quinta-feira, 2 de julho de 2015
Só consumo salva
A corrupção – exposta repetidamente pelo farto noticiário sobre a Operação Lava Jato – é a cereja do bolo. Misturada ao bolso furado, populariza o senso comum de que a economia vai mal porque rouba-se demais. Os dois fatos, apesar de incontestes, infelizmente não se alinham de modo tão simples nem automático. A não ser que se acredite que, quando o bolso estava cheio, todo mundo era honesto. Por esse raciocínio, bastariam as prisões de corruptos e corruptores para a economia melhorar.
No curto prazo, as canas – mesmo se justas e necessárias – aumentam a incerteza, retraem investimentos e aprofundam a crise. Se perenizadas por condenações em última instância, espera-se que ajudem a sanear as relações público-privadas. Mas o saneamento depende também da reforma do sistema político e eleitoral que alimenta a corrupção – reforma da qual não há sinal. E no longo prazo? Estaremos todos mortos, ensina Keynes.
Enquanto essa hora não chega, talvez valesse a pena fazer algo para matar o tempo. Trabalhar, por exemplo. Mas, como a opinião pública percebeu antes de o IBGE divulgar qualquer estatística, arrumar emprego está cada vez mais difícil. A geração “V”, que relutou enquanto pôde a entrar no mercado de trabalho porque seus pais e avós tinham tido ganhos de renda suficientes para sustentá-la, está agora tendo que disputar vagas cada vez mais raras com a geração de seus progenitores desempregados.
A inclusão social pelo consumo funciona eleitoralmente, como funcionou em 1994 para Fernando Henrique Cardoso, em 2006 para Lula e em 2010 para Dilma. Mas, além de depender do vaivém da economia mundial e da habilidade de quem executa a política econômica, essa tática sucumbe à saturação do mercado. E as ruas das metrópoles brasileiras provam diariamente que falta espaço para abrigar mais automóveis. Com seu carro-chefe engarrafado, uma das cadeias produtivas que alavancaram a era petista é das pioneiras nas demissões em massa e férias compulsórias.
Mesmo quando seu apelo positivo não funciona, a inclusão pelo consumo reelege presidentes pelo medo de que a festa acabe. Foi assim em 1998 com FHC e com Dilma em 2014. A ressaca, porém, é sempre maior quando a vitória é medrosa. O tucano só ganhou uma chance em vida de reabilitar sua popularidade porque Dilma estabeleceu um novo parâmetro negativo de comparação tão alto que relativiza quaisquer insucessos do passado.
O dígito de opiniões positivas sobre seu governo pode morrer solitário se Dilma não inspirar algum otimismo econômico. Nem Barack Obama dizer que os EUA enxergam o Brasil como potência global faz diferença. Publicitários gostam de dizer aos anunciantes: se não gosta do que estão dizendo sobre você, mude a conversa. O governo está tão frágil que perdeu a capacidade de mudar de assunto. Só lhe resta falar de economia e ser muito mais convincente do que foi até hoje. Ou fim de papo.
Pergunta de filósofo
Faltam percepção e coragem
Mesmo sem a emissão e juízos de valor a respeito da diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos, tema que mereceria prolongadas discussões e não debates emocionais, importa registrar: a Câmara ficou contra 87% da opinião pública. Porque eram necessários 308 votos favoráveis à emenda constitucional e 303 deputados votaram a favor. Tanto faz se faltaram apenas 5. O fato é que a redução da maioridade penal não passou. Outra vez os políticos contrariaram a tendência popular, mesmo se tendo presente que adiantaria muito pouco abrir as portas da cadeia para jovens de 16 anos em diante.
O festival de baixarias deu a tônica da longa sessão iniciada às 17 horas de terça-feira e concluída à uma hora da quarta. Exaustos, os 493 presentes irritavam-se com os infindáveis discursos que já não sensibilizavam ninguém. Transmitidas pela televisão, imagens que seriam cômicas se não fossem trágicas mostravam montes de deputados estirados nas poltronas do plenário, nenhum deles prestando atenção nos oradores. A grande maioria digitava suas maquininhas diabólicas que já foram apenas telefones para dedicar-se a joguinhos variados e demais distrações fornecidas pela alta tecnologia.
Na hora da votação, entusiasmaram-se todos,como num grande final de uma peça de fantasia impulsionada pelo cansaço. Não se contesta ter sido um espetáculo democrático, encenado também pela algazarra de estudantes nas galerias e alguns entreveros nos corredores. Só que a democracia funcionou ao contrário. O que o povo queria os deputados não deram. Mas se tivessem dado, mudaria o quê, no cenário que cerca o palco de horror em que nos transformamos?
A dúvida principal continuou pairando sobre a Câmara, mesmo depois de cerradas suas portas: a diminuição da maioridade penal teria servido para reduzir a imensa onda de violência que atinge o país, envolvendo menores e adultos em profusão? Com toda certeza, não.
As raízes dessa barbárie assentam-se bem mais fundo, na débâcle social que nos assola, não obstante o assistencialismo praticado pelo governo. Não só nas periferias e favelas das cidades, nos bairros de classe média e nos ermos do interior, o Brasil mostra-se cada vez mais próximo do fundo do poço. Não há educação que dê jeito para livrar as multidões da pobreza e da falta de alternativas para a indignação.
Apesar da propaganda oficial sobre a incorporação de milhões a uma vida digna, não é verdade. Brota das massas desassistidas o germe da violência. Meninos e adultos sem expectativa de emprego ou mesmo quando abandonados à vergonha do salário mínimo, cedem à tentação da violência. Claro que estimulando-os às práticas criminosas estão bandidos de muitas espécies, mas sem essa imensa massa de manobra recrutada na miséria, não seria difícil isolá-los.
É o modelo social, econômico e até político que repousa no fundo da realidade cada vez mais cruel, aumentando o número de desesperançados e desiludidos, dos quais emerge a violência. Fracassou a experiência do assistencialismo, como não havia levado a nada a tentativa elitista anterior. Saída existe, para virar o jogo e equilibrar as relações sociais, mesmo às custas de muitos sacrifícios. Faltam percepção e coragem, mais do que diminuição da maioridade penal.
O festival de baixarias deu a tônica da longa sessão iniciada às 17 horas de terça-feira e concluída à uma hora da quarta. Exaustos, os 493 presentes irritavam-se com os infindáveis discursos que já não sensibilizavam ninguém. Transmitidas pela televisão, imagens que seriam cômicas se não fossem trágicas mostravam montes de deputados estirados nas poltronas do plenário, nenhum deles prestando atenção nos oradores. A grande maioria digitava suas maquininhas diabólicas que já foram apenas telefones para dedicar-se a joguinhos variados e demais distrações fornecidas pela alta tecnologia.
Na hora da votação, entusiasmaram-se todos,como num grande final de uma peça de fantasia impulsionada pelo cansaço. Não se contesta ter sido um espetáculo democrático, encenado também pela algazarra de estudantes nas galerias e alguns entreveros nos corredores. Só que a democracia funcionou ao contrário. O que o povo queria os deputados não deram. Mas se tivessem dado, mudaria o quê, no cenário que cerca o palco de horror em que nos transformamos?
A dúvida principal continuou pairando sobre a Câmara, mesmo depois de cerradas suas portas: a diminuição da maioridade penal teria servido para reduzir a imensa onda de violência que atinge o país, envolvendo menores e adultos em profusão? Com toda certeza, não.
As raízes dessa barbárie assentam-se bem mais fundo, na débâcle social que nos assola, não obstante o assistencialismo praticado pelo governo. Não só nas periferias e favelas das cidades, nos bairros de classe média e nos ermos do interior, o Brasil mostra-se cada vez mais próximo do fundo do poço. Não há educação que dê jeito para livrar as multidões da pobreza e da falta de alternativas para a indignação.
Apesar da propaganda oficial sobre a incorporação de milhões a uma vida digna, não é verdade. Brota das massas desassistidas o germe da violência. Meninos e adultos sem expectativa de emprego ou mesmo quando abandonados à vergonha do salário mínimo, cedem à tentação da violência. Claro que estimulando-os às práticas criminosas estão bandidos de muitas espécies, mas sem essa imensa massa de manobra recrutada na miséria, não seria difícil isolá-los.
É o modelo social, econômico e até político que repousa no fundo da realidade cada vez mais cruel, aumentando o número de desesperançados e desiludidos, dos quais emerge a violência. Fracassou a experiência do assistencialismo, como não havia levado a nada a tentativa elitista anterior. Saída existe, para virar o jogo e equilibrar as relações sociais, mesmo às custas de muitos sacrifícios. Faltam percepção e coragem, mais do que diminuição da maioridade penal.
'Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?'
De súbito deu-me uma saudade imensa dos bancos escolares onde líamos Cícero em suas diatribes contra os excessos de Lúcio Sérgio Catilina, general romano. E continuava: “Por quanto tempo ainda esse seu rancor nos enganará? Até que ponto a tua audácia desenfreada se precipitará sobre nós?”
Foi com esse sentimento que li as declarações de Lula – palavras jogadas a uma plateia escolhida, quando as devia ter dito dentro do congresso do PT, ocorrido dias antes. Aliás, corrijo-me: ditas, não, deveriam ter sido praticadas lá, naquele lugar apropriado, onde, como nos últimos muitos anos, o líder atuou como rolo compressor sobre os que clamavam por mudanças.
E nem vou falar da “mulher sapiens” de uma presidente que parece fora de si. Talvez pelos remédios que anda tomando para emagrecer. Sei lá. Ou sobre uma oposição que nem oposição consegue ser, já que adota as bandeiras que antes repudiava para tentar agradar, logo quem?!, aos trabalhadores, por quem nunca teve respeito algum.
Foi com esse sentimento que li as declarações de Lula – palavras jogadas a uma plateia escolhida, quando as devia ter dito dentro do congresso do PT, ocorrido dias antes. Aliás, corrijo-me: ditas, não, deveriam ter sido praticadas lá, naquele lugar apropriado, onde, como nos últimos muitos anos, o líder atuou como rolo compressor sobre os que clamavam por mudanças.
E nem vou falar da “mulher sapiens” de uma presidente que parece fora de si. Talvez pelos remédios que anda tomando para emagrecer. Sei lá. Ou sobre uma oposição que nem oposição consegue ser, já que adota as bandeiras que antes repudiava para tentar agradar, logo quem?!, aos trabalhadores, por quem nunca teve respeito algum.
Mas algo mais ainda iria acontecer. Súbito, resolvo assistir a novelas na emissora global, até com um propósito nobre. Verificar in loco o que andam dizendo de que a audiência da emissora vem caindo por ela estar dedicando cenas a mostrar o amor entre duas mulheres mais velhas, como já mostrara cenas de união homossexual em outras tramas.
Nunca vejo novelas, mas queria aproveitar a companhia de uma senhora que há muito trabalha em minha casa e poder discutir com ela problema tão dramático como os que vivem aqueles que têm orientação sexual diferente da chamada “normal”. Caio para trás com o teor das duas sucessivas novelas: uma verdadeira “escola de golpes”, como bem nomeou minha amiga Ângela Leite de Souza. “Babilônia” e “Verdades Secretas” são novelas que nem parentesco possuem com uma “Roque Santeiro”, com a antiga “O Bem-Amado”, “Beto Rockfeller” e tantas e tantas histórias ora comoventes, ora hilariantes, sempre precedidas de fundos musicais que todo mundo cantarolava. Agora, apenas rancor, ciúmes doentios, vinganças, traições e o dinheiro a tudo comprando, inclusive e principalmente o sexo de menininhas embevecidas com sua própria beleza. Ninguém tem caráter. Todos têm um preço, e todos não veem obstáculo que não tentem transpor para atingir seus objetivos. Vale até a terrível cena de uma mãe ensinando a própria filha a usar, por vingança, uma arma de fogo.
Quando a crise chega a um país ao fundo do poço, nenhuma forma de cultura consegue sobreviver.
Estamos assim. E morreu Fernando Brant. Noticiaram de preferência certo cantor sertanejo. Sem preconceito.
Sonho de Lula é evitar que petistas façam delação premiada
Já surgiram muitas explicações acerca desta volta de Lula à política, disposto a interferir decisivamente nos rumos do governo, do PT e do Congresso, para ganhar força e tentar influir na Justiça, que é seu objetivo final. Neste quadro confuso, ainda existe quem ache que ele é um líder altruísta, preocupado em preservar o governo, fortalecer o partido e retomar as lutas sociais, mas não é por aí que a banda toca, como se dizia antigamente.
Na verdade, Lula não está interferindo no processo político para defender nenhuma causa específica. Desde que chegou ao poder, em 2003, tem se dedicado a lutar exclusivamente pelos interesses de apenas uma só pessoa, que por coincidência atende pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva.
Essa conversa fiada de que é preciso dar uma sacudida no partido, para traçar uma linha comum de defesa contra a Lava Jato no campo político-administrativo, na verdade não justifica nada. A operação da Polícia Federal foi deflagrada em março de 2014, a força-tarefa já cantou “Parabéns pra você” e tudo o mais. Então, por que esta súbita mudança de rumos do mais importante político do Hemisfério Sul?
É difícil acreditar, mas já faz tempo que seu grande amigo José Dirceu não tem mais os telefones de Lula, que vive trocando de números, para fornecer os novos apenas a quem interessa. Mas ele realmente desprezou Dirceu, o velho amigo que tanto o ajudara na blindagem do delicado caso Rosemary Noronha, inclusive cuidando pessoalmente da contratação dos escritórios de advocacia e das reuniões para montar a linha de defesa, nas quais Lula entrava mudo e saía calado.
No início do ano, preocupado com os rumos da Lava Jato, Dirceu ligou para Paulo Okamotto, no Instituto Lula, para pedir que marcasse uma reunião com o chefe, destinada a estabelecer uma estratégia de reação às investigações, para preservar o PT, o governo e eles próprios. Contrafeito, no dia seguinte Okamotto teve de responder a Dirceu que Lula não o receberia.
Por coincidência, o criador do PT agora ressurge na política nacional, empunhando exatamente a bandeira que Dirceu lhe oferecera. E isso acontece três semanas após um desabafo do ex-ministro e ex-companheiro, que mandou vazar declarações de que “eu, Lula e Dilma estamos no mesmo saco”.
O que mudou, de lá para cá, a ponto de fazer Lula botar o bloco na rua? É que as investigações estão chegando cada vez mais perto dos verdadeiros chefes da quadrilha (ou quadrilhas), mediante as novas delações premiadas, cada vez mais comprometedoras em relação aos astros e estrelas do PT e do governo. Agora, chega-se ao líder do governo Lula, Candido Vaccarezza, aos ex-ministros Dirceu e Antonio Palocci, aos dois ex-tesoureiros João Vaccari e Edinho Silva, ao ministro Aloizio Mercadante e ao deputado José de Filippi Jr., que foi tesoureiro da campanha de reeleição do então presidente Lula em 2006, depois do escândalo do mensalão, e da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República em 2010.4
Em sua ignorância jurídica, que compensa com uma extraordinária intuição política, Lula pensa (?!) que estará a salvo enquanto não houver delação premiada dos petistas já na prisão, como João Vaccari e o ex-deputado André Vargas. Ou sob ameaça de serem novamente presos, como o próprio José Dirceu e o ex-ministro Antônio Palocci.
Sonhar ainda não é proibido. Mesmo sem delação premiada de petistas, o acúmulo de provas prossegue e tudo indica que o poderoso chefão e sua gerentona também serão envolvidos diretamente nas investigações, para que enfim se faça justiça.
Esperteza e sagacidade ajudam, mas não fazem um líder confiável
Ao longo de muitos anos, desde o seu aparecimento, Lula nos deu a impressão – pelo menos na aparência – de esperteza e sagacidade. Agora, ao criticar a gestão da presidente Dilma e o PT, confirmou que esses “atributos” eram produtos de marketing. O povo brasileiro sabe que a grave situação por que passa o país se deve a ele.
Foi ele quem implantou tudo o que hoje critica e, de lambuja, após oito anos na Presidência da República, inventou a sua sucessora – uma candidata de bolso de colete, que logo se mostrou um desastre. A sua vinculação à presidente e ao seu partido é simplesmente insofismável. Soa muito mal a intenção de se desgarrar das suas criaturas. Além de ser o mais importante componente do PT, Lula ainda manda no governo contra o qual há dias se insurgiu. A sua presença em Brasília com dirigentes e parlamentares do PT, além do marqueteiro João Santana (de volta à cena com seus feitiços à custa de muito dinheiro), só agrava a crise gerada pela operação Lava Jato.
Os eleitores brasileiros (refiro-me, sobretudo, aos menos favorecidos; os ricos só lucraram com ele) foram extremamente pacientes, além de condescendentes, com o ex-presidente, que, no início, empolgou o país. Acreditaram nele, e ele, sem nenhum escrúpulo, os decepcionou. Mostrou, enfim, que nunca esteve à altura do cargo para o qual foi eleito duas vezes consecutivas. Esperteza e sagacidade podem às vezes contribuir, mas não bastam à trajetória de um político sério, que jamais admitiria o argumento sujo de que os fins justificam os meios.
Não são apenas ex-filiados ao PT que se sentem desiludidos, há bastante tempo, com Luiz Inácio Lula da Silva – um ex-torneiro mecânico que se encantou com a vida de rico. Também eu me sinto assim. Em 1989, depois de optar pelo candidato Mário Covas, e, diante da candidatura em perigosa ascensão de Fernando Collor de Mello (o mesmo que está hoje às voltas com propinas), optei, no segundo turno, pelo “sapo barbudo”, em companhia de milhões de brasileiros. Em 2002, embora não tenha mais votado nele, senti orgulho do meu país quando vi, na Presidência da República, como sucessor de um professor universitário, um homem do povo. As mudanças por que precisava passar o Brasil – dizia eu, como justificativa, naquela época – poderiam, quem sabe, se iniciar pelas mãos de um simples trabalhador.
Tudo isso foi pelo ralo, para onde, se não acordarmos já, irá também o país. As reuniões que Lula fez, em Brasília, nessa terça-feira, com o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros, foram patéticas. A melhor ajuda que Lula poderia dar ao país hoje é se afastar do cenário político. Ele já esgotou o (falso) capital de líder que teve um dia.
Se é que teve…
Foi ele quem implantou tudo o que hoje critica e, de lambuja, após oito anos na Presidência da República, inventou a sua sucessora – uma candidata de bolso de colete, que logo se mostrou um desastre. A sua vinculação à presidente e ao seu partido é simplesmente insofismável. Soa muito mal a intenção de se desgarrar das suas criaturas. Além de ser o mais importante componente do PT, Lula ainda manda no governo contra o qual há dias se insurgiu. A sua presença em Brasília com dirigentes e parlamentares do PT, além do marqueteiro João Santana (de volta à cena com seus feitiços à custa de muito dinheiro), só agrava a crise gerada pela operação Lava Jato.
Até que, nos primeiros momentos, desde sua posse – elegante e respeitosa da parte dos dois, mas, sobretudo, da parte do seu antecessor, que, poucos anos antes, militara politicamente em fileiras semelhantes –, senti-me, além de orgulhoso, também esperançoso. Os primeiros dias de um operário na Presidência da República, depois da famosa “Carta aos brasileiros”, levaram-me a sonhar com um país justo. Foi eleito, pensei, alguém capaz de lutar pela melhoria da sua classe, mas, também, pela paz, pelo diálogo e pela concórdia entre todos. Capaz de admitir que o maior problema do país estava (e está) na educação, à qual ele, ao lado de milhões de brasileiros, não teve acesso; capaz de iniciar no país um período no qual a ética fosse o primeiro mandamento.
Tudo isso foi pelo ralo, para onde, se não acordarmos já, irá também o país. As reuniões que Lula fez, em Brasília, nessa terça-feira, com o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros, foram patéticas. A melhor ajuda que Lula poderia dar ao país hoje é se afastar do cenário político. Ele já esgotou o (falso) capital de líder que teve um dia.
Se é que teve…
Povo adestrado
Um povo que não conta com uma boa educação, do tipo que propõe, de fato, o desenvolvimento correto e eficaz do raciocínio, se transforma, inevitavelmente, em presa fácil da vontade dos maus governantes. Vale dizer, por óbvio, que o governo brasileiro se enquadra perfeitamente nesta simples e rápida análise, como verdadeiro GOLPISTA.
ADESTRAMENTO
Aliás, a história está aí para contar, com absoluta clareza, que para ficarem longe do perigo que representa o desenvolvimento da razão e/ou discernimento do povo, os maus governantes, ao invés de promoverem boa EDUCAÇÃO impõem verdadeiros programas de ADESTRAMENTO. Com isso aumentam as suas chances de serem obedecidos sem grandes questionamentos.
CONTRATAÇÃO
Para obter bons resultados na tarefa de ADESTRAMENTO DO POVO, os governantes do mal contratam "educadores"(que nada mais são do que adestradores) já devidamente ideologizados pelos sindicatos alinhados com governos (geralmente neocomunistas), agências de propaganda alinhadas e, para completar o menu, ainda contam com a mídia -chapa branca- para divulgar suas vontades.
NÃO REAGIR
Só para dar um pequeno exemplo do quanto o povo brasileiro é adestrado, basta observar os ensinamentos que recebe, tanto dos governantes quanto dos educadores e da própria mídia, quando está sendo assaltado por marginais, nas ruas ou na própria casa. Aí a ordem emanada pelos incompetentes é, simplesmente, NÃO REAGIR.
SITUAÇÃO DE ROUBO
Pois, bem. Agora imagine você entrando num restaurante qualquer querendo comprar comida pronta, para ser consumida em casa. Depois de fazer o pedido, você se dirige ao caixa, efetua o pagamento e espera por uma hora a entrega do prato, devidamente embalado. Mais tarde, ao chegar em casa, cheio de fome, se dá conta de que foi alvo de um GOLPE. Ao invés do alimento um tijolo foi colocado no embrulho.
Por certo, ao perceber que foi roubado e trapaceado, você fica irritado e vai, imediatamente, ao restaurante, cheio de razão e pronto para REAGIR. Afinal, você acabou de ser vítima de um golpista.
IMPOSTOS
Agora veja o que acontece quando você é assaltado, diariamente, pelos nossos governantes, que exigem, compulsoriamente, na forma de impostos, o pagamento dos serviços de EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA que o Poder Público simplesmente não entrega (e quando o faz ainda é pra lá de indecente). Aí, como se vê, a reação, por força do adestramento, é bem diferente. Isto quando ela acontece.
GOLPISTA
Ou seja, a ordem para -NÃO REAGIR- tem como grande propósito não o assaltante de rua, mas quando o governo é o GOLPISTA DA FALSA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Aí só o máximo que é permitido é algum tipo de indignação. Mais: com o cérebro dilacerado pelo forte -adestramento-, mesmo quando se declara como vítima dos serviços públicos indecentes, o povo é levado a ficar ainda mais convencido de que sempre deve chamar o governo para intervir no mercado e/ou para criar novas estatais. Pode?
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