terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Melancolia brasileira no Carnaval


O que sentem neste momento os trabalhadores decentes e sacrificados ao ver desfilar esta procissão de políticos emplumados saqueando o país?
Em menos de dois meses os brasileiros parecem ter passado da euforia ao desengano. É o que revelam os números de pesquisa do Datafolha, que mostram uma tomada de consciência nova e surpreendente do momento político e econômico vivido pelo país. Os cidadãos negam sua confiança na presidenta da República, Dilma Rousseff, e em seu Governo, reduzindo-a a 23%, meses apenas depois de a terem reeleito. Cerca de 70% já não se sentem próximos a nenhum partido.

Há momentos na história de um país — neste caso, o Brasil — em que é difícil analisar um processo de transformação tão rápido porque nele se misturam diferentes fatores e imponderáveis. E é nessas circunstâncias que substantivos e adjetivos se tornam insuficientes para expressar o que arde no coração das pessoas. Precisamos recorrer mais que nunca à semântica, porque as palavras, já banalizadas e despojadas de seu significado original, não bastam.

Dizer que o Brasil vive uma crise é dizer pouco ou talvez nada. Ressaltar que os brasileiros, depois de seus dias de glória, estão hoje preocupados com todo este rosário de notícias negativas, oferecidas a cada momento pelos meios de comunicação, como os escândalos de corrupção, a crise econômica, a perda de confiança nos governantes e a desilusão com a classe política em geral, também não diz tudo.

Que palavra extrair do dicionário para explicar o que palpita neste momento na maioria dos brasileiros, que começam a ver, incrédulos, como são fustigados pela falta de água, de energia, de esperança no futuro, pelo medo de perder o que têm e até o emprego?

Como definir o que sente a grande massa dos trabalhadores honrados, das pessoas e famílias decentes, dos que ainda não perderam os valores essenciais da vida e desejam inculcá-los em seus filhos, enquanto veem desfilar a trágica procissão de corruptos de alto coturno, os que até ontem se acreditavam intocáveis e para quem a mentira é somente um jogo permitido aos grandes?

Em rápida sondagem entre amigos e desconhecidos pertencentes a diferentes classes sociais, e depois de ter lido por estes dias centenas de cartas dos leitores enviadas aos jornais, tanto em papel quanto digitais, e dezenas de análises de cientistas políticos e sociólogos, atrevo-me a dizer que os brasileiros neste momento, mais que raiva e rebeldia, sentem este tipo de tristeza, já analisada por gregos e romanos, chamada melancolia, que Freud analisou como um “processo de luto sem a perda do objeto”.

A melancolia, analisada ao longo do tempo, é um vocábulo polissêmico, com muito significados, mas todos eles giram em torno de um mesmo conceito, que engloba de uma vez tristeza, cansaço, amargura, falta de entusiasmo e também desinteresse.

E tem um gosto amargo como a bile, à qual os antigos se referiam para descrever o estado de ânimo melancólico.

Até quase nada de tempo os brasileiros estavam convencidos de que sua vida iria melhorar. De repente se deparam com um futuro incerto, com anúncio de recessão econômica e com uma indústria em crise, demitindo milhares de trabalhadores.

O confisco da verdade


Quem disse: “(A recente campanha eleitoral foi) a mais suja. Aquela em que nossos adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer e falsear”?

Aécio Neves? Fernando Henrique Cardoso? Dilma? Lula?

Claro, Lula, no aniversário de 35 anos do PT. Quem mais ousaria tanto?

A metamorfose ambulante, como um dia Lula se apresentou, teve a cara de pau de dizer mais. Do tipo:

- O PT nasceu para ser diferente. A verdade é que foi o governo deles que tentou destruir a Petrobrás. E foi o nosso governo que a resgatou, retomou os investimentos que levaram à descoberta do pré-sal e fizeram da Petrobrás a maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital aberto.

Sobre a corrupção na Petrobras, nem um pedido de desculpas.

Como a vingança veio a galope, Lula, Dilma e o PT foram obrigados a amargar, um dia depois de se reunirem em Belo Horizonte, os resultados da primeira pesquisa de opinião pública aplicada, este ano, pelo Datafolha.

Leia mais o artigo de Ricardo Noblat

Lula diz que há um golpe em marcha para depor Dilma. Bobagem!
O golpe já foi dado. Por ele, Dilma e o PT ao encenarem a farsa eleitoral do ano passado.

O 40° do covil

Perde é quem não sabe bater. A política é ao mesmo tempo a sublimação e o exercício da violência
João Santana, marqueteiro-mor do Planalto

A espada de Dâmocles que ameaça os brasileiros

O Brasil dos nossos dias vive como Dâmocles, personagem da mitologia grega que, homenageado pelo imperador Dionísio em um banquete, viu, ao olhar para cima, que uma espada pendia sobre sua cabeça, sustentada por um fio de seda. Apavorado, devolveu o lugar de honra que ocupava ao imperador. Mas aquele fio não era frágil como parecia: era o fio da responsabilidade, que arrebentaria quando a autoridade não a tivesse mais. E o cara era assim como um ex-Luiz ou Dona Dilma…

Nós, brasileiros, estamos por um fio. Vejo-me e a todos nós como passageiros de uma escuna invadida e dominada por piratas que saqueiam nossas riquezas, e nós, tomados de ira, reagimos apenas votando ferozmente… Sei não, mas acho que está passando da hora de quebrar o pau… Mas como? Na unha? Sim, enquanto as temos… E não me venham com essa história de que estou atiçando fogo. Se pudesse, eu não atiçaria, tacava… E, assim, talvez corresse o risco de ser presidente, mesmo sendo alfabetizado.

Gente, o pior dos cegos é aquele que não quer enxergar. Depois de mensalão e petrolão, histórias que não terão fim, virá coisa pior neste crescendo de desgraças que nos acomete. Parece que a natureza mostra que alguma coisa não está certa. Agora até água nos falta. E o Velho Chico sendo transposto, o que pode ser uma provocação tipo eleição de Renan, que o PT, às vezes, o tem como “o bom ladrão”…

E Dona Dilma, que não se assusta com a situação que ela mesma criou? E quem comprou ação da “roubobrás” com dinheirinho do Fundo de Garantia? Isso é perversidade… E os servidores públicos, que só deixarão pensão integral se morrerem até dia 28 de fevereiro? E a água? Sim, a água vai faltar porque ninguém fez nada para guardá-la, armazená-la.

juscelino fez Três Marias, mas, depois dele, não fizeram a barragem do rio Formoso 12 km a montante de Pirapora como programado. E ficou assim. Agora nem tico nem taco, nem água para gerar energia, muito menos, ou nada, para regularizar o leito do rio.

Aqui, em Minas Gerais, no governo de Francelino Pereira, quando o ex-deputado Carlos Eloy era secretário de Estado de Obras Públicas e a Copasa estava vinculada à secretaria, formou-se uma grande equipe dirigente da empresa, presidida pelo competente engenheiro Willian Penido, para equacionar o abastecimento de água da nossa capital e da região metropolitana. Tivesse tido sequência esse estudo de ampliação da captação do rio das Velhas e do rio Manso, não estaríamos sujeitos a morrer de sede.

Naquele tempo, foi realizada, apenas, a primeira etapa do rio Manso, cuja água passaria pelo anel hidráulico da Copasa e, juntamente com o ribeirão Serra Azul entrariam através de Betim e Contagem. O rio das Velhas viria para Belo Horizonte através dos bairros de Lourdes, Savassi, Centro etc. O problema é que, hoje, a Copasa só quer saber de lucro, água é problema de São Pedro, que, parece, anda puxando um ronco, assim como o povo brasileiro.