sexta-feira, 13 de junho de 2014
É hora de a Fifa descer do pedestal
Finalmente a Copa vai começar! E, quando a bola rolar, todas
as preocupações em torno da organização do espetáculo esportivo no Brasil serão
coisa do passado, é o que esperam muitos aficionados pelo futebol. O que
interessa são os gols, e o orgulho nacional dos torcedores cresce a cada
vitória das suas seleções.
Mas essa expectativa será cumprida apenas em parte. Pois essa Copa
mudou o Brasil antes mesmo do apito inicial. E ela também vai mudar a Fifa. A
disposição de sediar uma Copa do Mundo dentro do "padrão Fifa"
diminuiu muito, em todo o mundo, depois dos protestos no Brasil. Justamente no
país do futebol, o padrão Fifa chegou aos seus limites, e é bom que seja assim.
O Brasil questionou o modelo de negócios da Fifa. Como é
possível, indagaram muitos dos 200 milhões de brasileiros, que a Constituição e
a legislação do país sejam parcialmente suspensas por causa de uma Copa do
Mundo? Que uma lei especial aprovada às pressas suspenda a proibição da venda
de álcool nos estádios? Como é possível que, para patrocinadores e dirigentes,
existam leis diferentes daquelas válidas para a população? E que uma federação
esportiva e seus parceiros fechem contratos às custas do bem coletivo e
restrinjam a liberdade de circulação de milhões de pessoas?MPT fiscaliza condições em clubes
Sediar uma Copa do Mundo e ter novos estádios não significa
que os clubes brasileiros oferecem boas condições em sua formação profissional
de base. Foi o que constatou o Ministério Público do Trabalho em 29 inspeções
realizadas em 22 clubes de futebol do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Roraima,
Mato Grosso e Minas Gerais, entre eles Flamengo, Corinthians e Atlético
Paranaense. Os principais problemas encontrados foram a formalização de
contratos firmados com os adolescentes e existência de alojamentos insalubres e
degradantes, com instalações sanitárias e vestiários precários.
As irregularidades nos contratos se referem à falta de
documentação dos adolescentes e crianças e a autorização dos pais. Em alguns
casos, faltam até contratos. Nos alojamentos de atletas adolescentes, há
condições degradantes e insalubres, como falta de armários individualizados e
condições de higiene inadequadas. Nem todos os clubes contam com estrutura
de acompanhamento interno de médico, psicólogo e fisioterapeuta para
atendimento dos atletas, por exemplo, em casos de grave lesão. Um dos quesitos
que a maioria dos clubes tem de positivo é a alimentação, que segue padrão de
higiene e nutrição balanceada.
Para o procurador do Trabalho Rafael Dias Marques,
coordenador nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do
Adolescente (Coordinfância) do MPT, o relatório das inspeções demonstra que “a
formação profissional de atletas no Brasil, em grande parte, ocorre em
desrespeito aos direitos fundamentais da infância, o que deve servir de alerta
ao sistema de garantia”. Segundo ele, os clubes serão chamados para ajustar
suas condutas ilícitas, podendo, ainda, sofrer ações judiciais para reparação
dos danos causados.
Foram inspecionados Botafogo, Fluminense, Flamengo (RJ); Palmeiras, Nacional, Audax, Corinthians, São
Paulo, Botafogo, Comercial, Guariba, Monte Azul, Olé Brasil, Sertãozinho (SP);
Mamoré, Nacional de Nova Serrana e Patrocinense (MG); Atlético Paranaense
e Centro de Excelência Alexandre Pato (PR); Genus (RO); Brasil Central e Cuiabá
(MT).
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