quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Tempo de penitência
Quem conhece bem o interior, quem nasceu e viveu no sertão, quem veio a conhecer a luz elétrica depois dos 10 anos, quem chegou a pensar que elevador era um quartinho de fazer “masgas”, de sumir ou aparecer gente tem um sentido muito mais apurado para as coisas da vida que aqueles que nasceram nas cidades iluminadas, de ruas calçadas, que chamam as zonas boêmias ou “coreias” de “bas-fonds”...
Só quando cheguei, aos 9 anos, ao internato do Instituto Padre Machado, foi que as coisas começaram a ser mais bem entendidas. Hoje, sei que não vou para o inferno, já que ele pode ser aqui mesmo, e também sei que não mereço o céu – não sou nenhuma Madre Teresa de Calcutá, reconheço. Devo ficar nesse “entremeio”, como a maioria de nós que sabe simplesmente que “pra quem é bacalhau basta”, né?
E o que tem a ver tudo isso, que pode ser fruto de um momento saudosista, com qualquer assunto compatível com a importância deste espaço? Talvez nada, talvez tudo. Os acontecimentos e fatos que tenho comentado nesta coluna não são capazes de deixar qualquer pessoa, de qualquer “status”, temerosa com a situação nacional, como se tivesse embarcado em um avião pilotado por um comandante que ficasse cego durante o voo?
Nosso Estado é composto de 853 municípios, dos quais não mais que 180 têm ou poderão ter vida própria. Os outros 673 vivem ou sobrevivem do FPM – Fundo de Participação dos Municípios –, que é formado da soma do Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza com o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, menos incentivos fiscais: Fundo de Investimento da Amazônia – Finam, Fundo de Investimento do Nordeste – Finor, Fundo de Recuperação do Espírito Santo – Funres, incentivos setoriais praticados por isenções do IPI, como, por exemplo, a isenção para a indústria automobilística, que fez verdadeiro rombo no FPM e foi um dos motivos da quebradeira de Estados e municípios.
Sim, mas isso foi feito assim, pros cocos? Foi e não foi... O consumismo desenfreado iludiu o povo, e o governo venceu as eleições. Sei... e o povo? Uai, o povo sifu, é claro...
Só quando cheguei, aos 9 anos, ao internato do Instituto Padre Machado, foi que as coisas começaram a ser mais bem entendidas. Hoje, sei que não vou para o inferno, já que ele pode ser aqui mesmo, e também sei que não mereço o céu – não sou nenhuma Madre Teresa de Calcutá, reconheço. Devo ficar nesse “entremeio”, como a maioria de nós que sabe simplesmente que “pra quem é bacalhau basta”, né?
E o que tem a ver tudo isso, que pode ser fruto de um momento saudosista, com qualquer assunto compatível com a importância deste espaço? Talvez nada, talvez tudo. Os acontecimentos e fatos que tenho comentado nesta coluna não são capazes de deixar qualquer pessoa, de qualquer “status”, temerosa com a situação nacional, como se tivesse embarcado em um avião pilotado por um comandante que ficasse cego durante o voo?
Túnel do tempo: Charge dos anos 1980 |
Pois é, eleição é como um voo cego... E agora? Importa saber se a cegueira do piloto aconteceu antes ou depois da decolagem? Nós todos estamos neste avião chamado Brasil. O custo de vida está pela hora da morte, os governos “microcefálicos” ameaçando parcelar, atrasar ou não pagar vencimentos a quem os tenha. Enquanto vacas estranham bezerros, a OAB faz acordo com a CNBB para fiscalizar ladrões de eleições. Mas CNBB? É... O Estado não é laico? Dizem que é... Mas, no Brasil de hoje, o que é redondo também pode ser quadrado, e tudo ao mesmo tempo... O que terá acontecido para, de um dia para o outro, a situação do país-maravilha ter virado esta droga que aí está? Qualquer laboratório faria a análise desse material malcheiroso: idiotas posando de líderes e picaretas legislando em troca de milionárias prestações.
Nosso Estado é composto de 853 municípios, dos quais não mais que 180 têm ou poderão ter vida própria. Os outros 673 vivem ou sobrevivem do FPM – Fundo de Participação dos Municípios –, que é formado da soma do Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza com o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, menos incentivos fiscais: Fundo de Investimento da Amazônia – Finam, Fundo de Investimento do Nordeste – Finor, Fundo de Recuperação do Espírito Santo – Funres, incentivos setoriais praticados por isenções do IPI, como, por exemplo, a isenção para a indústria automobilística, que fez verdadeiro rombo no FPM e foi um dos motivos da quebradeira de Estados e municípios.
Sim, mas isso foi feito assim, pros cocos? Foi e não foi... O consumismo desenfreado iludiu o povo, e o governo venceu as eleições. Sei... e o povo? Uai, o povo sifu, é claro...
Sérgio Moro viaja para um quadro gótico
Uma das pinturas mais famosas do mundo, a do Bom e Mau Governo, dos irmãos italianos Ambrogio e Pietro Lorenzetti, poderia ser lida, a oito séculos de distância, como uma alegoria do momento vivido pelo Brasil e a revolução levada a cabo na cruzada contra a corrupção.
Em seu afresco medieval Lorenzetti poderia hoje representar o amado e temido juiz brasileiro Sérgio Moro, assim como nossos atuais políticos e governantes, bem como a sociedade brasileira objeto das ações de bons e maus governos.
Da importância pictórica do afresco de Lorenzetti, que adorna a sala do Palácio Comunal de Siena, não é necessário falar porque todos os livros de arte do mundo já fazem isso. O que importa é que se trata de uma simbologia política que pode ser lida à luz da crise que hoje este país vive. E não só ele.
Na famosa obra, que revela que, além de pintor genial, Lorenzetti era um anônimo e sagaz filósofo e crítico da sociedade de seu tempo, o artista quis pôr em relevo, usando o simbolismo das cores, vivas ou opacas, com seu jogo de luzes e sombras, os efeitos produzidos na sociedade pelo que ele qualificava de “bom ou mau governo”.
Analisando a gigantesca pintura podemos observar nas intenções políticas de Lorenzetti como certos princípios de justiça e injustiça, de sociedade unida ou sem rumo, atravessam intactos os séculos.
Assim, quem hoje no Brasil tece conspirações para tentar anular o trabalho realizado pelo juiz Moro e sua equipe em colaboração com a polícia e o Ministério público para limpar a vida pública da corrupção, que põe em perigo não só a economia brasileira, mas a própria democracia e a paz social, deveria examinar com atenção a famosa pintura dos irmãos Lorenzetti.
Em seu afresco medieval Lorenzetti poderia hoje representar o amado e temido juiz brasileiro Sérgio Moro, assim como nossos atuais políticos e governantes, bem como a sociedade brasileira objeto das ações de bons e maus governos.
Da importância pictórica do afresco de Lorenzetti, que adorna a sala do Palácio Comunal de Siena, não é necessário falar porque todos os livros de arte do mundo já fazem isso. O que importa é que se trata de uma simbologia política que pode ser lida à luz da crise que hoje este país vive. E não só ele.
Na famosa obra, que revela que, além de pintor genial, Lorenzetti era um anônimo e sagaz filósofo e crítico da sociedade de seu tempo, o artista quis pôr em relevo, usando o simbolismo das cores, vivas ou opacas, com seu jogo de luzes e sombras, os efeitos produzidos na sociedade pelo que ele qualificava de “bom ou mau governo”.
Analisando a gigantesca pintura podemos observar nas intenções políticas de Lorenzetti como certos princípios de justiça e injustiça, de sociedade unida ou sem rumo, atravessam intactos os séculos.
Assim, quem hoje no Brasil tece conspirações para tentar anular o trabalho realizado pelo juiz Moro e sua equipe em colaboração com a polícia e o Ministério público para limpar a vida pública da corrupção, que põe em perigo não só a economia brasileira, mas a própria democracia e a paz social, deveria examinar com atenção a famosa pintura dos irmãos Lorenzetti.
Em uma sociedade, como aquela a que Lorenzetti pertencia, política e socialmente convulsionada, com fome, insegura, com revoltas de rua, tiranias, guerras e açoitada pela peste, o pintor coloca como primeira consequência de um bom governo a segurança dos cidadãos, os quais ele representa passeando pelas ruas e praças, sem medo, de mãos dadas. E com a segurança, em vez da miséria, aparece a abundância de bens aos quais todos têm acesso.
Nas pinturas do mau governo tem destaque, por sua vez, a figura do soberano tirânico, rodeado por “personagens sinistros”. A seus pés a aparece a justiça pisoteada e tolhida, incapaz de agir.
Destacam-se, como características negativas do mau governo, a avareza, a vaidade e os interesses dos próprios governantes em vez da preocupação pelo bem comum.
Na cidade, em vez de gente feliz, sem medo de ser assaltada pelos bandidos da época, Lorenzetti coloca medo, doenças e morte, guerras fratricidas, sujeira e destruição.
Também hoje, aqui, e no século XXI, como no tempo de Lorenzetti, sem uma justiça livre e sem amarras, em vez de uma sociedade e um território com pessoas passeando sem medo pelas ruas continuaremos tendo os cidadãos amedrontados pela violência; em vez de concórdia entre os cidadãos, sofreremos rupturas, divisões e rixas; em vez de bem-estar físico, pessoas morrendo à espera de atendimento nas portas dos hospitais.
Em vez de governantes sábios, rodeados por aqueles que buscam servir ao bem comum mais do que a si próprios, poderemos deparar-nos com tiranos, apoiados por “personagens sinistros”, tramando como tolher a justiça para poder continuar prosperando à sombra da ilegalidade.
Que a sociedade brasileira, como um todo, é saudável e mergulha em busca de seu bem-estar e tranquilidade está demonstrado no fato de que continua vendo o juiz Moro e sua equipe como heróis, e a corrupção, como o maior inimigo da democracia. Seria o bom governo de Lorenzetti.
Ao contrário, serão fruto do mau governo, do desencanto e da desesperança aqueles “homens sinistros” que desejam transformar o juiz em bode expiatório de todos os males do país.
Seriam esses poderosos que não aceitam que neste país a justiça comece a pôr na prisão, além daqueles dos três “pês” tradicionais, “pobres, putas e pretos”, os outros, os dos novos “pês”, o dos “políticos e poderosos”.
Esses que, pela primeira vez, temem ser despertados hoje ao amanhecer pela polícia para serem levados a prestar contas à justiça de seus assaltos ao patrimônio do Estado, que deveriam ter defendido e preservado, em vez de saquear.
O genial Lorenzetti seria hoje o melhor e mais emblemático pintor da irada e ao mesmo tempo esperançosa sociedade brasileira.
O mais rico dos Carnavais
O costume tem sido programar o Carnaval com bastante antecedência. Como agora, porém, jamais aconteceu. Porque logo depois de encerrado o desfile da última escola de samba, daqui a duas semanas, a turma já começou a trabalhar para o próximo, de 2017. Por conta da crise que nos assola, mudanças estão sendo engendradas. Novas escolas se organizam, antes mesmo de as atuais terem pisado o sambódromo.
“Unidos do Lava Jato” é uma escola em formação que pensa arrebentar as arquibancadas com o samba enredo “Não Sobrou Ninguém”, entoado pelo coro da Papuda. O destaque vai para a “Ala dos Delatores”. A “Bateria das Empreiteiras e dos Advogados” empolgará o público pela riqueza de recursos já postos à sua disposição.
Também forte candidata ao primeiro lugar, seguir-se-á a “Estação Primeira dos Depósitos no Exterior”, com a Comissão de Frente composta por ex-deputados e senadores então destituídos de seus mandatos, exibindo recibos de repatriamento de grandes fortunas e distribuindo notas de dólar para a plateia. Fantasiados de Irmãos Metralha desfilarão os que contribuíram para a desvalorização do real, seguidos por singular bateria, onde em vez de bumbos, seus integrantes portarão elegantes maletas de couro com ressonância especial.
Lugar de honra será ocupado pela “Escola dos Companheiros do Ali Babá”, muito mais do que 40, com o bloco “Dólar na Cueca” dando passagem aos “Abandonados Pelos Chefes”, coro de lamentações destinado a arrancar lágrimas da assistência. Para compensar a tristeza, um carro alegórico na forma de imenso jatinho, ocupado por beldades peladas que homenagearão as rosas e cantarão “Está Faltando Um”.
Os planos vem sendo elaborados em completo sigilo, por isso as informações são curtas, a ser confirmadas apenas no próximo ano, ignorando-se quais os novos grupos em preparação e, acima de tudo, os seus patrocinadores. Uma coisa, porém, é certa: será o mais rico carnaval de todos os tempos, mesmo sob o risco de ser financiado do fundo da cadeia.
“Unidos do Lava Jato” é uma escola em formação que pensa arrebentar as arquibancadas com o samba enredo “Não Sobrou Ninguém”, entoado pelo coro da Papuda. O destaque vai para a “Ala dos Delatores”. A “Bateria das Empreiteiras e dos Advogados” empolgará o público pela riqueza de recursos já postos à sua disposição.
Também forte candidata ao primeiro lugar, seguir-se-á a “Estação Primeira dos Depósitos no Exterior”, com a Comissão de Frente composta por ex-deputados e senadores então destituídos de seus mandatos, exibindo recibos de repatriamento de grandes fortunas e distribuindo notas de dólar para a plateia. Fantasiados de Irmãos Metralha desfilarão os que contribuíram para a desvalorização do real, seguidos por singular bateria, onde em vez de bumbos, seus integrantes portarão elegantes maletas de couro com ressonância especial.
Lugar de honra será ocupado pela “Escola dos Companheiros do Ali Babá”, muito mais do que 40, com o bloco “Dólar na Cueca” dando passagem aos “Abandonados Pelos Chefes”, coro de lamentações destinado a arrancar lágrimas da assistência. Para compensar a tristeza, um carro alegórico na forma de imenso jatinho, ocupado por beldades peladas que homenagearão as rosas e cantarão “Está Faltando Um”.
Os planos vem sendo elaborados em completo sigilo, por isso as informações são curtas, a ser confirmadas apenas no próximo ano, ignorando-se quais os novos grupos em preparação e, acima de tudo, os seus patrocinadores. Uma coisa, porém, é certa: será o mais rico carnaval de todos os tempos, mesmo sob o risco de ser financiado do fundo da cadeia.
Petrobras patrocinar evento contra o impeachment não é coisa muito diferente do petrolão
Nos dois casos, o dinheiro público está sendo usado em favor de interesses políticos; nos dois casos, o patrimônio do povo brasileiro é empregado para financiar um turma que tenta golpear a democraciaNão adianta!
Eles não têm limites!
Neste momento, em Porto Alegre, a Petrobras está sendo vítima de uma variante do petrolão — uma variante mais difícil de perceber.
Realiza-se na capital gaúcha o tal Fórum Social Mundial, que já apelidei, no passado, de “Disneylândia da Esquerda’. Hoje em dia, nem isso é. Os valentes perderam a eleição parlamentar na Venezuela, a presidencial na Argentina, estão pelas tabelas no Brasil, em declínio na Bolívia e sem muita saída no Chile. Afinal, o tal “outro mundo possível” de que tanto falavam, no Brasil, tem a cara do mensalão, do petrolão, do assalto aos cofres públicos, da recessão, do desemprego, da ladroagem.
Foto: André Ávila / Agencia RBS |
Assim, qual vai ser a pauta? Para disfarçar, dizem, vão debater coisas como “democracia, economia solidária, mídia livre, educação, direitos e empoderamento das mulheres”. Vale dizer: tudo conversa mole.
O objetivo mesmo desta edição do fórum é se manifestar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e em favor da cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Mais chapa-branca, impossível.
E não é só isso. Também haverá um “debate” sobre golpismo com a participação de políticos petistas. A estrela da patuscada será Tarso Genro, ex-ministro do governo Lula e ex-governador do Rio Grande do Sul. Ministros de Dilma estarão presentes, como Miguel Rosseto (Trabalho e Previdência) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
Muito bem! Aquilo que já foi a Dineylândia da esquerda hoje não passa de um parquinho mequetrefe, com brinquedos quebrados, enferrujados, antigos. Todas aquelas tolices redentoras do passado acabaram virando uma extensa folha corrida de crimes. Mas eles são esquerdistas e não desistem nunca de tomar o nosso dinheiro.
A Petrobras é uma das patrocinadoras do evento. É um acinte! É um achincalhe! É um absurdo! É uma barbaridade! E por razões as mais distintas, que se combinam.
Em primeiro lugar, a Petrobras deveria cortar a zero a sua verba publicitária e seus patrocínios. Por uma questão de decoro. A empresa vive o pior momento de sua história, num processo agressivo de desinvestimento. As pessoas comuns que compraram ações viram derreter seu suado dinheiro. Em muitos aspectos, a estatal é uma espécie de monopolista. Boa parte de sua propaganda é cascata meramente adjetiva: não vende produto, não procura ganhar o consumidor, não disputa espaço no mercado.
Mas isso ainda é o de menos: a empresa é o epicentro da atual crise política; é o palco principal de atuação da quadrilha que assaltou o país. E o assalto, sabemos todos, serviu a bandidos, mas também a um projeto de poder: o do PT. Ficou muito claro que a estatal estava sendo usada para o PT fraudar as regras do jogo democrático. Petistas e aliados tratavam a estatal como quintal de seus interesses privados.
Ora, quando a empresa patrocina um fórum cujo objetivo é só produzir proselitismo em favor do governo de turno, cumpre indagar: será que isso é muito diferente, em essência do petrolão? A resposta é óbvia: não!
É evidente que se trata do uso de recursos públicos em favor da camarilha que está no poder, ainda que tal uso assuma outra face.
Não há movimentos sociais no fórum de Porto Alegre! O que há, na maioria dos casos, são pançudos de esquerda, que recebem direta ou indiretamente farto financiamento do governo federal. Quando a Petrobras patrocina um evento contra o impeachment, está cometendo um crime político e moral: afinal, a empresa também pertence àqueles que querem que Dilma seja demitida pelas vias legais.
Mas pensemos: por que eles não fariam mais essa?
Manifesto dos mano
Nóis, os mano, vem por meio desta se manifestar também. Nós também somos acusados. Como acusados, também queremos umas garantia dos meganha. Os caras também tão violando tudo. Roubam uma grana preta da pretobras e depois pagam uma fortuna para esses advogadões saírem por aí, depredando os decente. É um desrespeito. Bandido é bandido até a presunção de inocência.
Cada vez mais convencidos de nossa própria inocência, também assinamos este manifesto – e falsificamos algumas assinaturas – para podermos ter o direito de quebrar algumas catracas sem sermos presos e termos a nossa cara estampada naquela revista de grande circulação, de forma vil e espetaculosa. Uma parcela significativa da população ainda não se deu conta disso.
Como bandidos, meliantes, punguistas, estelionatários, políticos e administradores que somos, exigimos o devido respeito das instituições as quais assaltamos. Não é possível que o monopólio do massacre – coisa que era exclusivamente nossa – agora também recaia sobre os justiceiros da justiça, os jornaleiros dos jornais, os revisteiros das revistas, os policiais da polícia e outras organizações não alinhadas com o nosso movimento.
Tão usando a mídia de forma inconsequente e irresponsável contra nóis, os bando. Querem que a sociedade fique contra nóis e nossas prática, uma vez que roubar, traficar, assaltar, mentir e dissimular faz parte da nossa cartilha de atuação sobre essa mesma sociedade, que deveria receber o assalto, o estrupo e a roubalheira como políticas de Estado. É o estado lastimável que nóis temos.
É de todo inaceitável que uma justiça achada na rua como a nossa queira agora nos culpar pelo que somos ou fazemos. Somos produto dessa mesma sociedade que nos quer presos. Batemos nossos tambores, colocamos nosso som alto e incomodamos a vizinhança com nosso churrasquinho de gato porque essas são as formas de aumentar a intolerância, fingir que somos arruaceiros e barulhentos e afugentar nossos desafetos.
Na verdade, precisamos de mãe. Nascemos sem ela. Por isso o nosso repúdio. O Estado de Esquerda está sob ameaça do Estado de Direita e o Poder Judiciário não pode esquecer de seus apartamentos luxuosos em Miami. Exigimos um julgamento justo e imparcial, de preferência com vista pro mar e smartphone liberado. Urge uma postura rigorosa de todos nóis contra essa sociedade tão injusta com a gente. Nóis constituímos uma gangue. Eles querem mesmo é acabar com a gente.
Assinado: É nóis.
Cada vez mais convencidos de nossa própria inocência, também assinamos este manifesto – e falsificamos algumas assinaturas – para podermos ter o direito de quebrar algumas catracas sem sermos presos e termos a nossa cara estampada naquela revista de grande circulação, de forma vil e espetaculosa. Uma parcela significativa da população ainda não se deu conta disso.
Como bandidos, meliantes, punguistas, estelionatários, políticos e administradores que somos, exigimos o devido respeito das instituições as quais assaltamos. Não é possível que o monopólio do massacre – coisa que era exclusivamente nossa – agora também recaia sobre os justiceiros da justiça, os jornaleiros dos jornais, os revisteiros das revistas, os policiais da polícia e outras organizações não alinhadas com o nosso movimento.
Tão usando a mídia de forma inconsequente e irresponsável contra nóis, os bando. Querem que a sociedade fique contra nóis e nossas prática, uma vez que roubar, traficar, assaltar, mentir e dissimular faz parte da nossa cartilha de atuação sobre essa mesma sociedade, que deveria receber o assalto, o estrupo e a roubalheira como políticas de Estado. É o estado lastimável que nóis temos.
É de todo inaceitável que uma justiça achada na rua como a nossa queira agora nos culpar pelo que somos ou fazemos. Somos produto dessa mesma sociedade que nos quer presos. Batemos nossos tambores, colocamos nosso som alto e incomodamos a vizinhança com nosso churrasquinho de gato porque essas são as formas de aumentar a intolerância, fingir que somos arruaceiros e barulhentos e afugentar nossos desafetos.
Na verdade, precisamos de mãe. Nascemos sem ela. Por isso o nosso repúdio. O Estado de Esquerda está sob ameaça do Estado de Direita e o Poder Judiciário não pode esquecer de seus apartamentos luxuosos em Miami. Exigimos um julgamento justo e imparcial, de preferência com vista pro mar e smartphone liberado. Urge uma postura rigorosa de todos nóis contra essa sociedade tão injusta com a gente. Nóis constituímos uma gangue. Eles querem mesmo é acabar com a gente.
Assinado: É nóis.
Males antigos
O país sofre de males antigos. Por incapacidade política e despreparo econômico, prossegue a ininterrupta expansão dos gastos públicos como percentual do PIB há mais de quatro décadas. Experimentamos em decorrência a hiperinflação, crises cambiais e moratória externa, sequestro da poupança, endividamento interno em bola de neve, insanidade tributária, juros obscenos, inflação persistente e perda da dinâmica de crescimento.
A mecânica perversa de irrefreada ampliação dos gastos públicos foi disparada no regime militar e compreensivelmente exacerbada pela incapacidade política e pelo despreparo econômico de uma social-democracia hegemônica ante as legítimas pressões sociais de uma democracia emergente.
A tragédia brasileira registra o mais longo esforço anti-inflacionário da história universal.
Iniciamos 2016 com as irrefutáveis evidências da corrupção sistêmica na dimensão política e com a escalada do desemprego em massa na dimensão econômica.
A corrupção e o desemprego são sintomas de um duplo colapso: teremos de mudar ainda neste ano nossas formas de fazer política e tocar a economia. A reforma política e a mudança de regime fiscal seriam a confirmação do amadurecimento de nossas instituições.
Na política, os sucessivos escândalos refletem uma transição inacabada do Antigo Regime para a Grande Sociedade Aberta. É inaceitável que a única forma de conduzir as atividades políticas, desde o financiamento de campanha até a obtenção de maioria parlamentar, seja esta roubalheira.
Na economia, a essência de uma estabilização rápida e com pouco sacrifício da produção e do emprego é a fulminante reversão das expectativas sob um novo regime fiscal, acompanhado de reformas de modernização.
Em poucos meses teremos a definição do atual impasse político. O aprofundamento da recessão e o aumento do desemprego garantem o desgaste cada vez maior do governo perante a opinião pública. E medidas de sempre, como o aumento dos juros e dos impostos para controlar a inflação, agravam o quadro recessivo, contribuindo também para a impopularidade do governo.
Não compreendo como possa a presidente desperdiçar a oportunidade de dar um cavalo de pau nos gastos públicos espetando a conta política no Plano Temer, do PMDB, antes que seja tarde.
Paulo Guedes
A mecânica perversa de irrefreada ampliação dos gastos públicos foi disparada no regime militar e compreensivelmente exacerbada pela incapacidade política e pelo despreparo econômico de uma social-democracia hegemônica ante as legítimas pressões sociais de uma democracia emergente.
A tragédia brasileira registra o mais longo esforço anti-inflacionário da história universal.
A corrupção e o desemprego são sintomas de um duplo colapso: teremos de mudar ainda neste ano nossas formas de fazer política e tocar a economia. A reforma política e a mudança de regime fiscal seriam a confirmação do amadurecimento de nossas instituições.
Na política, os sucessivos escândalos refletem uma transição inacabada do Antigo Regime para a Grande Sociedade Aberta. É inaceitável que a única forma de conduzir as atividades políticas, desde o financiamento de campanha até a obtenção de maioria parlamentar, seja esta roubalheira.
Na economia, a essência de uma estabilização rápida e com pouco sacrifício da produção e do emprego é a fulminante reversão das expectativas sob um novo regime fiscal, acompanhado de reformas de modernização.
Em poucos meses teremos a definição do atual impasse político. O aprofundamento da recessão e o aumento do desemprego garantem o desgaste cada vez maior do governo perante a opinião pública. E medidas de sempre, como o aumento dos juros e dos impostos para controlar a inflação, agravam o quadro recessivo, contribuindo também para a impopularidade do governo.
Não compreendo como possa a presidente desperdiçar a oportunidade de dar um cavalo de pau nos gastos públicos espetando a conta política no Plano Temer, do PMDB, antes que seja tarde.
Paulo Guedes
O mal é você, estúpida!
Esperar confissão de culpa de Dilma, nem pensar. Se não bastasse a indigência mental, a presidente transpira o orgulho dos subalternos desde tempos do baixo escalão nos movimentos contra a ditadura.Reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica necessariamente, a não ser que nós façamos uma fala demagógica, em ampliar impostosDilma Rousseff
O maior mal para o país é a figura histriônica, motivo de gargalhadas para muitos. Esse lado start-up da presidente esconde o pior: a tragédia de um país.
Rir dos tropeços mentais de Dilma é apenas participar do conluio de ocultar o sofrimento de tanta gente. O riso é o descaso para com as lágrimas e o sofrimento de um povo desesperançado, sob o jugo dos impostos, da roubalheira nos poderes (sem falar na podridão dos conluios), dos péssimos serviços à população.
Dilma esquece propositadamente de explicar por que o Brasil está desequilibrado. Seria confessar a incompetência administrativa, a conivência e complacência com a roubalheira institucionalizada, sem contar o aparelhamento do Estado para benefício dos companheiros e apadrinhados.
Se um país, com a maior taxação do mundo, ainda tem que se socorrer de outro imposto já extinto para suas finanças ficarem em dia, é confissão da presidente de que não fez o mínimo dever de qualquer dona de casa: gastar o que pode. Esbanjou, jogou no ralo e nos bolsos amigos. Prevaricou escancaradamente e se faz de santinha - crime e escárnio.
A megalomania de Dilma e do PT, assenhorando-se dos cofres públicos, em detrimento do atendimento ao povo não pode ser perdoada com a instituição da CPMF. Há que ser condenada com atitude para que o país não se torne de vez o paraíso dos coronéis, dos barões, dos caciques, do comissariado, enfim, da bandidagem político-governamental.
Não há motivos para se rir, mesmo que palhaçadas presidenciais, mas para se revoltar e gritar cada vez mais contra a bandidagem que assola o país.
Às cegas
Tanto jornal, tanta rádio, tanta agência de informações, e nunca a humanidade viveu tão às cegas. Cada hora que passa é um enigma camuflado por mil explicações. A verdade, agora, é uma espécie de sombra da mentira. E como qualquer de nós procura quase sempre apenas o concreto, cada coisa que toca deixa-lhe nas mãos o simples negativo da sua realidadeMiguel Torga,
Futuro
A maior das crises que o Brasil enfrenta é reflexo do vazio. Vazio de lideranças, de escrúpulos, de honestidade, de respeito. Difícil é escolher um exemplo, alguém que possa servir de farol, de guia, de inspiração. Algumas figuras míticas se desintegrando como bolhas ao sol. O que oferecer ao jovem de exemplo? Mais temos a esconder.
Antes da apresentação de um “Jornal Nacional”, deveria ser exposto em tarja vermelha: “Vetado aos menores de 60 anos”. O que passa na tela deseduca. Coisas apenas para aposentados, que da vida já tiveram quase tudo.
A cada dia, uma forma nova e sofisticada de roubar, de desviar, de aniquilar um país. Falsidade e fórmulas de envenenamento da sociedade. Pelas ondas se espalham a descrença, o desespero, a depressão. Uma incitação à revolta. A covardia é banalizada. O execrável se repete, exposto e esmiuçado para qualquer um ver o que havia de feio.
Gatos do mesmo balaio, um dedurando o outro. Quem mais e quem menos, todos dedicados a mensalão ou mensalinho, mas sempre unidos na exploração sórdida do poder. Rouba-se das verbas da saúde, da educação, da caixinha da igreja, nada escapa, qualquer oportunidade serve, mesmo deixando sofrimentos e cadáveres no rastro.
Ficou exposto também o nobre e democrático instrumento da CPI, que deveria investigar e apurar condutas delituosas. Ele se transformou, como o resto, em forma de achaque, de negociatas, de lavar crimes. CPI usada como ameaça de constrangimento, para depois extorquir verbas que, de regra, saem da coisa pública.
O que se salva hoje? Difícil de dizer. Vazio de propostas, de vontade de enfrentamento. Esperanças que se apequenam num Brasil esvaziado. Fosse manga este país, teríamos para descrevê-lo apenas um caroço seco e pelado. As boas cabeças saem, não têm por que ficar aqui. Não há perspectiva, clima, seriedade, respeito às leis.
Quem vai apostar sua vida neste país? Que futuro esperar? Perder a flor dos anos num covil de lobos?
O indivíduo aspira ao grau de cidadão, emancipado pelas suas capacidades. Quer trabalhar, quer ter renda para satisfazer suas necessidades, viver sua vida. Muitos jovens querem se casar, ter sua família e um lar, uma vida tranquila.
Eu já passei por isso e tenho pena dos jovens de hoje, também muitos deles já deteriorados pelo mal a que ficaram expostos, matando sonhos e esperanças de juventude. Faltam líderes, comandantes, pessoas que pensem amplo e que aspirem a uma sociedade justa.
Tenho pavor de comentaristas políticos caçando cabelos nos ovos e banalizando o desfrute sórdido do exercício do poder. Gostava do antigo Boris Casoy, até ser silenciado.
Arrepio e não entendo como famílias inteiras, brindadas por patrimônios incalculáveis, se dedicam ao arriscado assalto da coisa pública, dos remédios, da comida, sem consciência do mal que provocam e de que deverão, um dia, dar conta a Deus.
Eu não sou pregador nem fanático montanista. Acredito que não há felicidade nem desenvolvimento, individual e da nação a que pertencemos, sem respeito às regras. Não tem Estado que progrediu sem respeito a seus mandamentos. Um Estado predador é terminantemente desautorizado pelas suas atitudes a gerir o poder.
A roda atual gira para favorecer os escroques, incita as novas gerações a trilhar o mau caminho. Apresenta seu pendor execrável.
Brasil: um potencial assombroso jogado fora. Recessão em 2015 de 4% ao ano. Já o ano de 2016 iniciou pior. Nada no horizonte a não ser impeachment e briga de uma classe política que asfixia os entusiasmos dos mais otimistas. O consumo de energia nos primeiros 15 dias do ano caiu 9,6%. Sinal de uma catástrofe iminente? O Estado ocupado por falanges que usam suas prerrogativas para roubar o esforço honesto de quem trabalha. Estado cuja função principal se reduziu a extorquir quem trabalha, lançando mão de tudo.
O Brasil está no limite da revolta; hoje dá medo.
Não sabem escrever
Está nos jornais: 53 mil inscritos no Enem 2015 tiraram zero em redação! E, em três das quatro áreas que compõem o exame, a média caiu. Quer dizer, decorridos 12 anos de estudos, muitos jovens continuam sem saber escrever corretamente e sem conseguir se expressar bem. Em 2014 apenas 250 haviam alcançado nota máxima. Em 2015, o número despencou: 104! É de se estranhar, pois, que o ministro da pasta considere como “oscilações normais” tal descalabro.
Certamente, algo muito sério está ocorrendo: Se somarmos 37% (que fizeram menos de 500 pontos) com 33% (que ficaram entre 501 e 600), teremos 70%! Significa dizer que cerca de quatro milhões de jovens, às vésperas de ingressarem no mercado de trabalho e/ou no ensino superior, mal conseguem resolver problemas simples, interpretar dados de manuais e compor um relatório corriqueiro! São, pois, reduzidas suas chances de autossuficiência profissional e ascensão social.
Que ninguém me diga que a causa de tudo é que os dois milhões de professores brasileiros são conservadores e adoram reprovar. Escolas que utilizavam métodos hoje tidos como antiquados cumpriram seu papel com eficiência no passado recente. Hoje em dia, há as que conscientemente adotam métodos conservadores e têm ótimos resultados. Não defendo o método A ou B. Minha experiência me ensinou que, bem utilizados, quaisquer deles dão bom resultado. É que a causa do problema não é metodológica — é política.
Por outro lado, constatar que, em 2016, uma das áreas que oferece mais vagas para o nível superior é Pedagogia assusta. A situação é crítica porque, mesmo tais vagas continuarão sem serem preenchidas, já que boa parte dos poucos que optam pelo curso não pretende trabalhar em educação, como demonstraram recentes pesquisas.
O mesmo ocorre nas licenciaturas. Afinal, quem quer ser professor hoje, quando o primeiro grande desafio é conseguir fazer os alunos compreenderem que se qualificar é diferencial para a vida deles próprios? E que, embora seja direito assegurado por lei, vale lembrar que todo direito remete a dever correspondente. O docente precisa dar aulas motivadoras e usar metodologia adequada, sim; mas o aluno tem que entender que é ele o maior interessado em progredir. E progredir demanda se dedicar e ser disciplinado. O que impera em nosso meio, porém, é a ideia de que é mister fazer com que, nas aulas, estudantes se sintam tal e qual estivessem na web ou nos joguinhos eletrônicos!
Enquanto especialistas discutem o problema do celular e assemelhados em aula, a realidade é que ainda temos 112 municípios sem uma só biblioteca pública! E como tornar a aula uma festa, se, em salas lotadas e sem infraestrutura, docentes mal conseguem se fazer ouvir, tal o nível de indisciplina? Devolvam o poder aos gestores escolares e aos docentes, que, a seguir, muito se poderá solucionar.
Tania Zagury
Certamente, algo muito sério está ocorrendo: Se somarmos 37% (que fizeram menos de 500 pontos) com 33% (que ficaram entre 501 e 600), teremos 70%! Significa dizer que cerca de quatro milhões de jovens, às vésperas de ingressarem no mercado de trabalho e/ou no ensino superior, mal conseguem resolver problemas simples, interpretar dados de manuais e compor um relatório corriqueiro! São, pois, reduzidas suas chances de autossuficiência profissional e ascensão social.
Que ninguém me diga que a causa de tudo é que os dois milhões de professores brasileiros são conservadores e adoram reprovar. Escolas que utilizavam métodos hoje tidos como antiquados cumpriram seu papel com eficiência no passado recente. Hoje em dia, há as que conscientemente adotam métodos conservadores e têm ótimos resultados. Não defendo o método A ou B. Minha experiência me ensinou que, bem utilizados, quaisquer deles dão bom resultado. É que a causa do problema não é metodológica — é política.
Por outro lado, constatar que, em 2016, uma das áreas que oferece mais vagas para o nível superior é Pedagogia assusta. A situação é crítica porque, mesmo tais vagas continuarão sem serem preenchidas, já que boa parte dos poucos que optam pelo curso não pretende trabalhar em educação, como demonstraram recentes pesquisas.
O mesmo ocorre nas licenciaturas. Afinal, quem quer ser professor hoje, quando o primeiro grande desafio é conseguir fazer os alunos compreenderem que se qualificar é diferencial para a vida deles próprios? E que, embora seja direito assegurado por lei, vale lembrar que todo direito remete a dever correspondente. O docente precisa dar aulas motivadoras e usar metodologia adequada, sim; mas o aluno tem que entender que é ele o maior interessado em progredir. E progredir demanda se dedicar e ser disciplinado. O que impera em nosso meio, porém, é a ideia de que é mister fazer com que, nas aulas, estudantes se sintam tal e qual estivessem na web ou nos joguinhos eletrônicos!
Enquanto especialistas discutem o problema do celular e assemelhados em aula, a realidade é que ainda temos 112 municípios sem uma só biblioteca pública! E como tornar a aula uma festa, se, em salas lotadas e sem infraestrutura, docentes mal conseguem se fazer ouvir, tal o nível de indisciplina? Devolvam o poder aos gestores escolares e aos docentes, que, a seguir, muito se poderá solucionar.
Tania Zagury
Por que os recursos do pré-sal estão frustrando o setor da educação
Em setembro de 2013, a presidente Dilma Rousseff assinou a lei que destina a maior parte dos recursos dos royalties do pré-sal à educação num momento de grandes expectativas: a economia brasileira ainda vivia tempos de otimismo e o petróleo era cotado internacionalmente a US$ 110 o barril.
A lei determinou que 75% dos royalties do petróleo e 50% do chamado Fundo Social do Pré-Sal sejam destinados à educação - uma espécie de poupança feita com parte dos recursos originários da exploração petrolífera do país, paga ao Estado brasileiro pelas empresas que exploram esse recurso.
Na ocasião, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, declarou que os royalties trariam a receita "mais promissora do Estado brasileiro". E Dilma lembrou que se tratava de "darmos um salto de qualidade de ensino no Brasil e em todas as atividades, da criação científica até a economia".
Passados pouco mais de dois anos, porém, o cenário é bem menos otimista: o preço internacional do petróleo vem despencando e, nesta segunda-feira, o barril foi cotado a US$ 28, valor mais baixo em 12 anos.
Isso significa que, a cada barril extraído, será substancialmente menor a receita de royalties obtida pelo governo brasileiro.
Segundo cálculos feitos até setembro pela consultoria legislativa da Câmara dos Deputados, de uma previsão orçamentária inicial de R$ 6 bilhões vindos de royalties para a educação, o país havia conseguido aplicar apenas 15% desse valor em 2015.
E, ainda que a exploração do pré-sal tenha registrado alta no ano passado e o dinheiro resultante disso já esteja pingando na conta do Ministério da Educação (MEC), municípios brasileiros dizem ter tido suas expectativas frustradas, alegando que os recursos estão ficando com o ministério para suas despesas correntes e não estão chegando à ponta final da cadeia.
Os municípios se queixam também que, por conta da crise econômica, os repasses do MEC estão atrasados, dificultando investimentos no setor.
Para complicar, uma pendência judicial contribui para a incerteza quanto aos royalties: uma liminar do Supremo Tribunal Federal mantém em suspenso a distribuição dos recursos nos termos definidos pela lei de 2013.
A ação, que não tem data para ser analisada em caráter definitivo, foi solicitada pelo governo do Rio de Janeiro, Estado produtor de petróleo, que questiona a distribuição dos royalties para os Estados não-produtores.
Nesse cenário, como ficam as chances de o dinheiro da exploração do petróleo poder de fato mudar o panorama orçamentário da educação brasileira, como se esperava em 2013?
Levantamento de Paulo César Ribeiro Lima, consultor da Câmara dos Deputados para temas minerais e energéticos, calcula que, apesar de no início de 2015 o orçamento ter previsto R$ 6 bilhões vindos dos royalties e R$ 4,1 bilhões terem sido empenhados (ou seja, prometidos) pelo governo federal até setembro, apenas R$ 872,5 milhões dessa fonte foram efetivamente gastos pelo ministério.
Para Ribeiro Lima, a previsão orçamentária nasceu alta porque ainda tinha como base o preço do petróleo ainda no patamar mais elevado.
E os municípios brasileiros, que costumam arcar com grande parte dos gastos educacionais – nas escolas de ensino primário e fundamental -, se queixam de que seus custos aumentaram, sem que as receitas petrolíferas tenham chegado para socorrê-los.
"Os royalties foram anunciados como um recurso adicional, (...) mas não temos respostas sobre como eles serão distribuídos para Estados e municípios", diz Alessio Costa Lima, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime).
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