segunda-feira, 11 de julho de 2016
Repetidamente
Vamos combinar que a gente perdeu. Na melhor das hipóteses, estamos perdendo. De muito. De maneira humilhante. Inevitável, irremediavelmente, ao que parece.
Vergonha está fora de moda. Os idiotas perderam a humildade. E o mundo parece ter virado ajuntamento dos sem noção.
Não é de hoje que nos trópicos a gente assiste com certa complacência não justificada, as vezes explicada mas jamais entendida, a degradação e o apodrecimento a céu aberto das instituições, dos hábitos, das crenças ou de qualquer ideia ou ação que pudesse levar a alguma melhora.
Isto talvez não seja novidade. Ou melhor, não é. Afinal de contas, populismo é coisa que a gente entende e tem o habito de cultivar em nossa história ou mesmo, como acreditam os mais pessimistas ou fatalistas, na nossa alma.
Apesar de tudo, havia sempre a esperança vinda de lugares onde, parecia, o bom senso costumava prevalecer. Dava sempre para apontar algum lugar onde as coisas caminhavam na direção certa. Tudo o que precisaríamos seria aprender com seus acertos. Era bom consolo para uma gente aparentemente incapaz de aprender com os próprios erros.
Mas tudo muda. E desta vez, parece ter mudado para pior. Democracias maduras e consolidadas cometem erros primários. Cultivam a intolerância. Abraçam o populismo. Com toda maldade e consequência que ele pode gerar.
Por toda parte floresce a intolerância. É fonte de preocupação quando nas democracias mais avançadas é a politica de identidade que domina o cenário e, pior, sai vencedora. Deixaram de exportar valores democráticos e abraçaram, com paixão, o “nós” contra “eles”.
Dai o nacionalismo histérico e improdutivo. A explosão de conflitos raciais. A prevalência de propostas ilógicas, inconsequentes, e irracionais. Ou de candidatos radicais. E tome Brexit. E dá-lhe muro na fronteira. E durma-se com o barulho do conflito racial. Tudo preocupante. Nada positivo.
Seres humanos são mesmo complexos. Devem sua sobrevivência a capacidade de resolver problemas. Mas não são inteligentes o suficiente para não cometer o mesmo erro. Repetidamente.
Mas tudo muda. E desta vez, parece ter mudado para pior. Democracias maduras e consolidadas cometem erros primários. Cultivam a intolerância. Abraçam o populismo. Com toda maldade e consequência que ele pode gerar.
Por toda parte floresce a intolerância. É fonte de preocupação quando nas democracias mais avançadas é a politica de identidade que domina o cenário e, pior, sai vencedora. Deixaram de exportar valores democráticos e abraçaram, com paixão, o “nós” contra “eles”.
Dai o nacionalismo histérico e improdutivo. A explosão de conflitos raciais. A prevalência de propostas ilógicas, inconsequentes, e irracionais. Ou de candidatos radicais. E tome Brexit. E dá-lhe muro na fronteira. E durma-se com o barulho do conflito racial. Tudo preocupante. Nada positivo.
Seres humanos são mesmo complexos. Devem sua sobrevivência a capacidade de resolver problemas. Mas não são inteligentes o suficiente para não cometer o mesmo erro. Repetidamente.
O nascido depois
Eu confesso: eu
Não tenho esperança.
Os cegos falam de uma saída. Eu
Vejo.
Após os erros terem sido usados
Como última companhia, à nossa frente
Senta-se o Nada.
Bertold Brecht
A hecatombe imaginada se Dilma voltasse
Entre mil pesquisas, cálculos e sondagens permanentes, a impressão no Senado é de que Dilma Rousseff será arcabuzada quando se realizar a sessão de votação de seu impeachment, em agosto. Admite-se que 60 senadores se pronunciarão pelo seu afastamento definitivo. Mas… Mas se não for assim? Caso Madame consiga os votos necessários para retornar ao palácio do Planalto? Nessa hipótese, mais do que um terremoto, o país enfrentará uma hecatombe. Não sobrará pedra sobre pedra, na Praça dos Três Poderes. Porque a lei terá de ser cumprida, ou seja, sem o número necessário de senadores, a presidente hoje afastada reassumirá na plenitude de seus poderes. Michel Temer voltará ao palácio do Jaburu e os ministros perderão o emprego e, no Congresso, assistiremos a uma implosão jamais encenada. Quais serão os governadores a primeiro bater na porta do gabinete presidencial?
Não se duvida da tentativa do aparecimento de uma new-Dilma, com novas mensagens, diferentes propósitos e até uma certa dose de humildade para esconder a presunção e a empáfia. Tudo de mentirinha, é claro, porque no fundo ela estará mesmo disposta a desforrar-se das humilhações das últimas semanas. Aproveitará algumas iniciativas do substituto ou passará o apagador do quadro negro? Reconvocará os auxiliares despedidos quando o impeachment foi inicialmente aprovado?
Que tipo de exortação fará ao país? Acertará contas com a legião de desafetos que surgiram logo depois de seu afastamento? E na condução da política econômica, dará o dito pelo não dito, enterrando Meirelles?
Pesadelos costumam acontecer em muitas noites. A pergunta que se faz é se outro está a caminho. Afinal, três ou quatro senadores que mudem de opinião provocarão uma das maiores surpresas da Republica. Ou será que existirão alternativas?
Melhor, por tudo isso, que as previsões de agora se confirmem. A presidente afastada, se voltar, despertará a hecatombe.
Pesadelos costumam acontecer em muitas noites. A pergunta que se faz é se outro está a caminho. Afinal, três ou quatro senadores que mudem de opinião provocarão uma das maiores surpresas da Republica. Ou será que existirão alternativas?
Melhor, por tudo isso, que as previsões de agora se confirmem. A presidente afastada, se voltar, despertará a hecatombe.
Invertendo o jogo
A sacralização dos discursos e das posturas dos “oprimidos” – ou dos historicamente “humilhados e ofendidos” – às vezes dissimula ou esconde realidades que seria melhor explicitar, a fim de que as coisas sejam mais claras e discussões possam se aprofundar. Em alguns casos, basta inverter declarações aplaudidas para ver o que elas carregam de preconceitos com sinais trocados.
Agora mesmo, debochando da renúncia de Eduardo Cunha (quando é mesmo que o meliante será preso?), a pseudoafastada Dilma Rousseff botou as mãos nas cadeiras (nas poltronas, seria mais exato dizer) e disparou: mulher não cede, mulher não renuncia. E o público feminista teve orgasmos múltiplos.
Mas imaginem se tivesse acontecido o contrário. Se Dilma tivesse renunciado (o que já deveria ter feito) e Cunha botasse a boca no trombone pra dizer “homem não cede, homem não renuncia”. Em vez dos aplausos que a declaração de Dilma despertou, Cunha seria apedrejado como machista, etc.
Nesse passo, me lembro daquelas listinhas “opressoras” que as mulheres passavam, mostrando diferenças de sexo (ou de “gênero”, como se diz na gíria atual) em expressões linguísticas praticamente equivalentes, onde o preconceito aparecia com nitidez. Tipo “homem público” e “mulher pública”, por exemplo.
Mas elas omitiam pelo menos uma coisa, sempre. Nunca comparavam os sentidos quase opostos de dois vocábulos fundamentais: machista e feminista. Machista era e é sinônimo de opressor escroto, agressor, etc. Feminista, ao contrário, designa a mulher libertária, que luta por seus direitos e a igualdade entre os sexos.
Aliás, algumas amigas que me citavam irritadas exemplos de “machismo” na língua portuguesa, tratavam de mudar de assunto quando eu lhes dava exemplos do contrário, a lembrar que dizemos a natureza, a humanidade e a Terra... E nós, homens, nunca nos incomodamos com isso.
É curioso. Os “oprimidos”, os historicamente “humilhados e ofendidos”, só selecionam coisas que enfatizam sua opressão. E só celebram frases reativas, como a da senhora Rousseff sobre a renúncia. Nunca enfatizam vitórias, nem frases e comentários claramente afirmativos.
Tudo como as mulheres que dizem que o machismo teve a sua parte no impeachment de Dillma, mas fingem que ficaram surdas quando fazemos nossos elogios a Angela Merkel – esta, sim, uma “mulher de verdade”, e bem diferente daquela do samba (e da nossa atual “afastada”), desde que jamais abaixaria a cabeça para lulas, dirceus ou pastores evangélicos.
Agora mesmo, debochando da renúncia de Eduardo Cunha (quando é mesmo que o meliante será preso?), a pseudoafastada Dilma Rousseff botou as mãos nas cadeiras (nas poltronas, seria mais exato dizer) e disparou: mulher não cede, mulher não renuncia. E o público feminista teve orgasmos múltiplos.
Nesse passo, me lembro daquelas listinhas “opressoras” que as mulheres passavam, mostrando diferenças de sexo (ou de “gênero”, como se diz na gíria atual) em expressões linguísticas praticamente equivalentes, onde o preconceito aparecia com nitidez. Tipo “homem público” e “mulher pública”, por exemplo.
Mas elas omitiam pelo menos uma coisa, sempre. Nunca comparavam os sentidos quase opostos de dois vocábulos fundamentais: machista e feminista. Machista era e é sinônimo de opressor escroto, agressor, etc. Feminista, ao contrário, designa a mulher libertária, que luta por seus direitos e a igualdade entre os sexos.
Aliás, algumas amigas que me citavam irritadas exemplos de “machismo” na língua portuguesa, tratavam de mudar de assunto quando eu lhes dava exemplos do contrário, a lembrar que dizemos a natureza, a humanidade e a Terra... E nós, homens, nunca nos incomodamos com isso.
É curioso. Os “oprimidos”, os historicamente “humilhados e ofendidos”, só selecionam coisas que enfatizam sua opressão. E só celebram frases reativas, como a da senhora Rousseff sobre a renúncia. Nunca enfatizam vitórias, nem frases e comentários claramente afirmativos.
Tudo como as mulheres que dizem que o machismo teve a sua parte no impeachment de Dillma, mas fingem que ficaram surdas quando fazemos nossos elogios a Angela Merkel – esta, sim, uma “mulher de verdade”, e bem diferente daquela do samba (e da nossa atual “afastada”), desde que jamais abaixaria a cabeça para lulas, dirceus ou pastores evangélicos.
Antonio Risério
Mesmo ministro que mandou libertar Cavendish e Cachoeira solta mais um
Pois é… Daqui a pouco a brasileirada não vai entender mais nada. Os procuradores vivem dizendo que políticos conspiram contra a Lava Jato e em favor da impunidade… Até agora, ameaça de verdade não há nenhuma, como eles sabem. Mas começam é a abundar decisões da Justiça que requereriam alguma explicação, especialmente quando se coteja com casos que estão em curso. Vamos ver.
Todos sabem que eu não sou do tipo que se comporta como a Rainha de Copas: “Cortem-lhe a cabeça!” Não gosto, e já deixei isto claro, do uso da prisão preventiva como antecipação de pena ou como instrumento de persuasão em favor da delação premiada. Já critiquei algumas prisões — até apanhei de alguns leitores por causa disso. É do jogo. Quem participa do debate se expõe também à incompreensão. Dito isso, vamos lá.
Os notórios Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, e Carlinhos Cachoeira, o bicheiro, veteranos da Operação Monte Carlo, já estão soltos. Com eles, gozam do conforto de seus respectivos lares os empresários Marcelo Abbud e Cláudio Abreu. Todo deixaram para trás nesta madrugada o presídio de Bangu 8 rumo à cama quentinha, roupa lavada e muitos empregados para lhes fazer as vontades e atender as necessidades.
Os quatro tinham sido presos pela Operação Saqueador, que apura desvios de R$ 370 milhões em obras públicas. O ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou na sexta que fossem libertados, com a condição de que usassem tornozeleiras eletrônicas. Mas oh!!! O artigo está em falta no Rio. Então o Tribunal Regional Federal da 2ª Região autorizou a soltura mesmo sem elas. Serão vigiados por agentes federais.
Nefi Cordeiro mandou soltar mais um neste domingo: o lobista Adir Assad. Atenção! Assad já tinha sido preso pela Saqueador, e a Justiça já havia determinado a prisão domiciliar. Continuou na cadeia porque foi um dos alvos de outra operação, a “Pripyat”, que apura lambanças de R$ 39 milhões na Eletronuclear.
Assad é um freguês da Justiça e da Polícia Federal. Ele já tinha sido preso na 10ª fase da Operação Lava-Jato, em março de 2014. Em dezembro, o STF lhe concedeu prisão domiciliar. O juiz Sérgio Moro o condenou a nove anos e dez meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Decisão da Justiça se cumpre, por certo, mas se debate, por mais certo ainda. Já vimos o STF e o STJ negar mais de uma vez a revogação de prisões preventivas de investigados da Lava-Jato, certo? Os motivos mais frequentemente alegados são a “manutenção da ordem pública” — considera-se haver evidências de que, se solto, o preso vai voltar a cometer crimes — e a “conveniência da instrução criminal”; vale dizer: se em liberdade, podem interferir na produção de provas ou manipular testemunhas.
Muito bem! Se há coisa que temos o direito de inferir é que os veteranos em investigação Carlinhos Cachoeira e Fernano Cavendish não se emendaram, não é mesmo? O escândalo da Operação Monte Carlo não parece ter surtido grande efeito em suas respectivas moralidades pessoais — isso, claro!, a proceder a acusação que há contra eles.
O mesmo se diga de Assad: o homem já tem um condenação em primeira instância numa investigação e foi alvo de duas outras. Pode até ser o brasileiro mais perseguido pela Justiça que a gente conhece, mas, convenham, é muito pouco provável.
Assim, cumpre indagar: qual é o critério nesse caso? Os pedidos de prisão preventiva estavam mal fundamentados? Ou estamos diante de uma manifestação viciosa da discricionariedade, que não precisa prestar contas a ninguém? Notem que nem estou perguntando por que investigados de primeira viagem foram mantidos na cadeia. O que indago é por que esses foram soltos. Certamente não é por sua comprovada decisão de não voltar a delinquir, não é mesmo?
Quando os procuradores voltarem a falar em ameaças à moralidade pública, convém ajustar melhor o foco e olhar para a própria Justiça.
Todos sabem que eu não sou do tipo que se comporta como a Rainha de Copas: “Cortem-lhe a cabeça!” Não gosto, e já deixei isto claro, do uso da prisão preventiva como antecipação de pena ou como instrumento de persuasão em favor da delação premiada. Já critiquei algumas prisões — até apanhei de alguns leitores por causa disso. É do jogo. Quem participa do debate se expõe também à incompreensão. Dito isso, vamos lá.
Os quatro tinham sido presos pela Operação Saqueador, que apura desvios de R$ 370 milhões em obras públicas. O ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou na sexta que fossem libertados, com a condição de que usassem tornozeleiras eletrônicas. Mas oh!!! O artigo está em falta no Rio. Então o Tribunal Regional Federal da 2ª Região autorizou a soltura mesmo sem elas. Serão vigiados por agentes federais.
Nefi Cordeiro mandou soltar mais um neste domingo: o lobista Adir Assad. Atenção! Assad já tinha sido preso pela Saqueador, e a Justiça já havia determinado a prisão domiciliar. Continuou na cadeia porque foi um dos alvos de outra operação, a “Pripyat”, que apura lambanças de R$ 39 milhões na Eletronuclear.
Assad é um freguês da Justiça e da Polícia Federal. Ele já tinha sido preso na 10ª fase da Operação Lava-Jato, em março de 2014. Em dezembro, o STF lhe concedeu prisão domiciliar. O juiz Sérgio Moro o condenou a nove anos e dez meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Decisão da Justiça se cumpre, por certo, mas se debate, por mais certo ainda. Já vimos o STF e o STJ negar mais de uma vez a revogação de prisões preventivas de investigados da Lava-Jato, certo? Os motivos mais frequentemente alegados são a “manutenção da ordem pública” — considera-se haver evidências de que, se solto, o preso vai voltar a cometer crimes — e a “conveniência da instrução criminal”; vale dizer: se em liberdade, podem interferir na produção de provas ou manipular testemunhas.
Muito bem! Se há coisa que temos o direito de inferir é que os veteranos em investigação Carlinhos Cachoeira e Fernano Cavendish não se emendaram, não é mesmo? O escândalo da Operação Monte Carlo não parece ter surtido grande efeito em suas respectivas moralidades pessoais — isso, claro!, a proceder a acusação que há contra eles.
O mesmo se diga de Assad: o homem já tem um condenação em primeira instância numa investigação e foi alvo de duas outras. Pode até ser o brasileiro mais perseguido pela Justiça que a gente conhece, mas, convenham, é muito pouco provável.
Assim, cumpre indagar: qual é o critério nesse caso? Os pedidos de prisão preventiva estavam mal fundamentados? Ou estamos diante de uma manifestação viciosa da discricionariedade, que não precisa prestar contas a ninguém? Notem que nem estou perguntando por que investigados de primeira viagem foram mantidos na cadeia. O que indago é por que esses foram soltos. Certamente não é por sua comprovada decisão de não voltar a delinquir, não é mesmo?
Quando os procuradores voltarem a falar em ameaças à moralidade pública, convém ajustar melhor o foco e olhar para a própria Justiça.
Supremo parece ignorar que a opinião pública anseia por justiça e ética
Insuportável essa sensação de impunidade que paira no país. As instituições funcionam, é fato, mas de modo dicotômico. Mesmo não sendo da área jurídica, entendo claramente que as leis são materializadas por interpretações de acordo com princípios éticos e morais de seus juízes! Esse é o componente subjetivo que move o universo no que pode ser moral ou ilegal, público e privado.
A ditadura da toga não tem mais como ocultar seus verdadeiros interesses. Ao contrário do que imaginam muitos magistrados, o povo não é ignorante. Apesar de estarmos humilhados, sabemos distinguir o que é ético ou antiético.
Precisamos de referências éticas como do ar que respiramos. Se hoje Moro, Bicudo, Paschoal e tantos outros juristas são considerados heróis nacionais, é porque o povo está aprendendo a distinguir a justiça e a injustiça. Estes magistrados não são heróis, são profissionais que cumprem com dignidade seu papel; mas, se são alçados a heróis, é porque representam a esperança de que o país se transforme radicalmente em um espaço verdadeiramente justo e democrático, um lugar melhor para todos, independente de quem seja ou de qual partido se filie.
À medida que cresce a revolta em relação às decisões do Supremo, mais corporativistas os ministros vão se tornando. Há um tempo atrás, as diferenças entre as “excelências” eram perceptíveis, hoje, os debates estão menos acalorados, com uma tendência visível ao consenso. Seria um sinal de “questão de sobrevivência”? Infelizmente, essas ações contraditórias dos ministros refletem de maneira extremamente negativa.
Impressiona a falta de sensibilidade dos integrantes do STF. Fico a imaginar se não carecem de uma assessoria de Relações Públicas para melhor lidarem com a aversão que eles próprios constroem. É claro que não têm noção do tamanho desta aversão, do contrário, não adotariam medidas tão autoritárias!
Seria difícil exercitar a autocrítica? O que têm a perder justifica o sacrifício da dignidade e a arbitrariedade do Judiciário? O fato é que não querem reconhecer que está em risco o patrimônio jurídico do país, do qual deveriam ser os máximos guardiões.
Passam a impressão que estão se afogando na própria soberba e arrogância, por sobrepujarem a opinião pública, agindo com superioridade ao desmerecer o grito da população que não aguenta mais tanta prevaricação do poder público! Não, senhores ministros, não venham responsabilizar quem quer que seja pelas atitudes arbitrárias de vossas excelências.
Impressiona a falta de sensibilidade dos integrantes do STF. Fico a imaginar se não carecem de uma assessoria de Relações Públicas para melhor lidarem com a aversão que eles próprios constroem. É claro que não têm noção do tamanho desta aversão, do contrário, não adotariam medidas tão autoritárias!
Seria difícil exercitar a autocrítica? O que têm a perder justifica o sacrifício da dignidade e a arbitrariedade do Judiciário? O fato é que não querem reconhecer que está em risco o patrimônio jurídico do país, do qual deveriam ser os máximos guardiões.
Passam a impressão que estão se afogando na própria soberba e arrogância, por sobrepujarem a opinião pública, agindo com superioridade ao desmerecer o grito da população que não aguenta mais tanta prevaricação do poder público! Não, senhores ministros, não venham responsabilizar quem quer que seja pelas atitudes arbitrárias de vossas excelências.
Tontos são imbatíveis
Algum país já conseguiu acabar com (ou ao menos diminuir bastante) a corrupção?
Quando se fala em acabar com a corrupção no Brasil, muita gente lembra do exemplo frustrante da Itália: por lá, a grande operação que inspirou a Lava Jato brasileira investigou centenas de políticos e empresários, mas não conseguiu eliminar o problema.
Olhando para exemplos de outros países, especialistas na área dizem que é mesmo impossível acabar totalmente com a corrupção. Mesmo nos países nórdicos, que costumam ocupar o topo dos rankings de menos corruptos, há pagamentos de propina em troca de vantagens.
"Lutar contra a corrupção é como se recuperar de um vício. Você nunca se recupera totalmente", diz Dan Hough, especialista em combate à corrupção da Universidade de Sussex, na Inglaterra.
"Se você é alcoólatra, sempre será alcoólatra. A questão é: como você diminui os efeitos do seu problema?", questiona ele.
Hough acredita ser possível reduzir a prática identificando o tipo de corrupção que se quer combater.
No escândalo da Petrobras e da Lava Jato, por exemplo, ele identifica o problema central como sendo a falta de transparência em contratos públicos. Outros exemplos de tipos de corrupção podem ser pequenos subornos no dia a dia e financiamento ilegal de campanhas.
Robert Klitgaard, especialista em corrupção da Universidade Claremont, nos EUA, diz, em um relatório feito para a OCDE, que no combate ao problema "o sucesso é sempre incompleto, e o risco da corrupção ressurgir sempre é uma ameaça".
A exemplo de Hough, Klitgaard acredita que, apesar de não ser possível acabar totalmente com a corrupção, há casos de iniciativas que conseguiram bons resultados e podem servir de exemplo a outros países.
Olhando para exemplos de outros países, especialistas na área dizem que é mesmo impossível acabar totalmente com a corrupção. Mesmo nos países nórdicos, que costumam ocupar o topo dos rankings de menos corruptos, há pagamentos de propina em troca de vantagens.
"Lutar contra a corrupção é como se recuperar de um vício. Você nunca se recupera totalmente", diz Dan Hough, especialista em combate à corrupção da Universidade de Sussex, na Inglaterra.
"Se você é alcoólatra, sempre será alcoólatra. A questão é: como você diminui os efeitos do seu problema?", questiona ele.
Hough acredita ser possível reduzir a prática identificando o tipo de corrupção que se quer combater.
No escândalo da Petrobras e da Lava Jato, por exemplo, ele identifica o problema central como sendo a falta de transparência em contratos públicos. Outros exemplos de tipos de corrupção podem ser pequenos subornos no dia a dia e financiamento ilegal de campanhas.
A exemplo de Hough, Klitgaard acredita que, apesar de não ser possível acabar totalmente com a corrupção, há casos de iniciativas que conseguiram bons resultados e podem servir de exemplo a outros países.
Um desconto para a civilização
Poucas atividades refletem tão bem o estágio de evolução do espírito humano como o comércio. Pense no quanto o aparentemente banal ato de comprar e vender traduz a cultura e a filosofia de todo um povo!
Dia desses, por exemplo, soube de uma interessante promoção oferecida por uma concessionária de veículos norte-americana: compre um carro e leve de presente um fuzil AK-47 novinho e pronto para usar. O curioso é que esta ideia deu resultados: segundo o proprietário do estabelecimento, houve meses em que chegaram a vender uns 35 veículos além da média!
Para que não se diga ser esta uma ideia absolutamente isolada, uma pizzaria norte-americana anunciou descontos para clientes que exibissem suas armas no estabelecimento. É isso mesmo: descontos para quem fosse comer pizza armado. A promoção foi um sucesso, com 80% dos clientes aderindo, e registrou-se inclusive o caso de um cidadão que foi lá saborear a culinária italiana portando um fuzil AK-47.
Por falar em ofertas, que tal tatuar no braço, em letras garrafais e cor azul, o nome de um famoso bordel alemão da cidade de Colônia? Em troca, o cliente ganharia acesso vitalício ao estabelecimento, que tem 12 andares, 120 prostitutas, 80 empregados e mais de mil clientes por dia. Acredite: logo de cara 40 pessoas se apresentaram!
Ainda sobre prostíbulos alemães, outro deles, manifestando louvável preocupação com a ecologia e o aquecimento global, concede um desconto de cinco Euros a quem por lá comparecer a bordo de bicicletas ou via transporte público.
Há também o caso da loja de calçados de Wenzhou, na China, que dá descontos para os fregueses que acertarem um sapato na face do ex-presidente norte-americano George Bush, retratado em uma das galerias. Segundo consta, tão logo a ideia foi anunciada verificou-se um verdadeiro “estouro de manada” e, nos primeiros 30 minutos da promoção, foram vendidos nada menos que 64 pares de sapatos - e centenas por dia, a seguir!
Enquanto isso, lá em Washington (EUA), um restaurante decidiu premiar os clientes cujos filhos apresentem bom comportamento à mesa. Chega a ser pitoresca a nota fiscal emitida, na qual lê-se a expressão “crianças bem comportadas” seguida do valor do desconto: US$ 4.
Já que estamos a falar de restaurantes e de respeito a consumidores, um outro - também norte-americano - decidiu conceder um desconto de US$ 3,50 a uma consumidora que encontrou um fio de cabelo em sua alimentação. Foram mais sovinas que um terceiro, daquele mesmo país, que “agraciou” um infeliz cliente com um desconto de 25% na conta - por conta de ter sido encontrada na sopa o ‘cadáver morto de um inseto defunto’...
Longe dali, na Itália, uma lanchonete anunciava um café expresso por precisos 3 Euros. Mas se o cliente pedisse “por favor”, este valor abaixaria para 2 Euros. E se fosse pronunciada a raríssima expressão “bom dia” na entrada, a bebida custaria apenas um Euro!
Estão aí, nestes exemplos, e volto ao primeiro parágrafo deste texto, um razoável retrato do momento cultural de diversos povos - talvez mesmo da humanidade! Da agressividade à hipocrisia, da ganância ao cinismo, da angústia por uma maior espiritualidade ao inconformismo com o egoísmo puro e simples, está aí, nas entrelinhas destas notícias até pitorescas, a narrativa de muito do nosso cotidiano. Daí, talvez, a genial exclamação de Horace Walpole: “a vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem”.
Pedro Valls Feu Rosa
Dia desses, por exemplo, soube de uma interessante promoção oferecida por uma concessionária de veículos norte-americana: compre um carro e leve de presente um fuzil AK-47 novinho e pronto para usar. O curioso é que esta ideia deu resultados: segundo o proprietário do estabelecimento, houve meses em que chegaram a vender uns 35 veículos além da média!
Para que não se diga ser esta uma ideia absolutamente isolada, uma pizzaria norte-americana anunciou descontos para clientes que exibissem suas armas no estabelecimento. É isso mesmo: descontos para quem fosse comer pizza armado. A promoção foi um sucesso, com 80% dos clientes aderindo, e registrou-se inclusive o caso de um cidadão que foi lá saborear a culinária italiana portando um fuzil AK-47.
Por falar em ofertas, que tal tatuar no braço, em letras garrafais e cor azul, o nome de um famoso bordel alemão da cidade de Colônia? Em troca, o cliente ganharia acesso vitalício ao estabelecimento, que tem 12 andares, 120 prostitutas, 80 empregados e mais de mil clientes por dia. Acredite: logo de cara 40 pessoas se apresentaram!
Ainda sobre prostíbulos alemães, outro deles, manifestando louvável preocupação com a ecologia e o aquecimento global, concede um desconto de cinco Euros a quem por lá comparecer a bordo de bicicletas ou via transporte público.
Há também o caso da loja de calçados de Wenzhou, na China, que dá descontos para os fregueses que acertarem um sapato na face do ex-presidente norte-americano George Bush, retratado em uma das galerias. Segundo consta, tão logo a ideia foi anunciada verificou-se um verdadeiro “estouro de manada” e, nos primeiros 30 minutos da promoção, foram vendidos nada menos que 64 pares de sapatos - e centenas por dia, a seguir!
Enquanto isso, lá em Washington (EUA), um restaurante decidiu premiar os clientes cujos filhos apresentem bom comportamento à mesa. Chega a ser pitoresca a nota fiscal emitida, na qual lê-se a expressão “crianças bem comportadas” seguida do valor do desconto: US$ 4.
Já que estamos a falar de restaurantes e de respeito a consumidores, um outro - também norte-americano - decidiu conceder um desconto de US$ 3,50 a uma consumidora que encontrou um fio de cabelo em sua alimentação. Foram mais sovinas que um terceiro, daquele mesmo país, que “agraciou” um infeliz cliente com um desconto de 25% na conta - por conta de ter sido encontrada na sopa o ‘cadáver morto de um inseto defunto’...
Longe dali, na Itália, uma lanchonete anunciava um café expresso por precisos 3 Euros. Mas se o cliente pedisse “por favor”, este valor abaixaria para 2 Euros. E se fosse pronunciada a raríssima expressão “bom dia” na entrada, a bebida custaria apenas um Euro!
Estão aí, nestes exemplos, e volto ao primeiro parágrafo deste texto, um razoável retrato do momento cultural de diversos povos - talvez mesmo da humanidade! Da agressividade à hipocrisia, da ganância ao cinismo, da angústia por uma maior espiritualidade ao inconformismo com o egoísmo puro e simples, está aí, nas entrelinhas destas notícias até pitorescas, a narrativa de muito do nosso cotidiano. Daí, talvez, a genial exclamação de Horace Walpole: “a vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem”.
Pedro Valls Feu Rosa
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