Philip Fearnside é Prêmio Nobel da Paz em 2007. Reside na Amazônia há 45 anos. Tem mais tempo de Brasil do que o ativista, aos 41, tem de vida. Isso lhe dá uma autoridade sobre a região inalcançável pelo estafermo —aliás, paranaense e cujo currículo se resume a uma candidatura a vereador em 2020 pelo PRTB, partido do vice-presidente Hamilton Mourão, que lhe rendeu 42 votos. Segundo Fearnside, secundado por outros estudiosos, o desmatamento daquela área afetará o fornecimento de vapor d’água e diminuirá as chuvas no Sudeste. O interpelador não citou nenhum estudo. Seu argumento é a xenofobia.
O dito ativista é um exemplo típico de uma, literalmente, fauna de valentões que apoiam Jair Bolsonaro —machões, bombados, atiradores, selvagens da motocicleta e outros espécimes com adesão cada vez mais explícita ao nazismo. Sua xenofobia não surpreende. Vem juntar-se à fobia a tudo o que não pertence ao estreito círculo de convicções que querem impor ao país.
Ameaçar, ofender e agredir em turma é fácil. Se, hoje, se sentem tão à vontade para trovejar seus músculos e arrogância nos sindicatos, empresas, grotas sertanejas e redes sociais é porque seu líder e inspirador está sentado no trono.
Mas eles sabem que são só 15% da população —e que o tempo de validade do chefe está expirando.