"A Guerra dos Chips", de Chris Miller, mostra que, por mais que a informática tenha avançado, ela é e continuará sendo dependente de uma base material, que são os chips, os circuitos integrados. Aliás, a maior parte do incremento do poder computacional de nossos apetrechos tecnológicos se deve a avanços nos chips, que, pela miniaturização, processam cada vez mais informação de forma cada vez mais rápida e eficiente.
E o termo miniaturização não deve ser tomado ligeiramente. Os chips avançados de hoje trazem transistores na escala dos quatro ou cinco nanômetros (bilionésimo de metro). Um átomo tem cerca de 0,2 nanômetro, então estamos falando de transistores do tamanho de alguns átomos. É uma escala tão diminuta que engenheiros precisam criar truques para evitar que os bizarros efeitos quânticos interfiram no funcionamento dos chips.
Os equipamentos necessários para a produção desses chips são verdadeiros monumentos à engenharia. Só o aparelho usado para imprimir litograficamente os circuitos, que utiliza raios ultravioleta extremos, tem 457.329 peças. São investimentos de centenas de bilhões de dólares que não duram mais que três anos, já que a tecnologia não para.
O resultado de tamanha complexidade é que a indústria de chips está restrita a poucos "players" confinados a um número ainda menor de países. Um deles é Taiwan, com a TSMC. O país produz 11% dos chips de memória e 37% dos chips lógicos, o que tem profundas implicações geoestratégicas.
Numa narrativa envolvente, Miller conta toda a história dos chips e mostra como eles moldam não só a tecnologia mas também as relações entre as potências.
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