sábado, 31 de janeiro de 2015

Nascer na pobreza 'prejudica ascensão social'


Estudo afirma que viver em um bairro pobre durante os primeiros 16 anos de vida afeta a renda por muitas décadas. Na hora de determinar nosso destino econômico, poucas coisas importam tanto como o bairro em que nascemos e crescemos.
Todos sabemos que viver em uma região mais pobre reduz as possibilidades materiais de seus habitantes. Por isso, muitos sonham ir para uma parte mais afluente da cidade onde vivem.

Mas um estudo recente dos pesquisadores americanos Douglas Massey, da Universidade de Princeton, e Jonathan Rothwell, do Instituto Brookings, vai além: traz novas evidências de que simplesmente se mudar de um bairro precário para um melhor não é suficiente.

De acordo com a pesquisa, o local específico da cidade onde uma pessoa passa os primeiros 16 anos de sua vida é determinante na renda que ela terá muitas décadas depois, mesmo que mude seu local de residência diversas vezes.

A conclusão é uma má notícia para os que acreditam na possibilidade de ascensão e mobilidade social. E pode fornecer mais argumentos às discussões sobre propostas polêmicas de vários países, incluindo alguns latino-americanos, de levar habitantes de bairros pobres para viver em regiões mais ricas das cidades.

"O bairro é o ponto crítico onde se bloqueiam as aspirações das pessoas para subir na vida", disse Massey à BBC.

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E vai crescendo


Crie um partido e ganhe R$ 600 mil por ano


Fundo partidário distribuiu 371,9 milhões de reais às legendas brasileiras em 2014. Só o PT ficou com 50 milhões de reais, 16% do valor a que os partidos têm direito
A legislatura que se inicia no domingo no Congresso Nacional será a mais fragmentada desde a redemocratização do Brasil, em 1990, com seus 594 representantes eleitos por 28 partidos diferentes — seis a mais que na eleição de 2010. Faltou espaço para quatro das 32 legendas existentes atualmente no Brasil frequentarem o Parlamento, mas outras 42 alimentam a pretensão de fazê-lo daqui a quatro anos.

Existem 42 partidos políticos em formação no Brasil, segundo os dados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre legendas com registro em pelo menos um dos 27 tribunais regionais do país. Desses projetos, o que causa mais expectativa atualmente no Congresso Nacional é a recriação do Partido Liberal (PL), que, depois de ser extinto em 2006 para dar origem ao PR, promete atrair de 20 a 30 parlamentares logo que ressurgir — o pedido de registro ao TSE deve ser apresentado após o Carnaval. Mas, se já existem 32, e nem todos conseguem eleger representantes para o parlamento, para que mais partidos?

A resposta pode estar no bolso. Os partidos políticos brasileiros dividiram 371,9 milhões de reais reunidos pelo Fundo Partidário em 2014. O fundo é composto por dinheiro público, previsto no orçamento da União (313,5 milhões de reais), e por multas eleitorais (58,4 milhões de reais), que foram tantas no ano passado que os partidos devem receber um "extra", ainda não calculado, em abril deste ano.

Esses valores são divididos de acordo com o número de deputados eleitos por cada partido, o que valeu ao PT, que tem a maior bancada da Câmara, 59,7 milhões de reais (16% do total) em 2014. Sem representação parlamentar, o Partido da Causa Operária (PCO) entra na disputa dos 5% do fundo a serem partilhados igualmente por todas as legendas e ficou com a menor parte do bolo (0,16%). Mesmo assim, recebeu 610.097,61 reais. Mas o dinheiro explica apenas uma parte do fenômeno de surgimento de novos partidos no país.

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Dica de uma lenda


Nossa liberdade como nação descansa na liberdade de imprensa
Ben Bradle, morto aos 93 anos no ano passado, foi o lendário editor do jornal Washington Post, que dirigiu a cobertura do escândalo do Watergate que culminou na queda do presidente americano Richard Nixon, em 1974

Trocar a diretoria? Ou Dilma pede para sair?


O governo Dilma produziu um déficit de 17 bilhões de reais em 2014. O Bradesco, no mesmo ano, apresentou lucro de 15 bilhões. Por mais que se exalte a livre concorrência, a prevalência do mercado, a excelência do sistema capitalista e tudo o mais que for, qual a conclusão? Que o banco foi bem administrado, e o país, não? Que os correntistas do Bradesco estão felizes, mas os brasileiros, não?

Tendo o ministro Joaquim Levy sido alto funcionário do Bradesco, presume-se que tenha levado para o governo a experiência da iniciativa privada e que, no final do ano, possa divulgar números compatíveis com a eficiência contábil. A solução seria transformar o país num grande banco?

Ironias à parte, os acionistas do Bradesco estão mais ricos, mas os sócios do Brasil S.A., no prejuízo. Optaram por Dilma, na última assembléia geral, mas ela demonstra não ser nenhum dr. Trabuco, tanto que o chefão do Bradesco rejeitou o convite para tornar-se ministro da Fazenda. O remédio foi convocar um de seus auxiliares, Joaquim Levy.

Por mais que a presidente da República proclame que nossas dificuldades devem-se à má conjuntura internacional, a verdade está aqui mesmo. É a diretoria que vem fracassando. Na empresa privada, quando isso acontece, trocam-se os diretores. No governo, há que esperar as eleições. Ou aguardar que os fracassados tomem a iniciativa.

A pergunta que se faz é se vai dar para esperar quatro anos. No parlamentarismo as mudanças acontecem à margem de prazos fixos. No presidencialismo, não. Mas como aguentar uma situação onde o déficit é apenas um dos fatores da bancarrota? Anos atrás, num plebiscito, o eleitorado optou por rejeitar o governo de gabinete. Só uma nova Constituição, quer dizer, apenas com a ruptura das instituições, seria possível mudar o sistema vigente. Recursos extremos, como o impeachment, parecem fora de cogitações. O velho Sobral Pinto, na sua última e magistral intervenção, lembrou que todo poder emana do povo. Pois está aí a solução: Dilma, ficando sem povo, perceber que deve e que precisa sair, pela impossibilidade de permanecer. Por mais estranho que pareça, conforme inconfidência das paredes do palácio da Alvorada, foi assim que ela explodiu esta semana, claro que por apenas dois fugazes segundos. Achou melhor aguardar o superávit…

Em 1985, na véspera da convenção do PDS que escolheria o candidato presidencial, Paulo Maluf e Mário Andreazza jogaram a cartada final. Ofereceram em dois clubes de Brasília monumentais jantares para os convencionais. O paulista conseguiu mais adesões do que o gaúcho, mas conta o folclore que muita gente jantou duas vezes.

Hoje, Eduardo Cunha e Arlindo Chinaglia promovem banquetes para os deputados que amanhã escolherão um deles presidente da Câmara. É bom ficar de olho nos cardápios.

Carlos Chagas