quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Os mascarados estão soltos

Há algum parafuso solto no sistema nacional de manutenção da ordem pública. Marcelo Odebrecht, dono da maior empreiteira do país, completa sete meses de prisão preventiva na próxima terça-feira, e todas as 17 pessoas detidas durante as desordens ocorridas em São Paulo no início da noite de sexta-feira foram libertadas no dia seguinte. Em poucas horas, foram depredados oito ônibus e cinco agências bancárias. Pode-se dizer que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa, mas essas duas situações acontecem no mesmo país. Juntas, não fazem sentido.

Tem gente que fica feliz com a hipótese de os presos endinheirados mofarem na cadeia pelas malfeitorias que praticaram, mas não é assim que funciona a coisa. A prisão preventiva de um cidadão só se justifica pelo flagrante de delito ou para impedir que ele continue praticando um crime. Admita-se que esse é o caso para todos os empresários, políticos e espertalhões que estão presos em Curitiba e em Brasília. O mesmo deveria valer para os desordeiros.


Ao contrário do que acontecia no mundo das empreiteiras, onde as roubalheiras eram dissimuladas, a ação dos mascarados deu-se às claras e foi registrada ao vivo e em cores. A polícia de São Paulo mobilizou centenas de PMs, sua tropa de choque e veículos blindados para acompanhar a manifestação contra o aumento de tarifas de ônibus. Para quem quer dar uma manifestação de força, serviço perfeito. Durante mais de uma hora, mascarados tumultuaram o Centro da cidade. Só 17 pessoas foram detidas. É pouco, mas vá lá. O relaxamento das prisões em flagrante foi determinado pela Justiça. Uma juíza considerou inconclusivas as provas apresentadas contra os cidadãos. A força foi exibida, mas deu em nada. Das duas uma: a polícia prendeu quem não devia ou a Justiça soltou quem deveria continuar preso. Ao final das contas, não prenderam uma só pessoa com provas que a juíza considerasse irrefutáveis. Há apenas um desordeiro recolhido. Está na Fundação Casa, por ser menor de idade, e foi levado a uma delegacia na segunda-feira pelo pai policial, ao vê-lo num vídeo de quatro minutos na cena do espancamento de um PM.

A ação dos mascarados foi demorada. Num incidente, eles pararam dois ônibus, obrigaram os passageiros a desembarcar e ordenaram aos motoristas que manobrassem os veículos para que obstruíssem uma avenida. Em seguida, quebraram vidros e picharam a lataria dos veículos. A polícia é treinada para intervir em situações desse tipo e dispõe de equipamento para registrar a cena.

Um cidadão mascarado no meio de uma manifestação pacífica é pelo menos suspeito de estar ali para provocar alguma desordem. Quem já viu alguma dessas explosões de violência sabe que elas partem de grupos perfeitamente identificáveis antes, durante e depois das manifestações. Desordeiro não é ativista, nem um sujeito quebrando vidros de ônibus está manifestando uma opinião.

Se a prisão dos empreiteiros tem a virtude de desestimular futuras traficâncias, o fato de não haver um só desordeiro na cadeia torna-se um estímulo a novas violências, cuja principal consequência é a inibição de manifestações pacíficas.

Elio Gaspari 

Não são só os 10,67%

Nas jornadas de 2013, quando milhares foram às ruas nas principais cidades do país, um slogan chamou a atenção: não são só os 20 centavos. Parodiando os jovens daquelas manifestações, diríamos que não são só os 10,67% da inflação de 2015, a maior dos últimos treze anos, que preocupam os brasileiros. Por detrás dos números frios está a possibilidade de retroagirmos ao pré-Plano Real; ao Brasil da combinação do binômio inflação-recessão, do desemprego em massa, da continuidade do imposto mais perverso e injusto, aquele que corrói o poder aquisitivo das camadas mais pobres da sociedade.

É sob este pano de fundo que será realizada a próxima reunião do Conselho de Política Monetária, quando o Banco Central deverá dar início a uma nova escalada da taxa básica de juros. Talvez seja o único remédio disponível na prateleira diante do descontrole inflacionário.

O melhor dos cenários aponta para uma inflação de 7% para 2016. Pode ficar nessa faixa um bom par de anos. A isso vem se chamando de limbo inflacionário. Dele o país não sai se não for resgatada a credibilidade da política econômica e dos compromissos com os fundamentos econômicos mandados para o vinagre nestes cinco anos de governo Dilma Rousseff.

No pior - a resiliência da inflação na casa de dois dígitos -, o Brasil de amanhã pode ser a Argentina dos tempos de Cristina Kirchner.

O receituário dos juros altos não será indolor, por mais que a equipe econômica tente dourar a pílula. Padece de seriedade a avaliação de setores do Banco Central de que, pelo fato de a economia estar em anemia profunda, uma nova rodada de elevação da Taxa Selic não terá impacto no emprego e no consumo.

Mas como retomar a credibilidade da política econômica? Apenas elevar os juros produz os resultados desejados?

Se não vier acompanhada de reformas estruturais – previdência, trabalhista, entre outras –, se não houver uma política voltada para a redução da relação dívida pública/PIB, a elevação será novamente inócua. Para utilizar uma frase antiga da própria presidente Dilma, o Banco Central estará enxugando gelo.

Sem limites, a presidente namorou com o perigo. Ignorou todos os alertas de economistas, de analistas e jornalistas especializados, do próprio mercado. Apostou, irresponsavelmente, no expansionismo fiscal. Agora, quando o monstro exibe sua face tétrica, Dilma descobre que é preciso fazer alguma coisa, antes que ele a devore.

Mas, prisioneira das contradições internas do lulopetismo, se vê diante de sua “Escolha de Sofia”. Tem de optar entre a utopia regressiva das bases, que querem o retorno da “nova matriz econômica” e aquilo que os investidores exigem para voltar a crer no Brasil: responsabilidade fiscal, compromisso com superávit primário, meta inflacionária, entre outros fundamentos.

A presidente tenta se equilibrar na corda bamba, como se pudesse servir aos dois senhores: o Deus Mercado e o Deus Corporações. De um lado, acena com a alta de juros e, de outro, amasia-se com novas medidas heterodoxas, como usar as reservas cambiais do Brasil para estimular artificialmente a retomada do crescimento.

Neste mar de instabilidade, não há política anti-inflacionária que resista. O problema é maior e mais grave do que os 10,67% da inflação do ano passado. Divorciada dos interesses do Brasil, Dilma personaliza os maiores entraves: a falta de credibilidade, previsibilidade e respeitabilidade da política econômica.

A submissão de Estado e dos governos ao capital

Quando professora no antigo curso básico da Fafich, da UFMG, ao tempo da ditadura, como todos os outros, eu me via em apuros para falar, sem poder esclarecer, sobre a realidade do que diz o título deste artigo. Capitaneados pelos militares, a serviço dos interesses do capital, agiam no Brasil os governos e o Congresso Nacional, este com um ou outro espasmo de oposição, como os “autênticos” do MDB, por exemplo, ou os que punham a cabeça de fora e que eram logo, logo decapitados – o falecido Márcio Moreira Alves, um Chico Pinto. Sem falar dos que, exilados, aposentados ou simplesmente calados, sofríamos todos ao vermos a “grande Pátria, Mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações...”, como cantou Chico Buarque.

O Poder Judiciário foi o último a ser submetido inteiramente aos novos desígnios de quem mandava. Castello Branco soube seguir o ensinamento de seu chefe da Casa Civil, Luís Vianna Filho, e utilizou o estratagema do “packing the Court”, usado por Roosevelt ao tempo do New Deal, nos Estados Unidos. Explico: diante de dificuldades e tropeços com o Judiciário norte-americano na implementação de medidas avaliadas como necessárias ao enfrentamento da crise de 1929, o presidente Roosevelt foi aconselhado a alterar a composição da Corte Suprema. Aqui, o conselho de Vianna resultou no AI 6, de 1º de fevereiro de 1969, depois que o próprio Ato 2 já passara a competência judicante do STF para os tribunais militares nos casos de aplicação de medidas excepcionais.

Como explicar aos estudantes tudo o que vinha se passando no país quando éramos diuturnamente vigiados em sala de aula por notórios membros das forças de repressão, alguns deles torturadores? Assim, vivíamos colocando em prática subterfúgios para lograr dizer o que a censura proibia a toda forma de expressão.

Quis a fatalidade que o partido que ajudei a fundar viesse a ser agora o primeiro a ser pego com a boca na botija misturando figurões e figurinhas da República e seus aliados na farsa de eleições livres, isto é, quando o financiamento de campanhas pelos empresários mostra ter sido o principal passaporte de acesso a todos os escaninhos do Estado e do governo. Financiamentos pra cá, licitações fajutadas pra lá, e todos se locupletavam.

As últimas revelações propiciam um panorama ainda mais escandaloso: não se trocavam apenas gordas propinas por obras superfaturadas, mas se chegava mesmo a nomear altos executivos de grandes empreiteiras para cargos em governo estaduais. Não quer dizer que apenas o PT atuou desse jeito. Só que esse partido se deixou pegar segundo o conhecido adágio popular: “Quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza”.

E não adianta reclamar de “vazamentos seletivos” ou de que alguém não enriqueceu pessoalmente. Ou será que se esqueceram da famosa frase de Zé Dirceu: “O PT não rouba e não deixa roubar”?
Ora bolas!

O que é democracia?

Organizações internacionais, ONGs e governos gastam bilhões de dólares por ano para promover a democracia pelo mundo. Em países democráticos, governos e sociedade civil estão permanentemente debatendo maneiras de melhorar a qualidade do regime político e o funcionamento das instituições.

Apesar de todos esses esforços, não há consenso sobre o que é – ou deveria ser – a democracia.


No dia 4 de janeiro foi dado um passo importante para avançarmos nesse debate. Nessa data, aconteceu o lançamento mundial de uma nova base de dados sobre democracia, tão esperada pelos cientistas políticos que estudam o tema quanto o lançamento da nova edição de Star Wars pelos fãs de Luke Skywalker. O projeto “Variedades de Democracia” promete revolucionar as discussões sobre democracia, graças à visão multifacetada de democracia proposta e à escala dos dados apresentados: são mais de 350 indicadores de democracia de 1900 aos nossos dias. Em torno de três mil especialistas em democracia foram mobilizados em 176 países para fornecer dados.

Variedades de Democracia

Há 13 anos, um grupo de cientistas políticos da Suécia, Chile e Estados Unidos se reuniram para conversar sobre os problemas das bases de dados existentes sobre democracia no mundo. Dessa conversa surgiu a ideia de propor uma nova abordagem. Há 6 anos, lançaram o Projeto “Variedades de Democracia”.

Em vez de escolher uma definição única (e necessariamente incompleta) de democracia, os dados de “Variedades de Democracia” permitem avaliar o regime político de cada país a partir de sete “princípios democráticos”, os quais estão baseados em diferentes visões do que é democracia: eleitoral, liberal, participativa, majoritária, consensual, deliberativa e igualitária. Esses princípios são então desagregados em componentes menores, como a realização de eleições regulares, independência do Poder Judiciário, igualdade de gênero, e assim por diante.

Para o cientista político David Altman, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, a base de dados funciona como uma espécie de “Lego”. Assim como as crianças juntam as peças do jogo de acordo com a sua criatividade, pesquisadores e formuladores de políticas públicas também podem criar suas próprias análises, selecionando dados a partir dos seus interesses específicos.

Isso não quer dizer que o Projeto proponha uma visão supostamente “neutra” ou “imparcial” sobre democracia. A comparação com outras bases de dados existentes dá algumas pistas. A principal diferença é que “Variedades da Democracia” (V-Dem) põe muita ênfase na igualdade como parte da definição de democracia. E a dimensão de democracia igualitária é operacionalizada de forma abrangente, a partir de dois componentes: proteção igualitária (direitos e liberdades iguais) e a distribuição igualitária de recursos (a garantia do acesso a necessidades básicas para a realização de direitos). Ou seja, não apenas a igualdade política, mas também um nível mínimo de igualdade socioeconômica é considerado fundamental para qualquer análise sobre a qualidade das nossas democracias.

O Projeto vai muito além, portanto, do foco em eleições e no exercício de alguns direitos políticos, que é o mais comum nas classificações de regimes políticos disponíveis.

Outra contribuição importante do projeto é a proposta de um Índice de Empoderamento Global de Mulheres, que inclui não apenas dados sobre as possibilidades formais de participação (como o direito a voto), mas também sobre a capacidade que as mulheres têm de realizar escolhas e de atuar politicamente na sociedade (acesso igualitário à justiça, participação em organizações da sociedade civil, etc.).

Também é interessante a correção de um viés presente em outras bases, que não incluem (ou veem como algo negativo) experiências de participação direta e de mobilização da sociedade. A base de dados de Variedades da Democracia (V-Dem) inclui dados sobre democracia direta que permitem uma análise comparada desde 1900.

Democracia no Brasil

Uma análise preliminar dos dados sobre o Brasil, realizada pelos pesquisadores Fernando Bizarro Neto e Michael Coppedge, mostra os importantes avanços alcançados pelo país nas últimas décadas. Não surpreendentemente, no entanto, encontram gargalos importantes no que se refere à dimensão igualitária da democracia. Apesar dos esforços dos últimos anos, continua sendo um importante desafio. Mais interessante é a identificação do componente participativo como outro gargalo para o desenvolvimento democrático, apesar das inúmeras experiências participativas recentes.

Esses gargalos só são visíveis graças à abrangência das informações coletadas pelo V-Dem. Se usássemos as definições mais usuais de democracia, que restringem a análise à dimensão eleitoral e a direitos liberais (como a proteção da propriedade privada), os gargalos mencionados não apareceriam ou simplesmente não seriam considerados relevantes.

Os dados do V-Dem estão disponíveis de forma gratuita e são facilmente acessíveis pela página do Projeto (clique aqui).

O Princípio Moral e o Interesse Material

Encontram-se, um dia um Princípio Moral e um Interesse Material, no leito duma ponte tão estreita que só podia dar passagem a uma pessoa de cada vez.

- De rastos, vil criatura! – gritou, tonitruante, o Princípio Moral. – De rastos, para que eu te possa passar por cima.

O Interesse Material limitou-se a fitá-lo bem nos olhos, sem proferir palavra.

- Bem – admitiu o Princípio Moral, num tom hesitante – tiramos à sorte, para sabermos qual de nós dois deve recuar até que o outro haja passado a ponte.


O Interesse Material continuou sem abrir boca e a fitar o seu interlocutor.

- Para se evitar um conflito – parlamentou o Princípio Moral, não sem certo mal-estar – vou estender-me no chão e consentir que o senhor passe por cima de mim.

Foi então, que o Interesse Material tomou a palavra para afirmar:

- Pois eu penso que você não é bom piso para mim. Sou muito exigente quanto ao que calco aos pés. Acho melhor que se atire ao rio.

E assim se fez.

Ambrose Bierce

Nem uma palavra sobre impunidade

Nunca se viu sujeira igual à que escorre das delações premiadas dos últimos meses, dentro da Operação Lava Jato e adjacências. Dos delatores mais recentes, não escapa a acusação sobre nenhum presidente da República, exceção dos anos em que Itamar Franco exerceu o cargo. Os maiores beneficiados dessa operação tem sido os delatores, por sinal os formadores de quadrilha, os mais ladrões, com raras exceções. O último exemplo é o tal Cerveró. Não dá para entender porque ele e o bando dos assaltantes dos cofres públicos gozam de tantas regalias, como prisão domiciliar, férias de Natal e Ano Novo e regime prisional especial para os que ainda não se livraram das grades.

A Polícia Federal, o Ministério Público e até certas instâncias do Poder Judiciário fazem o dever de casa, mas são tantas as brechas da lei que a maioria dos meliantes sob processo situa-se em patamar especial. Oldbretches e Dirceus ainda respondem pelo mal praticado, mas no mundo político sobram acusações óbvias de crimes sem punição para os autores denunciados. Pelo contrário, eles disputam ainda maiores espaços de poder, debaixo da complacência do poder que deveria abrir investigações e puni-los.

Essa seria a primeira mudança institucional de vulto a ser promovida para o país sair do lamaçal onde se encontra. A lei precisa não apenas ser dura, mas igual para todos. Do ladrão de galinha ao assaltante e o assassino, quem respondeu a processo e foi condenado costuma sofrer as penas correspondentes. Exceção, é claro, daqueles capazes de comprar a liberdade pelo dinheiro ou a influência.

Por que, então, essa nova classe de bandidos mantém-se à margem da correnteza? Porque são eles não apenas a fazer as leis, mas a valer-se de suas brechas que há muito precisariam ter sido vedadas. Encontram-se imunes até ex-presidentes da República, atuais presidentes do Senado, na Câmara, parlamentares, ministros e ex-ministros, sem esquecer antigos e atuais governadores. Seria constrangedor citá-los, mas basta ler os jornais do dia. Enquanto a impunidade continuar encontrando espaços para manter-se e até expandir-se, continuaremos uma nação dupla: a dos que pagam e a dos que se mantém imunes.

Agora que começam a ser antecipadamente discutidas as preliminares da sucessão presidencial de 2018, com tantas especulações vãs e inconsistentes, torna-se necessário indagar porque não apareceu, até agora, um pré-candidato disposto a sustentar que lugar de ladrão – qualquer ladrão – é na cadeia. Nenhum dos nomes sugeridos disse uma única palavra a respeito do que fazer para interromper a impunidade. Se a falha está na complacência da lei, que se mude a lei. De preferência pelo voto.

O que fará Aécio Neves se porventura eleito? Protegerá tucanos envolvidos nas tramoias do período em que Fernando Henrique governou o país? Geraldo Alckmin terá coragem para denunciar e mandar punir correligionários mergulhados em negociatas ainda hoje denunciadas em São Paulo? E José Serra, continuará preocupado em recuperar as finanças nacionais sem atingir políticos e empresários dispostos ao redor de sua candidatura? O Lula, ele mesmo arcabuzado na família e nos fiéis companheiros, permanecerá recomendando olhar o futuro e esquecer o passado? Michel Temer insistirá na proteção aos membros da quadrilha que forma ao seu lado? Ciro Gomes irá poupar líderes corruptos de seu novo partido empenhados em fazê-lo candidato? Marina Silva poupará os ambientalistas favoráveis à depredação da natureza, desde que apoiando sua nova tentativa de levá-la ao Planalto? A relação parece não ter fim, quando se chega a Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado e outros pretendentes que se disponham a transformar o Brasil sem transformar suas concepções. Permanecem mudos. Uma palavra que seja para extirpar a impunidade bastaria para destacá-los dos demais, mas qual deles se dispõe?

Colapso de confiança

Resultado de imagem para democracia em crise
O que está acontecendo agora, o que podemos chamar de crise da democracia, é o colapso da confiança. A crença de que os líderes não só são corruptos ou estúpidos, mas também incapazes. Para atuar, é necessário poder: ser capaz de fazer coisas; e política: a habilidade de decidir quais são as coisas que têm ser feitas. A questão é que esse casamento entre poder e política nas mãos do Estado-nação acabou. O poder se globalizou, mas as políticas são tão locais quanto antes. A política tem as mãos cortadas. As pessoas já não acreditam no sistema democrático porque ele não cumpre suas promessas.
Zygmunt Bauman

Os sete inquilinos da Casa Covil

Desde janeiro de 2003, quando Lula transformou o Planalto no templo principal da seita que sonha com o pesadelo socialista, o ministro encarregado de comandar a Casa Civil é escolhido não pelo currículo, mas pelo prontuário; não pelas raríssimas virtudes, mas pelos defeitos incontáveis. Isso explica por que, 13 anos e sete chefes depois, o latifúndio situado no 4° andar do palácio presidencial mudou de nome. O que existe ali é uma Casa Covil.

O desfile de casos de polícia começou com José Dirceu, devolvido recentemente à cadeia por ter reprisado no Petrolão o papelão desempenhado no Mensalão. O guerrilheiro de festim repassou o gabinete à camarada de armas Dilma Rousseff, que hoje tenta escapar do impeachment fantasiada de pingo de honestidade no oceano de bandalheiras protagonizadas por delinquentes de estimação.


O que era péssimo ficou ainda pior quando o neurônio solitário indicou Erenice Guerra para substituí-la. Onde Dilma só enxergava a melhor amiga havia uma mãe de quadrilha disfarçada de mãe de família. Impedida de manter Erenice no emprego, a sucessora de Lula mostrou que não havia perigo de melhorar com a nomeação de Antonio Palocci, estuprador de contas bancárias e médico especializado em operações ilegais.

Com o segundo despejo de Palocci, chegou a vez de Gleisi Hoffmann, que entrou para mostrar que Casa Civil não é bordel e saiu transformada em forte candidata a Musa do Petrolão. A sexta escolha contemplou Aloizio Mercadante, general da tropa de larápios que Lula chama carinhosamente de "aloprados". O conjunto da obra dos antecessores informa que Jaques Wagner mereceu tornar-se o sétimo companheiro a chefiar a Casa Covil na Era Lulopetista.

Ele é o homem num lugar cujo ocupante tem por missão fazer do jeito certo a coisa errada.

'Nós, que lutamos pela democracia'

JOSÉ GENUINO DELUBIO SOARES JOSE DIRCEU MENSALÃO CHARGE 2012
Nessa encrenca política, típica de republiqueta bananeira em que o país está enfiado, volta e meia a frase que dá título a este artigo é pronunciada, com poses de estadista, por membros do partido governante. Que é isso, companheiro? Prá cima de mim? Desmentidos a respeito dessa alegada luta pela democracia são abundantes, inclusive entre participantes da atividade clandestina que, mais tarde, se tornaram honestos historiadores do período. Exatamente por esse motivo nenhum está no governo. A balela da luta pela democracia requer relação inescrupulosa com a verdade.

Aliás, os supostos "mártires da democracia e da liberdade" comandam o Partido dos Trabalhadores em proporções decrescentes. Muitos enriqueceram com indenizações. Ou por meios ainda piores. Outros já morreram ou se aposentaram. Mas - curioso fenômeno - as fraudulentas credenciais da luta pela democracia são transmitidas, oral e magicamente, entre sucessivas gerações de comunistas brasileiros.

Sempre que penso sobre isso me vem à mente um episódio no qual terroristas e guerrilheiros tiveram a oportunidade de proclamar ao Brasil quem eram e o que pretendiam. E o fizeram, para a História, de viva voz e próprio punho. Era o mês de setembro de 1969. Duas organizações guerrilheiras, a ALN e o MR-8 haviam sequestrado o embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, e imposto condições para libertá-lo: soltura de 15 presos políticos e leitura em cadeia nacional de rádio e TV de um manifesto que haviam redigido. Naqueles dias, estava em plena vigência o AI-5 e o Brasil era governado por uma junta militar, em virtude do derrame cerebral que acometera o presidente Costa e Silva. Embarcar os presos para o México e para Cuba era fácil, mas autorizar a publicação nos principais jornais e a leitura em cadeia nacional da catilinária dos sequestradores era constrangedora rendição. Contudo, a execução do embaixador pelos sequestradores seria um mal maior. E a junta militar se rendeu.

O país parou para ouvir o texto redigido por Franklin Martins, um dos sequestradores. Oportunidade preciosa, dourada, única para guerrilheiros e terroristas dizerem por que lutavam, afirmarem seus mais elevados compromissos e cobrá-los do governo, não é mesmo? Qual o quê! O documento (leia a íntegra em "Charles Burke Elbrick" na Wikipedia) foi uma xingação que falava do que os revoltosos entendiam: ideologia, violência, "justiçamentos", sequestros, assaltos. Não há menção à palavra democracia ou à palavra liberdade.

A seca do Nordeste ajuda mais a venda de ingressos para o desfile das Escolas de Samba no Rio de Janeiro do que a luta armada serviu à redemocratização do país. Na prática, só atrapalharam o processo político. Se tivessem vencido? Bem, teriam antecipado para pior, em meio século, o estrago que estão fazendo agora.

Percival Puggina

Assim o povo dança


Qualquer regime autoritário ou poder hegemônico, pelo dinheiro ou pelas armas, que não contribui para a melhoria social, atravessa o samba, vai dar zebra, e povo é que sempre paga o pato!
Alfredo Guarishi

Os possíveis objetivos secretos estatizantes de um governo

Fidel Castro chegou ao poder em Cuba enganando o povo. Ele derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista, mas secretamente, criava outra pior, ou seja, esquerdista, e que se tornou uma das mais sangrentas da América Latina, além de quase ter arrastado o mundo à Terceira Guerra Mundial! Também os candidatos petistas chegaram assim ao poder, enganando o povo.

Se eles ganhassem a Revolução de 1964, por influência da mentalidade da época, fuzilariam milhares de pessoas.

Apesar de o comunismo já ter passado pela história como aconteceu com o Absolutismo, o Feudalismo etc, ainda há fanáticos com essa ideologia. E há também os oportunistas que, se aproveitando da baixa instrução de boa parte da população brasileira, usam ainda essa ideologia para se elegerem a cargos políticos. E, para isso, ficam acirrando a já vencida luta de classes, ainda tentadora para os fracassados invejosos! Percebe-se que a presidente e seu antecessor defendem essa ideologia.

E a Bolsa Família foi criada para pegar os votos dos miseráveis, e com o agravante do emprego ilegal do poder não só econômico, mas também público! Também, a criação do Mais Médicos foi mais para ajudar o governo ditatorial esquerdista de Cuba. Daí o absurdo de 80% dos salários dos médicos cubanos desse programa serem creditados ao governo cubano!

E, igualmente, o Minha Casa Minha Vida é outro meio dos petistas que foi mais para angariarem os votos dos que adquirirem moradias desse projeto. Ou quem sabe, se não têm eles, também, a intenção secreta de deixar as construtoras com seus apartamentos encalhados e criando assim no Brasil uma séria crise econômica imobiliária, com desemprego em massa e que provoque uma revolução em que os petistas fanáticos tentariam transformar o Brasil num regime esquerdista do tipo de Cuba e Venezuela, e, talvez, até dividindo o nosso país, criando aqui dentro outra nação bolivariana?

Também os financiamentos secretos do BNDES deixam muitas interrogações. Por que foram feitos para empreendimentos nos dois citados países e outros, quando poderiam ser feitos para os do Brasil?

A presidente tem mesmo governando para o PT continuar no poder. E, assim, ela e o seu chefe tudo têm feito para isentar de culpas os seus protegidos corruptos. A pressão para que não houvesse fiscalização e CPIs para apurar suspeitas de corrupção e a clara e constante vista grossa às denúncias de irregularidades desses seus protegidos, do que até surgiu a irônica frase “nada sei”! É que esses comandantes têm medo de as corrupções os comprometerem também.

E, enquanto os dois poderosos petistas estiverem mandando no Brasil, seus afilhados corruptos ficam tranquilos, daí uns estarem tentando de todos os meios para que os dois sejam poupados. É, pois, notória a colaboração recíproca entre os comandantes e seus comandados!

Se os esquerdistas conseguissem concretizar seu objetivo de instalar no Brasil um regime estatal, do tipo bolivariano da Venezuela e Cuba, haveria somente uma classe privilegiada, a dos governantes e a dos seus apadrinhados. E o resto da sociedade rica ou pobre que se virasse!

O desejo principal desses comandantes é, pois, censurar a mídia e estatizar tudo, para que eles fiquem com um poderoso império estatal para eles e seus tupiniquins.

Mas petistas e seus aliados, abram seus olhos, pois os brasileiros já suspeitam de seus planos estatizantes secretos!

José Reis Chaves

Predadores da República

É famosa a frase de Talleyrand, alertando Napoleão Bonaparte sobre as consequências políticas do assassinato do príncipe Louis de Bourbon-Condé, o Duque D’Enghien, que levou a França a isolar-se das demais monarquias europeias: “É pior do que um crime, é um erro.” Mais do que uma frase de efeito, tornou-se um exemplo clássico em ciência política, história e sociologia, da prevalência devastadora que tem o crime público sobre o crime privado.

O sociólogo e criminalista americano Edwin Sutherland, autor do clássico “White-Collar Crime”, nos anos 40, propõe penas mais rigorosas quanto aos criminosos públicos em relação aos criminosos individuais, tendo em vista que o crime público atinge diretamente o coletivo e, portanto, potencializa enormemente seus efeitos perversos e muitas vezes devastadores: a vítima é multiplicada por centenas, milhares, milhões e até bilhões de indivíduos, como nos crimes ambientais e nucleares.


O público e o privado estão para a economia política assim como o coletivo e o individual estão para as ciências naturais. A ordem universal está toda ela montada nessa interação correta e harmoniosa entre o esforço individual sempre na direção do coletivo. Sempre com a prevalência do geral para o particular. Ou do todo para a parte, como identificou Hegel. Vem daí a predominância do plural sobre o singular. O que é de todos, a todos pertence e não a um único indivíduo que eventualmente conduza a coisa pública, a res publica, ou a coisa de todos.

A repugnância coletiva que move hoje a sociedade brasileira contra esse tipo de indivíduo que tem pontificado na vida política, em todos os níveis e poderes, decorre desse sentimento transcendental coletivo de repulsa à rapina da coisa pública por grupos de indivíduos e até por bandoleiros solitários preocupados apenas em encher as próprias burras com o que é coletivo e suportado por tributos dos cidadãos. É o singular furtando do que é plural. O privado assaltando o que a todos pertence.

Partidos políticos de encomenda e seus chefes flibusteiros perderam completamente o compromisso republicano e dedicam-se hoje aos métodos mais sórdidos de apropriação dos cofres do Estado e suas companhias públicas, partilhando essas carcaças dos exauridos corpos como se verdadeiros abutres fossem.

Roubar do Erário se transformou na regra, no objetivo mater da atividade pública, estabelecendo normas de certa omertà entre os larápios que o instituto da colaboração judicial premiada tenta desmontar. Daí o seu papel fundamental que tanto tem escandalizado os criminalistas ortodoxos, colocando-os em oposição a uma novíssima geração de juízes, promotores públicos e policiais federais.

O caso da saúde pública no Estado do Rio de Janeiro é emblemático. Roubou-se à farta na principal estatal de petróleo brasileira, sediada não por acaso na capital do estado. O Rio é o maior produtor de petróleo do Brasil, absolutamente dependente de seus royalties, e onde estão localizadas suas maiores reservas. Empenhados no assalto aos cofres da estatal que estavam seus gestores e planejadores, hoje atrás das grades, sob o olhar complacente e distante da presidente de seu Conselho de Administração e atual “presidenta” da República, não se deram conta de que os preços internacionais da commodity despencariam no mercado internacional e praticaram todo tipo de insensatez, para dizer o mínimo.

Estavam todos hipnotizados pelos fantásticos recursos submersos do pré-sal, delirantemente acalentados pela “nova matriz econômica”, saída dos cérebros privilegiados do lulopetismo de cooptação. Resultado: a saúde pública e os serviços do Estado em geral, até mesmo a folha de pagamentos dos servidores públicos estaduais, entraram em colapso e o governador foi obrigado a decretar “estado de emergência”, correndo para o colo da União, de tetas já bem murchas pela desordem fiscal e pela corrupção generalizada.

Todo o projeto desenvolvimentista dessa “nova matriz” fundou-se nessa falta de planejamento mínimo estratégico, entre outros setores, quanto ao petróleo e à Petrobras. A literatura especializada na matéria já afirmava que o combustível fóssil está com seus dias contados por esgotamento das fontes, por seus efeitos deletérios sobre a biodiversidade ou por retração natural da economia mundial, como está a suceder. Ou mesmo por esses três fatores combinados.

Mas os predadores da República fizeram ouvidos moucos. E continuam no poder e a mandar nos destinos da nação com essa visão deletéria. Não se sabe se esta mesma nação terá resistência para continuar convivendo com tal sangria. O povo já se exaspera nas portas dos hospitais sucateados e os xinga pelos aeroportos e restaurantes. Até quando?

Nelson Paes Leme 

No Planalto, a estupidez continua correndo solta

Em Brasília, pude ver que a Ponte Costa e Silva, que liga o Lago Sul ao Plano Piloto, está nomeada de Ponte Honestino Guimarães. Tudo bem que queiram colocar o nome de um herói petista em uma construção, mas, se tivessem vergonha na cara, não teriam alterado o nome original da ponte, mas construído outra ao lado, pois desde a inauguração de Brasília que a ponte é de mão dupla, o que já causou diversos acidentes.

Com duas pontes, cada uma teria o fluxo de veículos em sentido contrário e seriam diminuídos os engarrafamentos e evitados os acidentes.
Ponte agora com nome de "herói" petista
Você já pensou quantas reuniões, discussões, papéis, tinta e hora/trabalho/salário de intelectuais foram gastos dos nossos impostos até se chegar a um acordo sobre qual o nome da ponte seria mais cabalístico para o partido, mesmo que a tal mudança, ao invés de alterar alguma coisa de fato na cidade, sirva apenas para masturbação ideológica?

Quanto à defesa dos petistas, que alegam existir há tempos corrupção na Petrobras, lembrei uma estória que já contei aqui.

“Um grupo de amigos decidiu ir para a “boate” e, chegando lá, se depararam com uma menor de idade fazendo programa. Como todos acreditavam piamente na impunidade e que tudo naquela casa não dava em nada, resolveram levar a menina para o quarto.

Foi o primeiro amigo… Foi o segundo… E foi o terceiro que, embora bancasse o puritano, resolveu também entrar na farra.

Só que na hora em que o terceiro estava entretido com a jovem, a polícia chegou e ele foi pego com as calças na mão.

-Teje preso! É crime fornicar com menor de idade – disse a autoridade policial!

– Peraí, doutor. Se todos aqui pecaram com a menina, porque só eu estou sendo preso? Não é normal ter menor nesta casa?

– Mas você estava na vez e foi apanhado em flagrante…

É o mesmo caso da Lava Jato. Se o juiz Sérgio Moro estivesse atuando há 20 anos atrás, os presos teriam sido outros! Mas acontece que ele não estava… Se a Justiça prender os bandidos de hoje para servir de exemplo aos ladrões do passado e do futuro, já me dou por satisfeito!!! Os corruptos do passado são como os amigos do falso puritano.

A 'caixa' do PT tá na sucata

Desde janeiro de 2011, sob o comando de Dilma, a queda das ações da Petrobras perderam 90,9% de valor no mercado norte-americano. Aquela que um dia foi patrimônio brasileiro, e não seria "entregue ao capital internacional", acabou sugada pela roubalheira petista.

De tanto servir de propinoduto partidário, está virando sucata.

Mais um patrimônio do país vai à ruína pela roubalheira desenfreada e sanguessuga do PT e comparsas. Foi-se o dinheiro do povo para alimentar as propinas e as regalias partidárias e de empresas amigas.
"Muita gente tentou vender essa empresa que muita gente tentou mudar o nome dela, essa empresa chega em 2010 transformando-se na segunda maior empresa de petróleo do mundo
Lula