segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Nota de falecimento
Já não está mais entre os vivos “a mulher de Lula”, a “gestora” mais competente do que ele, apta a dar continuidade à nobre tarefa de melhorar a vida dos pobres sem esquecer-se de forrar os bolsos dos ricos.
Descansa em paz desde a semana passada quando o Brasil perdeu o título de país bom pagador. Ficam seus exemplos de fé, perseverança, dedicação e de certa dificuldade em se fazer entender.
O infausto acontecimento havia sido precedido de outro de igual natureza.
Refiro-me ao passamento, depois de longa agonia, da “faxineira ética”, que escolheu seguir convivendo com ministros investigados sob a suspeita de ferir a lei.
Um deles por omitir da Justiça dinheiro recebido por fora para pagar despesas de campanha. O outro por extorquir empresários com o mesmo objetivo.
“A faxineira ética” se tornara conhecida como tal ao demitir seis ministros de Estado no seu primeiro ano de governo. Nunca se viu nada parecido na centenária história da República brasileira.
Diante de reles indícios de que eles haviam aproveitado os cargos para roubar ou facilitar o roubo, ela não hesitou. Veloz como um raio, sacou da caneta e fuzilou-os sem piedade. ''Hasta la vista, baby”!
Estreia digna de um Oscar de efeitos especiais.
Pena que o resto do filme não tenha sido condizente com o seu início. Ministros demitidos indicaram seus substitutos ou foram contemplados com outras sinecuras.
Ao mensalão, sucedeu a roubalheira apurada pela Lava Jato. Lula jura que não sabia do mensalão. A “ex-faxineira”, que tampouco sabia do saque à Petrobras. Triste fim!
O que resta dos atributos agregados pelo marketing à imagem pública da chefona de maus bofes, detestada pelos seus subordinados, centralizadora em excesso por se julgar uma sábia, quando, na verdade, é uma mulher insegura e solitária?
Quis o destino, com a ajuda dela, que fosse assim. Quis Lula, com os votos que já teve, que ela se elegesse e se reelegesse.
É a criatura que costuma se rebelar contra o criador. Lula merece o rêmio de melhor roteiro por se insurgir como criador contra sua criatura. Quer distância dela. E torce em silêncio pela sua possível desgraça.
Assim poderá passar à oposição ao novo governo na esperança de voltar à presidência em 2018. “Aquela mulher”, ele repete, amargo, entre amigos.
Cada vez mais enfraquecida, ela se mantém no cargo graças ao fato de que foi eleita. Não é pouca coisa. Deveria bastar. Mas, não. Balança.
Não é crime de responsabilidade governar de maneira desastrosa. Nem ter mentido à farta para se eleger.
Também não é crime ser impopular, rejeitada por oito em dez brasileiros. Seis em dez querem seu impeachment. Se ocorrerá? E como? E em que data?
Certa vez, perguntaram a Louis Armstrong, cantor e trompetista, um dos ícones da música negra norte-americana: “O que é jazz?” Ele respondeu: “Quando ouvir você saberá”.
Você saberá quando estiver madura a ocasião para se abrir o processo de impeachment. Impeachment não depende só de desejo. Nem mesmo de maioria de votos no Congresso.
Haverá de acontecer se as circunstâncias o determinarem.
E se as contas do governo de 2014 forem rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União? E se a Câmara entender que as “pedaladas fiscais” do governo violaram a lei?
Por outro lado,e se Fernando Baiano, ex-operador de propinas do PMDB na Petrobras, fizer revelações que alcancem os caciques do partido?
Um fato novo revoga um fato consumado.
Descansa em paz desde a semana passada quando o Brasil perdeu o título de país bom pagador. Ficam seus exemplos de fé, perseverança, dedicação e de certa dificuldade em se fazer entender.
O infausto acontecimento havia sido precedido de outro de igual natureza.
Refiro-me ao passamento, depois de longa agonia, da “faxineira ética”, que escolheu seguir convivendo com ministros investigados sob a suspeita de ferir a lei.
Um deles por omitir da Justiça dinheiro recebido por fora para pagar despesas de campanha. O outro por extorquir empresários com o mesmo objetivo.
“A faxineira ética” se tornara conhecida como tal ao demitir seis ministros de Estado no seu primeiro ano de governo. Nunca se viu nada parecido na centenária história da República brasileira.
Diante de reles indícios de que eles haviam aproveitado os cargos para roubar ou facilitar o roubo, ela não hesitou. Veloz como um raio, sacou da caneta e fuzilou-os sem piedade. ''Hasta la vista, baby”!
Estreia digna de um Oscar de efeitos especiais.
Pena que o resto do filme não tenha sido condizente com o seu início. Ministros demitidos indicaram seus substitutos ou foram contemplados com outras sinecuras.
Ao mensalão, sucedeu a roubalheira apurada pela Lava Jato. Lula jura que não sabia do mensalão. A “ex-faxineira”, que tampouco sabia do saque à Petrobras. Triste fim!
O que resta dos atributos agregados pelo marketing à imagem pública da chefona de maus bofes, detestada pelos seus subordinados, centralizadora em excesso por se julgar uma sábia, quando, na verdade, é uma mulher insegura e solitária?
Quis o destino, com a ajuda dela, que fosse assim. Quis Lula, com os votos que já teve, que ela se elegesse e se reelegesse.
É a criatura que costuma se rebelar contra o criador. Lula merece o rêmio de melhor roteiro por se insurgir como criador contra sua criatura. Quer distância dela. E torce em silêncio pela sua possível desgraça.
Assim poderá passar à oposição ao novo governo na esperança de voltar à presidência em 2018. “Aquela mulher”, ele repete, amargo, entre amigos.
Cada vez mais enfraquecida, ela se mantém no cargo graças ao fato de que foi eleita. Não é pouca coisa. Deveria bastar. Mas, não. Balança.
Não é crime de responsabilidade governar de maneira desastrosa. Nem ter mentido à farta para se eleger.
Também não é crime ser impopular, rejeitada por oito em dez brasileiros. Seis em dez querem seu impeachment. Se ocorrerá? E como? E em que data?
Certa vez, perguntaram a Louis Armstrong, cantor e trompetista, um dos ícones da música negra norte-americana: “O que é jazz?” Ele respondeu: “Quando ouvir você saberá”.
Você saberá quando estiver madura a ocasião para se abrir o processo de impeachment. Impeachment não depende só de desejo. Nem mesmo de maioria de votos no Congresso.
Haverá de acontecer se as circunstâncias o determinarem.
E se as contas do governo de 2014 forem rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União? E se a Câmara entender que as “pedaladas fiscais” do governo violaram a lei?
Por outro lado,e se Fernando Baiano, ex-operador de propinas do PMDB na Petrobras, fizer revelações que alcancem os caciques do partido?
Um fato novo revoga um fato consumado.
Presidente Dilma Rousseff, o Brasil já aguentou demais
A evolução de nossa vida e a sucessão dos acontecimentos que têm golpeado a sensibilidade nacional atingiram, de fato, um limite insuperável. Chegou-se, efetivamente, às fronteiras e ao ápice do inimaginável com os crimes que vêm abalando a Nação. Mas não me deterei em referências conhecidas, não insistirei no protesto, na condenação e na revolta contra as conhecidas pilantragens.
O que posso assegurar com absoluta certeza – o que, aliás, já é do conhecimento das altas autoridades do Judiciário e da Polícia Federal – é estar inteiramente provado, de acordo com documentos que estão vindo a público,que o País foi dominado por uma quadrilha de ladrões.
Na verdade, se todos os que se opõem a essa bandalheira tivessem a leviandade da Senhora Presidente da República, que os acusa de mentirosos, não haveria o menor futuro para este país.
Evidentemente, as mais graves ilações, as mais sérias conseqüências, as mais terríveis suspeitas podem ser tiradas de todas estas denúncias vindas a público. Fica a critério de cada cidadão e à consciência de cada brasileiro a incumbência de ficar meditando sobre as terríveis provações pelas quais a Nação passa, atualmente para a infelicidade de seu povo e para vergonha do País.
Não caíamos, absolutamente, nós que nos opomos a esta pouca vergonha, nessa armadilha infantil, nessa manobra ingênua que nos quer fazer de idiotas, nesse primarismo que é a de tentar colocar o problema, como se vem tentando, nos termos de polêmica entre oposição e governo, nos termos de uma controvérsia de ponto e contraponto, numa espécie de diálogo orquestrado entre o governo e população. Nós não nos prestamos a essa manobra simplória.
Nós queremos dizer face a face, frente a frente, em alto e bom tom, com a vista diretamente dirigida aos olhos do povo tudo aquilo que toda gente pensa, inclusive muitos membros da base governista. Temos o direito e principalmente o dever de dizer ao povo brasileiro que existe no governo deste país uma malta de criminosos e que os negócios da nossa República estão sendo conduzidos ou foram conduzidos até agora sob a guarda de celerados e pretendentes às cadeias.
É o que temos a obrigação de dizer, é o que nós todos diremos sob pena de grave omissão e de notória cumplicidade. Isso que denunciamos não é palavra da oposição, isso que dizemos é o clamor popular, isso que estamos falando não é desafio da ambição, isso que estamos propondo é o dever da humanidade, é o cumprimento inflexível da nossa obrigação.
Por isto, senhora presidente, eu falo a Dilma Rousseff. Eu lhe falo, como Presidente e, também, como mulher e lhe digo: lembre-se das incumbências e das responsabilidades que lhes foram outorgadas por mandato; lembre-se dos interesses nacionais que pesam, não sobre a sua ação somente, mas, sobretudo, sobre a sua reputação. Eu lhe asseguro: Presidente, houve um momento em que Vossa Excelência encarnou, de fato, as esperanças do povo; houve um momento em que Vossa Excelência, de fato, se irmanou com as aspirações populares.
Mas eu digo a Vossa Excelência: respeite o Brasil que repousa na sua autoridade; preserve a sua autoridade, sob a qual repousa o Brasil. Tenha a coragem de perceber que o seu governo é, hoje, um vazio imenso, observe que o seu palácio se tornou um reduto de uma sociedade em decomposição.
Erga os olhos para o seu destino e vislumbre as cores de nossa bandeira, e olhe para o céu, a cruz de estrelas, que nos protege, e veja se é possível restaurar a autoridade de um governo que se irmana com criminosos, como e possível restabelecer a força de um Executivo caindo nos últimos níveis de rejeição e desconfiança.
Senhora presidente Dilma Rousseff, eu lhe falo como chefe do governo. Reflita sobre sua responsabilidade político-administrativa e tome, afinal, aquela deliberação, que é a última que um presidente, na sua situação, pode tomar. E eu falo à mulher. E eu faloàa mulher Dilma Rousseff e lhe digo: lembre-se da glória de nossa Pátria, dos anseios de nossa gente. Lembre-se, mulher, de que em suas veias corre o sangue de um povo batalhador e não se acumplicie com os crimes dos covardes e dos traidores!
E digo à mulher, que é mãe, avó que tem uma filha, uma neta e uma mãe: pense nas famílias; lembre-se, se tem realmente o coração generoso, de estar sendo vista e rotulada pelos brasileiros como um ser indiferente ao sofrimento.
Presidente, é preciso levantar o coração de nossa gente, urge dar esperança aos homens e mulheres deste país. Eleve seu coração. E em nome do que há de mais puro e mais alto no coração deste povo tão generoso; lembre-se, pelas folhas e pelas flores que começam a brotar no princípio da primavera; e saiba que, ainda, é hora de mudar. Não se esqueça dos mais carentes, dos camponeses, dos operários e deste país, de todos seus homens e mulheres, e tenha a coragem de ser uma delas, não permanecendo no governo se não for capaz de exercê-lo em toda a sua plenitude!
Nós, os novos inconfidentes
Tenho arrepios severos cada vez que ouço falar em impostos, taxas, qualquer coisa parecida com "tungarem mais dinheiro ainda de nossa sofrida carteira". E nesses últimos dias essa forma de solução das bobagens que eles andaram fazendo arrancando do meu, do seu, do nosso, tem sido dita insistentemente. Tiveram a cara de pau até de chamar de investimentos, e dizendo que adoraremos contribuir.
Acabei lembrando a derrama, a forçada e violenta forma de cobrança de tributos com que os colonizadores portugueses coletavam parte do que se obtinha na exploração dos minérios, aliada à "quinta", que ainda tirava o naco de 20% dos ganhos. Daí foi um passo para lembrar a revolta popular, de Tiradentes e dos Inconfidentes, de tudo o que a História do Brasil já registrou e que terminou de forma tão cruel e sangrenta. Você também deve ter ouvido muita gente aí do seu lado falar que, caso resolvam impor mais impostos, deveríamos nos unir, todos deixarem de pagar, que não está certo pagarmos ainda mais pelos erros que vêm cometendo, trapalhada após trapalhada.
Ouviu também, né? Não se fala outra coisa.
Pois eu ouvi de gente respeitada, de pessoas maduras, honestas e trabalhadoras, homens e mulheres sérios que vocês não imaginam nem engrossando passeatas em verde e amarelo, muito menos empinando balões de bonecos. Mas eles estão dispostos a reagir e mostram, como no passado, ter de fazer isso para não sucumbir à ganância dos governantes. Uma questão de sobrevivência, explicam. Já enxugaram o que podiam, dispensaram seus "escravos", temem não ter o que dar aos seus filhos. Não veem o que já pagaram até aqui revertido em benefícios - sem saúde, sem educação, sem infraestrutura. Estão insatisfeitos, indignados, sentem-se roubados, espoliados e enganados.
Achei nessa parte de nossa História - a Inconfidência Mineira - muita coisa parecida com a que estamos vivendo agora em pleno século XXI, incluindo até os delatores que, em troca de se livrarem, a si, aos seus bens, atiram mais gente ainda no fogo da caldeira, dando combustível para que essa fogueira esteja cada dia mais furiosa. Só não encontrei ainda os heróis.
Obviamente faço esse paralelo muito mais pensando no que aprendemos de melhor ali, na honra, na coragem dos insurretos, nos mitos que se criaram, do que na desgraça de uma solução militar, como a que fechou o tempo por longos 25 anos.
Não é de hoje que a ideia de conspiração ocorre nas horas mais tumultuadas da política nacional como a que vivemos nos últimos meses, e que alguns analistas já associaram até ao Titanic. O navio afundando e a ordem para que a orquestra continuasse. O problema é: com quem? Não há grupo coeso, mas miríades deles e fica difícil se encaixar em alguma conjuração. Pelo menos eu ainda não senti liga, e sigo apenas com alguns amigos aqui e ali com os quais tenho afinidade de pensamento. Não posso me juntar a quem defende liberdade pelo poder, quem perdeu por incompetência e vê na crise chance de emplacar, quem ainda acha que o mundo se divide em bons e maus, esquerda e direita, com quem usa a religião para constranger e proibir.
Procura-se um modelo de República, de ideias arejadas; uma nova e simples Constituição; ideias e filosofias que se coadunem com o tempo, com o chão que pisamos, com o futuro que acreditamos em poder erguer, com justiça social verdadeira. Algo integrado ao desenvolvimento global, progresso, sem esquecer o ar que respiramos, o chão que pisamos, os oceanos que se aproximam crescendo sobre a terra.
Quem sabe encontraremos juntos?
Ouviu também, né? Não se fala outra coisa.
Pois eu ouvi de gente respeitada, de pessoas maduras, honestas e trabalhadoras, homens e mulheres sérios que vocês não imaginam nem engrossando passeatas em verde e amarelo, muito menos empinando balões de bonecos. Mas eles estão dispostos a reagir e mostram, como no passado, ter de fazer isso para não sucumbir à ganância dos governantes. Uma questão de sobrevivência, explicam. Já enxugaram o que podiam, dispensaram seus "escravos", temem não ter o que dar aos seus filhos. Não veem o que já pagaram até aqui revertido em benefícios - sem saúde, sem educação, sem infraestrutura. Estão insatisfeitos, indignados, sentem-se roubados, espoliados e enganados.
Achei nessa parte de nossa História - a Inconfidência Mineira - muita coisa parecida com a que estamos vivendo agora em pleno século XXI, incluindo até os delatores que, em troca de se livrarem, a si, aos seus bens, atiram mais gente ainda no fogo da caldeira, dando combustível para que essa fogueira esteja cada dia mais furiosa. Só não encontrei ainda os heróis.
Obviamente faço esse paralelo muito mais pensando no que aprendemos de melhor ali, na honra, na coragem dos insurretos, nos mitos que se criaram, do que na desgraça de uma solução militar, como a que fechou o tempo por longos 25 anos.
Não é de hoje que a ideia de conspiração ocorre nas horas mais tumultuadas da política nacional como a que vivemos nos últimos meses, e que alguns analistas já associaram até ao Titanic. O navio afundando e a ordem para que a orquestra continuasse. O problema é: com quem? Não há grupo coeso, mas miríades deles e fica difícil se encaixar em alguma conjuração. Pelo menos eu ainda não senti liga, e sigo apenas com alguns amigos aqui e ali com os quais tenho afinidade de pensamento. Não posso me juntar a quem defende liberdade pelo poder, quem perdeu por incompetência e vê na crise chance de emplacar, quem ainda acha que o mundo se divide em bons e maus, esquerda e direita, com quem usa a religião para constranger e proibir.
Procura-se um modelo de República, de ideias arejadas; uma nova e simples Constituição; ideias e filosofias que se coadunem com o tempo, com o chão que pisamos, com o futuro que acreditamos em poder erguer, com justiça social verdadeira. Algo integrado ao desenvolvimento global, progresso, sem esquecer o ar que respiramos, o chão que pisamos, os oceanos que se aproximam crescendo sobre a terra.
Quem sabe encontraremos juntos?
O custo da desordem
É possível, claro, argumentar que foi fatalidade. Imaginar que a culpa é dos outros. Que a crise é internacional. Que tudo vai passar rápido. Que após a travessia, brilha a terra prometida. Possível é. Mas não é verdadeiro. Muito menos verissímil.
Diante da monumental falha nos sistemas de governança da pátria amada, convém refletir. Vale a pena ser (ou tentar ser) objetivo. Entender que a chave é prevenir a repetição do desastre. Ou no, mínimo, desse tipo de desastre.
Surpreende, portanto, a falta de preocupação com a correção dos elementos que, afinal de contas, foram responsáveis pelo sofrimento presente e futuro. Que ninguém se engane. Este é somente o começo da crise. A duração e a extinção vão depender, em grande medida, da maneira como o país, suas instituições e suas empresas reformarem (ou não) seus sistemas de governança.
Prevenção é trabalho ingrato. Requer competência, desprendimento e determina cação. E, em troca, oferece benefícios intangíveis como credibilidade, estabilidade, e, por falta de palavra melhor, desenvolvimento.
Por isso, intelectuais, reguladores, investidores, empresários, políticos e, principalmente, a sociedade civil, deveriam estar debruçados sobre as reformas necessárias à prevenção de desastres futuros semelhantes aos atuais.
É preciso cobrir uma pletora de considerações, ações, estruturas, hierarquias, e processos para que se garanta o efetivo sucesso e qualidade da gestão publica e privada. Do trabalho, contraria interesses, e é coisa para muitos anos. Talvez seja essa a primeira razão para a indiferença com que o tema é tratado. Em um ambiente em que tudo o que importa parece ser os próximos dias, pensar em reforma de instituições, mudança de valores e melhorias no controle parece mesmo ser sonho destinado ao esquecimento.
Mas, mais forte do que a indisposição para o trabalho de longo prazo, talvez seja a teia de interesses envolvendo todos os aspectos da vida nacional. A ausência de lideres combinada com a inerente falta de credibilidade das instituições causa medo de perda. E medo paralisa.
Tudo isso torna a todos os autores involuntários de enredo pobre e trágico. Trágicos atores de tragédia que, olhada de longe, pareceria. Mas que, ao final, não vai resultar em aplausos. Apenas em lamentações. Novamente.
Diante da monumental falha nos sistemas de governança da pátria amada, convém refletir. Vale a pena ser (ou tentar ser) objetivo. Entender que a chave é prevenir a repetição do desastre. Ou no, mínimo, desse tipo de desastre.
Prevenção é trabalho ingrato. Requer competência, desprendimento e determina cação. E, em troca, oferece benefícios intangíveis como credibilidade, estabilidade, e, por falta de palavra melhor, desenvolvimento.
Por isso, intelectuais, reguladores, investidores, empresários, políticos e, principalmente, a sociedade civil, deveriam estar debruçados sobre as reformas necessárias à prevenção de desastres futuros semelhantes aos atuais.
É preciso cobrir uma pletora de considerações, ações, estruturas, hierarquias, e processos para que se garanta o efetivo sucesso e qualidade da gestão publica e privada. Do trabalho, contraria interesses, e é coisa para muitos anos. Talvez seja essa a primeira razão para a indiferença com que o tema é tratado. Em um ambiente em que tudo o que importa parece ser os próximos dias, pensar em reforma de instituições, mudança de valores e melhorias no controle parece mesmo ser sonho destinado ao esquecimento.
Mas, mais forte do que a indisposição para o trabalho de longo prazo, talvez seja a teia de interesses envolvendo todos os aspectos da vida nacional. A ausência de lideres combinada com a inerente falta de credibilidade das instituições causa medo de perda. E medo paralisa.
Tudo isso torna a todos os autores involuntários de enredo pobre e trágico. Trágicos atores de tragédia que, olhada de longe, pareceria. Mas que, ao final, não vai resultar em aplausos. Apenas em lamentações. Novamente.
Famílias sofrem aperto duplo
A grande maioria da população brasileira é pobre e está sofrendo profundamente (e rapidamente) os efeitos da atual crise.
A pirâmide social é útil mais uma vez para contextualizar o tamanho do aperto pelo qual grande parte da população está passando. Ela mostra que 61% das famílias vivem com menos de R$ 2.364 ao mês, ou R$ 77,50 ao dia. E que quase 40% (a base da pirâmide), com até R$ 1.576, ou R$ 51,60 ao dia.
Lembrando que esses são totais por família, que tem em média 3,3 pessoas no Brasil. Na base da pirâmide, portanto, as pessoas vivem individualmente com R$ 15,60 por dia. Na faixa acima dela, com R$ 23,50/dia.
A FGV-RJ calcula desde 2004 a inflação para famílias mais pobres, que ganham até 2,5 salários mínimos (R$ 1.970). No acumulado de 12 meses, nunca esse índice foi tão elevado: 10,37% de alta até agosto.
Essa inflação de dois dígitos corrói diariamente a renda dos que já vivem com pouco. Na outra ponta, há uma forte queda no poder de compra por causa do desemprego e do corte que os bancos vêm praticando no crédito concedido às famílias, principalmente às de menor renda.
Economistas da Tendências Consultoria projetam que a alta do desemprego, mais a informalização e a substituição de salários maiores por trabalhadores “mais baratos” levem a uma queda da renda real (já descontada a inflação) de 4,4% neste ano.
Soma-se a isso o fato de a concessão de crédito às famílias (imobiliário incluso) ter caído mais de 7% reais no primeiro semestre, sem perspectiva de aumento.
Assim, a projeção de queda do poder de compra das famílias chega a 8% neste ano. Como é difícil parar de gastar a maior parte da renda com itens essenciais como alimentos, transporte e energia, a redução no poder de compra para outros bens de consumo e serviços pode chegar a 12%.
No comércio como um todo, que vinha sendo o motor da economia, as vendas no primeiro semestre tiveram o pior desempenho em 12 anos (-2,2%). O grave agora é que os próprios supermercados passaram a registrar retração (por enquanto leve, de 0,2% até julho) nas vendas de alimentos e produtos de higiene e limpeza.
Esse aperto duplo (via inflação e queda no poder de compra) deve piorar e durar. Reduzindo o dia a dia das famílias à simples sobrevivência.
Nos últimos dias, ensaiou-se a volta da CPMF, do imposto sobre combustíveis e agora o aumento do IR para pessoas físicas. Todas medidas que agravariam ainda mais o aperto das famílias.
Nenhum centavo a mais
Sem eira nem beira, condenados à ignorância por um sistema educacional precário e, portanto, ao desemprego, subemprego ou emprego de baixa qualidade, os pobres são ouro em pó para políticos. Usados por todos. E abusados por populistas e inescrupulosos, como bem mostra o ex-presidente Lula.
O ex-pobre que migrou de Garanhuns (PE) e se tornou o primeiro operário a ocupar a Presidência da República não tem qualquer respeito com os que vivem na pobreza. Lambuza-se deles para coroar de êxito o seu governo, pouco se lixando para a velocidade com que a crise devolve à penúria quem achava que dela tinha escapado.
Em oposição explícita ao governo arrasado de sua pupila Dilma Rousseff, Lula tem sido cada vez mais enfático nas críticas ao ajuste fiscal que ele próprio aconselhou que a afilhada fizesse. Sem enxergar saída, tirou o corpo fora para pregar a mesma ladainha de sempre: ele – e só ele – cuidou dos pobres, gastou e propiciou consumo e comida aos pobres, tirou 35 milhões da miséria. Dilma fala em mais de 40 milhões ungidos à classe média.
Ainda que não se coloquem em dúvida os números – por mais exagerados que sejam -, veem-se hoje os resultados da superficialidade da ascensão ancorada única e exclusivamente no consumo e no crédito farto.
Ao crescimento de 56% no número de desocupados em apenas um ano, superando a casa de 8,5 milhões de pessoas, segundo a Pnad Contínua/IBGE, somam-se a inadimplência e a queda da qualidade de vida.
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na quarta-feira, aponta que o desemprego afetou 44% dos entrevistados nos últimos 12 meses e que 48% dos brasileiros correram atrás de bicos para complementar a renda. E mais da metade – 54% - acredita que dias piores virão.
É evidente a falta de sentido do discurso bestial de Dilma, repetido sexta-feira, no Piauí, de que “uma minoria aposta no pior”. Por aí, ela não tem chance. Nem por outro lugar qualquer. Dilma, na verdade, já se condenou ao fracasso. Sua fala confusa, apelidada de dilmês, tinha até alguma graça. Conferia a ela lugar de destaque na galeria do folclore político. Hoje, é só patética.
Em entrevista ao Valor Econômico, Dilma chegou a alegar questão de gênero ao ser questionada sobre renúncia pela jornalista Cláudia Safatle. “Você já pensou que nunca perguntaram isso para nenhum homem? Por que mulher renuncia?” Um total contrassenso.
Até Lula, com toda a sua verve palanqueira, perdeu o charme. Na semana passada sentiu o gostinho de falar em praça pública. No Paraguai e na Argentina. Por aqui, só em ambientes fechados, com gente amiga. Seu discurso encontra travas em todas as frentes. Tem tido dificuldades para seduzir os pobres aos quais ele prometeu mundos e fundos e que se redescobrem pobres, a classe média, nova ou consolidada, e os ricos que nele viram chances de purgar culpas.
Hoje, tantos foram os engodos e aprontações de Lula, PT, Dilma e Cia – e aqui cabe destacar os sucessivos escândalos de corrupção, culminando com os da Petrobras –, que esses segmentos tidos como antagônicos se unem em repúdio. A rejeição recorde de Dilma, os milhares que vão às ruas em protesto contra ela, os mais de 500 mil que assinaram petição pró-impeachment em menos de 24 horas, o sucesso dos bonecos-pixulecos espelham isso.
O feitiço atacou o feiticeiro, o “nós” virou “eles” e vice-versa. Juntos e misturados para dizer não a tudo que aí está. Não há, portanto, a menor chance de arrancar mais dinheiro dessa maioria para tapar os buracos da gastança desenfreada dos governos Lula-Dilma.
Neles, disseminou-se a roubalheira como política de Estado. Encheram-se as burras de muitos asseclas. O país empobreceu e faliu.
Em oposição explícita ao governo arrasado de sua pupila Dilma Rousseff, Lula tem sido cada vez mais enfático nas críticas ao ajuste fiscal que ele próprio aconselhou que a afilhada fizesse. Sem enxergar saída, tirou o corpo fora para pregar a mesma ladainha de sempre: ele – e só ele – cuidou dos pobres, gastou e propiciou consumo e comida aos pobres, tirou 35 milhões da miséria. Dilma fala em mais de 40 milhões ungidos à classe média.
Ainda que não se coloquem em dúvida os números – por mais exagerados que sejam -, veem-se hoje os resultados da superficialidade da ascensão ancorada única e exclusivamente no consumo e no crédito farto.
Ao crescimento de 56% no número de desocupados em apenas um ano, superando a casa de 8,5 milhões de pessoas, segundo a Pnad Contínua/IBGE, somam-se a inadimplência e a queda da qualidade de vida.
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na quarta-feira, aponta que o desemprego afetou 44% dos entrevistados nos últimos 12 meses e que 48% dos brasileiros correram atrás de bicos para complementar a renda. E mais da metade – 54% - acredita que dias piores virão.
É evidente a falta de sentido do discurso bestial de Dilma, repetido sexta-feira, no Piauí, de que “uma minoria aposta no pior”. Por aí, ela não tem chance. Nem por outro lugar qualquer. Dilma, na verdade, já se condenou ao fracasso. Sua fala confusa, apelidada de dilmês, tinha até alguma graça. Conferia a ela lugar de destaque na galeria do folclore político. Hoje, é só patética.
Em entrevista ao Valor Econômico, Dilma chegou a alegar questão de gênero ao ser questionada sobre renúncia pela jornalista Cláudia Safatle. “Você já pensou que nunca perguntaram isso para nenhum homem? Por que mulher renuncia?” Um total contrassenso.
Até Lula, com toda a sua verve palanqueira, perdeu o charme. Na semana passada sentiu o gostinho de falar em praça pública. No Paraguai e na Argentina. Por aqui, só em ambientes fechados, com gente amiga. Seu discurso encontra travas em todas as frentes. Tem tido dificuldades para seduzir os pobres aos quais ele prometeu mundos e fundos e que se redescobrem pobres, a classe média, nova ou consolidada, e os ricos que nele viram chances de purgar culpas.
O feitiço atacou o feiticeiro, o “nós” virou “eles” e vice-versa. Juntos e misturados para dizer não a tudo que aí está. Não há, portanto, a menor chance de arrancar mais dinheiro dessa maioria para tapar os buracos da gastança desenfreada dos governos Lula-Dilma.
Neles, disseminou-se a roubalheira como política de Estado. Encheram-se as burras de muitos asseclas. O país empobreceu e faliu.
Medo de cara feia
"As coisas estão indo bem e, no futuro, irão ainda melhor – não há com o que se preocupar."
Em "Wiser: Getting Beyond Groupthink to Make Groups Smarter" (mais sábio: ultrapassando o pensamento de grupo para tornar grupos mais inteligentes), Sunstein e Hastie não tratam do Brasil nem do governo Dilma, mas, ainda assim, explicam muito do que está ocorrendo por aqui.
É que os autores esmiúçam a literatura sobre a psicologia de grupos e, ao fazê-lo, revelam a incrível capacidade que conglomerados de gente, sejam eles organizacionais, governamentais ou mesmo nações têm de produzir erros e persegui-los com máximo afinco, sempre julgando que estão fazendo a coisa certa. Mostram também por que, nas condições certas, grupos se saem melhor do que indivíduos pensando e agindo isoladamente.
A "happy talk" aparece com destaque porque é um dos métodos mais eficazes de promover a complacência e calar dissensos que poderiam revelar informações capazes de corrigir o rumo. Ninguém, afinal, deseja ser o desmancha-prazeres que vai tirar todos de seu doce idílio –mesmo que ele não passe de uma ilusão.
Na segunda parte da obra, Sunstein e Hastie dão dicas do que fazer para aumentar as chances de sucesso de empreitadas coletivas. De novo, as coisas não ficam muito bem para Dilma. Segundo os autores, os melhores líderes costumam ser aqueles que estão ansiosos para descobrir o que está dando errado e conseguem fazer seus subordinados dizerem o que realmente pensam, sem medo de levar broncas ou enfrentar cara feia.Hélio Schwartsman
A frase acima, que resume bem o que a campanha presidencial de Dilma Rousseff dizia sobre o Brasil em 2014, é a fórmula utilizada por Cass Sunstein e Reid Hastie para definir "happy talk" (conversa feliz), que, segundo esses especialistas em teoria da decisão, é uma das principais e mais disseminadas fontes de fracassos coletivos.
Em "Wiser: Getting Beyond Groupthink to Make Groups Smarter" (mais sábio: ultrapassando o pensamento de grupo para tornar grupos mais inteligentes), Sunstein e Hastie não tratam do Brasil nem do governo Dilma, mas, ainda assim, explicam muito do que está ocorrendo por aqui.
É que os autores esmiúçam a literatura sobre a psicologia de grupos e, ao fazê-lo, revelam a incrível capacidade que conglomerados de gente, sejam eles organizacionais, governamentais ou mesmo nações têm de produzir erros e persegui-los com máximo afinco, sempre julgando que estão fazendo a coisa certa. Mostram também por que, nas condições certas, grupos se saem melhor do que indivíduos pensando e agindo isoladamente.
A "happy talk" aparece com destaque porque é um dos métodos mais eficazes de promover a complacência e calar dissensos que poderiam revelar informações capazes de corrigir o rumo. Ninguém, afinal, deseja ser o desmancha-prazeres que vai tirar todos de seu doce idílio –mesmo que ele não passe de uma ilusão.
Na segunda parte da obra, Sunstein e Hastie dão dicas do que fazer para aumentar as chances de sucesso de empreitadas coletivas. De novo, as coisas não ficam muito bem para Dilma. Segundo os autores, os melhores líderes costumam ser aqueles que estão ansiosos para descobrir o que está dando errado e conseguem fazer seus subordinados dizerem o que realmente pensam, sem medo de levar broncas ou enfrentar cara feia.Hélio Schwartsman
Na curva decisiva
A presidente Dilma até admitiu que no primeiro mandato cometeu erros que agravaram a situação econômica do país. Entendeu que o rumo tinha que ser outro.
Apesar do arrependimento, persiste um grave equívoco na demora de enxugar despesas, ministérios e livrar-se do desnecessário, vender ativos fixos e acionários, ficando com o estritamente imprescindível.
O contribuinte não tem mais possibilidades de sacrificar suas rendas, nem as empresas de serem confiscadas de parcelas que se destinariam à renovação de seu parque, à tecnologia e à sobrevivência, gerando empregos.
Os governos, durante anos de farras, marcados por aumentos de despesas públicas desnecessárias e corrupção, muito acima do crescimento do PIB, deixaram os setores produtivos assoberbados de entraves tributários e burocráticos. Quem tem que se adaptar, numa democracia, à capacidade de contribuição da nação é exatamente o Estado, mas aqui se pretende o inverso. A nação é tributada para bancar uma gastança descabida, salários e aposentadorias especiais, exércitos de cargos em comissão que nem sequer têm lugar para bater cartão.
Embora o setor produtivo (a vaca que dá o leite à família) acumule perdas, o sistema bancário registra lucros exorbitantes, sem produzir uma batata, mas cobrando serviços financeiros e os juros mais absurdos do planeta. Nada produz, mas ganha muito.
No cheque especial cobram-se por 30 dias, na maior caradura, 7% ao mês, mais que a inflação de 365 dias.
Existe uma forte retração econômica, e o Banco Central continua com uma Selic de 14,25%, literalmente quebrando o Estado, que por essa taxa de juros tem sua dívida crescendo R$ 1 bilhão ao dia. Dá para entender?
Nota-se que a fatia confiscada pelo poder público gera o maior impedimento à comercialização e à competitividade, leva ao fechamento de indústrias, consequentemente do comércio. Ninguém, fora os bancos, escapa. Os políticos olham para o próprio umbigo quando não pensam no bolso.
Quanto mais se cobra, menos se vende, e menos o governo arrecada.
Apesar do arrependimento, persiste um grave equívoco na demora de enxugar despesas, ministérios e livrar-se do desnecessário, vender ativos fixos e acionários, ficando com o estritamente imprescindível.
O contribuinte não tem mais possibilidades de sacrificar suas rendas, nem as empresas de serem confiscadas de parcelas que se destinariam à renovação de seu parque, à tecnologia e à sobrevivência, gerando empregos.
Embora o setor produtivo (a vaca que dá o leite à família) acumule perdas, o sistema bancário registra lucros exorbitantes, sem produzir uma batata, mas cobrando serviços financeiros e os juros mais absurdos do planeta. Nada produz, mas ganha muito.
No cheque especial cobram-se por 30 dias, na maior caradura, 7% ao mês, mais que a inflação de 365 dias.
Existe uma forte retração econômica, e o Banco Central continua com uma Selic de 14,25%, literalmente quebrando o Estado, que por essa taxa de juros tem sua dívida crescendo R$ 1 bilhão ao dia. Dá para entender?
Nota-se que a fatia confiscada pelo poder público gera o maior impedimento à comercialização e à competitividade, leva ao fechamento de indústrias, consequentemente do comércio. Ninguém, fora os bancos, escapa. Os políticos olham para o próprio umbigo quando não pensam no bolso.
Quanto mais se cobra, menos se vende, e menos o governo arrecada.
Vivemos um ciclo desagregador da integridade nacional.
A economia da China, que tirou do atraso 1,3 bilhão de pessoas, escalou o ranking das economias mundiais, crescendo a um ritmo de 10% ao ano nos últimos 20 anos, limitou sua carga tributária a 22% do PIB, concedendo estímulos à produção, a financiamentos em taxas justas, investindo corretamente o que arrecadava em infraestrutura. Isso mostra o caminho que um país em desenvolvimento poderia seguir.
No Brasil nem seria necessária a dose chinesa; já uma carga tributária de 30% e responsabilidade fiscal de verdade, abolindo-se as espertezas, podem dar avanços ao ritmo de 6% ao ano ou mais. Em dez anos o Brasil alcançaria outro patamar de renda por habitante e de cidadania.
Essa meta, entretanto, não é o que almejam as elites políticas do país, preferindo se digladiar em lutas pelo poder. A nação está em segundíssimo plano, primeiro vem o interesse pessoal, e os descalabros do petrolão escancararam para a população as indignidades que se passam nos bastidores.
Na equação impossível de Joaquim Levy, que bate a única tecla do aumento de impostos, ainda sem diferenciar o que grava a produção do que grava o consumo, se enxerga uma atitude economicamente desagregadora.
Neste grave momento seria necessário lembrar-se da curva de Laffer, teoria de um economista exímio, que explica com meridiana clareza os efeitos entre a carga de impostos arrecadados e o crescimento econômico, o PIB.
A curva, ou parábola, ilustra um conceito “natural”, que se resume nos “efeitos da dosagem”. O excesso de quantidade de qualquer substância pode transformá-la de remédio que cura em veneno que mata. Impostos não escapam à regra.
Laffer descobriu durante análises de diferentes momentos históricos em vários continentes que não adianta ultrapassar 33% do PIB de carga. Quanto menor que 33%, mais crescerão a economia e a receita para o erário, devido ao aumento da produção descomprimida. Qualquer ponto acima de 33% se revela ineficaz ao erário, podendo gerar até perda (na internet se encontram boas explicações de Laffer).
O Brasil passou do ponto crítico e não cresce. Equilibrava-se sobre as exportações de commodities, que despencaram no mercado internacional, tanto em valor como em quantidade.
O Brasil, contudo, mostra uma saída pelo notável potencial reprimido de crescimento interno, que pode, devidamente estimulado e direcionado, promover um crescimento com ganhos de competitividade, atraindo ainda capital externo e tecnologia de ponta.
Entretanto, deveria o governo fazer seu dever de casa, fomentar setores produtivos, possibilitar-lhe competitividade e determinar regras de longo prazo. O bendito marco regulatório que daria condição de segurança aos investimentos.
Tratei neste espaço na semana passada de um programa de Renovação de Frota, que poderia exemplarmente atender a diminuição da poluição e aumentar a segurança e o conforto no trânsito, via incentivo à troca de veículos obsoletos. E se Levy quer porque quer aumentar a arrecadação, apenas R$ 120 por veículo circulante cobrado como Tarifa Ambiental para Renovação de Frota possibilitaria um fundo para incentivar com R$ 8.000 a troca de cada um dos 950 mil carros de passeio e dos 80 mil caminhões, estes com R$ 40 mil por unidade a cada ano.
A economia da China, que tirou do atraso 1,3 bilhão de pessoas, escalou o ranking das economias mundiais, crescendo a um ritmo de 10% ao ano nos últimos 20 anos, limitou sua carga tributária a 22% do PIB, concedendo estímulos à produção, a financiamentos em taxas justas, investindo corretamente o que arrecadava em infraestrutura. Isso mostra o caminho que um país em desenvolvimento poderia seguir.
No Brasil nem seria necessária a dose chinesa; já uma carga tributária de 30% e responsabilidade fiscal de verdade, abolindo-se as espertezas, podem dar avanços ao ritmo de 6% ao ano ou mais. Em dez anos o Brasil alcançaria outro patamar de renda por habitante e de cidadania.
Essa meta, entretanto, não é o que almejam as elites políticas do país, preferindo se digladiar em lutas pelo poder. A nação está em segundíssimo plano, primeiro vem o interesse pessoal, e os descalabros do petrolão escancararam para a população as indignidades que se passam nos bastidores.
Na equação impossível de Joaquim Levy, que bate a única tecla do aumento de impostos, ainda sem diferenciar o que grava a produção do que grava o consumo, se enxerga uma atitude economicamente desagregadora.
Neste grave momento seria necessário lembrar-se da curva de Laffer, teoria de um economista exímio, que explica com meridiana clareza os efeitos entre a carga de impostos arrecadados e o crescimento econômico, o PIB.
A curva, ou parábola, ilustra um conceito “natural”, que se resume nos “efeitos da dosagem”. O excesso de quantidade de qualquer substância pode transformá-la de remédio que cura em veneno que mata. Impostos não escapam à regra.
Laffer descobriu durante análises de diferentes momentos históricos em vários continentes que não adianta ultrapassar 33% do PIB de carga. Quanto menor que 33%, mais crescerão a economia e a receita para o erário, devido ao aumento da produção descomprimida. Qualquer ponto acima de 33% se revela ineficaz ao erário, podendo gerar até perda (na internet se encontram boas explicações de Laffer).
O Brasil passou do ponto crítico e não cresce. Equilibrava-se sobre as exportações de commodities, que despencaram no mercado internacional, tanto em valor como em quantidade.
O Brasil, contudo, mostra uma saída pelo notável potencial reprimido de crescimento interno, que pode, devidamente estimulado e direcionado, promover um crescimento com ganhos de competitividade, atraindo ainda capital externo e tecnologia de ponta.
Entretanto, deveria o governo fazer seu dever de casa, fomentar setores produtivos, possibilitar-lhe competitividade e determinar regras de longo prazo. O bendito marco regulatório que daria condição de segurança aos investimentos.
Tratei neste espaço na semana passada de um programa de Renovação de Frota, que poderia exemplarmente atender a diminuição da poluição e aumentar a segurança e o conforto no trânsito, via incentivo à troca de veículos obsoletos. E se Levy quer porque quer aumentar a arrecadação, apenas R$ 120 por veículo circulante cobrado como Tarifa Ambiental para Renovação de Frota possibilitaria um fundo para incentivar com R$ 8.000 a troca de cada um dos 950 mil carros de passeio e dos 80 mil caminhões, estes com R$ 40 mil por unidade a cada ano.
Tem uma forte razão ambiental, com 14 milhões de veículos de passeio e 1,3 milhão de caminhões com mais de 20 anos de uso transitando pelas ruas. O notável é que para cada carro trocado haveria a diminuição de 40% de emissões e, no caso de caminhões, a espetacular economia de 50 por 1. Quer dizer, um caminhão antigo joga na atmosfera 50 vezes mais CO² que um novo.
As metas de melhorias ambientais se fazem urgentes e nesse caso se associariam a retomadas da economia nacional com um impacto de 1,8% do PIB mais R$ 35 bilhões de arrecadação suplementar e virtuosa. Os empregos diretos e indiretos gerados chegariam perto de 1 milhão, e até a Seguridade Social aumentaria sua receita em alguns bilhões.
Para pôr em prática, precisa, além de competência, apenas de vontade política e firme determinação.
As metas de melhorias ambientais se fazem urgentes e nesse caso se associariam a retomadas da economia nacional com um impacto de 1,8% do PIB mais R$ 35 bilhões de arrecadação suplementar e virtuosa. Os empregos diretos e indiretos gerados chegariam perto de 1 milhão, e até a Seguridade Social aumentaria sua receita em alguns bilhões.
Para pôr em prática, precisa, além de competência, apenas de vontade política e firme determinação.
Tuberculose na Rocinha expõe o Brasil que estacionou no século XIX
Moradora da Rocinha com tuberculose. / Victor Moriyama |
“Nice”, como é conhecida entre as dezenas de vizinhos que vivem praticamente grudados lado a lado nesse beco, é uma das mais de três centenas de pessoas que têm tuberculose na Rocinha. Trata-se de uma doença infecciosa, transmitida pelo ar, causada por uma bactéria (bacilo) que afeta principalmente os pulmões —os ossos e o sistema nervoso também podem ser atacados. Perda de apetite, tosse por mais de três semanas, irritação e cansaço são alguns dos sintomas, que podem ser confundidos com uma pneumonia ou gripe comum. Ainda que seja tão antiga quanto a colonização portuguesa no Brasil e tão esquecida pela população e até por profissionais da saúde, a tuberculose está longe de ser eliminada porque se trata, principalmente, de um problema social, histórico e urbano. O tratamento é acessível e a cura é possível. O problema é a prevenção: ela se dissemina mais facilmente em áreas de grandes aglomerações de pessoas e de alta concentração de pobreza, onde os ambientes são fechados, sem entrada de luz solar ou circulação de ar. Como no beco onde vive Nice e em praticamente toda a Rocinha.
Esta favela, localizada na zona sul do Rio de Janeiro e com mais de 100.000 moradores, é normalmente apontada por especialistas como um dos principais focos de tuberculose de todo o país: a partir dos casos registrados pela Prefeitura do Rio, possui uma taxa de incidência de 372 casos por 100.000 habitantes, 11 vezes mais alta que a média nacional. Em 2014, o país registrou 68.467 casos (33,8 por 100.000 habitantes), o que o colocou na 17ª posição entre os 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Na verdade, não é que a Rocinha tenha o mais alto índice do país, mas sim que esse mesmo perfil econômico, social e urbano se reproduz em outros lugares, como Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Maré, Rio das Pedras…”, argumenta Carlos Basilio, psicólogo e ativista do Observatório de Tuberculose no Brasil. Para ele e outros especialistas, as demais áreas e grupos de pessoas vulneráveis do Rio de Janeiro e do país —favelas, presídios superlotados, população indígena, moradores de rua, entre outros— ainda não possuem dados suficientes, enquanto a Rocinha vem sendo estudada há vários anos. A alta taxa de incidência da doença em seu território expõe uma agenda social do século XIX no Brasil que ainda está longe de ser superada. Em países desenvolvidos —e até mesmo em Cuba—, a taxa de incidência é tão baixa que a OMS considera a doença já eliminada.
Leituras de crise 1
Com isso, a chance de a política produzir reflexões e ações mais profundas tornou-se muito baixa , senão impossível. Nos tempos de vacas gordas na economia global, a peça no palco conseguia distrair o distinto público. Nos tempos de vacas magras, justamente quando a política torna-se mais necessária porque os remédios são amargos, o sistema revela sua total incapacidade de oferecer à nação ideias, propostas e ação.
A crise que vivemos no Brasil é profunda e envolve diversas dimensões da nossa sociabilidade. É sempre grande a tentação de sugerir que a crise tem uma espécie de “elo mais fraco” da corrente que, se resolvido, encaminharia a solução de todos os problemas.
Para uns, seria a gigantesca perda de poder da Presidência da República após a “ruptura de contrato” com a população que, se resolvida de um jeito ou de outro , abriria os caminhos da redenção. Para outros, o indispensável e severo ajuste das contas públicas por si só já nos entregaria as chaves da saída do inferno. E seria a higiene ética. E assim por diante...
É certo que o “hegemonismo” a qualquer custo ( e bota custo nisso ) do PT é um dos fatores. É mais do que certo que a “nova política econômica” de 2009 a 2014 é uma causa central do abismo em que nos metemos.
Mas também é certo que cortar despesas e aumentar a arrecadação são indispensáveis, mas não o suficiente sozinhos, para retomarmos o crescimento. Assim como seria inconcebível discutir qualquer coisa em economia em 1936 a não ser à luz da crise de 1929, é no mínimo curioso fazer o mesmo em 2015 sem ter a grande recessão de 2008, na qual o mundo está e continuará submerso por muitos anos, como pano de fundo da análise.
Nesse sentido, os equívocos da gestão petista são ainda maiores do que a megalomania sem projeto, a carência ética e o desastre da nova política econômica provocando a quebra nas finanças e agravando enormemente o, já antes dela, roteiro insustentável de crescimento da dívida pública.
O maior equívoco foi não entender, ou entender errado, ou simplesmente mentir, sobre a crise de 2008. Foi dizer à população que um tsunami era uma marolinha. Também foi achar que os remédios para a crise de 1929 serviam para a de 2008, como se nada tivesse acontecido no mundo desde então.
As dimensões da crise são muitas, mas o conhecimento é a chave para todas as portas de saída. Se o processo político ocorre sem que o conhecimento e os argumentos em uma retórica consistente tenham um papel, ainda que subordinado à luta pelo poder, o custo para sair do labirinto aumenta bastante.
Sérgio Besserman Vianna
Hominídeos na caverna do Planalto
Como nos livrar dos fósseis que rebaixam nosso presente e ameaçam o futuro de nossos filhos e netos?
Hominídeos com um cérebro diminuto, do tamanho de uma laranja, foram descobertos nas cavernas luxuosas e atapetadas do Planalto. Para ser mais precisa, e não discriminar os homens, também foram encontradas mulherinídeas. Trata-se de uma espécie “prima” do ser humano normal, com mãos, pernas e pés idênticos aos de todos nós, mas com um cérebro atrofiado, dado a decisões incoerentes, mirabolantes, contraditórias, primitivas e suicidas. Uma espécie vivinha da silva em Brasília.
Pesquisadores e eleitores no Brasil acreditavam que essa espécie, batizada de Homo naledi, estaria extinta há milhões de anos. Muito antes, portanto, do Homo sapiens. Ou da “Mulher sapiens”, como bem lembrou recentemente a presidente Dilma Rousseff.
Mas o desastre descomunal que afundou a economia do Brasil e expôs as vísceras de uma política corrupta mostrou que os hominídeos se multiplicaram entre nós. O maior desafio para a população honesta e sofrida deste país é saber como se livrar dos fósseis que rebaixam nosso presente e ameaçam o futuro de nossos filhos e netos.
Precisamos de grandes homens e grandes mulheres que assumam sua responsabilidade e tomem decisões sábias para nos tirar do atoleiro. Nós, os contribuintes, estamos cheios de ser atingidos por balas perdidas no tiroteio insano entre os Poderes.
Essa história de morar num país tropical abençoado por Deus já era. O lado B do Brasil é o lado da bandalha, da bagunça, da balbúrdia. Poderia ser B de bonança. E ainda pode ser, mas não à custa de quem é inocente. Mais impostos? Mais contribuições? Mais aumentos nas contas? Em ambiente de inflação e desemprego?
O que fazem as castas sapiens no Executivo, no Legislativo e no Judiciário? Continuam com sua remuneração intocada pela crise. Ganham reajustes acima da inflação. Mantêm seus benefícios imorais, injustificáveis, e seu exército de assessores apadrinhados. Discutem sobre os “remédios amargos” que eles só receitam, nunca tomam. Conspiram nas sombras e em público, numa dança de alianças oportunistas.
A cada semana, Dilma elege um como bucha de canhão. Uma hora é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, outra é o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e daqui a pouco será o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Só não dá para Dilma ir contra seu criador, Lula, porque esse está mais descontrolado do que a inflação, atira no que viu e no que não viu. Afetado pela perda da memória recente, Lula diz hoje o contrário do que disse em 2008. O selo de bom pagador era ótimo, uma prova de que o Brasil tinha se tornado “um país sério”. Agora, o selo de mau pagador “não significa nada”.
Com o Brasil rebaixado para a Série B, os “remédios amargos” anunciados por Dilma e pelos hominídeos do Planalto para equilibrar o orçamento nacional não passam pela goela dos seres humanos normais. Temos o cérebro maior que uma laranja, não vivemos em cima de árvores olhando a paisagem e nossos dedos não são curvados para pegar maços de milhões de dólares. Tampouco temos a quem delatar porque não participamos de nenhuma negociata entre hominídeos e mulherinídeas.
Hoje, Dilma contamina seus ministros com a arrogância e com o total descolamento da realidade. A declaração é de um senador da oposição e faz todo sentido. Só a contaminação presidencial explica que Levy diga, com a maior cara de pau, que os brasileiros não se negariam a pagar mais impostos para ajudar o país. E que todos nós devemos encarar esse aumento de impostos como “investimento”. Investir em que, Levy? Estamos comprando papéis do governo do PT?
No dia 24 de setembro, irá ao ar em rede nacional o programa do PMDB com o slogan “O Brasil está pronto a acertar as contas com a verdade”. Tenho dúvidas.
A verdade dói. Uma notícia discreta na sexta-feira me chamou a atenção: a atriz Myrian Rios, ex-mulher de Roberto Carlos e ex-deputada estadual, não reeleita no ano passado, acaba de ganhar um cargo de R$ 20 mil na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj. Foi nomeada subdiretora-geral de Cultura. O presidente da Alerj, Jorge Picciani, disse que Myrian Rios ajudará a Casa a ser um polo irradiador de cultura no Rio!!! Três exclamações.
Myrian é a mulherinídea que, além de ser contra o direito ao aborto até em casos de estupro, comparou o homossexualismo à pedofilia. Myrian defende, em tese, o direito de demitir uma babá lésbica pois ela pode “cometer pedofilia” contra suas filhas. Também defende o direito de demitir um motorista homossexual porque ele poderia “bolinar meu filho”. Essa senhora rebaixa a nota da Cultura no Rio. É um símbolo contemporâneo de nosso lado B.Ruth de Aquino
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