Jair Bolsonaro pintado como ameaça iminente para a democracia é o exemplo mais evidente. Quem tem tanques e está querendo dar golpe não sai à rua pedindo votos. Antidemocrático declarado, com papel passado, com promessa solene de volta atrás, com “plano de guerra” aprovado em convenção nacional (2015) para a desmontagem das instituições republicanas já semi-implementado, com juras de amor diárias a ditadores com mãos sujas de sangue e supremas cortes recheadas de fantoches é o PT. Todas essas figuras sinistras da América do Sul e da África que estão enchendo o Brasil e o mundo de refugiados, com poucas exceções, são amigos diletos de Luís Ignácio Lula da Silva. Boa parte desses cujas “milícias” hoje atiram contra quem lhes pede eleições limpas foi bancada pelo BNDES do PT para chegar pelo voto às posições de que agora recusam-se a apear pelo voto.
Está mais atrasada a esquerda jurássica entrincheirada no Foro de São Paulo que a China e a antiga União Soviética na revisão do seu passado totalitário. O Foro de São Paulo, para ser exato, é declaradamente uma reação a esse “revisionismo”. É porque sabe que do “sonho” não restou nada que a esquerda bolivariana reacionária é um perigo real. Pra eles ou vai, ou racha! A Lava Jato tirou o lulismo do armário. Do confronto entre ele e as instituições democráticas, está jurado, só um sairá vivo. Tanto Haddad quanto Ciro Gomes têm como primeiro compromisso de campanha eliminar sumariamente o que ha de independente no Judiciário e no Ministério Público. “Lula livre, Brasil preso“! Para o lixo com o que resta da lei e da ordem institucional vigentes!
Onde acabaria o governo que começasse assim?
O ódio de Lula à democracia vem sendo gestado, gole por gole de fel, à vista do Brasil inteiro. Mas Fernando Henrique Cardoso não acredita nele. Não é o presente, é o passado que determina esse comportamento. Pior para Geraldo Alkmin – o homem certo no momento psicológico errado – que só confessou acreditar no Lula como ele é depois que o medo de fingir que não tornou-se maior que o de aceitar que sim. Jair Bolsonaro só teve de aquiescer: “Sim, eu também vejo o que vocês estão vendo; eu também ouço o que vocês têm ouvido“. E lá veio, para começar, 1/3 do eleitorado, os “direitopatas” à frente com seus 30 anos de sapos vomitados. Memórias também!
Mas o presente é o presente. Homofobia, misoginia, racismo? De Lula para baixo, qual o habitante deste planeta que se insere em todos os milímetros de exigências de pensamento, palavras e obras dos Grandes Inquisidores das sub-ideologias de ódio que vieram para reeditar a luta de classes como farsa? Nem o esfaqueador Adélio acredita honestamente que a eleição de Jair Bolsonaro levará a um genocídio LGBT. E depois, havendo Bolsonaro volta a haver imprensa.
Já quanto à venezuelização…
Deter o lulismo é a condição para a continuação da conversa. O resto é passado. E a eleição está como está. A opção entre Bolsonaro e Alkmin está espremida entre o “poste” e o “sub-poste”. Se correr o bicho pega, se parar o bicho come. A hora é de fazer contas. E se de Brasil se tratar, é a vez do do meio se mostrar magnânimo. A distensão tem de começar já. É preciso resistir à tentação das agressões irreversíveis agora porque será necessário construir um consenso do Brasil verde-e-amarelo inteiro em velocidade recorde logo adiante.
Pelo lado dos economistas as diferenças são só de grau. O quadro é agudo e as manobras de ressureição não variam muito. A questão, como sempre, é muito mais de tirar boca de bezerro de cima de teta e mão de ladrão com e sem alvará de dentro de cofre público que de escolher que contas fazer. Tirar o presunto da janela em vez de ficar espantando mosca, enfim. E para isso o que mais pesa é com que vontade um governo afirma essa disposição. Quem dá o tom é o maestro. Só não entendeu o que o tom de Lula fez com o Brasil quem não tem idade suficiente para ter memória viva do que nós fomos para comparar com o que nós viramos e tem na “narrativa” do próprio Lula e dos seus esbirros de palco, de sala de aula e de redação as únicas referências do passado do Brasil.
Este país nunca teve antes (nem terá agora) uma vontade autêntica de resolver de uma vez por todas esse problema sentada na cadeira presidencial. Mas agora a questão é de vida ou morte. E os primeiros a saber disso são os quadros do alto escalão do funcionalismo. Ainda que, como categoria, sejam eles próprios a essência do problema, a qualidade da elite dos nossos administradores públicos profissionais é indiscutível. E a frustração dos melhores entre eles por governos sucessivos se terem mantido surdos aos seus alertas e desperdiçado o seu know how na oferta de soluções em favor das ambições de presidentes que queriam ser reis, partidos que se queriam eternos e até de ministros que queriam ser presidente está mais que registrada na crônica das muitas estações do calvário do Brasil.
O Judiciário não aparelhado, se não for resgatado agora sabe que também cai definitivamente sob o domínio do crime. E o Legislativo, mesmo com todos os restos do passado que vão permanecer lá dentro, está tão ansioso quanto o resto do Brasil para provar que pode ser melhor do que tem sido, ou morte.
É nisso que é preciso investir. Vai ter de haver uma mudança, e grande como nunca houve. E isso vai exigir o concurso de todo o melhor do Brasil. A dúvida é quanto conseguiremos aproveitar da condição extrema a que chegamos para avançar de fato e tornar parte dessa mudança irreversível. Essa deve ser a pauta da reforma política. Ela é que determinará quanto tempo ficaremos livres de ter de fazer a próxima cirurgia de emergência.