quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Caça a Lula

Não restam dúvidas de que a caça a Lula começou no Brasil, ao mesmo tempo em que é organizado um exército de defensores e até mesmo de aduladores do popular político que poderá acabar de vez com ele ao invés de ajudá-lo a sair de seu atoleiro.

Quem são os verdadeiros caçadores daquele que foi considerado o Moisés que tirou milhares de pessoas da escravidão da pobreza? Não estaremos diante de uma ilusão?

Lula, o primeiro Presidente da República sem formação e que representava a classe trabalhadora, se transformou no político mais popular, admirado e amado não só no Brasil, mas em meio mundo.

O Presidente do país mais importante do Planeta, Barack Obama, em 2009, durante a reunião do G20, o alçou à fama ao declarar que Lula era “o cara”, ou seja, o político mais famoso naquele momento. O mandatário norte-americano chegou a dizer: “Eu o adoro”.

Os grandes do mundo faziam fila de espera para encontrá-lo no Palácio do Planalto e choviam convites para que ele visitasse outros países e contasse seus feitos. Empresários e banqueiros se ajoelhavam aos seus pés. Colocou o Brasil na moda.


No inconsciente coletivo, Lula não só havia resgatado milhões de brasileiros da pobreza e da miséria devolvendo-lhes a dignidade de se perceberem como pessoas, como contribuiu talvez como nenhum outro no passado a exaltar a imagem do país fora de suas fronteiras contribuindo para curar os brasileiros do atávico complexo de inferioridade definido graficamente por Nelson Rodrigues como “complexo de vira-latas”.

Sua capacidade política e sua destreza em saber conquistar as pessoas o transformaram no personagem admirado por pobres e ricos, intelectuais e analfabetos. Lula era Lula, sem discussão.

Hoje seu trono começa a balançar assediado pelas suspeitas de ter se beneficiado com práticas ilegais na relação com empresários que teriam enriquecido ele e sua família.

Alguns se perguntam: Por que Lula é caçado com maior afinco do que outros políticos até mesmo já incriminados por corrupção?

Porque é mais difícil perdoar o mito e quando sua força simbólica começa a enfraquecer, a vontade de derrubá-lo fica mais aguda.

Dizem que Lula reúne advogados e criminalistas para defendê-lo. Que melhor advogado do que ele mesmo? Se ele talvez precisasse estar alerta para que esses defensores e aduladores não acabem de vez com ele ao invés de protegê-lo.

Existe o perigo de que no afã de defender o chefe e amigo, acabem colocando em sua boca afirmações que Lula, político astuto e sagaz, dificilmente pronunciaria.

Estou certo de que Lula, considerado o ídolo de milhões de pobres deste país que o enxergaram como um deles, vindo da pobreza extrema do Nordeste, nunca lhes diria, por exemplo, que se recusou a comprar um tríplex, de quase duzentos metros quadrados no litoral de São Paulo, em frente ao mar, luxuosamente mobiliado, porque lhe pareceu um muquifo.

É o que Lula teria alegado como motivo para não o adquirir, segundo seu amigo Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, na pressa em demonstrar que o imóvel não é seu.

Em entrevista ao jornal O Globo, Marinho afirmou que Lula disse, ao visitar o tríplex: “Pô, é um muquifo. Não é o que eu sonhava, agora estou numa dúvida cruel, não sei se fico ou não”.

Defesa bumerangue que se volta contra Lula já que é fácil imaginar o que milhões de trabalhadores brasileiros que vivem em muquifos de verdade pensariam sobre ele, pai dos pobres, dizendo que esse tríplex em frente ao mar “não era o que ele sonhava”.

Soa quase cruel.

Nessa indiscutível caça a Lula, que leva as pessoas na rua a perguntarem “já o pegaram?”, é preciso se perguntar quem são os caçadores que têm pressa em capturar a fera.

Que Lula não se engane. Esses caçadores não estão na imprensa, que cumpre com seu dever de informar e que também deve ser castigada quando mente e quando transforma o boato em notícia. Foi essa mesma imprensa – que Lula não se esqueça – que durante os oito anos de sua Presidência o colocou no topo fazendo com que a oposição se desvanecesse. E o ajudou a eleger sua sucessora Dilma Rousseff.

Os caçadores também não se encontram na justiça, hoje uma das instituições mais admiradas dentro e fora do país e que cumpre com seu papel democrático de que diante de um juiz não devem existir privilégios e indultos para os poderosos.

Como no velho ditado romano, que dizia que para conhecer o autor do crime, é preciso se perguntar: “quem se beneficia?”, Lula deveria se perguntar a quem essa caça interessa. Talvez tenha algumas surpresas.

O escritor italiano Leonardo Sciascia, o grande especialista da máfia siciliana, me explicou, durante o sequestro de Aldo Moro, líder da Democracia Cristã, pelas Brigadas Vermelhas, que quem gostaria de saber de seu paradeiro deveria buscá-lo “o mais próximo possível do centro”. Acertou. Moro não estava preso nas cercanias de Roma onde a polícia o buscava. Ele estava a dois passos dos palácios do poder.

Aplicado a Lula, talvez os mais interessados em caçá-lo estejam mais próximos dele do que Lula pode imaginar.

A melhor forma de se defender? Contando à nação com a qual ainda tem forte apelo mítico a verdade das coisas, com suas luzes e suas possíveis sombras. Os brasileiros têm uma grande capacidade de compreender e até perdoar se for o caso. O que não aceitam é mentiras e serem feitos de bobos.

A verdade, até os livros sagrados o dizem, é a maior força de quem é acusado justa ou injustamente. Somente ela nos devolve a dignidade e a liberdade.

Lula deveria se lembrar do ditado espanhol que diz: “Deus me livre dos meus amigos, que de meus inimigos cuido eu”.

Sempre foi mais fácil se defender dos inimigos ocultos na sombra do que dos que agem à luz do sol.

Lula certamente sabe disso.

Microcefalia petista

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Minúsculo mosquito de 5 milímetros bastou para demolir a soberba petista. A terrível epidemia de zica é o retrato em preto e branco de quatro governos, cujo único programa social se reduziu ao assistencialismo eleitoreiro e estéril da bolsa-família.
Não bastasse a corrupção, a rápida propagação da doença traz à tona o quadro de desagregação familiar, do abandono da infância, da falência da educação, do colapso do Sistema Único de Saúde, da falta de trabalho, de emprego, de moradia, de saneamento básico. A demagogia populista nos reduziu à pior situação da história, colocando-nos em pé de igualdade com as mais atrasadas nações africanas.

O país do Carnaval

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Lula e a lanterna de Diógenes

A lista dos que chegaram a Brasília de ônibus e passaram aos jatinhos tem o tamanho do cordão dos puxa-sacos. Quem ainda é pobre nesse governo?

O PT seguiu, mais no instinto do que no texto, o script dos países comunistas, cujos dirigentes ocupavam os pavimentos privilegiados de um curioso edifício social em que os indigentes subsolos eram para o povão e as coberturas para a elite. Postão para a turba, Sírio Libanês para a nomenklatura. É isso que torna as revoluções sociais e o comunismo tão atraentes a certos indivíduos. Ninguém - ninguém mesmo! - milita em revolução para continuar trabalhando no chão da fábrica, se me faço entender. No mínimo, o sujeito mira a cadeira do diretor. Nesse esquema, não é o proletariado que sobe. O proletariado serve apenas para catapultar os revolucionários e sua visão generosa de mundo às cobiçadas coberturas, não é assim Lula?


Aliás, quando nosso ex-presidente diz que não tem pecado e risca o chão ao lado dos homens mais virtuosos do Brasil, está expressando o que, de fato, pensa de si mesmo. Os critérios morais segundo os quais nós o julgamos nada significam para quem se olha no espelho com incomparável orgulho do que conseguiu ser. Daí a angustiante inconformidade ante as nuvens carregadas que descem sobre seu destino. Lula sempre se sentiu credor do direito de ser patrocinado. Desde que engavetou sua Carteira do Trabalho, sempre houve alguém que lhe pagasse as contas, fosse como líder sindical, dirigente político, congressista, presidente do partido, presidente ou ex-presidente da República.

Hoje, enquanto um frio lhe corre pela espinha a cada imagem do japonês da Federal, ele deve estar lembrando de outro japonês do PT, amigo das horas certas e incertas, o compadre Okamoto, que passou parte da vida cuidando de suas despesas.

Esse hábito de não responder pelos próprios gastos deforma o caráter. Dispensa um treinamento pelo qual quase todos passamos, a partir da primeira mesada que nos toca administrar. Lula, se um dia aprendeu, a marcha para o poder o levou a desaprender. Há muitos anos instalou-se, para ficar, na rubrica dos custos de manutenção do PT.

Diante desse perfil psicológico, se entende o esforço do Instituto Lula, seus advogados e porta-vozes do petismo em afirmar que o triplex de Guarujá e o sítio de Atibaia não estão registrados em nome de Lula. E daí? Sob o ponto de vista moral, sob uma lanterna como a de Diógenes, pouca diferença há entre ser dono dos frutos ou dos usufrutos. Ser proprietário dos bens ou deles se servir como se fossem seus. Principalmente quando favores de tais proporções provêm de empresas que mantêm negócios vultosos e criminosos com o governo de seu partido. Recusar insolentemente a gravidade disso dá causa a muitos dos escândalos que chegam ao conhecimento público.

Percival Puggina

Lula cria epitáfio de uma era: 'Cometemos erros'

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Lula celebrou o aniversário de 36 anos do PT. Declarou a certa altura: “É certo que cometemos erros, e quem comete erro tem que pagar.” A frase tem dupla serventia. Demonstra, uma vez mais, que os petistas não enxergam no espelho desbravadores do Código Penal. De resto, ao usar o vocábulo “erro” como eufemismo para crime, Lula, hoje um personagem multi-investigado, criou sem querer o epitáfio de uma era: “Cometemos erros.”

Afora a frase digna de lápide, todo o restante do vídeo tem um conteúdo auto-congratulatório. Para Lula, o PT é o partido mais importante da política brasileira. A legenda deu “vez e voz ao trabalhador” e implementou políticas sociais como nunca antes. Por essa razão, “é o partido que vive sempre enfrentando os adversários conservadores, que não aceitam o jeito petista de governar.” Hummm!

O trágico, o essencial mesmo na lição do drama petista é essa ideia de que tudo foi feito com a melhor das intenções. É como se Lula se absolvesse do seu passado recente, idealizando-o. Avalia que governou com a virtude no coldre, distribuindo rajadas de perversão, pelo bem do Brasil.


Converteu o PT em máquina coletora de fundos, levou a Petrobras ao balcão, avalizou as nomeações dos petrogatunos, aliou-se a sarneys, renans, collors e malufs, achegou-se aos empreiteiros… Não protelou seus crimes, protelou apenas a culpa. Cozinheiro de omeletes, Lula não concede a si mesmo a brecha de uma dúvida ético-existencial sobre o seu direito de quebrar os ovos.

O mito petista, já um tanto gasto, tenta conservar seu fascínio enquanto a Polícia Federal, a Procuradoria e o juiz Sérgio Moro se esforçam demonstrar que, no poder, Lula e o PT cruzaram com seus limites, romperam com esses limites e foram perdendo pelo caminho algo vital na esfera pública: o recato.

Lula estava muito preocupado fazenda a história para compreendê-la. Hoje, com a aparência cansada, virou uma paródia grotesca do heroi idílico do PT. Vendeu os ideais para financiar sua aventura. Em vez de ascetismo, a propina. Daquele sonho de 36 anos atrás só resta o espólio da conquista e o epitáfio: “Cometemos erros.”

Depois do Carnaval, a dura realidade que nos confronta

Apesar da manchete (de primeira página) da “Folha de S. Paulo” estampada na edição do último domingo baseada em dados negativos recentes – que a levaram a afirmar que “a economia brasileira caminha para mergulhar em um período de três anos consecutivos de recessão” –, o povo brasileiro ainda encontrou ânimo para participar do Carnaval – a nossa maior e mais bonita festa anual. “A última vez”, disse a “Folha”, “que o PIB, medida da produção e da renda, recuou por dois anos seguidos, foi no biênio 1930-31, após a grande crise de 1929”.

Belo Horizonte, por exemplo, cidade antes procurada pelos que queriam fugir do furdunço – mas que já teve antes, nos clubes e em algumas vias públicas, com ênfase na avenida Afonso Pena (refiro-me ao tempo do corso), um alegre e bonito Carnaval –, com certeza encontrou, nos blocos espalhados pelos seus inúmeros bairros, a performance ideal. Foram, sobretudo, dias e noites de total desabafo.

Só que, passada a festança, o povo se volta para a realidade econômica e política vivida hoje por um país totalmente a esmo e, o que é pior, sem lideranças capazes de lhe ditar um rumo seguro, com vistas à retomada do crescimento. Milhões de desempregados (a face mais cruel da recessão) suplicam, desesperadamente, por socorro.

Com uma presidente sangrando e a maior liderança de seu partido correndo o risco de se esfacelar, ainda assistimos, estupefatos, ao desenrolar da operação Lava Jato. Depois de viver no mensalão pressões e constrangimentos de todo tipo, Lula, agora, se mostra incapaz de qualquer reação diante das graves acusações que pesam sobre ele e sobre integrantes de sua família. Seu recolhimento, interrompido ou pelo presidente do PT, Rui Falcão, ou pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (ambos ficariam bem melhores na fita se adotassem o silêncio), espalha insegurança e insatisfação não só na base que apoia o governo Dilma, mas mesmo entre petistas, que não recebem de seu líder orientação sobre a defesa que dele devem fazer.

Na última defesa que fez do amigo, Falcão, em nota publicada no site do partido, afirmou que, no Brasil, nunca um ex-presidente foi “tão caluniado, difamado, injuriado e atacado como o companheiro Lula”. Para ele, o que todos assistimos é um verdadeiro linchamento moral e político, baseado em “denúncias sem provas”.

Só que a realidade é muito diferente disso, leitor.

Quem está sendo acusado hoje de desvios graves de conduta (como político) não é um ex-presidente da República, mas um simples cidadão. Segundo o jurista Joaquim Falcão, da Fundação Getulio Vargas, “do ponto de vista legal, não se investiga nem presidentes, nem ex-presidentes. Investiga-se o cidadão comum, igual aos outros”.

Há, no mundo inteiro, inúmeros exemplos de que é assim que se consolida o regime democrático. Por outro lado, “o legado de realizações a favor dos mais pobres”, constantemente mencionado em defesa do governo Lula, como o fez agora o mesmo Rui Falcão, corre o risco de dar para trás. E ele, por si só, não o isenta de responder, em juízo, o que possa ter feito contra o povo que um dia quis ajudar.

Essa história, preconizada pelo presidente do PT, de que já se explicou tudo e que, na verdade, tudo não passa de uma farsa criada por uma “mídia conservadora” não repercute mais, se é que algum dia repercutiu.

Que os milhões de brasileiros que foram às ruas para o Carnaval possam fazer o mesmo em defesa da moralidade pública.

É preciso refletir e agir

A espécie humana, no uso da sua racionalidade, sempre procurou, num infindável processo de aperfeiçoamento, organizar a sociedade como instrumento necessário à sua sobrevivência e à explicitação de sua dignidade essencial, seus direitos e deveres, de forma justa, livre e democrática.

Chegamos até o momento atual. Tentemos, no entanto, responder às seguintes indagações:

— É justo e lógico que, realizada uma eleição, os escolhidos só possam ser julgados pelo seu desempenho, como representantes do povo, numa próxima eleição, quatro anos depois, por suas reeleições ou não?

— É justo e lógico que os partidos políticos desconheçam seus princípios doutrinários e programáticos, servindo apenas como instituições para o registro de candidatos, e não como organizações intermediárias entre o povo e o Estado onde, permanentemente, se realiza o diálogo entre os eleitores e os seus representantes?

— É justo e lógico que os verdadeiros eleitores sejam os marqueteiros, regiamente remunerados, que formam a opinião pública segundo as cada vez mais apuradas técnicas de propaganda, de psicologia social, de massificação de ideias e imagens, e não o povo honestamente informado sobre suas opções?

— É justo e lógico que cidadãos analfabetos ou semialfabetizados, sem capacidade de discernimento, votem na escolha dos representantes do povo, em nível federal, que no Legislativo (o supremo poder) e à testa do Executivo conduzirão a nação num mundo cada vez mais complexo e de difícil convivência?

— É justo e lógico que partidos, candidatos desonestos e medíocres sejam eleitos, utilizando-se dos instrumentos legais acima descritos — mas ilegítimos do ponto de vista ético —, conduzam o país e seus iludidos eleitores na direção do caos social, da anarquia econômica, com o inevitável sofrimento do desemprego, da inflação e da violência que se instala progressivamente?

— É justo e lógico que candidatos totalmente ignorantes do que realmente se passa no mundo das ciências, das artes, da perspectiva histórica que move as nações e dos princípios do direito positivo, sejam eleitos sem se submeterem a um concurso, anterior às eleições, de tal forma que, pelo menos, não sejam escolhidos candidatos totalmente idiotas para nos governarem ou criarem as nossas leis?

O Congresso Nacional, reunindo o pouco da dignidade que lhe resta, deveria providenciar, com urgência, esta transição para um mais aperfeiçoado patamar de convivência política, por meio de emenda constitucional, passando o poder para o Supremo Tribunal Federal, que presidiria e explicitaria o necessário processo de mudança, ainda em 2016.

Creio ser esta uma alternativa a ser debatida. Os parlamentares e os governantes, em nível federal, que aí estão não são confiáveis e precisam sair — os poucos bons serão reeleitos. Isto parece justo e lógico — o processo de aperfeiçoamento da democracia nunca cessa.

O Brasil não aguentará esperar por 2018 — já estamos vivendo os primeiros momentos de uma guerra civil com a violência urbana, o tráfico de drogas, a corrupção generalizada e a incompetência governamental. O momento não é de discussões acadêmicas que já ocorreram nos últimos três séculos, pois a nação brasileira está se esfarelando aos nossos olhos.

Eurico Borba

O maior de todos os erros

Como regra, artigos assinados por Rui Falcão, presidente do PT, no site de seu partido têm tanta relevância quanto discursos corriqueiros em câmaras de vereadores interioranas. Uma exceção é o texto de escassas 231 palavras publicado há três dias, que convoca uma insurgência contra o Judiciário. Falcão não emite uma opinião, não mobiliza argumentos, não deflagra um debate. De fato, anuncia uma operação política articulada pelo próprio Lula. Se levada adiante, ela será o maior de todos os erros do ex-presidente.

Lula encontra-se sob investigação. No âmbito da Lava-Jato, a Polícia Federal colhe informações sobre imóveis do edifício Solaris, no Guarujá, inclusive um tríplex reformado pela OAS para o ex-presidente. O Ministério Público de São Paulo convocou-o a prestar depoimento sobre o misterioso caso do sítio em Atibaia, que utiliza como se fosse proprietário, reformado por um pool de empresas envolvidas no “petrolão”. Ele também é investigado no âmbito da Operação Zelotes, que trata de um suposto esquema de compra de medidas provisórias. Na mira do texto de Falcão encontram-se as três investigações, que jamais recebem menção explícita.

“Nunca antes neste país”, escreve o presidente petista, produzindo uma ironia involuntária, “um ex-presidente da República foi tão caluniado, difamado, injuriado e atacado como o companheiro Lula”. Até aí, nada. O trecho que interessa aparece na sequência: “Inconformado com sua aprovação inédita ao deixar o governo, o consórcio entre a oposição reacionária, a mídia monopolizada e setores do aparelho de Estado capturados pela direita quer convertê-lo em vilão”. Como a “oposição reacionária” e a “mídia monopolizada” não têm poder para instaurar inquéritos, o alvo do chamado à militância são os “setores do aparelho de Estado capturados pela direita” — isto é, na deplorável linguagem escolhida pelo lulopetismo, o sistema de justiça.

As investigações em curso evidenciaram que Lula recebeu favores extraordinários de grandes empresas condenadas por corrupção em negócios com a Petrobras. A promiscuidade entre o ex-presidente e os empresários corruptos foi tacitamente admitida por Gilberto Carvalho, o principal lugar-tenente de Lula, que qualificou os presentes como “a coisa mais natural do mundo”. No estágio atual, a imagem do segundo “pai dos pobres”, propalado sucessor de Getúlio Vargas, já sofreu ferimentos políticos talvez incuráveis. Mas, na esfera criminal, Lula só será indiciado se emergirem sinais convincentes de que ele atuou para retribuir os favores recebidos, subordinando o interesse público aos interesses dos generosos empresários. Nesse contexto, o grito de guerra de Falcão parece uma tentativa de intimidação da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário. Na hipótese de inocência de Lula, é um erro dramático.

Um raio no céu claro? Não. Perto do texto de Falcão, no site do PT, encontra-se a convocação da Frente Brasil Popular para um ato público em defesa de Lula, diante do Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, em 17 de fevereiro, na hora marcada para o depoimento do ex-presidente. A Frente Brasil Popular é formada por PT, PDT e PCdoB, além de diversas entidades e movimentos sociais, como a CUT, a UNE, o MST e a Associação Juízes pela Democracia. Na convocação, denuncia-se uma “postura golpista e antidemocrática” de “setores do Poder Judiciário”. De fato, o campo político liderado pelo PT está dizendo que investigar Lula é uma ousadia inaceitável. A democracia exige o privilégio, a desigualdade perante a lei — eis a estranha mensagem veiculada pelo lulopetismo (e, curiosamente, por “juízes pela democracia” engajados numa mobilização partidária contra o Judiciário).

Um compêndio sintético dos erros de Lula exigiria um pequeno livro. Contudo, até hoje, a lista não abrange um ataque direto às instituições da democracia. No seu ativo, o ex-presidente tem o respeito ao princípio da alternância no poder, sedimentado pela decisão de virar as costas ao movimento continuísta ensaiado entre correntes do PT. Tem, ademais, apesar de inúmeras hesitações, o reconhecimento das prerrogativas do Judiciário, expresso nas suas declarações, à época do “mensalão”, de que “os companheiros que erraram devem responder por seus erros”. A operação política anunciada por Falcão e pela Frente Brasil Popular, que não existiria sem a concorrência do próprio Lula, representará uma ruptura histórica.

José Dirceu, José Genoino et caterva ergueram o punho para declararem-se presos políticos na hora da execução de suas sentenças de prisão. Lula, porém, exercitou a prudência, afastando-se sabiamente das manifestações dos seus. Preservou, com isso, o fio que conecta o PT à democracia. Todos podem apontar, justificadamente, as pequenas rebeliões petistas contra o sistema de justiça. Ninguém, contudo, tem o direito legítimo de atribuí-las ao núcleo dirigente do lulopetismo, que só opera com o aval de Lula. A distinção não tem importância para as vozes extremistas que pregam o banimento do PT, mas é crucial para a maioria moderada da opinião pública. É ela que, agora, está em jogo.

No ato diante do fórum da Barra Funda, os militantes organizam-se para ecoar a palavra de ordem “Lula é meu amigo; mexeu com Lula, mexeu comigo!”. O PT está, inadvertidamente, oferecendo uma perigosa sugestão. Será que Falcão usará a palavra “golpismo” se Eduardo Cunha aparecer com uma chusma de apoiadores iracundos para intimidar policiais, procuradores e juízes num futuro depoimento como investigado?

Numa democracia digna desse nome, o cidadão Lula da Silva não possui direitos especiais, superiores ao do cidadão Cunha ou de qualquer anônimo. O cerco de um fórum por milicianos, mesmo se desarmados, equivale a dizer que a lei é propriedade de quem tem as ruas. Lula parece esquecer-se disso. Os demais brasileiros lembrarão.

Demétrio Magnoli 

Homem-morcego

Vou perguntar só mais uma vez, para ver se a gente entende: o que tem cara de elefante, tromba de elefante, rabo de elefante, peso de elefante e ainda assim não é um elefante? O Estadão parece insistir na tese da legitimidade disso que aí está. Não consegue ver – porque não quer – que Dilma não é um acidente de percurso na petralharia ou um ponto fora da curva dos governos de esquerda que se aboletaram naquela cadeira.

A vontade de emprestar alguma dignidade ao governo do lulão, aquele mesmo que pilhou até os crucifixos do palácio numa desavergonhada esbórnia que misturou a coisa pública e sua privada, faz o jornalão esquecer que Dilma é o subproduto desta desgraceira, colocada lá tão somente para esquentar a cadeira do chefe. Ao adquirir vida própria, essas coisinhas paridas nos aparelhos rombudos da esquerda terrorista só enxergam a tal “luta” que tanto os persegue e tonteia.

Pela madrugada, Batman!!! Que diabos de defensores da lei, da justiça e do reinado das palavras que foram arranjar em nossa Gotham City, não é mesmo? Tá difícil enxergar o óbvio? Já disse aqui mesmo – e reitero – que não sou conspiracionista. Mas não deixo de enxergar claramente nessa quadrilha uma mentalidade, um modus operandi e uma sequência de atitudes – todas torpes – que desembocaram nessa falência dos múltiplos órgãos públicos que nos rodeia.

Isso é a esquerda no poder, meus caros. Uma confraria de biltres que, quando não está fingindo que governa, está fingindo que escreve editoriais isentos. Afirmar que “é muito provável que os tucanos tenham cometido ilicitudes que precisam ser investigadas” é de uma calhordice editorial que não tem tamanho, não é mesmo? O que eles estão dizendo é que eles mesmo não tem competência para o jornalismo investigativo, o que seria a mola mestra de um jornal, tornando o provável que eles insinuam PROVADO.

Como não está provado, pode ser notícia falsa, plantada para nivelar os diferentes e inadmissível numa publicação do porte deste diário. Pode ser calúnia, o que mereceria uma pesada advertência do governador do Estado, uma vez que não dá pra investigar o que é “provável”, mas não tem indícios. Fala serio. Onde pariram este escriba?

Em tempo: o que tem cara de elefante sem ser elefante é uma carcaça de elefante — o que vai sobrar destes governos e o que eu já expliquei aqui mesmo. Aquela carcaça que a gente vem carregando nas costas e que vem pesando no lombo, patrocinada por quase todo o jornalismo brasileiro. Vai indo que eu não fui.

'Californication' , ou assim são nossos políticos


Zeca, de copo na mão, agachado
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho de José Dirceu, condenado no mensalão e agora preso em Curitiba na Lava Jato, divide-se entre praias paradisíacas da Califórnia ou Santa Catarina, e points do sofisticado circuito Paris/Londres/Amsterdã/Punta Del Este. Na última semana, ficou entre a ferveção de camarotes vips no circuito Barra-Ondina do badalado carnaval de Salvador e praias do “sul do mundo”. Num dos seus posts nas redes sociais, para gáudio dos petistas, escreveu em foto em La Jolla Beach, em San Diego, a legenda “Californication”. 
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Por que não eliminamos os mosquitos da Terra?

Uma criatura chata. Sanguessuga e fonte de contágio de doenças, é difícil ser querido mesmo pelos amantes da natureza. O temido mosquito é agora o principal suspeito do aparecimento repentino e pela expansão do zika vírus na América Central e do Sul. O zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, uma espécie tropical conhecida pela disseminação de doenças, tais como a febre amarela e a dengue.


Existem cerca de 3.500 espécies de mosquito, um número modesto para uma família de insetos, mas seu impacto sobre o bem-estar e a saúde humana é catastrófico. A fêmea do mosquito Anopheles carrega o parasita que causa mais de 500.000 casos de malária por ano, enquanto o mosquito asiático Tigre, oAdes albopictus, transmite a dengue e o vírus chikugunya. Os mosquitos têm sido vetores de doenças emergentes, como o vírus do Nilo Ocidental e agora o zika.

Os mosquitos causam mais perdas e miséria para a humanidade do que qualquer outro organismo (com a exceção óbvia de nós mesmos). Os mosquitos são criaturas odiadas, nervosas e irritantes; suas larvas contaminam lagos e pântanos. E, com as condições adequadas, são pioneiros expansionistas, se sentem em casa nos habitats alterados que criamos.

Isso nos leva a fazer as seguintes perguntas: que bem fazem esses dípteros? E se pudéssemos exterminá-los da face da Terra? Deveríamos fazê-lo?

Como observa a ecóloga Sarah Fang, o consenso é que os mosquitos não fazem nada particularmente bom do qual pudéssemos sentir falta. Se os julgamos considerando a ideia doce, mas evocativa do ecólogo Charles Elton, de que toda criatura tem um nicho, assim como todas vilas inglesas têm um elenco de personagens com seus respectivos lugares (açougueiro, padeiro, policial) ficaria uma ponta solta: os mosquitos não têm um propósito especial. Então, não sentiríamos saudades deles, certo?
Os amantes dos mosquitos discordam

Podemos dividir os argumentos a favor dos mosquitos em duas categorias. A primeira argumenta que, sendo tão numerosos, se tornam parte essencial da cadeia alimentar, especialmente nas tundras árticas, onde durante as poucas semanas de verão surge uma grande quantidade de mosquitos que servem de alimento para as aves migratórias que chegam ao Norte para explorar essa riqueza.

Fang também sugere que os ataques de mosquitos podem ser suficientemente ferozes para desviar as rotas de migração de renas, cuja total liberdade teria consequências negativas tanto sobre a paisagem quanto para a pastagem. Em um relação extraordinariamente exata entre mosquitos e seus predadores, um estudo sobre a espécie Vespadelus vultuernus, pequenos morcegos encontrados no leste da Austrália, revela uma forte dependência dos morcegos adultos ao mosquito Aedes vigilax. Assim, o fato de esses morcegos precisarem dos mosquitos pode ser um argumento para começar a respeitá-los.

Os mosquitos jovens são importantes em cadeias alimentares aquáticas, como presas de espécies como o peixe-mosquito, o Gambusia affinis, ou em pequenas poças de água parada nas folhas de plantas carnívoras, arbustos e copas das árvores. Uma fauna muito reduzida que habita essas folhas e ramos, como rãs venenosas e caranguejos, se alimenta dos corpos de larvas de mosquito que flutuam nas poças. Mas, além das rãs venenosas e morcegos, que têm seu próprio fã-clube entre os ambientalistas e amantes da natureza, é pouco provável conseguir influenciar a maioria das pessoas a se posicionar a favor dos mosquitos.

O segundo argumento é que os mosquitos prestam serviços ambientais, como a polinização realizada pelo inseto adulto, ou a liberação de nutrientes que acontece quando suas crias se alimentam de resíduos orgânicos. Mas, embora os mosquitos possam atuar como polinizadores de plantas, como as orquídeas, eles não têm o monopólio, não são especialmente concebidos para essa atividade, e há uma grande quantidade de polinizadores para ocupar seus lugares.

Embora a redução do número de abelhas seja um exemplo que ilustra como colocar um ecossistema em perigo, os mosquitos são apenas mais uma parte mal compreendida e pouco estudada do processo de polinização, no qual muitas peças estão envolvidas.
E continuam discordando

Como o explorador português João de Barras disse sobre os trópicos: "Deus colocou um anjo impressionante com uma espada flamejante de febres mortais [os mosquitos] que nos impede de penetrar no interior deste jardim".

Assim, não parece haver nenhuma boa razão para defender sua existência. Além do mais, destruí-los não só nos abriria caminho, mas iria libertar a humanidade de uma terrível maldição. Com exceção de um pequeno detalhe...

Todo o sangue nutritivo e quente estaria disponível. E há muitos outros bichinhos por aí, como moscas e pulgas, aguardando o momento de entrar em cena. Cuidado com o que você deseja.

Mike Jeffries ( Este artigo foi publicado originalmente no site The Conversation)

Maluqueceu

Um jovem amigo meu que está morando nos Estados Unidos me pergunta no seu linguajar de pós-adolescente: “A Dilma maluqueceu ou está fumada”?

Se está fumada eu não sei, mas parece que maluqueceu mesmo.

Sua presença e participação na abertura dos trabalhos do Congresso é prova contundente de que, se não maluqueceu total, não anda lá muito bem da cabeça. Só pode ser isso para justificar que ela continue no mundo a lua. Como se não tivesse nada que ver com os milhões de desempregados e com a inflação galopante, ela apresenta propostas requentadas para que o Brasil “retome o crescimento” (sic).

Como se não bastasse os anúncios que fez no Conselhão, de colocar bilhões de crédito no mercado e permitir que o povo endividado use parte do FGTS para contrair mais empréstimos (quem vai querer mais dívidas numa hora destas?), ela insiste na ressurreição da CPMF, um imposto perverso que rouba mais recursos principalmente dos pobres, como se isso fosse única porta viável para entrar no paraíso que ela prometeu em sua famigerada campanha eleitoral de 2014. Ela deve ter maluquecido mesmo para achar que a Câmara vai aprovar uma insanidade destas e que o povo, que já defenestrou a CPMF no passado, vai engolir mais este confisco só porque ela quer.

Parece que aumentar impostos é a única coisa que seu governo sabe fazer, já que não sabe fazer mais nada mesmo: aumenta impostos sobre ganhos de capital num país descapitalizado e, como a primeira mandatária está de regime, avança sobre o chocolate. Sem falar no aumento do IPI sobre os cigarros, para alegria dos nosso “hermanos” paraguaios, cujas marcas vão aumentar ainda mais seu “share” e consolidar sua liderança de mercado.

O Senador Álvaro Dias diz, na sua propaganda política grátis e obrigatória na rádio e TV, que o governo é corrupto e incompetente. Falta dizer que é irresponsável, adjetivo que vai para a história como a principal característica do lullopetismo. Só um governo irresponsável poderia fazer o que foi feito nos últimos 13 anos e que não revela a menor preocupação com a moralidade e a decência. Enquanto a chefe da nação pega o “Aerolula” para uma visita de estado ao seu netinho em Porto Alegre (onde não foi depois da tempestade que praticamente devastou a cidade), nascido em hospital de luxo, a FAB faz mais de 2 mil voos por ano transportando “autoridades”, para, entre outras coisas, assistir casamentos e batizados, ao mesmo tempo que informa não ter disponibilidade para fazer mais dos que os 40 e poucos minguados voos que fez no ano passado para salvar vidas levando órgãos humanos para transplante.

Este é, infelizmente, o país onde vivemos. O nosso país, e não deles. Um dia vai mesmo chegar a hora do nós e eles, como quer o PT, mas do nosso nós contra o deles, quando exigiremos, de uma forma ou de outra, que nos devolvam a nação que nos afanaram e que criamos. Uma nação que tinha (e tem!) tudo para ser próspera e desenvolvida, sem falar em moral e ética.

Contam na internet uma piada velha mas atual.

Dizem que Jesus Cristo perguntou ao Presidente Joâo Figueiredo por que ele tinha 12 ministros.

Figueiredo respondeu de bate pronto: “Mas o Senhor não tinha 12 apóstolos?”´.

Passados alguns anos, Ele perguntou para Dilma porque tinha 40 ministros.

Reposta de Dilma, também de bate pronto “Mas Ali Babá não tinha 40 auxiliares?”.

Fazemos votos ardentes de que a Lava Jato e a Zelotes, entre outras operações, nos livrem de uma boa quantidade deles. Desempregados, muito provavelmente serão acolhidos pelo ex-presidente no seu triplex no Guarujá, no seu sitio em Atibaia ou na mansão em Angra dos Reis, que os guias turísticos apresentam como “a casa do Lula”. Os dois últimos imóveis estão em nome de Jonas Suassuana, sócio de seu filho mais velho, hoje um milionário que, segundo dizem, é, entre outas coisas, o maior criador de bois do Estado do Pará, uma atividade para a qual deve ter adquirido muitos conhecimentos quando, ainda recentemente, era funcionário do Zoológico de São Paulo. Jonas Suassuna, por sua vez, ficou rico quando, publicitário no Rio de Janeiro, teve a brilhante ideia de inventar uma edição sonora da Bíblia na bela voz de Cid Moreira, então âncora do Jornal Nacional da TV Globo. Vendeu milhões de CDs e ganhou uma fortuna, merecidamente. Mas como não se tem notícia de tenha feito outra coisa espetacular depois dessa, teme-se que a grana daquela época não seja hoje suficiente para bancar as polpudas gentilezas que.anda fazendo para o pai do seu sócio, em parceria com a Odebrecht e a OAS.

Por esta e outras que sou forçado a concluir que quem maluqueceu fui eu, que continuo por aqui botando a boca no trombone enquanto a caravana passa sem me dar a menor bola...

Nem para mim, nem para mais de 80% da população brasileira.

Flávio Faveco Corrêa