposto por ela.

Guilherme Boulos, chefão do MTST e burguês do capital alheio, acusou Cunha de ter tramado nas sombras a queda de Dilma. E pronto! Fez-se mais uma patuscada política usando dinheiro público.

Imaginem a moralidade de alguém que usa um programa social para promover uma causa partidária e para propor uma mobilização contra o governo constitucionalmente estabelecido, em plena vigência do Estado de Direito.

Eis mais uma razão para que nos deixem em paz. E está dado o motivo para descredenciar o MTST da modalidade “Minha Casa Minha Vida Entidades”. O dinheiro está servindo a um partido político, não à população.

'Angra 2 é um escândalo por si só'

Na última quarta-feira, a Eletronuclear foi mais uma vez alvo de operação da Polícia Federal que apura o pagamento de propina envolvendo a construção da Usina de Angra 3.

O principal alvo foi o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da subsidiária e considerado o "pai do programa nuclear brasileiro", que acabou sendo preso mais uma vez neste novo desdobramento da Lava Jato.

 Particularmente perigoso e grave é que essas fraudes são sempre feitas às custas da segurança. Ainda mais de um modelo de usina tão ultrapassado, ruim e perigoso, que deixou de ser construído na Alemanha há mais de 20 anos 

Ele é acusado de cobrar 12 milhões de reis em propinas, soma equivalente a 1% do dos contratos da empreiteira Andrade Gutierrez para tocar as obras da usina de Angra 3. Seu sucessor, Pedro Diniz Figueiredo, foi alvo de um mandado de condução coercitiva e acabou sendo afastado da presidência da Eletronuclear por suspeita de interferir em investigações internas da empresa.

Angra 3 começou a ser construída nos anos 80, e teve as obras retomadas em 2008. O projeto da usina é fruto do acordo bilateral entre a Alemanha e o Brasil firmado em 1975, que previa a construção conjunta de oito centrais. O projeto avançou pouco nas décadas seguintes e desde 1990 vem sendo prorrogado sucessivamente a a cada cinco anos. A última extensão do acordo ocorreu no final de 2014 passado apesar das críticas de vários políticos da Alemanha – país que pretende abandonar o uso da energia nuclear até 2022.
A deputada do Partido Verde alemão Sylvia Kotting-Uhl, umas das autoras da moção que tentou denunciar o acordo em 2014, afirma que as suspeitas levantadas na construção da usina são uma "evidência das fraudes que envolvem a energia nuclear" e que o caso pode ajudar no combate a uma nova prorrogação em 2019.
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Lewandowski tenta sepultar gravação Lula/Dilma, mas pode complicar tudo

Os jornais noticiam que o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal, solicitou ao juiz Sérgio Moro esclarecimentos acerca da nova petição apresentada pela defesa do ex-presidente Lula sobre os atos que permitiram e divulgaram gravações de conversas dele com a presidente Dilma Rousseff e diversos políticos, nas investigações da Operação Lava Jato.

Reportagem de “O Tempo” explica que o juiz Moro terá de enviar ao Supremo explicações sobre o fundamento da decisão. Para os advogados de Lula, houve usurpação de competência de Moro, uma vez que foi retirado o sigilo de grampos que atingiram autoridades com foro privilegiado, como a presidente Dilma e o então ministro Jaques Wagner (Casa Civil), que precisavam do aval do Supremo para ser investigados.

A matéria de “O Tempo” diz que o objetivo da defesa de Lula, conduzida pelo criminalista José Roberto Batochio, ex-deputado federal pelo PDT, é suspender o inquérito que está na primeira instância sob o comando de Moro, para que o caso retorne para o Supremo.

As investigações contra o ex-presidente foram remetidas para Moro em junho, após decisão do ministro Teori Zavascki, que impediu que fosse usada como prova a gravação entre Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff sobre a posse de Lula como chefe da Casa Civil, feita pela Operação Lava Jato.

“Mostra-se de rigor a concessão da medida liminar para que este Supremo Tribunal Federal avoque, novamente, todos os procedimentos conexos suspendendo-se, por consequência, o curso de tais procedimentos relacionados, bem como de quaisquer outros munidos com o conteúdo das interceptações em tela”, diz a defesa de Lula.
A perseguição ao juiz Sérgio Moro no Supremo é implacável. O magistrado paranaense já deu todas as informações sobre o assunto ao ministro-relator da Lava Jato, Teori Zavascki, que não permitiu o uso das gravações como provas, por terem sido feitas após o encerramento da autorização judicial, embora os agentes federais desconhecessem a ordem para parar as gravações.

Zavascki obedeceu ao tecnicismo jurídico (ou ao cinismo jurídico). No entanto, não tomou nenhuma iniciativa referente à divulgação pública das gravações, que mostram uma iniciativa concreta de Dilma Rousseff, Lula da Silva e José Eduardo Cardozo em flagrante obstrução da justiça, conforme o inquérito que corre contra eles no Supremo, por denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot.

Agora, o ministro Lewandowski volta à carga para tentar proteger Lula, Dilma e Cardozo, mas pode se dar mal, porque sua iniciativa revive nos autos as gravações que ele próprio tenta sepultar. E quando a prova anulada é revivida pela parte beneficiada ou pelo juiz, automaticamente volta a ser válida, como é praxe no processo criminal.

A culpa é das elites

Ou, mais precisamente, da falta delas!

A acusação do título, no sentido em que foi repetida “ad nauseam” nos últimos anos, era injusta como costumam ser todos os preconceitos ideológicos. As nossas elites, culturais, artísticas, empresariais, políticas, intelectuais e financeiras, não foram as responsáveis diretas pela criação de todos os problemas que o país enfrenta neste momento de crise aguda. Pelo contrário, tenho manifestado em diversas ocasiões a minha opinião de que, em todas as nações, países e sociedades, as elites são, justamente, o diferencial capaz de induzir o desenvolvimento social e econômico e de que, desprezar a utilidade desse fator costuma ser um desperdício com terríveis consequências, como a História sempre registrou. 


Por outro lado, vista sob ângulo diverso, a mesma expressão do título encerra uma verdade curiosamente interessante. No caso brasileiro, se as elites não podem ser responsabilizadas diretamente pelas nossas agruras em decorrência de atos inconvenientes, de escolhas inadequadas ou de ações equivocadas, elas têm enorme culpa em tudo isso, justamente por se terem tornado pequenas, mal compostas, pouco densas, inoperantes e desajustadas. Ou seja, a culpa neste caso é a da inexistência de elites emuladoras, representativas e ativas. Em outros termos, as elites foram culpadas não por seus atos, mas por suas omissões e ausências na dinâmica do país, em anos recentes. Elas simplesmente perderam densidade e, por consequência, capacidade operacional eficaz.

Não interessa ao propósito deste tópico aprofundar a análise do fenômeno, na tentativa de identificação dos complexos processos sociológicos, políticos e econômicos que nos deixaram com elites muito menos capacitadas, cooperativas, engajadas, lúcidas e operantes do que as que já tivemos em outras épocas. Mas, não quero perder a oportunidade de registrar alguns exemplos e seus efeitos comparativos. Só para aclarar as idéias.

Em outros momentos políticos especialmente graves e sensíveis, pudemos contar com a contribuição e com a participação ativa de lideranças exponenciais, capazes de aglutinar a nação e dar-lhe objetivos lúcidos e concretos. Gente da magnitude política de Ulysses Guimarães, de Mário Covas ou de Tancredo Neves. E hoje, como estamos providos de elite política? Na época das “Diretas Já”, contamos com uma participação engajadíssima da nossa elite artística; todos com uma mensagem concreta e objetiva. Hoje, os poucos artistas nacionais que se apresentam como engajados nas grandes causas do país aparecem meio perdidos, com atitudes confusas ou contraditórias e, por isso, deixam de empolgar a sociedade. Perdemos densidade nesse particular. O panorama não é muito diferente no que concerne às nossas elites intelectuais. Quem vem pontuando na academia, nas fundações ou nos centros de saber? Os poucos que ocupam certo espaço midiático digladiam-se em torno de duvidosas, repetitivas e anacrônicas premissas ideológicas, sem agregar qualquer contribuição concreta para iluminar os caminhos desta sofrida nação. Não foi assim no passado. 

Para evitar tendenciosidade, lembro que os extremos do espectro político já foram guarnecidos com o brilho intelectual de Roberto Campos e de Darcy Ribeiro. Onde estão os sucessores de Jorge Amado e de Oscar Niemayer? O que dizer, então, da nossa elite esportiva? Quem são os sucessores de Pelé, de João do Pulo, de Adhemar Ferreira da Silva, de Ayrton Senna e de tantos outros atletas que ostentaram postura de exemplo para os jovens e para os aficionados do esporte? Que cientista podemos indicar como candidato ao nosso primeiro e atrasadíssimo Prêmio Nobel? Quem deve receber a tocha que já foi empunhada, merecidamente, pelas candidaturas de Cesar Lattes e Carlos Chagas? Deixei para o final um comentário sobre a nossa elite empresarial. Nesse campo, nem parece que este país já assistiu o esforço empenhado de homens como Irineu Evangelista de Sousa ou Percival Farquhar. O que temos hoje é um empresariado que vem se tornando, em sua maioria, dependente do Estado (de seus favores, de suas encomendas e de seus regramentos) e, por consequência, incapaz de opor-se aos governos e às suas opções equivocadas. O processo, qualquer que seja ele, já demasiadamente demorado, nivelou por baixo e roubou densidade. Sim, a culpa é das elites ou, mais precisamente, da falta delas!
Rubens Menin

Brasil é último em ranking de criação de emprego da OCDE

Em razão da crise econômica, o Brasil deve ter, em 2016, o pior desempenho na criação de empregos na comparação com outros 43 países, de acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado nesta quinta-feira.

Segundo o relatório, o Brasil deve registrar um saldo negativo de empregos (quando as demissões superam as contratações) de 1,6% neste ano, enquanto nos países da OCDE a previsão é de crescimento de 1,5% dos postos de trabalho em 2016.

Nas projeções da OCDE, apenas quatro outros países, além do Brasil, terão saldo negativo de empregos neste ano, com quedas bem menores, que vão de apenas -0,1%, como a Finlândia, a -0,9%, no caso da Costa Rica.

Em 2017, afirma o estudo, a situação no Brasil deve melhorar, com previsão de crescimento de 0,7% do emprego.

O estudo, intitulado "Perspectivas do Emprego 2016", leva em conta os dados dos 35 países membros da organização (a Letônia aderiu ao grupo em junho) e de nove outras economias, como Brasil e China.

Em junho, a OCDE já havia estimado, em outro estudo, que o Brasil deverá sofrer em 2016 a maior queda do PIB entre as 44 economias analisadas, com recuo de 4,3%, e atribuiu a "recessão profunda", que deve durar no país até 2017, ao "contexto de grande incerteza política" e também aos casos de corrupção que abalam a confiança de consumidores e investidores.

A OCDE prevê que a taxa de desemprego no Brasil deverá atingir 11,3% neste ano contra 8,5% em 2015, segundo o estudo divulgado nesta quinta.