sábado, 13 de setembro de 2014
A caricata pit-bull
A máquina de fabricar mitos recorreu aos estereótipos arraigados no inconsciente coletivo infantilizado de boa parte do eleitorado brasileiro, e reinventou a figura sinistra do banqueiro (o ricaço barrigudo com seu charuto na boca e cartola na cabeça, sobrevivente da caricatura da Belle Époque) e colocou a fada Marina ao seu lado-uma dupla sinistra espoliando o pobre povo brasileiro. Sandro Vaia
As tão propaladas eleições democráticas brasileiras desde a
briga da reeleição de Lula se tornaram uma guerrilha de marqueteiros. Passamos
a ser vítimas das arapucas, das “táticas”, das maquiagens, dos filmetes de
propaganda, da arrogância, das acusações, das declarações do medo. Uma
enxurrada de promessas arrumadas como se fossem verdades concretizadas,
propostas que não passam de programa de partido, que nunca será projeto de
Estado.
Com uma imensidão de analfabetos políticos, em todos os
níveis – impressiona o número desses entre os ditos politizados -, não se
estranha que haja um carnaval de más intenções e mentiras, principalmente do
lado do PT, especialista em imputar aos outros defeitos, por se achar digno
proprietário da verdade. Se não bastasse ser o único partido do mundo que sabe
tudo sobre governança, como demonstra o caos econômico-social do país.
Com a ameaça de Marina e o fim do duelo com o PSDB, os
marqueteiros, ordenadores à sombra da política brasileira, decretaram ordem de
ataque como “tática” para acabar com qualquer ameaça, como bem fazem os
ditadores. Como em democracia não se deve usar meios violentos para aniquilar
adversários, senão o fariam sem qualquer motivo, usam a mentira, a denúncia
vazia, a propaganda terrorista. Os meios podem ser outros, mas o fim é o mesmo:
não vamos largar o osso que nos alimenta.
É essa ânsia de continuar a qualquer custo que faz Dilma
vociferar, como um cão raivoso, contra Marina, numa caricatura grotesca do que
deveria ser um governante. Mais parece uma pit-bull solta no Planalto
protegendo a corja que se instalou no governo.
É um espantalho de quem deveria respeitar o próprio passado
e seus ideais de ontem, jogados na lama de uma política própria a ditaduras. A
ex-dona de uma loja de R$1,99 que levou à falência, culpando a economia pelo
desastre, repete a lenga-lenga. Leva um país ladeira abaixo, culpando a
economia mundial.
Não satisfeita como Recruta Zero, antes auspiciosa
gerentona, defende com unhas e dentes, ferocíssima, os ideais da pelegada, que
tanto fez mal ao trabalhador em velhos tempos, hoje travestida de partido. Faz
o jogo de quem protege a galinha dos ovos de ouros de corruptos, canalhas,
cafajestes e medíocres.
Um presente que envergonha aquele passado de lutas e
ideais de liberdade e democracia, agora jogados à sarjeta da politicalha com o
único interesse de se reeleger, custe o que custar (quem paga são os outros) e
doa a quem doer (quem sofre é o cidadão).
O contra-ataque do Império
Como uma nostalgia caricata da monarquia, uma das piores
distorções do presidencialismo brasileiro é a sua atitude imperial. Os
governantes falam eu fiz isso/eu fiz aquilo como se tivessem feito com as
próprias mãos, pagando do próprio bolso.
O governo federal se mostra como um magnânimo monarca quando
repassa verbas públicas aos estados e municípios, como um grande favor e um
gesto de bondade a ser retribuído. Quando era ministro do Trabalho, Carlos Lupi
apresentava em rede nacional estatísticas de emprego e eu quase acreditava que
tivessem sido criados por ele e seu ministério, e não pela indústria, comércio
e serviços… rsrs.
Não é só uma cara de pau algumas vezes hilariante, e outras,
constrangedora, mas símbolo de uma cultura popular em que o presidente é imaginado
como um imperador, que distribui dinheiro, empregos, progresso e justiça por
vontade soberana, como se não existissem o Congresso, os tribunais, o
Ministério Publico, a imprensa, as redes sociais e a opinião pública.
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