No Brasil, substituiu-se a ditadura militar por uma ditadura midiáticaBernardo Kucinski, ex-militante da Aliança Libertadora Nacional
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Sai uma, entra outra
A cada dia, os "passarinhos"
O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, recentemente
revelou que o passarinho, em que se transformou o defunto Hugo Chavez, voltou a
falar com ele por ocasião dos 60 anos do ex-presidente. A avezinha teria dito
que "estava feliz e cheia de amor". Logicamente que brasileiro sabe
bem que essa história não passa de invencionice de tiranete. Aqui se ri a
bandeiras despregadas da canalhice do venezuelano, ridicularizado até mesmo em
seu próprio país, que vive uma situação lamentável por causa do destrambelhado
“bolivarianismo” algo similar ao lulopetismo brasileiro.
O brasileiro ri de Maduro, mas continua a acreditar em
“passarinhos” noticiados a cada manhã pelos jornais. Estamos rindo do sujo
quando somos mal lavados, e nossas aves nem estão cheias de amor, mas estão
mais para urubu do que aves do paraíso. Querem mais é se livrar de vez das
teias ou grades em que se envolveram.
Um desses “passarinhos” é a redução de pena em 34 dias para
Genoíno Mensalão. Se alguém debocha de Maduro como pode engolir o jaburu daqui?
Para alguém que estava em risco de morte se ficasse na cadeia, ainda encontrar
forças para trabalhar e fazer cursos na penitenciária não é um passarinho, mas
um enxame de gozação.
E quando daquela história de que se morresse o culpado seria
o presidente do Supremo e relator do caso? Pois é, não morreu, trabalhou (?)
até muito para um cardiopata, fez cursos com fôlego de um doente crônico, e agora está com redução da pena de 6 anos e 11 meses,
que parece ser apenas para privilegiados e não para os outros meros mortais
enfurnados nas condições medievais das cadeias brasileiras.
Conseguiu com esforço sobre-humano reduzir em mais de um mês
o tempo prisional, inimaginável para quem estava à beira da morte se ficasse
preso. Meta também incrível para quem passou apenas quatro meses no xilindró.
Se todos os presidiários assim pudessem ter a mesma disposição gigantesca,
estariam soltinhos há muito.
Falta sentimento democrático
Ainda é
cedo, mas há fortes indícios de que o PT perderá as próximas eleições. Em que
Estado com muitos eleitores seus candidatos a governador se mostram
competitivos? Talvez em um. No total os petistas aparecem bem situados apenas
em quatro Estados, se tanto, três deles com não muitos eleitores. Quanto aos
aliados, especialmente o principal, o PMDB, parece que andam em franca
debandada em vários Estados. Também, pudera, como pedir fidelidade no apoio à
reeleição quando, além do pouco embalo da chapa presidencial, os candidatos da
oposição e do próprio PMDB aos governos estaduais aparecem bem à frente dos
candidatos do PT?
As taxas de
rejeição da presidenta estão nas nuvens, não só em São Paulo, onde nem o céu é
o limite. Também crescem nos pequenos municípios do Norte e do Nordeste para
onde, nas asas das bolsas-família, migraram os apoios do partido que nasceu com
os trabalhadores urbanos. As raízes deste quadro se abeberam em vários
mananciais: o das dificuldades econômicas, da tragédia das políticas energéticas
(vale prêmio Nobel derrubar ao mesmo tempo o valor de bolsa da Petrobras e as
chances do etanol e ainda encalacrar as empresas de energia elétrica), da
confusão administrativa, do pântano das corrupções e assim por diante. Culpa da
presidenta? Não necessariamente.
A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem que ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.
Leia mais o artigo de Fernando Henrique Cardoso
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