segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sessenta tons de vermelho (ou sessenta motivos para não apoiar o PT)

Atendendo solicitação de leitores, republico aqui um artigo que postei em outubro de 2014. Sugerem os leitores que o texto permaneça aberto a receber novas sugestões para posterior inclusão, ampliando a lista. Aguardarei as sugestões. Este site, assim como minhas páginas no Facebook são frequentados por pessoas de alto nível e boa educação, de modo que quaisquer agressões e grosserias serão eliminadas. Com pequenas correções e adaptações ao momento atual, o texto era como segue.

Lembro, inicialmente, que o PT foi fundado em 1980 e atuou na oposição nacional durante 22 anos, até alcançar o poder com Lula, em 2003. Durante esse período, quem houver observado atentamente os fatos políticos, terá percebido que o PT atrapalhou sucessivos governos. Só para recordar:
1. votou contra a Constituição Federal;
2. foi contra o Plano Real;
3. criou organizações para promover a luta de classes, conflitos raciais, conflitos de gênero, invasões de terra, violência sindical;
4. foi contra todas as privatizações;
5. foi contra a lei de responsabilidade fiscal;
6. foi contra o cumprimento de nossas obrigações com credores externos;
7. foi contra a geração de superávit fiscal;
8. foi contra o agronegócio e a agricultura empresarial que o PT queria (e ainda quer) substituir por assentamentos do MST;
9. foi um partido golpista, tentando derrubar quem se antepusesse a seu projeto de poder;
10. se é verdade que apontou à nação alguns corruptos, firmando um conceito de partido diferente, formado por gente de bem, gente honesta, também é verdade que assassinou reputações, e, quando chegou ao poder, juntou-se aos maiores canalhas da República.

VEJAMOS, AGORA, COMO SÃO AS COISAS COM O PT NO GOVERNO



genildo

11. O PT, no governo, mostrou ser um partido capaz. Capaz de qualquer coisa.
12. Há 12 anos, tenta reimplantar a censura através do marco regulatório da imprensa que pretende criar uma arbitragem sobre conteúdos;
13. através da criação do Conselho Federal de Jornalismo para punir jornalistas considerados incômodos;
14. através do PNDH-3;
15. através do marco civil da internet, que inicia censura virtual;
16. através do PLC 122 (da "homofobia") e seus disparates;
17. através da imposição do "politicamente correto" e da novilíngua e das confabulações do Foro de São Paulo.
18. Dá apoio e refúgio a terroristas (Cesar Battisti é apenas um dos casos).
19. Captura e devolução a Fidel os boxeadores cubanos.
20. Apoia politicamente e financia os governos comunistas de Cuba, Venezuela e demais países do Foro de São Paulo;
21. Faz o mesmo, incondicionalmente, com qualquer governo ou movimento adversário do Ocidente.
22. Seus legisladores municipais se dedicam a homenagear com líderes comunistas e guerrilheiros com nomes de ruas.
23. Criou um memorial para Luiz Carlos Prestes em Porto Alegre.
24. Concede apoio explícito a companheiros condenados pela justiça por graves crimes.
25. Revela verdadeira fobia pela construção de presídios e órgãos de segurança, resultando em gravíssima insegurança social.
26. Manifesta incondicional dedicação aos direitos humanos dos bandidos e total desconsideração pelos direitos das vítimas.
27. Empenha-se em inibir a ação armada das instituições policiais;
28. Dedica-se à causa do desarmamento dos cidadãos.
29. Rejeita a redução da maioridade penal.
30. Criou o MST o movimentos sociais semelhantes apoiando suas truculentas invasões às propriedades públicas e privadas.
31. Empenhou-se intensamente em ampliar as restrições ao direito de propriedade através do Código Florestal.
32. Apoia a expansão das reservas indígenas sobre áreas de lavoura.
33. Pretende retirar símbolos religiosos dos locais públicos;
34. Dedica-se a destruir os valores morais e familiares "conservadores" nas escolas e nos materiais didáticos.
35. Inventou a "Lei da palmada".
36. Apoia a legalização do aborto;
37. Dedica-se a implantação das políticas de gênero e à respectiva ideologia.
38. Concebeu kit gay e pretendia distribuí-los nas escolas;
39. Apoia e/ou financia com recursos públicos a parada gay;
40. a marcha das vadias e
41. a marcha pela maconha.
42. Criou as cotas raciais que reintroduzem no país a discriminação racial.
43. Faz uso intenso do material didático, especialmente de livros didáticos para doutrinação ideológica.
44. Criou com Fidel Castro o “Foro de São Paulo” onde ditadores e simpatizantes entram em conluio para produzir a hegemonia marxista na América Latina.
45. Tentou acabar com a lei de anistia e manipula a História para transformar guerrilheiros e terroristas comunistas em paladinos da democracia.
46. Promove gigantesco aparelhamento da administração pública, dos órgãos de Estado e dos tribunais superiores pelos partidos do governo.
47. Criou uma infinidade de ONGs, financiadas pelo governo, para servir a seus objetivos políticos com dinheiro da nação.
48. Fez do programa Bolsa Família um instrumento de dominação política das classes sociais mais desprotegidas, cristalizando nelas uma situação de dependência do governo.
49. Faz uso sistemático da mentira como forma de comunicação com a sociedade.
50. Corrompeu o Congresso Nacional com o mensalão.
51. Perdoa dívidas de ditadores africanos e tiranetes sul-americanos para favorecer contratação de obras suspeitíssimas, financiadas com recursos do BNDES enquanto cobra, centavo por centavo, as dívidas dos estados e municípios brasileiros.
52. No caso do porto cubano de Mariel, o PT investiu ali nos últimos anos dez vezes mais do que nos portos brasileiros.
53. Usa o programa mais médicos para financiar a ditadura cubana.
54. Tentou implantar o decreto 8423 que instituiria os conselhos bolivarianos no Brasil, em afronta à Constituição e ao Congresso Nacional.
55. Toma decisões irresponsáveis, como as campanhas para atrair a Copa de 2014, os jogos Olímpicos de 2016.
56. A gestão pública é um desastre que se expressa em irresponsabilidade fiscal, corrupção e ausência de prioridades.
57. Seus 40 ministérios viraram fatias de um bolo para a festa dos governantes onde cada ministro faz a própria política e serve aos interesses de seu partido.
58. Leva o "pragmatismo" ao nível do mais puro cinismo, como aconteceu foi abraçar-se com Paulo Maluf no exato momento em que isso foi conveniente à eleição de Haddad à prefeitura de São Paulo.
59. Como se viu no início desta exposição, o PT, na oposição, é um partido que não deixa governar.
60. E como se viu agora, o PT é um partido que não sabe governar.

Você pode estar se perguntando: Mas não existe gente boa no PT? Claro que há. Mas o problema está no partido. O partido dessa pessoa boa é um partido que faz mal ao Brasil e deve ser mantido longe do poder e a quilômetros de distância dos cargos públicos.

PT sem petismo


A história do PT guardará o nome de João Vaccari, ex-tesoureiro do partido, preso por envolvimento com corrupção na Petrobras.

Ele foi citado na abertura e no fechamento do 5º Congresso do PT, em Salvador.

Na quinta-feira à noite, lembrado por um militante, Vaccari ganhou três minutos de aplausos.

No sábado à tarde, elogiado por Rui Falcão, presidente do partido, foi de novo demoradamente aplaudido.

Nenhum dos 720 congressistas mencionou os nomes de José Dirceu, ex-ministro de Lula, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, ambos condenados como mensaleiros. Foi como se jamais tivessem existido.

Quanto à corrupção, assunto incômodo para petistas de todos os matizes, nada se discutiu no congresso. Por isso ficou de fora da “Carta de Salvador”, documento com 3.834 palavras.

Um anexo à “Carta” reuniu as 13 resoluções aprovadas pelo congresso. Com 4.730 palavras, dedica à corrupção menos de 600. Dessas, 415 se ocupam do que os governos do PT fizeram para combatê-la.

As demais informam que o partido promoverá uma campanha de comunicação a respeito. E criará um grupo de "juristas progressistas" para refletir sobre o papel da Justiça “na criminalização da política, dos partidos e dos movimentos sociais”.

O congresso ensinou ou reforçou duas coisas: o PT está longe de morrer como querem seus adversários. E longe de voltar a se parecer com o que foi.

Congresso de partido por aqui se resume a aclamar seus líderes e a deliberar sobre o que eles propõem.

Em Congresso do PT, a discussão corre solta. Quem tem mais votos, leva. E, salvo Lula, os demais líderes não escapam a duras críticas.

Entenda-se por petismo um conjunto generoso de valores, princípios e boas ideias que foram desprezadas tão logo o partido chegou ao poder.

Ou antes, quando Lula concluiu que para o PT chegar lá precisava jogar conforme as regras do jogo. Para tal orientou Dirceu.

O partido fez concessões reprováveis. Desfigurou-se. Mergulhou na lama. E está ameaçado de perder sua base social.

O PT não está apenas “machucado” como admite Lula. Atravessa a pior crise dos seus 35 anos.

Reelegeu Dilma pelo pau do canto. E à custa de um formidável estelionato eleitoral.

Nem Fernando Collor, deposto por corrupção, foi tão impopular quanto Dilma é.

Os 30% dos brasileiros que preferiam o PT se reduziram a 5%. O partido perdeu o monopólio das ruas desde 2013.

Parte dos petistas que não se reconhece no atual PT alimentou o sonho de que o 5º Congresso pudesse marcar o início da reconciliação entre o partido e o petismo. Pois sim...


Obediente a Lula, a tendência majoritária impôs sua vontade sem ceder em absolutamente nada. De resto, algemou o partido ao governo. Optou assim pela paralisia.

Foi o triunfo da insolência burra.

Envelhecido, o PT avisou aos eventuais interessados: “Quem quiser venha conosco pelo que fizemos até aqui, e que já foi muito”.

Não acenou para eles: “Quem quiser venha conosco pelo que já fizemos e pelo que ainda pretendemos fazer”.

A saber: isso, aquilo e aquilo outro. Tópicos de uma nova agenda capaz de atrair uma nova esquerda e de agradar aqueles à procura de uma ideologia.

Na véspera da instalação do congresso, a propósito de meios para financiar campanhas, Jaques Wagner, ministro da Defesa, disse que o PT não é melhor do que os outros. Portanto, não deve recusar dinheiro de empresas privadas.

Ora vejam! O PT que há 12 anos se apresentava como um partido diferente dos outros suplica, agora, para ser tratado, pelo menos, como igual aos outros.

Da boa governança a má governanta

Eventualmente, algum sociólogo, historiador ou arqueólogo explicará. Em retrospectiva, claro. Afinal, em retrospecto, todos os absurdos fazem sentido. Especialmente em uma nação especializada em explicar, eloquente e coerentemente, as razoes pelas quais ela não ocupa o lugar que julga merecer na ordem natural das coisas.

O diabo é que simplesmente encontrar formas elegantes de justificar fracassos não resolve nada. Não ajuda no presente. Não promete um futuro. Apenas serve de desculpa. E, nestes tempos, nem mesmo as desculpas fazem mais sentido.

Não da para entender nossa obsessão com culpar os outros. A perturbadora e aparentemente inevitável autocritica a favor. O escracho e o desrespeito pela inteligência alheia. Crivada de autoelogios. Alimentada pelo delírio. Temperada com cinismo.

Enquanto a gente administra a imagem e tenta explicar o irrelevante, em outros lugares, o pensamento é reservado à solução de problemas concretos. Reconhecem que o presente é a matéria prima com que são fabricados futuros. Melhorar o presente, olhando para o futuro, é, portanto, a missão mais nobre de cada geração.

Bom governo não é direito adquirido. É conquista diária baseada em trabalho constante de supervisão e controle pela população de seus governantes. Boa governança é o que resulta deste derramamento diário de suor.

Imperfeitos que possam ser, governos são retratos das populações que representam. Portanto, a melhor maneira de obter um bom governo é fazer a escolha correta na eleição. E, depois da eleição, acompanhar e fiscalizar sem descanso, as ações dos eleitos. Assim é a democracia.

Escolher errado custa caro. Quando acontece, ao invés de boa governança, convive-se, por anos, com más governantas.

Passos largos, poço fundo

Entre anúncios do fim de livrarias e museus, ameaça de fechamento da Escola de Teatro Martins Pena, onde dei aula, e do encerramento do Centro de Referência Cultura Infância, no Jockey do Rio (ainda que nesse caso a batalhadora Karen Acioly tenha conseguido migrar para outros espaços), chega outra notícia: a Jornada de Passo Fundo vai acabar. É triste.


Há 34 anos essa cidade gaúcha vinha realizando suas Jornadas Nacionais de Literatura, um importante evento que deu à região a mais alta média de leitura do país — 6,5 livros por ano. Sempre com a professora Tânia Rösing à frente, a Universidade de Passo Fundo e a prefeitura municipal criaram também em 2001 a “Jornadinha”, estendendo a iniciativa ao público infantil e adolescente. É muito mais do que uma feira de livros semelhante às que se multiplicam pelo país. A Jornada sempre foi diferente. Partia de um trabalho prévio abrangente, coordenado pela universidade. Durante meses, na cidade e nos municípios vizinhos, escolas e faculdades se dedicavam à leitura dos autores cuja presença estava programada para aquele ano. A iniciativa envolvia enorme quantidade de professores e estudantes, muitos trazidos de ônibus das cidades vizinhas e devidamente assistidos para aproveitarem ao máximo a oportunidade. A culminância desse convívio atento com as obras se dava durante a Jornada, em encontro direto com os escritores.

Nos primeiros anos, foi em salas de aula da universidade. Depois, o sucesso obrigou a procurar o espaço mais amplo de um ginásio esportivo, onde da mesa os autores viam as cuias de chimarrão circulando pela plateia para ajudar a espantar o frio. A partir de certo ponto, abrigou-se sob a imensa lona de um circo especialmente montado, em sessões que se repetiam de manhã, de tarde e de noite, para que as cinco mil pessoas da plateia pudessem se revezar. Os debates incluíam escritores estrangeiros, trocando pontos de vista sobre temas diversos. Todos saíam admirados, certos de que jamais haviam visto algo semelhante, em lugar algum. Não viram mesmo. Porque não há nem nunca houve. E se depender do poder público, pode não haver de novo.

É que agora se anuncia o cancelamento da Jornada, por falta de verbas. A reitoria explica que “ante a incerteza desse momento, a realização de um evento de natureza tão grandiosa não se mostra recomendada.” Dá perfeitamente para entender que, a esta altura, não dá para querer reduzir a Jornada a uma mera feira de livros com barraquinhas na praça para desovar encalhes de distribuidoras. E o momento atual é mesmo incerto, diante da certeza de que a conta dos desmandos e da incompetência chegou (para não falar da corrupção) e é preciso apertar o cinto para pagá-la. O que espanta é a inversão de prioridades. Continua a haver dinheiro para despesas de custeio, milhares de cargos comissionados, 39 ministérios. Triplica-se a verba do fundo partidário. Infiltra-se em votação no Congresso a construção de um shopping no Parlamento. Aprovam-se aumentos e inconcebíveis auxílios-educação no Judiciário. Aumentam-se as isenções fiscais de igrejas. Mas se evita encarar a urgência das necessidades da educação e das humanidades, das alternativas de lazer e sonho para os jovens, por meio de reais oportunidades para que suas vidas façam sentido e que convivam com a arte, a cultura, o esporte. Sem que fiquem condenados ao fundo do poço. E à violência de quem se sente encurralado, sem horizontes.


Em paralelo, vivemos também a consequência de aceitar uma atitude paternalista em relação à cultura, onde tudo depende do Estado e a ele tem de agradar para sobreviver. Este, por sua vez, terceirizou sua obrigação de desenvolver política cultural, delegando a patrocínios e renúncia fiscal a tarefa de apoiar o setor, sem incentivá-lo a buscar outros caminhos de produção que sustentassem o crescimento próprio — com frequência se limitando a apoiar quem demonstrava afinidade ideológica ou tinha condições de contratar profissionais especializados em apresentar projetos de forma palatável, para vencer editais. Desde que se garantisse a publicidade por meio de logomarca ostensiva e slogan repetido. E tomou decisões polêmicas, como o apoio à publicação brasileira de um jornal francês especializado em diplomacia, ou o subsídio a um circo estrangeiro que cobrava ingressos milionários. Com isso, o setor perdeu a prática de caminhar pelas próprias pernas, se acomodou e atrofiou sua capacidade de levantar recursos sem depender do governo. Ainda mais com uma legislação que não ajuda. De sua parte, muitas vezes a iniciativa privada lavou as mãos.

Chegamos assim a esta série de projetos culturais frustrados, filmagens canceladas, montagens teatrais e exposições suspensas, shows musicais e feiras de livro abortados, museus e livrarias que se fecham.

Que o momento, pelo menos, estimule a reflexão e busca de novos caminhos. E que Tânia possa seguir os passos de Karen e encontrar alternativas. 

A verdade vem nas frestas


Um homem aprende a reconhecer a verdade, mesmo quando só há mentiras à sua volta. Às vezes ele deseja a verdade e não há quem o demova. As autoridades do governo podem não querer que conheçamos a verdade, mas ela chega assim mesmo, pelas frestas dos muros, como se diz. Eles podem tentar nos enganar, e o fazem com frequência, mas nós saberemos garimpar as evidências e, se os fatos não são como eles dizem, o problema é deles. Eles que enfrentem suas consciências
Bernard Mallamud

A revolução verde de Copenhague

A Capital Verde Europeia de 2014 possui uma política ambiental defendida por todos
Praça no centro da cidade preparada também para grandes chuvaradas
Uma colina inesperada ergue-se no coração de Nørrebro, um distrito de Copenhague com forte concentração de imigrantes que passa por um rápido processo de gentrificação. A elevação, insólita numa cidade assustadoramente plana, é rodeada por edifícios do século XIX, mas também por construções modernas. A grama está cuidadosamente cortada, e duas estudantes conversam tranquilamente deitadas sobre uma manta numa tarde instável de primavera. O campo não tem árvores, apenas arbustos. Mas a colina é uma ilusão de ótica, não existe: na verdade, é o teto de um ginásio e foi construída dentro de um plano da capital da Dinamarca para criar a maior quantidade possível de jardins e terraços – seja como parques, para plantar hortas urbanas ou para aproveitar a água da chuva, com o objetivo de refrigerar os edifícios no verão.

Escolhida três vezes consecutivas pela revista britânica de tendências globais Monocle a cidade mais habitável do planeta, eleita Capital Verde Europeia 2014 e designada por uma pesquisa da The Economist Intelligence Unit como a capital mais sustentável da Europa, Copenhague está imersa numa revolução verde que afeta todos os aspectos de sua vida urbana. Uma das escolas financeiras mais prestigiosas do mundo, a London School of Economics, publicou recentemente um estudo sobre o processo que levou Copenhague a se transformar na "líder mundial em economia verde”. O relatório conclui que a redução de emissões e a aposta em políticas ambientais não apenas são positivas para o planeta, mas também se transformaram num belo negócio para o país nórdico. A cidade dinamarquesa pretende se tornar a primeira capital neutra em emissões de carbono até 2025. E seus habitantes estão certos de que vão conseguir: houve uma redução de 40% nas emissões desde 1990, e a partir de 1980 o PIB da Dinamarca cresceu 80%, enquanto o consumo energético se manteve estável.

“O que estamos fazendo aqui é novo, ocorre pela primeira vez”, explica em seu gabinete o ministro dinamarquês de Clima, Energia e Construção, Rasmus Helveg Petersen, de 46 anos. A inclusão dessas três pastas num só Ministério é uma verdadeira declaração de princípios. “Há 20 anos, a Dinamarca era famosa pela indústria pornô e pelo bacon. Hoje, é conhecida pela transição rumo a uma economia sustentável”, diz esse político do centrista Partido Social Liberal. Em seu escritório com uma vista magnífica para os canais do centro de Copenhague, Petersen mostra um mapa da Groenlândia, território ártico pertencente à Dinamarca. “Se esse gelo derretesse, a água inundaria toda a nossa cidade. É uma questão de bom senso, mas também é algo bom para a economia do país.”

Como vender o socialismo no século XXI?


Boa noite, companheiros e companheiras. Como vocês sabem, estamos passando por um momento muito complicado. Vender a ideia de socialismo no século XXI está cada vez mais difícil. O verdadeiro socialismo ainda está por vir, é verdade, mas a luta por justiça social e igualdade proletária foi adiada mais uma vez. Claro, o neoliberalismo está por trás de tudo isso e é ele que vem nos roubando o protagonismo. Se não fizermos nada agora, perderemos espaço no debate público e não conseguiremos angariar nem mesmo os jovens de até vinte anos que leram dois ou três livros a mais que o adolescente médio, ou seja, aquele que nunca leu livro nenhum. 

Hoje, mesmo as minorias mais discriminadas, marginalizadas e esquisitinhas estão sendo aos poucos assimiladas pela lógica do mercado. Vejam só vocês, eu estava vindo para esta reunião quando passei numa banca e vi que na capa de uma revista importada, uma revista estadunidense, estava estampada a foto de uma transexual idosa. Quer dizer, mesmo a questão de identidade de gênero, da qual começamos a tratar não tem nem quinze anos, querem nos roubar. Onde o neoliberalismo vai parar?

Assim não há ideologia que resista. O show business está tomado por questões nossas. A mídia golpista abre espaço para colunista do movimento dos trabalhadores sem-teto. As empresas mais capitalistas do mundo apoiam abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Eles estão roubando o nosso protagonismo. Fazem comerciais com gays, lésbicas e o que mais aparecer na frente. Quando achamos que descobrimos o novo proletário para trazer para a nossa causa, lá vai o neoliberalismo com os seus eletrônicos e sites de compra coletiva para pegá-los de volta. Assim não dá.

Passamos anos atacando as redes de fast food e as comidas enlatadas até que o neoliberalismo nos apareceu com os produtos orgânicos, a comida sem glúten e os iogurtes probióticos - e o pior, lucrando muito com isso!


Quando tratamos da fome, eles nos trazem a obesidade; quando falamos da obesidade, eles nos trazem as bicicletas ergométricas, shakes para emagrecer e academias de musculação; quando criticamos os padrões de beleza impostos pela indústria dos suplementos alimentares, eles nos trazem colchões e camas king size e videogames e salgadinhos; quando criticamos o sedentarismo, eles nos vendem bolas de futebol e pranchas para a prática de stand up paddle; quando falamos que só quem tem dinheiro pode aproveitar tudo isso, eles nos trazem créditos para negativados, brechós, sebos e produtos de segunda mão; quando criticamos o entulho causado pela obsolescência programada, eles nos trazem chips que podem armazenar milhares de livros, fotos e vídeos; quando criticamos o consumismo, eles nos vendem livros sobre isso. E agora eles me vêm com uma transexual idosa na capa de uma revista de grande circulação? Esse foi um golpe baixo, baixíssimo.

Minha preocupação é que, do jeito que a coisa anda, até mesmo a minoria mais negligenciada, mas encardidinha, seja absorvida pela lógica do mercado. Está cada vez mais difícil de expandir o número de novos proletários para a nossa causa. Ano a ano, o neoliberalismo vem estragando o efeito que o nosso discurso tinha lá no início. O mercado apanha a todos com os seus tentáculos. E – o horror, o horror! – como lucram com isso!

Governados por assassinos e ladrões

O Brasil é o país da mesmice, que se repete ad aeternum e sobre o qual as mesmas coisas são escritas todos os dias sem que se tome qualquer medida saneadora. Aqui, nada deu certo e jamais dará. O país produz certo cansaço porque basta repetir diariamente tudo aquilo de mais desmoralizante que já se escreveu sobre ele, seja nos últimos dias, meses ou ano, pois os fatos são recorrentes e a população se acostumou à bandalheira. Ninguém possui a menor noção de dever, direito ou cidadania.

Diariamente, basta se adicionar ao noticiário o escândalo atual. Ele terá a mesma característica dos demais e os mesmos personagens. O que de melhor aconteceu no Brasil foi a internet, porque agora sabemos nomes e detalhes dos assaltantes do dinheiro público, embora eles cumpram penas ridículas e continuem roubando com a vantagem de poder sair da cadeia no dia dos pais, das mães, dos namorados e dias assemelhados, já que os próprios ladrões na maioria esmagadora dos casos é que elaboram as leis.

Mas o pior de tudo é verificar que quem deveria dar declarações sensatas e enriquecer o nível de informação das pessoas concorre para desmontar a ordem e desmoralizar as instituições. O jornalista Paulo Francis (1930-97) escreveu há muitos anos um artigo na Folha de S. Paulo em que dizia que as pessoas costumam ficar de queixo caído quando enxergam alguma celebridade nas ruas e tendem a seguir seus conselhos por mais disparatados.

Dizia, ainda, que acompanhava entrevistas concedidas por tais celebridades e o que impressionava era o grau de desconhecimento exibido a respeito de tudo, o vazio cultural e a desinformação plena. Às vezes, aparecia algum que sabia das coisas, mas que optava deliberadamente pela mentira, gravitando em torno dos próprios interesses. Outros, ao contrariarem forças corporativas, corriam o risco de exclusão de contratos ou vantagens que pudessem auferir. O mundo, finalmente, pertence aos medíocres!

Ele se referia a famosos atores e atrizes de cinema que, pelo simples fato de aparecerem nas telas, eram considerados como deuses, ditando normas, regras e padrões. De lá para cá, nada mudou. O agravante é que a televisão jogou para dentro dos lares das pessoas uma cambada de marginais impondo posturas e valores, inclusive de natureza sexual, banalizando a pornografia e mudando as referências que transformaram o Brasil do século XXI num bordel de quinta categoria!

Seria ótimo ouvir argumentos convincentes contrários, porque existe o convencimento de que a Rede Globo comanda, desde a sua fundação (fraudada com a bênção do regime militar, 1964-85), este horror em que se transformou nossa desmoralizada República, casa de prostituição e pouca vergonha onde não há referência moral nem difusão de atitude que se possa louvar.

Pior: a emissora não consegue enxergar o óbvio, atolada na podridão moral que escolheu, pois será engolfada pelo mar da insatisfação geral que um dia virá no ritmo de alternância cuja estrutura dialética se constitui na essência do próprio funcionamento do nosso mundo. Pois esqueçam Chico Buarque, louvando as misérias de Cuba e os crimes impunes de Fidel Castro e o fedorento Che Guevara.

Esqueçam o ator global petista Paulo Betti, justificando a roubalheira do PT e dizendo que Lula da Silva, o Lularápio, teria de “colocar a mão na merda” para fazer política (ele se banhou nela). Vejam o vídeo que corre no facebook, onde o ator global petista Sérgio Mamberti diz que a manifestação de quase dois milhões de pessoas na Avenida Paulista (SP) foi um “convescote de rico”. Ele ainda convoca os Black Blocs, deixando claro que é a tropa de destruição do PT, assumindo isso.

Tem gente que envelhece e não aprende nada. O que se pode esperar deste país?

Di'menor, inocente ou delinquente

Muito se discute a respeito da maioridade penal do Brasil. Por conta disso, pelo clamor popular, a Câmara dos Deputados deve votar nos próximos dias a nova lei sobre a redução da maioridade penal.

Entendo, com a devida vênia, que tal matéria deveria estar decidida há muito tempo e não somente agora ir a plenário.

O mundo mudou, tudo evoluiu. Se compararmos os costumes antes da década de 20 com os de agora, não existe semelhança. A história nos mostra que um garoto naquele tempo era verdadeiramente uma criança, não tinha o discernimento, o conhecimento e a vivacidade das crianças atuais, não exercia as funções sociais e nem tinha responsabilidade, portanto, não era cobrado como hoje.

O adolescente mudou muito. Hoje tem tanto ou mais conhecimento que um maior de idade, pratica crimes hediondos, chefia quadrilha de criminosos, tanto na venda de drogas, quanto em assaltos ou sequestros. Tem mais periculosidade e inteligência para o crime que muitos criminosos com mais idade.

Se o menor hoje é considerado capaz para tantos atos da vida civil, destacando-se, inclusive, para votar e eleger governadores e presidente da República, por que o absurdo de ser isento da responsabilidade penal pelos crimes bárbaros que praticam?

Ora, se assim fosse, mostrariam fragilidade e não arrogância e prepotência quando presos. Outro dia, conversando com um amigo, membro do Poder Judiciário que defende a não redução da menoridade penal, lhe falei: "Se o menor é tão bonzinho, porque você não o leva para sua casa?”, confesso, não obtive resposta.

Como advogado criminalista há mais de 30 anos, diuturnamente presenciamos nas delegacias a polícia se desdobrar para descobrir o criminoso e, quando prende, ouve a célebre fase "não me toque sou ‘di’ menor". Às vezes, infelizmente, o menor criminoso sai da delegacia antes das testemunhas e da vítima, pois a polícia pouco ou nada pode fazer.

A sociedade não pode continuar calada, não pode permitir esse descaso legal, verdadeiro absurdo. É necessário pressão em cima dos nossos legisladores, em movimento nacional, semelhante a de um Impeachment, para que se opere mudanças e a sociedade possa dar um passo à frente, buscando um pouco de paz.

Se nada fizermos e continuarmos somente reclamando para nos mesmos, vamos continuar a conviver com esse estado de coisas, com os crimes violentos praticados, perda de entes queridos e importantes em nossas vidas, sabendo de antemão que o menor não é inocente, mas sim delinquente, e o que é pior, será solto sumariamente, dando risadas de nossa caras. E a polícia, mais uma vez, será desmoralizada e ridicularizada, com a palavra mágica “sou ‘di’ menor".