domingo, 24 de maio de 2015

E agora?



Como fica agora, Quaquá, o porto de Jaconé? Seu querido e megaporto que iria trazer a fartura de desenvolvimento para o município de Maricá? Por lá passaram construtoras holandesas, árabes e chinesas e agora a área é tombada. O porto petista, mais uma vez, e sempre, vira balela eleitoreira.
"Quá-quaraquaquá, quem riu..."

O sonho que virou pesadelo

Charge O Tempo 23/05
O orçamento foi aprovado pelo Legislativo, segundo previsão do Executivo, que agora retira 69.9 bilhões de reais do total. Todos os setores do governo foram atingidos, mas a indignação maior refere-se à Saúde, que perde 11.774 bilhões e à Educação, garfada em 9.423 bilhões. Hospitais e escolas, de resto deficientes e insuficientes, sofrem a maior agressão. A quem a população deve reclamar? Aos que puseram a economia nacional em frangalhos, quer dizer, o governo, grande responsável pelo caos que nos assola. Primeiro por sua incapacidade. Depois pela imprevidência. Só que quem vai arcar com o prejuízo somos nós, a sociedade.

Quando em campanha pela reeleição, em outubro passado, a presidente Dilma nem por um momento admitiu as dificuldades já mais do que evidentes. Iludiu a maioria do eleitorado, escondendo-se atrás da falsa euforia e das promessas vãs. Direitos trabalhistas e previdenciários estão sendo reduzidos. Impostos, aumentados. O desemprego caminha a passos largos, junto com a pobreza. A inadimplência se multiplica. A violência também. Uns poucos privilegiados mandam seus milhões para o exterior, enquanto as massas deixam de ranger os dentes pela falta deles.

Convenhamos, alguma coisa precisa ser feita. Em tempos remotos, mas nem tanto, o povo ganhava as ruas e pela força depunha seus governantes. Com o aprimoramento da democracia, estabeleceram-se soluções pacíficas, mas eficientes. No parlamentarismo, caem os gabinetes. No presidencialismo, surgem o impeachment e novas eleições.

Não há porque o país acomodar-se a três anos e meio de novas frustrações, quando nem se tem certeza de as instituições se sustentarem até lá. Para evitar a desagregação nacional a palavra de ordem só pode ser de “basta”. De “fora”, por quaisquer instrumentos ou mecanismos possíveis, de preferência constitucionais.

O governo de Madame acabou com esse melancólico final antecipado. O pouco que lhe restava de credibilidade acaba de sair pelo ralo. O Partido dos Trabalhadores não é mais dos trabalhadores e deixou de ser partido. O corte de quase 70 bilhões acaba de selar o destino do sonho que virou pesadelo
.

A riqueza imperecível

Gente suando por mais riqueza, títulos, poder e honras – sem tempo para olhar as estrelas, a natureza, as crianças, a vida que escorre e some pela via. Gente pisando na grama, atropelando a vida, sacrificando animais, arrancando flor pela raiz.

Riqueza fantasiada de felicidade. Riqueza acima do necessário, riqueza arrancada sem escrúpulo, disputada a qualquer preço. Riqueza que desconhece a importância de sua origem, dos métodos usados, dos sofrimentos gerados. Riqueza maldita. Para quê?

Ansiedade, provocação, afã, luta, suor e até sangue.

Ter mais, mais que o vizinho, mais do que tudo.

Riqueza sem objetivo, sem rumo, sem fim, sentada sobre um monte de vítimas. Riqueza para pagar guarda-costas e advogados, para perder o sossego; escancarada, vulnerável, sequestrável. Riqueza para fazer a festa de malandros, exposta à queda da Bolsa, à desvalorização cambial, ao assaltante e ao gatuno.

Riqueza monumental guardada em palácios e moradas, que não cabe no caixão, que será gasta por outro fantoche. Um atrevido, um perdulário, um dissoluto, um bobo, um trapaceiro que a desintegrará, ou um santo, um místico que não saberá o que fazer e se livrará dela como de um peso.

Riqueza que aquieta a sede ou que aflige a alma, que enche de preocupação e tormento. Fome de vento que nunca sacia. Inútil para o espírito que dela um dia se libertará como de um empréstimo.

E o que dizer ao homem que não tem pão, incapaz de conseguir saciar o seu estômago e o de seus filhos? Homens diferentes. Uns ricos querendo ser mais ricos, outros pobres querendo ser ricos. Duas humanidades aparentemente diversas. Um único Deus. Quem tem muito não tem tempo para aproveitar nem sossego para dormir profundo.

Riqueza, para o rei Salomão, é Sabedoria. Dessa diz ele com entusiasmo: “É mais que a saúde e a beleza. Gozei da sabedoria mais do que a claridade do sol, porque a claridade que dela emana jamais se apaga”. Deixa claro o caminho, doce o pensamento, livre o agir.

E mais: “Há na sabedoria um espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, sem inquietação, que pode tudo, que cuida de tudo... É ela uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus e uma imagem de Sua bondade”.

“Eu a amei e a procurei desde a juventude, me esforcei para tê-la por esposa... por meio dela obterei a imortalidade... e recolhido em minha casa, sem medo, descobridor da minha eternidade, repousarei junto dela...” Sem precisar de mais nada que não seja o essencial.


Sabedoria: riqueza imperecível, grandeza do humilde; justiça do misericordioso; doçura do homem, força, inteligência de quem aprendeu o que é amor. Tudo sem nada em contraposição a nada com tudo.

Sabedoria emprestada de Si por Deus, gerando o homem “à imagem e semelhança dEle”. Nada custa, é de graça, apenas de quem a ama e a quer.Vittorio Medioli

Lava Jato toca a campainha do Palácio


O doleiro do petrolão afirmou, em delação premiada, que o Palácio do Planalto sabia do esquema. Citou pelo menos três ex-ministros de Dilma cujos nomes ouviu várias vezes nos momentos decisivos das operações criminosas. Alberto Youssef disse também aceitar acareações com qualquer um. O esquema bilionário que funcionou mais de década exatamente sob os governos do PT, operado por diretores da Petrobras nomeados ou protegidos pelo grupo político governante, chegou à sua hora da verdade. Ou o Brasil acredita que o doleiro Youssef botou a República debaixo do braço e fez o governo inteiro refém, ou o comando da quadrilha terá de aparecer.

Youssef afirmou, em seu depoimento à CPI da Petrobras em Curitiba, que se sentia “”mais seguro” em suas operações criminosas por saber que tinha a proteção do Palácio do Planalto. Marcos Valério não chegou a dizer literalmente a mesma coisa, mas o julgamento do mensalão mostrou que ele também era assegurado pelo Palácio – tanto que o então ministro-chefe da Casa Civil acabou condenado e preso. Nos dois megaescândalos, dois tesoureiros do PT presos, acusados de participar de desvios de dinheiro de estatais para o partido. E o Brasil, chupando o dedo, não liga lé com cré e se recusa a entender que esse é um padrão de governo.

Aliás, “a única forma de governar o Brasil” — como Lula teria afirmado a José Mujica, ex-presidente do Uruguai. Os dois ex-presidentes naturalmente negaram que se tratasse do reconhecimento do escândalo, mas o livro que traz essa passagem é absolutamente claro ao contextualizá-la como referência ao mensalão. Um dos autores do livro, Andrés Danza, declarou não ter dúvidas de que assim a fala de Lula fora entendida por Mujica — com quem, aliás, Danza tem excelente relação. Possivelmente o ex-presidente uruguaio, chapa de Lula, achou que expondo a confissão de “”culpa” do colega brasileiro em relação ao escândalo iria humanizá-lo. É um tipo de humanismo que passarinho não bebe.

A tolerância do Brasil com os métodos escancarados do PT beira o masoquismo. A pessoa em quem Dilma Rousseff mais investiu para ser seu braço direito no governo chama-se Erenice Guerra, investigada em dois escândalos de tráfico de influência dentro do Palácio — este que Youssef diz que o fazia sentir-se seguro, o mesmo de onde foi engendrado o mensalão. É uma vertiginosa sucessão de coincidências. Ou então o Brasil gosta de apanhar.

Gosta porque não se mexe. Está esperando a Justiça capturar a quadrilha. E vai esperar sentado. A domesticação da corte máxima dessa Justiça apresenta neste exato momento mais um capítulo circense – talvez o de maior audiência, pelo que tem de bizarro. O país assiste à indicação de mais um soldadinho petista para o Supremo Tribunal Federal – um simpatizante do MST, para ter uma ideia do nível de aparelhamento a que está chegando a Justiça brasileira, esta que a platéia está esperando pegar os chefes do bando. O novo indicado por Dilma para o STF tem até site feito pela mesma pessoa que faz o do PT, provando que a independência não livra ninguém dos sortilégios da sincronicidade.

O Congresso Nacional teria a chance de devolver essa carta marcada ao Planalto, reprovando a indicação de Luiz Edson Fachin ao Supremo. Mas o Congresso é… o Congresso. E assim o país vai assistindo candidamente ao adestramento das suas instituições pelos companheiros progressistas, que conseguiram subjugar até as contas públicas — travestindo o balanço governamental através da contabilidade criativa e das já famosas pedaladas fiscais (tão famosas quanto impunes). Claro que a lavagem cerebral companheira já chegou forte a escolas de todo o país — sendo que até colégios militares andam sendo coagidos a ensinar o conto de fadas petista, coalhado de ideologias exaltando as pobres vítimas do capitalismo que mandam no Brasil (pelo visto, para sempre).

O Congresso Nacional está em cima do muro, o governo está atrás do muro e o Supremo está atrás do governo. Só o povo, com ou sem panelas, pode afrontar essa barricada no coração do Estado brasileiro e libertá-lo — exigindo que a Lava Jato siga o dinheiro até o fim. E levando a investigação até dentro desse Palácio que protege doleiros.
Guilherme Fiúza

À procura de uma bússola

Políticos desgastados, imagem do governo federal em frangalhos, sociedade descrente e atordoada, estrutura social começando a se queixar do bolso mais vazio e inflação emagrecendo a geladeira, formam o pano de fundo sob o qual devem ser analisados os aspectos pontuais da crise que vive o país.

O repertório de depoimentos e denúncias diárias, ao contrário do que seria de esperar, de tão banalizado, parece anestesiar a sociedade. A repetição cansativa de escândalos embrutece a sensibilidade, como se uma pesada camada de chumbo estivesse cobrindo nossos corpos.

O governo federal patina na rotina de fazer aprovar seu pacote fiscal. E passa a ser cobrado de maneira contundente pela forma com a Petrobras foi administrada nos últimos 12 anos. E nem pode berrar alto porque é refém das crises que ameaçam a governabilidade: a econômica, a política e a de gestão, com extensão na escassez de água nos reservatórios e ameaça de curto circuito na malha energética.

Os governadores estaduais correm à Brasília em busca de socorro. Ficam sem saber o que fazer e dizer ante a opção que lhes apresentam: promover um pacto federativo para recompor a divisão do bolo tributário. Por onde começar? Senadores dão uma no cravo, outra na ferradura, desaprovando Patriota, aprovando Fachin e adiando a MP 665, que endurece as regras para o seguro-desemprego e do abono salarial. Deputados querem acelerar a reforma política, mas não há consenso sobre nenhum ponto.

A paisagem escancara a baixa capacidade do governo de levar adiante o fabuloso programa de obras, refrãos e slogans, que o ciclo do petismo prometeu e, que nos últimos tempos, ficou restrito ao lema “Pátria Educadora”.

A má gestão, dizem os estudiosos de política, é aquela que consome o capital político do governante sem alcançar os resultados anunciados e perseguidos e isso ocorre por desorganizado manejo técnico. Os dirigentes esquecem os compromissos de suas campanhas eleitorais, não fazem o cálculo do balanço da gestão e, principalmente, não a projetam para o futuro.

Os políticos, por sua vez, aproveitam-se das circunstâncias para tirar proveito. Como a economia capenga, a crise transforma-e em oportunidade para a esfera política expandir sua força. O Parlamento Nacional torna-se um amplo território de articulação, negociação e pressão, o que, convenhamos, o coloca no palco dentro do processo decisório, eis que o Executivo torna-se dele refém, ao contrário da nossa tradição.

As casas parlamentares desejam impor uma pauta forte e agir de forma independente da vontade do Palácio do Planalto, exercendo sua função legislativa, debatendo os problemas nacionais e fiscalizando os atos do Executivo. Os governadores, por sua vez, estão desmotivados. Não mostraram praticamente nada desde sua posse. Não têm gás para acender o farol da gestão.

O Judiciário abarrota-se de demandas judiciais, permanecendo sob a fosforescência midiática desde os tempos do mensalão, ganhando agora a luminosidade da Operação Lava Jato, na esteira da qual, um juiz, Sérgio Moro, sobe os degraus da fama e alcança o mais alto prestígio no ranking do respeito e da credibilidade.

Brilha o facho de um advogado, Luiz Edson Fachin, que ascende à mais alta Corte, o Supremo Tribunal Federal, ganhando o título do maior sabatinado pelo Senado em toda a história daquele Poder. Como agirá na nova casa? Olhando para o visor constitucional, promete. A tensão entre os Poderes continuará alta. E se as novas delações premiadas ampliarem o leque dos envolvidos na Lava Jato? Qual será a tendência do Congresso ante a eventual condenação de algum de seus membros de alto conturno?

O fato é que cada Poder está à procura de uma bússola, da direção mais conveniente para enfrentar o amanhã. Por enquanto, olham para a escuridão, com o olho se acostumando a encontrar o nada. Há imensos no espaço social. Novas lideranças não emergem no cenário. FHC? Encostado no pijama do guru. Lula? Não mais parece o leão furioso dos velhos tempos. Quem tem hoje autoridade para atrair as massas? Quem agrega o dom do equilíbrio? Quem canaliza as aspirações mais legítimas da população, a força moral? Quem possui as melhores condições de subir ao pódio dos próximos tempos?

Na Babel de linguagens tortuosas e bordões de promessas vazias, quem dá o tom é a indignação social.

A sociedade, por sua vez, está a exigir um reequipamento convivial, que implica a recuperação da infra-estrutura social (os serviços fundamentais do Estado) e o resgate de valores éticos e morais. Distancia-se tanto do sistema de representação formal, sem acreditar que ele seja capaz de produzir melhorias na política. Aguarda, com muita expectativa, a punição exemplar de políticos culpados, na crença de que os horizontes do amanhã tragam de volta a ética e novos padrões.

Muita água há de rolar carregando novas correntes. Como rugiu Zaratustra, o profeta de Nietzsche: “Não apenas a razão dos milênios - também a sua loucura rompe em nós. É perigoso ser herdeiro. Ainda lutamos, passo a passo, com o gigante chamado acaso”. 

Gaudêncio Torquato

Medo

A voz de pato, a cara borrada, cada vez mais medo, até para falar de assuntos banais agora há medo, presente, todo dia, toda hora. Qualquer lugar, raça, credo, condição social. Repare. Vivemos aterrorizados e não estou falando exatamente de fobias, dos medões, daqueles que só tratamento psicológico resolve. Trato do nosso dia a dia vivendo num país esquisito, de onde brotam vingadores, odiadores, e onde cruzamos no presente com gente sem passado e sem futuro

Devo mesmo ter morrido em alguma vida passada por golpe de arma branca. Veja só. Sou até capaz de brincar com uma arma de fogo, achá-las bonitas, revólveres, pistolas, fuzis. Manuseá-las sem problemas; com elas convivi desde criança. Mas só de ouvir falar em faca, minha espinha dorsal fica diferente - não sei bem como descrever, mas você já deve ter sentido isso - como se um líquido corresse em direção anormal por alguns segundos. Mais do que o frio na espinha. Sempre foi assim. Cheguei a pensar em fazer esgrima pra ver se ajudava, me livrava desse temor, para você ter uma ideia. Desisti.

Com isso posso declarar que estou absolutamente aterrorizada com o que está acontecendo no Rio de Janeiro e que peço a Deus seja estancada essa "tendência", que não se espalhe como costumeiramente modas cariocas acontecem. Só esse ano, li em algum lugar, 167 pessoas foram esfaqueadas por lá, em assaltos e desinteligências, palavra de que gosto porque é objetiva no descrever da violência descontrolada.

Mas se fosse "só" isso! Alguém está se dando conta que o medo invadiu de tal forma nossas vidas que está modificando a nossa própria história? O medo, gente, paralisa. O medo atrasa. O medo tira nossa criatividade e espontaneidade. O medo nos torna piores. Muito piores. Arredios. O medo mata. O medo cria, nos hábitos, uma série de círculos viciosos infinitos, infinitos até que chegue o finito, e quando ela chegue, a morte. Espero que "do outro lado" não existam medos.


A crise está nas nossas portas, o medo do desemprego, de precisar de recursos que não há. Não sair porque não pode gastar, mas também por medo de perder o pouco que tem. Viver tenso, de medo de ficar doente e sem condições de tratamento. O medo da violência geral grassando onde não há educação, saúde, estrutura nem infra, nem social, nem ética. Medo da própria família, do abuso da criança, da briga, do ciúme, da traição, da vingança. Do dizer e ser perseguido. Do não dizer e morrer calado, aos poucos.

Medo da facada pelas costas. Mesmo que sem faca, e sem sangue. Muitos de nós já a experimentaram e é terrível, porque nos mostra vulneráveis, porque nos derruba.

Ora, se a criança na escola é estuprada por outras crianças, se o asilo pobre, quase desgraçado, faz um bazar para pedir piedade pelo amor de Deus, e logo depois é assaltado, se quem devia proteger bate e arrebenta, como não ter medo? Do que não ter medo?

Só se for da chuva, do amor, de amar, da borboleta, do compromisso. Dos espíritos das pessoas boas que partiram e que sabemos que deles só podem vir coisas boas e proteção. Até as baratas, aranhas e outros bichos a gente pode dominar.

Mas não podemos dominar os homens, os governos, o poder. Ultimamente, não dá para perder o medo do escuro, de avião, de falar em público, da ameaça de dar uma entrevista para a tevê. Não dá pra deixar de temer o hospital, as agulhas, as facas dos cirurgiões, os ferrões dos pernilongos. Nem a solidão ou seu contrário, as multidões.

Uma simples faca pode zunir e furar, ameaçar, matar. Acabar de vez com o medo de alguém.

Na 'Pátria Educadora' de Rousseff, crise põe em risco Plano de Educação

Com cortes, pasta não teve aumento em relação ao que foi investido no ano passado. Gestores já temem não conseguir cumprir as metas para a área pactuada em 2014

Depois de anunciar que o lema de seu novo mandato seria "Pátria Educadora", a presidenta Dilma Rousseff deu à educação um dos maiores cortes globais no anúncio do ajuste fiscal feito nesta sexta-feira. A área terá 9,4 bilhões de reais a menos para investir neste ano. A verba da área para as despesas discricionárias (que não são obrigatórias, como a folha de pagamento, por exemplo) caiu de 48,81 bilhões para 39,38 bilhões de reais -valor similar ao gasto no ano passado e 15 bilhões acima do mínimo constitucional obrigatório.

Se por um lado isso era esperado, já que a pasta tem o segundo maior Orçamento da União, por outro, a situação gera um grande incômodo: a falta de aumento nos investimentos pode representar uma ameaça ao cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado no ano passado em meio a comemorações do próprio Governo e que tem algumas metas a vencer já no ano que vem.

"É preciso ver com atenção onde serão os cortes dentro da pasta. A preocupação é que os prazos do plano já estão chegando e isso exigirá um esforço adicional", afirma Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral da ONG Todos pela Educação. O Governo ainda não anunciou ao certo o que será cortado em cada área, mas o mais provável é que as novas obras sejam as mais afetadas.

O problema é que esse "esforço adicional", ao qual Velasco se refere, também tem sido difícil, já que Estados e municípios, que injetam a outra parte do dinheiro necessário para a área, têm sofrido com a queda em suas próprias arrecadações. Por lei, eles são obrigados a gastar 25% das receitas em educação -quando as receitas caem, a verba aplicada na área também cai. Em muitos locais, o cenário já é composto por obras paradas, salários de professores atrasados (e docentes em greve) e até mesmo falta de verba para comprar papel higiênico ou cortar a grama com a mesma regularidade de sempre.

Mãos ao alto, cidadão!

Certamente uma das mais pesadas e polemicas frases dita aos 4 ventos pelos libertários mundo afora é “IMPOSTO É ROUBO.” Se considerarmos a forma como ele nos é retirado forçadamente e sem chance de defesa, e se atentarmos às consequências de não acatar a “ordem” dada, o imposto é sim um roubo. O monopólio da violência dá ao estado essa possibilidade, para não dizer premissa, para retirar do cidadão parte de algo que não lhe pertence. Mude o sujeito da frase é terá caracterizado um ladrão.

maosaoalto
Advogados me corrijam se estiver errado, mas temos os tipos de roubo: furtos ou assaltos. Os impostos indiretos, ou seja, aqueles que o consumidor paga sem sabe que esta pagando se assemelham ao furto; enquanto os impostos mais diretos e escandalosos, tal qual era a CPMF é são hoje ainda IPVA, IPTU, ITBI etc, são assalto mesmo, à mão armada e sem chances de defesa!

Sempre se escuta uma tia bem intencionada dizer que “aceitaria pagar impostos se recebêssemos de volta as contrapartidas. É assim na Suécia.” . Também me perdoem os amigos psiquiatras, mas ela certamente sofre da “Síndrome de Estocolmo”, com o perdão do trocadilho. É a paixão doentia por aquilo que pode lhe fazer o mau. Certamente o modelo escandinavo é menos pior do que o nosso “tropicaliente”, mas não torna o ato de tributar menos imoral. Tributados não são os produtos/serviços; quem é tributado é o próprio cidadão! É sobre nós que a carga pesa.

Se o imposto é ou não roubo, não há consenso. Mas claramente há coisas que o imposto não é (ou não deveria ser), e muitas delas o governo insiste em ignorar.

Só para começar:

Imposto não é ferramenta de justiça social: não deve ser usado para “distribuir” a riqueza. Tributar a renda de forma predatória inibe a construção de poupança interna.

Imposto não é ferramenta socioeducativa: sobretaxar a bebida, o cigarro, os alimentos chamados “não nutritivos” não faz com que as pessoas bebam, fumem ou comam menos porcaria.

Imposto não é uma proteção para o trabalhador nacional: esse mesmo trabalhador é um consumidor e vai pagar mais caro pelas coisas de que precisa pra viver. Tanto as feitas no país quanto as que vem de fora.

Comicamente esses usos são mais comuns do que se pensa. O governo não decide o que quer.

Taxa o cigarro, o adesivo de nicotina e o remédio da quimioterapia;

O hambúrguer, o moderador de apetite e o tênis de corrida;

A bebida alcoólica, a consulta com o endocrinologista e o suco natural.

O papel, a tinta, o livro e a renda que ganha o autor.

Depois dá bolsa cultura pra poder comprar a obra de Paulo Coelho ou o CD do Chico Buarque.

Existe uma imoralidade indissociável da cobrança de tributos: ao encarecer o preço final das coisas, os impostos dificultam o acesso das pessoas aos avanços civilizatórios, desde os mais simples aos mais complexos. Somos tributados a todo momento: água tratada, luz, remédios, combustível, comida, roupas, educação, tratamentos de saúde, habitação, veículos, passagens aéreas e terrestres, ferramentas, maquinário e uma infinidade de itens que não teria linhas suficientes para citar.

Pragmaticamente falando, impostos deveriam ser a fonte arrecadatória para pagar aquelas atividades definidas pela sociedade como sendofunções do Estado. As sociedades precisam então impor aos seus respectivos estados o limite; além de fiscalizar os gastos e questionar com veemência cada aumento alardeado como sendo para “o bem comum”. O “bem comum” é um álibi historicamente terrível e sob o seu pretexto foram cometidas enormes atrocidades. E nada nos fará melhor que um Brasil com menos impostos.”

Guilherme Moretzsohn

Parada psicológica

Nem vírus, nem hackers. Apenas o costumeiro (no Brasil) ladrão, que por sinal demonstra mais uma vez ser a má educação a trilha do crime. Levam aparelhos vendáveis, deixam livros e mais livros intactos. Sequer entram na biblioteca.