quinta-feira, 4 de abril de 2019

Brasil surrealista


Governo em desencanto

A uma semana de completar cem dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro deu-se ao trabalho de desautorizar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) criado em 1934 e respeitado desde então aqui e no exterior pela correção de suas análises.


O IBGE havia divulgado que o desemprego aumentou no país em fevereiro último, quando a taxa subiu para 12,4% e o total de desempregados voltou a superar 13 milhões. Bolsonaro disse que o número está errado e que os “índices parecem feitos para enganar”.

Economia não é o forte de Bolsonaro, e ele mesmo já confessou isso dezenas de vezes. Quando se arriscar a dar palpites a respeito, quase sempre dispara grossas bobagens. Ao tentar desacreditar o IBGE, ele apenas copia o exemplo dado por ministros de governos passados.

Até aqui, Bolsonaro só tem feito brigar com fantasmas e com o português. Golpe de 64, ditadura e agora o nazismo foram seus fantasmas preferidos. Reforma da Previdência é problema do Congresso. O pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, também.

Quando não se ocupa em disseminar notícias falsas nas redes sociais, viaja ao exterior – e por lá envergonha o país. Só faltou ajoelhar-se aos pés de Trump. No Chile, elogiou Pinochet, ditador sanguinário. No Paraguai, Stroessner, ditador pedófilo.

Governar de fato, ele não faz. Sequer preencheu ainda cargos importantes no segundo e terceiro escalões da administração federal. Já foi capaz de faltar ao trabalho para ir ao cinema com a mulher. E de faltar de novo para ir rezar junto com amigos homens.

Sua inapetência pelo exercício do poder não tem par desde que a democracia foi restaurada no país. É visível seu enfado com as múltiplas tarefas que cabem a um presidente da República. Só se sente bem e à vontade entre seus ex-companheiros de farda.

Vivendo em risco

Três meses depois de assumir, Jair Bolsonaro demonstra que gosta de viver na beiradinha do risco. O principal deles no momento é arriscar um capital político – aquele que conquistou nas eleições – numa perigosa aposta contra o tempo. A comparação com o que acontece em economia é elucidativa: até agora ele investiu esse capital em quê?

Alguns sinais de erosão desse capital são bem evidentes e só não enxerga quem não quer. Não são as pesquisas de opinião (na qual bolsonaristas, a risco próprio, não acreditam mesmo). Essa deterioração é perceptível em repetidas manifestações de impaciência com o ritmo (ou falta dele) que o governo imprimiu às reformas. Traduzidas em frases desse tipo, que se ouvem por toda parte: “Acredito e AINDA acho que vai”.

É interessante observar o que está acontecendo em setores nos quais se formou, muito antes da eleição, a onda que empurrou Bolsonaro até o Planalto. São pequenos empreendedores, profissionais liberais, nutridas camadas médias de cidades do interior. Que viram em Bolsonaro uma resposta a problemas imediatos como insegurança (real ou percebida, não importa), burocracia, impostos, regulação, insegurança jurídica (em especial questões fundiárias para o agronegócio) – além do clamor anticorrupção.

Nesses grupos a onda ainda não “virou” num sentido contrário, mas, à medida que o tempo avança e a economia não deslancha, a política parece continuar a mesma e as brigas entre os Poderes permanecem inescrutáveis, aquilo que antes era uma mistura de esperança e engajamento está se transformando hoje apenas em esperança. Para alguém, como Bolsonaro, que atribui seu êxito eleitoral em boa parte a essa influência “de baixo para cima” na formação de opiniões, o perigo adiante é evidente.

O presidente despreza os chamados “formadores clássicos” de opinião, especialmente os que se manifestam pela imprensa. Mas esse é um risco grande também, considerando que as vozes críticas “na mídia” começam a se aproximar de outros grupos influenciadores. Trata-se de outros “formadores de opinião” clássicos que não são profissionais de comunicação: figuras respeitadas no mundo de vários segmentos da economia, por exemplo. Era possível “sentir” que a vitória de Bolsonaro estava garantida quando esses últimos pularam para o barco também.

Hoje eles não falam em pular do barco, mas em dar um jeito de dirigi-lo. Nesses círculos, que abrangem o mundo financeiro, industrial, de serviços e empresarial, Bolsonaro está se arriscando a provocar uma irreversível estupefação negativa. São setores que já em boa medida cessaram de ver nele o homem “que resolve”, para enxergar nele o “errático”, insuportavelmente viciado em redes sociais e polêmicas inúteis, que precisa “ser levado” a resolver. Essas elites nem sempre conseguem andar adiante dos acontecimentos, mas é inegável seu grau de influência.

A credibilidade e a confiança tão essenciais para qualquer governo estão hoje se deslocando sensivelmente da figura do “mito” em direção aos núcleos militar, econômico e da Justiça, com poucas figuras realmente de peso no mundo da política que o governo possa chamar de suas. E episódios como a bagunça no MEC e as tiradas do chanceler, reiteradas pelo próprio presidente, produzem situações de ridículo, talvez o mais poderoso ácido corrosivo da imagem de quem precisa ser levado a sério para governar.

Agora que ficamos sabendo, por exemplo, que Joseph Goebbels foi um esquerdista, vale a pena então lembrar uma frase celebremente atribuída a ele, a de que uma mentira repetida mil vezes vira uma verdade. No caso de cretinices, como a de dizer que o nazismo foi um movimento esquerdista, é diferente. Uma cretinice repetida mil vezes só vira uma cretinice ainda maior.

Golpes

Discute-se o real significado da palavra “golpe”. Quando é que um golpe deixa de ser um golpe e passa a ser outra coisa, com outro sentido — ou outro sentido com o nome errado? Não se trata apenas de uma especulação semântica. A História do Brasil, nos próximos anos, vai depender de qual definição de “golpe” prevalecerá. Os militares já escolheram a deles, a mais simples e prática. O que houve no país, em 1964, segundo eles, foi nada. O que veio depois de 64 não foi uma ditadura de 20 anos, foi nada.


Mas talvez os militares tenham razão em querer fingir que nada aconteceu, e vamos tocar pra frente. Neste caso, o mais caridoso seria lembra-los da diferença entre o real e o desejado, e saber distinguir o simples e o prático do truculento. Poderíamos começar descrevendo o golpe clássico: insurreição armada contra o governo constitucional. O golpe clássico tem variações. Lembro a vez em que uma tropa entrou no Parlamento em Madri ameaçando todos com sua arma e chegando a atirar para o teto. Em meio à confusão, com deputadas e deputados estirados no chão, o tenente limpou a garganta e disse com uma voz fina: —Buenas tardes.

O levante do “buenas tardes” não deu certo.

A não ser quando há sangue e tragédia, claro, ou quando o drama shakespeariano acaba com as três primeiras filas da plateia agonizantes, todos os golpes têm um certo tom de farsa. Inclusive os que vitimam civis e não envolvem petardos e bandeiras. Fiquemos, então, com o combinado. Não se glorifique o que é mais prático esquecer, mas não venham com essa de que 64 foi golpe e depois foi ditadura.

Pensamento do Dia


Jair Bolsonaro precisa começar logo a governar antes que seja tarde demais


Aquele estranho vídeo que está circulando para enaltecer a ditadura militar tem tudo a ver com os tempos que vivemos agora. De repente, parece que o país retornou a uma era de trevas, de incertezas e de inseguranças. Jamais me passou pela cabeça que isso pudesse estar acontecendo, 55 anos depois. É como um sonho ruim, um pesadelo ao vivo e a cores, do qual a gente sabe que não consegue se desvencilhar. Não é à toa que a aprovação do governo Bolsonaro tenha caído 15%. Podem xingar o Ibope à vontade, mas os números são verdadeiros e a decepção se aprofunda.

Muitos eleitores votaram em Bolsonaro por não aceitarem mais o desgoverno do PT e a tentativa de impor uma república sindicalista. O arrependimento desses eleitores de Bolsonaro só não é maior, porque a opção petista se tornara algo completamente abominável. Mas agora, depois dos primeiros 100 dias de governo, a situação se mostra sinistra.


Da mesma maneira que ocorria durante os governos petistas, continuamos a viver um tempo de radicalismo. A diferença é que antigamente tínhamos de aguentar os fanáticos petistas, que adoravam – e ainda adoram – a figura abjeta de Lula da Silva. E agora somos obrigados a conviver com os fanáticos bolsonaristas, que nada ficam a dever aos seus antecessores.

De repente, o país se envolve numa discussão ideológica totalmente ultrapassada, com o chanceler e o presidente defendendo a tese exótica e surreal de que Hitler era de esquerda, sem perceberem que estão desmoralizando o país no exterior, sem a menor noção do ridículo.

É um governo se move em termos de teoria conspiratória e enxerga inimigos em toda parte, como se vivêssemos no Teatro do Absurdo, em docudramas de caráter altamente surrealista.

O presidente da República demonstra desvios de personalidade, deveria ser submetido a uma junta médica, pois se julga perseguido pelos principais órgãos de imprensa. Continua dando “entrevistas coletivas” em que proíbe a participação de jornalistas do grupo Globo, Folha, Estadão, Valor, UOL, CBN etc., algo jamais visto em qualquer democracia minimamente organizada.

E o pior é que esse comportamento paranóico tem apoio de milhares de fanáticos que saem em defesa de Bolsonaro nas redes sociais e na mídia em geral, inclusive em blog e sites. Dividem o mundo entre bolsonaristas e petistas, esquecidos de que a imensa maioria dos brasileiros pode não se encaixar nessas duas denominações, fazendo parte da maioria silenciosa que prefere trilhar o caminho do meio.

Em lembrança ao slogan anarquista espanhol “Hay gobierno? Yo soy contra”, pode-se dizer que no Brasil a situação está pior ainda, porque aqui “no hay gobierno”. O presidente se abstém de governar, reina a inércia no país, enquanto o suposto chefe do governo faz seguidas viagens ao exterior, acompanhado do filho 03, que é uma espécie de “chanceler informal”, vejam a que ponto chegamos.

Pensava-se que um governo militar eleito democraticamente significasse uma luz no fim do túnel, mas era só aparência. Os militares do Planalto não conseguem conter Bolsonaro e os três filhos, que se comportam como príncipes-regentes. A omissão e o caos rondam o governo que recentemente tomou posse, mas não governa nem a si mesmo.

Novo à beira do desemprego

Qual é a nova política? É a política da rede social? Os mais carentes vão receber as transformações pelas redes sociais? O velho é tudo que não presta? O que é que tem de novo até agora? Em três meses, muitos problemas. É isso o novo?
Arthur Lira (PP-AL)

A fuga simbólica de Bolsonaro para Israel no 55° aniversário da ditadura brasileira

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, está se acostumando a atirar a pedra e esconder a mão. Desta vez, tendo deixado o país em uma data tão significativa como o 55º aniversário da ditadura, o capitão reformado escapou por inteiro. Ele fugiu para Israel em uma visita oficial.


Essa fuga chocou. Foi ele quem provocou polvorosa ao pedir que o aniversário de uma das datas mais sombrias da história do país, manchada de mortes, perseguições e torturas, como foi o golpe militar de 1964, fosse "comemorado” nos quartéis. Depois, em seu melhor estilo de dizer e se desdizer, de afirmar e desmentir a si mesmo, ele se conformou com que tal data fosse “rememorada”. Tudo menos condenar aqueles 21 anos de terror que lhe pareceram pouco, já que ele se queixara antes de que, em vez de torturar, não tivessem matado muito mais. O Governo ainda deixou que um vídeo em defesa do golpe fosse partilhado por whatsapp por um dos números do Planalto. Nele, um homem olha para a câmera e diz que o Exército salvou o Brasil da ameaça comunista. A assessoria do Planalto disse a jornalistas que o vídeo não foi produzido pela Secretaria de Comunicação, mas não se pode disassociar do Governo a autorização para que ele fosse partilhado na data.

É possível que na fantasia de Bolsonaro e suas hostes guerreiras o Brasil tivesse aproveitado este 55º aniversário da ditadura, com um Governo como o seu coalhado de militares, para expressar sua nostalgia pelos anos de chumbo em que a democracia foi assassinada. No entanto, sua psicologia impulsiva, sua caça aos gigantes do comunismo, que confunde com simples moinhos de vento, e sua nostalgia de um passado que a grande maioria do Brasil condena, o levaram a fazer mal os cálculos.

Se acreditava que com seu pedido para que nos quartéis se comemorasse tal aniversário iria bajular os militares de hoje, que não tiveram parte na ditadura e que se têm revelado, desde o retorno à democracia, fiéis à Constituição, incluindo com Governos esquerdistas como os de Lula e Dilma, ele se enganou mais uma vez. Os quartéis não se mexeram. O jornal Folha de São Pauloentrou em contato com 50 militares hoje presentes no Governo e nenhum deles quis comentar esse aniversário.

Eles também preferem colocar sua visão no presente e no futuro e deixar o passado para a História.

Se os quartéis escolheram a discrição, as hostes bolsonaristas mais aguerridas promoveram eventos pontuais. O Brasil viveu um domingo até que pacífico. Os brasileiros fiéis à democracia, que rejeitam novas aventuras violentas, deixaram clara sua rejeição à ditadura em jornais, redes sociais e manifestações de rua. Milhares de pessoas seguiram numa marcha silenciosa pelas vítimas da ditadura no Ibirapuera. Outros atos simbólicos aconteceram nas principais capitais do país. Esses brasileiros desnudaram o regime militar para que não haja dúvida de que aquele período sinistro não admite eufemismos nem metalinguagens. Foi isso, uma ditadura, o assassinato do sistema democrático e o campo livre para que os piores instintos do ser humano pudessem se soltar impunes.

O Brasil deixou claro que não admite tergiversações linguísticas. Que foi uma ditadura, nem golpe, nem movimento, nem insurreição. Que nela se matou, corpos foram torturados e as liberdades foram sepultadas. Os que são sobreviventes de uma ditadura como a da Espanha, que me coube viver por 40 anos, sabem muito bem distinguir o que é uma insurreição social pela defesa dos direitos humanos do que é a degradação das liberdades.

Como eu, tantos jornalistas e escritores que viveram uma ditadura sabem muito bem que os capangas censores do Governo, muitas vezes incapazes de interpretar um texto, mortificavam também a inteligência, o pensamento e as ideias. Faziam isso toda vez que com suas canetas de tinta preta ou vermelha torturavam nossos escritos ou simplesmente os matavam de uma vez.

Um dia talvez saibamos por que o presidente Bolsonaro, depois de tentar reavivar aqui, em seu país, o fogo dos tristes anos da ditadura, preferiu fugir do dia que buscou transformar em uma festa. Ele foi procurar os aplausos naquela parte de Israel mais avessa ao diálogo, a mais intransigente, a das bandeiras da guerra e do desprezo pelo pacifismo com os povos e culturas que o rodeiam.

Talvez sua fuga apareça um dia como a prova de ter descoberto que o Brasil de hoje é cada vez menos o dos seus sonhos de guerra. É o que sonha com um futuro de liberdades e criatividade, de pão e trabalho para todos. Um Brasil unido, sem bravatas nem nostalgia de fantasmas autoritários do passado.

Neste 55º aniversário da ditadura brasileira, uma interrogação surge inquietante: será capaz o capitão Bolsonaro, que ainda não disse uma única vez que quer ser o presidente de todos os brasileiros, de representar o futuro de um país unido em torno de um projeto de esperança para todos? De um país que não caiu na armadilha criada pelo presidente que tentou em vão ressuscitar os fantasmas de um passado que só existe na fantasia febril dos derrotados?

Quem sabe um dia, sem necessidade de recorrer à psicanálise da linguagem de Lacan, seja possível compreender o que de simbólico e até mesmo de profético engloba essa fuga para o estrangeiro do presidente Bolsonaro, no dia em que sonhou fazer os brasileiros de hoje suspirarem por tempos que pertencem apenas aos cemitérios.

O Brasil degringolou, derrotado pelo desalento, pela apatia e pelo destino vira-lata

Fernando Gabeira escreveu na sua última coluna que não tem mais ânimo nem para dar conselhos, nem para atirar pedras. Não só ele. O desânimo é a sensação predominante no país. O Brasil degringolou, derrotado pelo desalento, pela apatia e pelo destino vira-lata que insiste em morder os calcanhares de quem, em algum momento, achou que as coisas estavam bem encaminhadas.

Mas quando? Antes da Copa? Nos meses áureos pré-Olimpíadas? Nos discursos triunfantes de Lula e de Sérgio Cabral?

Ali, naquele Brasil sorridente que decolava na capa da “The Economist”, gestava-se o tempo de hoje. Ali enchiam-se as barragens de rejeitos, ali se fazia de conta que a pobreza tinha acabado, e que ir à escola era o mesmo que aprender. Ali se formaram alguns milhões de jovens que têm diplomas mas não têm nem emprego nem empregabilidade, que votam em mitos e que sentem saudades do que não viveram.

O melhor retrato daquele Brasil confiante é a sua seleção infantilizada, entrando de mãos dadas no estádio de futebol, lágrimas escorrendo pela cara, toda trabalhada na fé, supostamente invencível, apenas para ser massacrada pela realidade da eficiência.

Não gosto nem de pensar que tempos estamos gerando agora.

Houve época em que os ministros da Educação faziam de conta que sabiam o que estavam fazendo; hoje nem isso.

Os franceses, que têm palavras para tudo, têm a definição perfeita para o que sentimos: "malaise". Uma primeira busca no Google revela que "malaise"
é “uma sensação geral de desconforto, doença ou mal-estar cuja causa exata é difícil de identificar”. Mas "malaise" se aplica também ao corpo político, e o Cambridge Dictionary explica melhor o seu significado: “um sentimento geral de se estar doente ou sem energia, ou o sentimento desconfortável de que algo está errado, especialmente com a sociedade, e que nós não podemos mudar a situação”.

Somos um país doente: quem não está cego pela ideologia está abatido com o que vê. Temos muitos motivos para isso, mas um dos principais está na inadequação de Jair Bolsonaro ao cargo que ocupa. Ele não entende que representa, ou deveria representar, todos os brasileiros; não percebe que o país está desmanchando pelas costuras, e que pôr lenha na fogueira não é uma boa política de governo.

Era de se imaginar que, tendo vencido as eleições por ficar ausente dos debates, ele fosse capaz de aprender o valor do silêncio; mas, ao contrário, ele acha que, com a presidência, ganhou carta branca para insultar quem não lhe deu o seu voto nem concorda com a sua visão do mundo.

Ao mesmo tempo, era de se esperar que a vitória nas urnas o apaziguasse e trouxesse à tona o seu lado melhor; mas a questão é que Bolsonaro não tem um lado melhor.

Ele é um homem mau que se orgulha disso.

É exaustivo viver no estado de insegurança que o seu estilo agressivo cria no país, porque o que esse estilo revela é que, em última análise, o presidente não é movido pelo desejo de fazer um Brasil melhor, mas apenas pelo prazer perverso de se vingar, seja das incontáveis categorias e setores que percebe como “inimigos”, seja do simples fiscal do Ibama que o multou por pescar em local proibido.

Um homem com 89 milhões de inimigos é o pior comandante que se pode ter.
Cora Rónai