domingo, 9 de julho de 2023

Brasil carga pesada

 


A guerra dos chips

Cada vez mais fala-se em desmaterialização da economia. Estão embutidas aí tanto a noção de fazer cada vez mais com cada vez menos recursos materiais como a de que o valor está migrando de produtos físicos para conhecimento, expresso em programas de computador e assemelhados.

"A Guerra dos Chips", de Chris Miller, mostra que, por mais que a informática tenha avançado, ela é e continuará sendo dependente de uma base material, que são os chips, os circuitos integrados. Aliás, a maior parte do incremento do poder computacional de nossos apetrechos tecnológicos se deve a avanços nos chips, que, pela miniaturização, processam cada vez mais informação de forma cada vez mais rápida e eficiente.


E o termo miniaturização não deve ser tomado ligeiramente. Os chips avançados de hoje trazem transistores na escala dos quatro ou cinco nanômetros (bilionésimo de metro). Um átomo tem cerca de 0,2 nanômetro, então estamos falando de transistores do tamanho de alguns átomos. É uma escala tão diminuta que engenheiros precisam criar truques para evitar que os bizarros efeitos quânticos interfiram no funcionamento dos chips.

Os equipamentos necessários para a produção desses chips são verdadeiros monumentos à engenharia. Só o aparelho usado para imprimir litograficamente os circuitos, que utiliza raios ultravioleta extremos, tem 457.329 peças. São investimentos de centenas de bilhões de dólares que não duram mais que três anos, já que a tecnologia não para.

O resultado de tamanha complexidade é que a indústria de chips está restrita a poucos "players" confinados a um número ainda menor de países. Um deles é Taiwan, com a TSMC. O país produz 11% dos chips de memória e 37% dos chips lógicos, o que tem profundas implicações geoestratégicas.

Numa narrativa envolvente, Miller conta toda a história dos chips e mostra como eles moldam não só a tecnologia mas também as relações entre as potências.

Quanto vale 1% da indignação das redes sociais?

A coincidência é trágica, diz alguma coisa sobre o ar dos tempos e, por isso, volto a assinalá-la: na semana passada, foi chocante verificar como o mundo se envolveu, de forma absolutamente desproporcional, com a morte de cinco pessoas armadas em exploradores dos destroços do Titanic, enquanto, em simultâneo, se procuravam 500 pessoas desaparecidas após o naufrágio do barco de pesca Adriana, nas águas do Mediterrâneo. No primeiro caso, soubemos tudo ad nauseam: da excentricidade das viagens turísticas vendidas pela OceanGate aos desafios dos mergulhos em profundidade. Pelo contrário, dos migrantes, dos quais mais de 100 são crianças, pouco ou nada quisemos saber, numa gritante falta de empatia para com a miséria daquelas vidas desafortunadas.

No fundo, foi como se, acerca destes últimos, seres humanos em busca de um futuro melhor, já nada houvesse a saber. Como se tudo o que lhes diz respeito fosse aborrecido e enfadonho (e, na verdade, não nos dissesse respeito…). Em jargão jornalístico, mais ou menos técnico: old news, storytelling a soar demasiado a déjà vu. Quando é que a morte de centenas de pessoas às portas da Europa, por excelência o continente do legado humanista, deixou de ser manchete e passou a nota de rodapé? As histórias daqueles migrantes, provenientes na sua maioria da Síria, do Egito e do Paquistão, inquietam-nos, mas são como ladainhas que, convenientemente, preferimos ignorar. Também nos chocam os paquetes estacionados ao largo do Reino Unido, repletos de pessoas tão indesejadas quanto invisíveis. Sensibilizam-nos ainda os que procuram um pouco de esperança, mas que logo são prontamente despachados para hotéis no Ruanda.

Nunca a demagogia ajudou a resolver problemas; não há respostas simples para problemas complexos. Que a Europa está a braços com uma grave crise migratória, à qual não tem conseguido dar uma resposta política digna, e que o Mediterrâneo – por paradoxo, o mar das civilizações da Antiguidade – está transformado num cemitério, isso, infelizmente, já nós sabemos. Mesmo que nos indigne o modo como alguns governos, nomeadamente o inglês, o grego ou o italiano, têm lidado com o problema, sabemos que as soluções não estão ali ao virar da esquina. Neste caldo de informação e de ruído de que estamos inundados, poderíamos, porém, redirecionar 1% da indignação inconsequente que fervilha pelas redes sociais para o Mediterrâneo.


Jornalistas não estão, naturalmente, isentos de responsabilidades. Por mais difícil que seja a batalha pela atenção, por mais frágil que seja a situação financeira das empresas de media, as escolhas editoriais importam, comportam valores e princípios – e riscos, claro. Privilegiar o ruído em detrimento de informação? Empolar os conflitos e ignorar os contextos? Destacar as emoções, em vez de destacar os factos e as explicações? Sobrevalorizar critérios de audiência em detrimento de critérios de valor-notícia? Tudo isto é admissível, racional sob determinado ponto de vista e, em muitos casos, até compreensível. Mas tem consequências – e é bom que não nos esqueçamos delas, não na hora de atribuir culpas, mas no momento de tirar conclusões.

Nunca, como hoje, houve tanta informação no mundo. Em quantidade e também em velocidade: são ambas avassaladoras, virtualmente impossível de reter pelo cérebro humano. (Um parêntesis apenas para notar que, não obstante, ainda existem regiões, sociedades fechadas e regimes imperscrutáveis, onde é muito difícil obter informação fidedigna – como a rebelião do Grupo Wagner, no fim de semana passado, veio comprovar.) O que isto não significa é que os cidadãos estejam a tomar melhores decisões, recorrendo ao mantra que os jornalistas – a começar por mim, evidentemente – gostam de repetir. A cientista Joana Gonçalves de Sá, do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, prepara, para breve, a publicação de um estudo multidisciplinar sobre os processos de decisão e o modo como as pessoas lidam com a desinformação, que trará um contributo importante para esta questão.

Ainda é preciso aguardar pelas conclusões finais, mas a investigadora tem avançado algumas ideias importantes. Defende Joana Gonçalves de Sá que não existe uma relação linear entre aquilo que julgamos saber e aquilo que, de facto, sabemos. E, como a curva da confiança cresce mais rapidamente do que a do conhecimento, as pessoas mais suscetíveis a partilhar fake news, por exemplo, não são as que menos sabem, ao contrário do que intuitivamente poderíamos pensar. Antes aquelas que já têm alguma informação e que tendem a não acreditar em nada, a desconfiar de tudo. Portanto, a conclusão que há a tirar é a de que a ignorância tende a ser o melhor antídoto para o estado do mundo? Perturbador, no mínimo.

O acordo com os europeus

Depois das descobertas realizadas por portugueses e espanhóis, no final do século XV e início do XVI, o mundo começou a se integrar. Ocorreu uma globalização antes do tempo. Europeus atravessaram o Atlântico e descobriram enormes possibilidades comerciais nas Américas. Depois na Índia, na costa leste da África e até no Japão. Conheceram os ricos reinados dos muçulmanos e a origem das especiarias que encantavam as principais capitais do velho Continente.

Mas havia o problema comum a todos: falta de mão de obra. A história do mundo é feita, em boa parte, pela mão de obra dos escravos. É a regra geral desde a antiguidade. Os perdedores são escravizados. A prática foi utilizada em larga escala nos povos originários da Europa e da Ásia. A primeira tentativa dos europeus no novo mundo foi escravizar os índios. Não deu certo. Na América do Norte jogaram até a cavalaria contra eles, que foram exterminados, mas levaram junto o general Custer, abatido na batalha de Little Bighorn.

Os europeus que precisavam conquistar aqueles novos territórios procuraram os africanos. E compraram escravos à vontade. O comércio de escravos foi realizado por quase todas as nações marítimas da Europa, inclusive Suécia e Rússia. Estima-se que foram transportados 12,5 milhões de africanos através do Atlântico. Em 1833 havia 46 mil britânicos donos de escravos. Os ancestrais de George Orwell, de Graham Greene, entre outros, fizeram fortunas. Quando esse comércio foi abolido os proprietários receberam ressarcimento. Os negros não viram a cor do dinheiro.

A riqueza dos ingleses criou bancos, financiou a era do vapor, dos canais, das ferrovias e a revolução industrial. Esse dinheiro fez do Reino Unido a maior nação do mundo. E teve um efeito secundário. Grandes contingentes populacionais se deslocaram para as Américas. Em 1764, Adam Smith escreveu sua obra prima A Riqueza das Nações na Escócia resultado da atenta observação da extraordinária prosperidade de Glasgow, consequência do comércio de tabaco originário da Virginia, nos Estados Unidos.

A riqueza dos países europeus e dos Estados Unidos resultam da pilhagem de recursos naturais e da forte presença da mão de obra escrava. Dezenas de milhares de toneladas de ouro foram levados do Brasil para Portugal. A montanha de prata em Potosí, Bolívia, foi desmanchada e fez a riqueza dos espanhóis. Os Estados Unidos, no começo do século 19, era um país constituído apenas pelas treze colônias. Povoado por europeus avançou até o Pacífico, depois de comprar a Louisiana francesa, a Flórida dos espanhóis, o Alaska dos russos e invadir a California e áreas vizinhas, que pertenciam ao México.


Em resumo, a fortuna dos europeus e dos Estados Unidos resulta da exploração da mão de obra dos africanos escravizados e das riquezas minerais das Américas. O Canadá, colonizados por franceses e ingleses, entra nesta lista. Vale a pena lembrar essa história quando o presidente Lula vocifera contra as imposições dos negociadores europeus para fechar o acordo comercial com o Mercosul. Já houve um acordo em junho de 2019, vinte anos após os Chefes de Estado e de Governo do Mercosul e da União Europeia iniciarem as negociações.

Este longo processo quase chegou ao final. Mas os europeus, depois da conclusão do acordo, enviaram ao Mercosul uma side letter com novas exigências: querem ter maior participação nas compras de governo e pretendem impor penas aos países da região que não respeitarem as regras de preservação do meio ambiente. É isso que Lula chama de inegociável. Os europeus têm um problema na agricultura deles que é largamente subsidiada. Eles receiam perder participação no mercado interno. Isso pode liberar populações do campo para correr em direção ao emprego urbano. E assim surgirem favelas em cidades como Paris.

As compras governamentais são um capítulo à parte. O Brasil não pode colocar em posição de igualdade estrangeiros com melhor tecnologia que os nacionais. O governo dos Estados Unidos só permite empresas estrangeiras nas compras de governo se houver ganho tecnológico. Talvez critério semelhante possa ser um ponto de convergência entre as demandas contraditórias. Vale o esforço para obter o acordo com a União Europeia. Ele cria um mercado de 750 milhões de habitantes, cerca de 25% do produto interno bruto da economia mundial. Mas os europeus sempre enxergaram os povos do sul com desprezo e olhos de predador. O acordo, se houver, será uma novidade nas relações entre o mundo desenvolvido e o emergente.

Nem tudo pode ser lido em até um ou dois minutos

"Enviarei hoje o link de inscrição para o simulado, e ela poderá ser realizada, através do formulário que enviarei aqui às 14h, até domingo, 16/7."

Estar à frente de uma ação social de educação me faz ter contato com milhares de jovens da rede pública, universitários e graduados de todo o país. Lembro saudosamente de quando uma mensagem como a que comecei esta coluna era interpretada por todos. Hoje, logo após o envio, é seguro esperar respostas como: "Enviará o link que horas?", "Como se inscrever?" e "Até que dia posso fazer a inscrição mesmo?"


Na verdade, sempre houve uma certa desatenção entre os estudantes. Mas o que me preocupa é que vejo, diante dos meus olhos, essa desatenção aumentar exponencialmente. E chegou ao ponto de também atingir nosso time voluntário, que é composto integralmente por discentes e graduados das melhores universidades do país.

No final do ano passado, eles precisaram preencher um formulário de feedback. Foi o único do ano, e tomei a liberdade de criar um que levasse mais de dois minutos para ser respondido. Lembro-me de um estudante de ciências sociais que respondeu a todas as perguntas de forma ríspida, com frases como: "Exemplo de pergunta redundante e desnecessária".

Decidi abordá-lo para entender a razão, e a resposta me chocou: "Ah, é que eu ia responder quando entrei no carro e só tinha dois minutos. Hoje em dia, os formulários precisam ser respondidos em dois minutos ou menos". Ou seja, ele nem leu as perguntas. Ele, estudante de um curso que, embora não seja o meu, sei que requer leitura.

Entendo que estamos cada vez mais vivendo rotinas corridas e que, infelizmente, já não temos tanto tempo assim para a leitura, mas sejamos honestos: no Brasil, até mesmo devido à forma desigual com que nossa nação foi construída, a leitura e a educação nunca foram verdadeiramente democratizadas.

Essa é a base da minha preocupação. Sinto que aqui as coisas não são separadas e vou explicar o que quero dizer: talvez em outro país, toda essa onda de otimizar a comunicação, colocando limites para a "retenção da atenção", tenha apenas o efeito de facilitar a vida das pessoas. Aqui não é o caso. Noto claramente como esse discurso de que "hoje em dia as orientações e vídeos precisam ser lidos e assistidos em até um ou dois minutos" reforça a manutenção do hábito de não leitura, da não atenção e, naturalmente, para a manutenção das nossas desigualdades.

Podemos, sim, assumir o compromisso de, sempre que possível, tentar nos comunicar de forma mais objetiva, mas não devemos assumir o compromisso de toda a comunicação ser de apenas um parágrafo e repleta de emojis. Ainda será necessário, às vezes, lermos conteúdos mais densos, e nem estou me referindo a grandes clássicos, mas sim a importantes trivialidades como editais e contratos de trabalho.

Me vi agindo da mesma forma que uma professora que tive e que um dia julguei: quando alguém pergunta algo que já foi avisado ou que está disponível no drive ou portal, eu respondo algo como: "Essa info você encontra na pasta X" ou "Ah, isso foi enviado ontem no grupo. Dá uma lidinha lá".

Sei que sou interpretado como chato. Na verdade eu sei que sou chato e sei que, muitas vezes, as pessoas estão sim na correria. Eu preciso ainda encontrar o tom certo para abordá-las sobre isso. Mas, em minha defesa, vejo isso acontecendo numa escala tão grande e piorando de forma tão drástica que me preocupa muito.

No ano passado, tive aula com uma professora na USP, cientista social, que não permitia celulares ou computadores em suas aulas. Ela dizia ser uma oportunidade de a gente se "desintoxicar". Eu não sou perfeito e nem estou imune a essa onda de desatenção. Muitas das reprovações que tive na universidade foi simplesmente por falta de atenção na aula e por destiná-la quase que integralmente ao celular. No ano passado, inclusive incentivado por essa querida professora, assumi uma postura de guardar em todas as aulas o celular na mochila e, pasmem, foi o ano em que fui aprovado em todas as matérias e caminhei para a tão sonhada obtenção do diploma, ainda que de forma tardia.

Ela tinha a teoria pessoal de que caminhamos para um cenário em que o cérebro humano corre o risco de atrofiar. Sei que soa catastrófico demais, mas não acho algo 100% improvável. Infelizmente.

Todo esse cenário me deixa tão bravo. Primeiramente, com as empresas de tecnologia por trás das famosas redes sociais. Sei que pode ser ingenuidade minha, mas eu gostaria muito que também se preocupassem com isso e pensassem em políticas que lutassem contra essa onda. Em vez disso, o que fazem é colocar energia nos famosos "vídeos curtos" que só reforçam o problema.

Fico bravo também com as pessoas de influência que assumem o discurso de "hoje em dia tudo precisa ser rápido e lido/visto em menos de um minuto". Tudo mesmo? Será que é realmente necessário?

Por fim, fico triste com nossos alunos, voluntários e com todas as pessoas que estão perdendo o hábito de ler. Não com eles, mas sim por eles. São estudantes, universitários e graduados e, para mim, são o futuro do país, mas como esperar essa postura política e cidadã ativa em um universo que simplesmente não estão habituados ou dispostos a ler?

Temo que não seja possível a jornada rumo ao Brasil igualitário de nossos sonhos em um cenário em que os agentes dessa construção simplesmente não conseguem fazer leituras de textos que levem mais do que dois minutos. Como irão contra-argumentar? Como irão questionar as políticas públicas? Como entenderão os próprios direitos? Como assumirão o papel de cidadãos?

Não vou mentir. Fico apavorado e quero terminar com a provocação: a quem isso está servindo?

Jogar a favor das escolas

A população brasileira não se conforma em perder a Copa do Mundo de futebol a cada quatro anos, mas não se constrange em ficar todo ano entre os últimos colocados na avaliação dos sistemas educacionais feita pela Unesco. Felizmente, começamos a perceber a falência do nosso projeto escolar e a entender as consequências para o progresso do país e o bem-estar de cada cidadão quando condenamos milhões de pessoas ao “analfabetismo para a contemporaneidade”, desperdiçando o potencial de cada uma delas para a construção do futuro.

A realidade mostra que os recursos aportados e os programas adotados nas últimas décadas produziram ligeiras melhorias na qualidade escolar, mas sem evitar que continuemos com uma educação deficiente e desigual.


A superação do atraso não está em mais recursos financeiros nem em mudanças homeopáticas. Exige esforço para um salto nas arcaicas e frágeis estruturas municipais. Porém falta ambição para equiparar nosso sistema escolar aos melhores do mundo e para assegurar a mesma qualidade de ensino a todos os alunos. Um programa recente do governo federal se propõe a alfabetizar as crianças antes dos 8 anos, quando já deveríamos ter estratégias para que fossem também alfabetizadas em pelo menos um idioma estrangeiro, como as famílias abastadas proporcionam aos filhos.

Não há, entre nós, uma consciência de que a educação é o alicerce de uma economia eficiente e de uma sociedade justa. Nem de que o sistema está esclerosado e viciado na própria esclerose, exigindo um novo modelo. Um modelo com professores selecionados entre os mais brilhantes jovens da nação, com novas perspectivas de carreira, formação, remuneração, avaliação e responsabilização. Todos trabalhando em edificações confortáveis e equipadas com os mais modernos métodos e ferramentas da pedagogia. Com todas as escolas em horário integral adotando um currículo adaptado às exigências de hoje. E todos os alunos recebendo o apoio necessário para que possam frequentar as aulas até o final do ensino médio. Alfabetizados para a contemporaneidade.

A tragédia educacional brasileira continuará se arrastando em seus pequenos avanços até que um plano ambicioso permita ao país ter escolas com a máxima qualidade, dentro de um sistema único reunindo os se­tores público e privado. A maior dificuldade para o cumprimento dessa ideia está na falta de ambição em como a educação é tratada. A qualidade escolar nunca foi obje­to de desejo central para eleitores e eleitos.

Depois de 350 anos de escravidão e mais de um século de apartação social, soa estranha a ideia de oferecer educação de mesmo nível a despeito de renda e endereço. Carece a percepção de que o potencial de cada cérebro não aproveitado representa uma perda para a nação. Não temos sentimento coletivo que nos faça sofrer com o fracasso educacional e sonhar que todos os alunos tenham a chance de serem campeões do conhecimento. Fomos campeões de futebol porque todos temos essa motivação em comum. E porque a bola é redonda, em qualquer lugar e para qualquer brasileiro. O campeonato do progresso exige uma mania por educação capaz de redondear também nossas escolas.