segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Supremo cria 'processos ocultos'
O Supremo
Tribunal Federal (STF) mantém processos tão ocultos que sequer aparecem na
internet as iniciais dos investigados ou a data em que eles tiveram início. E
embora não haja previsão clara no Regimento Interno do Supremo para esse tipo
de procedimento e a medida cause divergência entre os ministros da Corte,
apenas este ano ao menos oito inquéritos contra autoridades foram registrados
como ocultos. Por conta disso, as investigações correm sem que os advogados ou
as partes envolvidas tenham acesso aos documentos. Apenas os servidores da
Secretaria Judiciária e alguns funcionários designados pelos gabinetes dos
ministros podem consultá-los.
Uma das
investigações é contra o ministro da Agricultura, Neri Geller, suspeito de
participar do esquema de fraudes na reforma agrária, descoberto pela Operação
Terra Prometida, da Polícia Federal. Não aparecem as iniciais do ministro, a
data de autuação ou o tema da investigação. Desse modo, a existência da
investigação contra Geller só foi descoberta por conta de uma investigação que
tramita na Justiça Federal e é pública. Assim, foi possível saber que o STF
desmembrou a parte envolvendo o ministro e devolveu o restante do caso para a
primeira instância.
O caso foi
enviado ao STF no semestre passado pela primeira instância do Mato Grosso. De
acordo com a Constituição, são processados e julgados no Supremo deputados
federais, senadores, ministros de Estado e o presidente da República.
Articulações de Janot podem livrar governo
Procurador-geral da República participa de uma série de encontros com representantes das empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato e propõe um acordo que impede investigações que possam chegar ao Palácio do Planalto
Há sete meses
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vem se reunindo com
representantes das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção instalado na
Petrobras e investigado pela Operação Lava Jato. ISTOÉ apurou que de maio até a
última semana foram realizados pelo menos quatro encontros com a presença do
próprio Janot e outros dois com procuradores indicados por ele (leia quadro nas
páginas seguintes). O objetivo dessas conversas, que inicialmente foram
provocadas pelos empresários, é o de buscar um acordo no Petrolão. No Brasil,
onde a legislação da delação premiada ainda engatinha, não é comum que o chefe
do Ministério Público mantenha conversas com representantes de empresas
envolvidas em um processo criminal. Mas, em se tratando de um caso com a alta
octanagem que têm as investigações da Operação Lava Jato, as reuniões de Janot
com os empreiteiros não poderiam, a princípio, ser tratadas como um pecado.
Trata-se de uma prática comum nas democracias mais maduras, cujo principal
objetivo não é o de evitar punições, mas o de acelerar as investigações e
permitir que o Estado adote medidas concretas e imediatas para evitar a
repetição de atos criminosos. O problema dos encontros de Janot é que, segundo
advogados e dois ministros do Supremo Tribunal Federal ouvidos por ISTOÉ na
última semana, o acordo que vem sendo ofertado pelo procurador-geral nos
últimos meses poderá trazer como efeito colateral a impossibilidade de
investigar uma suposta participação do governo no maior esquema de corrupção já
descoberto no País. Na prática pode ser um acordão para livrar o governo.
O advogado geral do PT
Não é função
do advogado geral da União distribuir confiança.
É sabido que o
ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, doutor Luís Inácio Adams, pode vir
a ser indicado pela doutora Dilma para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Se
ele é candidato, não deve ajudar quem teme a bolivarianização da Corte.
Diante da
afirmação de um magano das petrorroubalheiras de que sua empresa (Toyo Setal)
pagou sua propina ao comissariado doando legalmente R$ 4 milhões ao PT, Adams
informou: “Eu tenho confiança de que o trabalho de campanha foi o mais
cuidadoso, mais atento possível às questões legais.”
Não é função
do advogado geral da União distribuir confiança. Ao passar o dinheiro de forma
legal, a Toyo Setal também poderia dizer que foi “cuidadosa”, mas seu diretor
confessa agora que foi jabaculê.
Isso é o que
ele diz, pois será sempre necessário provar que uma doação legal se relaciona
com um ilícito. Afinal, se uma doação de empreiteira ao PT nacional é jabaculê,
por que um outro mimo, de outra empreiteira, ao PSDB de São Paulo, não o é?
O doutor Adams
lustrou a ciência jurídica nacional no ano passado, quando discutiu a
possibilidade de que médicos cubanos pedissem asilo ao governo brasileiro:
“Nesse caso me parece que não teriam direito a essa pretensão. Provavelmente
seriam devolvidos”.
Ele vocalizava
e endossava uma ameaça do aparelho policial cubano. Pelo menos cinco médicos
resolveram ir embora, quase sempre para os Estados Unidos, onde trabalhariam em
funções subalternas. Felizmente, nenhum foi mandado de volta para Cuba.
Denúncia contra empresa da campanha de Dilma
A oposição vai
ingressar com uma representação no Ministério Público Federal pedindo uma
investigação sobre uma empresa que prestou serviços de informática para a
campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. A Folha de S.Paulo publicou
nesta sexta-feira (5) que técnicos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
suspeitam de irregularidades na contratação empresa
A empresa
emitiu notas de R$ 41.268 a R$ 160.328 pela locação de computadores e
impressoras e prestação de suporte técnico para o comitê de campanha
presidencial. O CNPJ da empresa está ativo desde 2003, mas ela só obteve
autorização da Prefeitura de Florianópolis – um dos locais onde declara estar
instalada – para emitir notas fiscais no início de setembro deste ano, já em
plena campanha eleitoral.
No site da
UMTI, há dois endereços e telefones registrados: um em Florianópolis (SC) e
outro em Santa Cruz do Sul (RS). O primeiro endereço não é mais da empresa.
Nenhum dos telefones existe. A ação será apresentada pelo PSDB.
Piorou
Golpe? Jamais! Impeachment? Depende
Dinheiro sujo
financiou parte da campanha de Lula para presidente em 2002. Suspeita-se que
dinheiro igualmente sujo financiou as duas campanhas de Dilma.
Ouvi do
prefeito de uma das capitais brasileiras mais importantes: “Foi a ação dos
Black blocs que nos salvou, os governantes, quando o povo saiu às ruas em junho
de 2013 cobrando melhores condições de vida”.
A ação dos
baderneiros mascarados esvaziou as manifestações por passagens de ônibus mais
baratas, saúde e educação eficientes, reforma agrária, lazer, contra a
corrupção e contra a impunidade.
Por enquanto,
os Black blocs saíram de cena. No seu lugar entraram pessoas agenciadas não se
sabe por quem ou simplesmente pessoas que acreditam que a volta dos militares
ao poder fará bem ao país.
Muitas entre
essas pessoas pedem o fim do comunismo como se ele ainda existisse. A
propósito, não vale citar a China e a Rússia. São imitações grotescas,
macaqueadas de regimes comunistas.
De repente, a
presidente Dilma e a sua turma ganharam aliados onde menos esperavam. Os que
pedem um golpe militar, quer queiram quer não, podem contribuir para esvaziar
passeatas e comícios dos insatisfeitos “com tudo isso que está aí”.
Por “tudo
isso” entenda-se o grosso das mesmas reivindicações de junho de 2013, com
ênfase crescente no combate à corrupção e à impunidade.
Há 15 dias,
2.500 pessoas ocuparam a avenida Paulista em protesto contra o governo Dilma.
Foram cinco mil no último sábado em ato apoiado pelo PSDB e partidos da
oposição.
Minoritária, a
porção dos golpistas tenta se misturar com a porção dos insatisfeitos. Essa,
por sua vez, tenta se distinguir da outra. Mais políticos compareceram à
primeira manifestação do que à segunda.
Os principais
líderes da oposição, entre eles Aécio Neves (PSDB-MG), correm o risco de se
meter numa saia justa.
Por mais que
digam o contrário, são acusados pelos partidários do governo de defender o
golpe militar. Se não defendem o golpe, se batem pelo impeachment da presidente
da República, o que militantes espertos do PT apregoam como sendo outro tipo de
golpe. Não é.
Aécio está
ficando rouco de tanto repetir: "Olha, eu não sou golpista, sou filho da
democracia. (…) Não acho que exista nenhum fato específico que leve a
impeachment. Essas manifestações [golpistas] que se misturam com as
manifestações democráticas têm meu repúdio veemente".
Talvez devesse
ir à próxima passeata reafirmar de público seu compromisso com a legalidade.
Impeachment
não é golpe. Fernando Collor, o primeiro presidente do Brasil eleito pelo voto
direto depois de 21 anos de ditadura, foi derrubado pelo Congresso via um
processo de impeachment.
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