domingo, 5 de junho de 2016


De volta ao passado

Satanizar o capital privado, o mal em si, e santificar a economia de Estado, que reúne os puros e bem-aventurados. Não importa se isso remete o país ao século passado ou ao anterior. Na cabeça dos profetas do atraso vale tudo para espicaçar o governo do interino Michel Temer e seus apoiadores. Esse é o intuito da campanha “Se é público é de todos”, a ser lançada amanhã, no Rio, tendo o ex-presidente Lula como convidado de honra.

A iniciativa nada tem de nova. Foi usada a mancheias na campanha presidencial em que Lula constrangeu o tucano Geraldo Alckmin antes de derrotá-lo. Na época, Alckmin reagiu à acusação de que seria privatista posicionando-se contra o legado de FHC e vestindo jalecos com selos da Petrobras, Caixa, etc.. Um vexame.

Agora, a reedição da pendenga é questão de sobrevivência para Lula e o PT, hoje sem qualquer bandeira crível para convencer os eleitores, seja para o pleito municipal deste ano, seja para 2018.

A ideia é usar a velha roupa dos idos de 2006 – que ainda faz sucesso no público cativo -- para se desgarrar da presidente afastada Dilma Rousseff, acrescentando algo na cantilena do “golpe”, que já perdeu força, embora Dilma, sem alternativa, continue a repeti-la.

É fato que antes de voltar ao estatismo o PT tentou outras artimanhas. Imaginou colar em Temer a ideia de que ele acabaria com os programas sociais, algo que ele, nem que tentasse, conseguiria estragar mais do que o governo Dilma estragou. Em seguida, diante das gravações envolvendo Romero Jucá e Fabiano Silveira, Renan Calheiros e José Sarney, achou que poderia inverter tudo e atribuir ao grupo de Temer a tentativa de melar a Lava-Jato. E fez isso de cara lavada, como se ministros de Dilma, ela própria e o ex Lula não tivessem sido flagrados em escutas ainda mais comprometedoras.

Nenhuma das táticas conseguiu entusiasmar o público. No máximo, colocou palavras de ordem na boca da torcida.

As chances de sucesso do neoestatismo também são limitadíssimas. Ao contrário. Deixará os pagantes da farra pública ainda mais irritados e só terá sucesso entre nomeados e abençoados e alguns grupamentos de funcionários públicos.

Para a maior parte das pessoas, o Estado é uma lástima. Está onde não devia, enche as burras de privilegiados e não se faz presente onde é imprescindível. Não está no posto de saúde, no hospital, nas escolas, na segurança, mas se impõe em negócios milionários travestidos em obras que nunca terminam ou, quando terminam, são de segunda linha. Brilha em empresas públicas sem qualquer serventia. Sustenta a corrupção.

Em oito anos de governo, Lula criou seis estatais e recriou uma, a Telebras, que cuidaria de fornecer soluções de inclusão digital, a tal banda larga para todos, que ficou na promessa. Inventou o inexistente Banco Popular do Brasil e a Ceitec, uma fábrica de semicondutores, tão moderna que, em seu site, registra online o balanço de 2013 – o de 2014 está na versão papel e tem de ser retirado pelo interessado na sede da empresa --, além da controvertida Empresa Brasil de Comunicação (EBC), hospedeira da TV Brasil, vulgo TV Lula.

Com 2.600 funcionários, a EBC já consumiu R$ 3,6 bilhões. Embora tenha independência no papel, a empresa se tornou abrigo de comunicadores alinhados. Sem audiência – em seu site confessa que em 2015 o Ibope aferiu visibilidade de 32 milhões em seis capitais, ou seja, 87.671 espectadores ao dia –, a empresa tem força no ambiente palaciano e é alvo de um cabo de guerra entre Dilma e Temer. E seja lá quem vença a batalha, o contribuinte continuará a custeá-la sem ter sido consultado se desejava ver o seu imposto investido em uma TV estatal, dita pública.

Mais estatizante ainda, Dilma criou quatro empresas em apenas 23 meses. Entre elas a fabulosa Empresa Brasileira de Planejamento e Logística, nome remodelado da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (eTAV), concebida para tocar as obras do imaginário trem-bala.

Até os que insistem na cegueira sabem da falência do Estado provedor. E que as nações modernas buscam criar salvaguardas para a voracidade do capital. Ninguém precisa reinventar o equilíbrio. Mas os tempos estão tão bicudos que não há espaço para a lógica.

Pior: os mesmos que pregam que “o público é de todos” negociam entre quatro paredes com o privado e querem mesmo é que o público continue sendo de alguns.

A morte do Brasil velho

Há certas coisas que continuam mais ou menos como eram 2.500 anos atrás, ou algo parecido. Dos tempos da Grécia antiga nos vem, por exemplo, a história de Diógenes, o filósofo da escola cínica que andava pelas ruas de Atenas carregando uma lanterna em plena luz do dia. Quando alguém lhe perguntava “para que isso, Diógenes?”, ele respondia “para ver se eu encontro um homem honesto em Atenas”. Troque-se a Atenas de Diógenes pela Brasília de hoje e não vai ser preciso muito tempo para concluir que as dificuldades da vida pública não mudaram grande coisa de lá para cá. É claro que havia muita gente honesta na Grécia, como há muita gente honesta no Brasil. Mas o filósofo, com sua lanterna, estava apenas dando um aviso sobre as realidades da política — particularmente sobre o problemaço que é encontrar pessoas honestas em quantidade suficiente para construir uma vida pública de qualidade superior. Falta gente, eis aí a imensa complicação — ou melhor, falta gente que seja ao mesmo tempo impecável do ponto de vista ético e disposta a entrar de corpo e alma nas ásperas necessidades da política como ela é. No terremoto que vem devastando a existência dos políticfos brasileiros há mais de um ano, e que começou a se formar muito antes disso, está cada vez mais claro que o país vive uma extrema escassez de justos. Onde estão?


Eis aí, no clamoroso episódio do senador Romero Jucá, a última comprovação de que tudo está mesmo muito difícil. Acaba de ser colocado no olho da rua, oficialmente em caráter ainda provisório, o governo mais corrupto de toda a história do Brasil, nas modalidades ativa e passiva — não se trata de uma opinião, mas de um fato estabelecido por números, confissões públicas, perícias, documentos, gravações e toda uma coleção de acontecimentos indiscutíveis que, no conjunto, já renderam 1.000 anos de condenação a penas de prisão. Em seu lugar entra outro que, apesar de todo o pavor instalado no mundo político — e das consequentes cautelas para evitar nomes com potencial de complicações judiciárias —, não consegue atravessar seus primeiros dias sem ter de mandar embora um ministro de Estado. O nome anunciado para substituí-lo no cargo também faz parte dos grupos de risco. Outros, por suspeitas diversas, nem chegaram a ser nomeados. Outros tantos, ainda, vivem diariamente na expectativa de ser formalmente acusados de algum delito — para não falar de todos os que já foram denunciados, encontram-se sob investigação judicial ou estão sendo processados. É óbvio que há muitos homens perfeitamente íntegros no presente governo, e é óbvio que há um abismo de diferenças, em termos de moral comum, entre os governantes que acabam de entrar e os que acabam de sair. Mas é igualmente óbvio que não existe a segurança ética que deveria existir, num momento em que a paciência do Brasil com acusações de má conduta é mínima e a morte política virou mal súbito.

Isso tudo parece provar que as coisas vão muito mal, como nos tempos de Diógenes, e realmente vão. Ao mesmo tempo, podem estar indo melhor do que jamais foram. Aconteça o que acontecer, há no Brasil um fenômeno historicamente inédito e que se chama Operação Lava Jato. Em consequência direta de suas investigações e do abalo termonuclear que causou na corrupção nacional, até há pouco dada como invencível, todo um Brasil velho está morrendo, como morreram um dia o Império Romano, a colonização da África e o comunismo na Rússia — não há volta possível para nada disso. O ministro Jucá foi ejetado do governo e devolvido ao Senado Federal por causa de gravações em que aparece tentando esfriar a fornalha da Lava Jato. Não apenas foi um erro fatal — ele estava tentando fazer algo impossível. É este, na verdade, o problema sem solução para os políticos do país que está sendo desmontado — os de agora e, mais ainda, os que foram despejados. Nem eles, nem os tribunais mais supremos, nem as organizações mais poderosas têm hoje condições de “parar a Lava Jato”. Há um outro país aí.

Sorte para o azar

Ninguém em sensata consciência discorda de que Dilma Rousseff tinha zerado seu estoque de condições de governar quando foi afastada da Presidência por força da abertura do processo de impeachment no Senado, em 12 de maio.

Ninguém de bom senso, portanto, ignora que a volta dela ao cargo seria a assinatura de um contrato do País com o desastre completo. Seja pela retomada dos meios e modos que nos levaram à recessão na área econômica e à depressiva convivência com a corrupção sistêmica, seja pela ameaça de soluções estranhas à Constituição como a ideia de patrocinar eleição presidencial fora do tempo. Em qualquer hipótese, dias piores virão.

Nisso, até o PT concorda, indisposto que está para segurar um rojão pronto a explodir em suas mãos. Justamente em ano de eleição municipal na qual a perspectiva do partido é ruim, mas seria muito pior na posse de uma Presidência em xeque.

Na oposição a Michel Temer, os petistas ao menos têm um discurso. Meio capenga, é verdade, pois implica a adoção de argumentos estapafúrdios. Tais como a tese do “golpe” e a indignação moral contra “tudo isso que está aí”, não obstante esse “tudo” tenha sido levado aos píncaros da exorbitância nos 13 anos do PT no poder.

É preciso, sobretudo, levar em conta a tendência da sociedade de se enganar deliberadamente. Um exercício de amnésia consentida. O escritor Ivan Lessa pontuou certa vez que a cada 15 anos o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos e repete os equívocos. Bondade dele. Na atual conjuntura estamos nos esquecendo do ocorrido há 15 dias. Na melhor das hipóteses, dado que vivemos uma quadra em que a memória não sobrevive 15 minutos.

Nesse ambiente é que prospera a ideia de que os equívocos do governo interino de Michel Temer dão margem à sensação de que é preciso pôr ele um fim o quanto antes para restaura-se a moralidade a fim de que não nos locupletemos todos. Será, entretanto, essa a realidade fática? Gostaríamos de voltar à errática situação anterior acreditando que a soma dos erros resultariam num acerto?

Obviamente – e, de novo, aludindo ao bom senso – não seria esse o desejo das pessoas que foram para as ruas e se expressaram nas pesquisas de opinião. Queriam a saída de Dilma, mas preferiam não ter Michel Temer como substituto. Ocorre, porém, que há uma distância considerável entre o desejável, o possível e o provável. Pensassem nisso na hora de votar na candidata que o escolheu como vice.

O presidente em exercício não parece dar o devido peso às circunstâncias na tomada de certas decisões. Nomeou pessoas inquestionáveis na economia, mas não aplicou o mesmo rigor na área da boa conduta, menosprezou o indispensável pré-requesito da ficha limpa, cuja verificação não depende de nada além de uma consulta na internet.

Para quem sabia da impossibilidade de errar, da ausência de espaço para trégua, Michel Temer e sua equipe têm abusado do direito de se equivocar. Podem pagar por isso. Pior: farão com que paguemos todos se o resultado for a volta daquela que ainda não foi.

Vida Severina. Evidências não faltam sobre a impossibilidade de o deputado Waldir Maranhão continuar na presidência da Câmara. Falta, contudo, colegas que se disponham a removê-lo do posto. No caso de Severino Cavalcanti, o então deputado Fernando Gabeira teve papel fundamental ao cobrar a renúncia em pleno plenário.

Se a Câmara quiser, Maranhão terá como destino o anonimato. A questão é a Câmara “querer”, o que não parece ser da conveniência dos líderes partidários e deputados mais influentes, acomodados que estão no anômalo cenário de um presidente fantoche. Não preside. Só manobra e exige regalias.

Se é isso que o Legislativo quer, pior para o Legislativo.

Ser e estar no governo

Reinar, mas não governar. Essa é a ameaça que paira sobre a cabe­ça de mandatários que fazem da autossuficiência o molde de seus governos. Nas democracias modernas, governar é repartir, dividir, compartilhar com os parceiros políticos a administração pública. Pela ausência dessa prática, os governos, particularmente por estas plagas, têm perdido força. Nos anos do lulopetismo, incluindo a gestão da presidente Rousseff, os atores partidários até foram convidados a participar da administração. Mas não como parceiros; foram chamados para integrar o time governamental, sem direito, porém, a opinar sobre políticas públicas. Em termos mais concretos, o governo nomeou ministros de muitos partidos, mas estes viram seus poderes limitados. Alguns até passaram a ser monitorados por quadros petistas fincados ao seu redor.

Governos que assim agem acabam experimentando derrotas sucessivas no Congresso. E até impedimentos. O passado registra o caso de Fernando Collor de Mello. Não fazia articulação com a base política. Sem capi­tal político, foi empurrado para fora da Presidência da República por um impeachment. Algum verniz de distanciamento entre o Executivo e o Congresso também pode ser enxergado no ciclo Dilma. Que, como se sabe, cultivou imenso desprezo pela base parlamentar.

O nosso chamado “presidencialismo de coalizão”, portanto, não se apoia em bases sólidas. Frequentemente, balança em areia movediça que gera instabilidade. A explicação é a forma de relacio­namento do Executivo com os partidos que lhe dão sustentação. Adota uma forma considerada ortodoxa, unilateral, sem reciprocidade. O maior partido do país, o PMDB, por exemplo, sempre se queixou por não ser governo, mas estar no governo. Foi assim durante a era petista.

A diferença entre ser e estar conduz aos fun­damentos do “presidencialismo de coalizão”, nos termos descritos pelo cientista político Sérgio Abranches em 1988, que pressupõem três momentos: a constituição pelos partidos de uma aliança eleitoral e sua união em torno de um programa mínimo; a formação do gover­no, a partir do preenchimento de cargos e compromissos com a pla­taforma política; e a transformação da aliança inicial em coalizão go­vernativa. Ser governo significa assumir responsabilidades nesses três momentos.

Sob essa perspectiva, os governos deveriam amalgamar as posições programáticas dos partidos, contemplando-os na operação administrativa de acordo com a sua respectiva densidade política no Congresso Nacional e observando a identidade e as vocações de cada um. Mas isso não é visto no cotidiano da administração. A disparidade no atendimento das demandas partidárias abre contrariedades, or­ganiza emboscadas, gera traições.

As disputas por espaços se acirram sob o leque do fisiologismo, mazela histórica de nossa cultura política. A crise política por que passa o país tem muito a ver com essa distorção. O PT sempre cultivou a ideia de formar sua redoma de poder, só admitindo (a fórceps) compartilhar espaços na Esplanada dos Ministérios. Nunca arredou mão do lema “nós aqui e eles lá”. Em outros termos, o PT sempre quis dizer: nós somos governo, e vocês, aliados, estão aqui de pas­sagem. São convidados circunstanciais. Estar no governo, pois, é ocupar cargos sem a prerrogativa dos ocupantes de interferir no ideário governamental. Essa tem sido a modelagem que gera insatisfação das bases partidárias.

O resultado é um embate permanente entre alas e grupos. Ao deixar de contemplar posições e visões dos participantes da base, o Executivo faz uma interpretação enviesada do “presidencialismo de coalizão”. Qual a razão para tanta autossuficiência? Resposta: o caráter do hi­per-presidencialismo. O Poder Executivo ganhou força com a Constitui­ção federal de 1988, que dotou o governo de extraordinário instru­mento legiferante (a medida provisória). Além deste, outros meios têm expandido o cacife presidencial: a adoção do regime de urgência na tramitação de projetos de lei; o mecanismo de votação simbólica de lei pelos líderes partidários; a legislação tributária centralizadora e a própria Lei de Responsabilidade Fiscal.

Com essa armação, o Palácio do Pla­nalto, nos últimos anos, passou a enquadrar as políticas do Estado em duas bandas: uma com capacidade decisória sobre metas de câmbio, política de juros, cujos efeitos se fazem sentir nas políticas de emprego e renda; a outra, sem poder decisório central, fica repartida entre os apoiadores. Não por acaso floresce no País um autoritarismo civil sem precedentes. As tensões entre os Poderes atingem um clímax. O barão de Montesquieu (quem se lembra dele?), com seu sistema de pesos e contrapesos, vê quebrada a harmonia que pregava entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Diante dessa moldura, cai bem a proposta do presidente em exercício, Michel Temer, de dar forças aos ministros, permitindo-lhes conduzir suas áreas com conceitos e estratégias próprias, bastando que sejam afinadas ao escopo governamental. Ou seja, ele quer ajustar a gramática do poder, começando com a declinação dos verbos ser e estar. Os integrantes da plataforma governista agora poderão dizer que são governo e, assim, parti­cipar da elaboração das regras do jogo, não apenas nele entrando como coadjuvantes. Esse é o desafio que se apresenta ao “presidencialismo de coalizão”. Sem essa condição, o que teremos é a continuidade da colisão.

É evidente que a aprendizagem na cartilha dessa feição presiden­cialista demandará compromisso dos entes partidários com valores éticos e princípios morais, sem os quais os domínios administrativos se tornarão feudos de caciques e interesseiros. Posições mais transpa­rentes, articulação das forças sociais para participar da formulação das políticas e calendário de implementação dos programas ajudariam a compor uma identidade governativa homogênea. Ganharíamos, sem dúvida, uma República mais limpa.

Para resolver a crise, vontade política ou políticos com vontade?

Não se passa um dia sem que jornais, rádios, televisões e sucedâneos deixem de acrescentar novos nomes de parlamentares, altos funcionários públicos, empreiteiros e bandidos em geral à lista de envolvidos com a roubalheira que tomou conta do país. São centenas de milhões de reais ou muito mais, surripiados dos cofres públicos, objeto de investigações que começam a produzir até cadeia.

Estrelas de primeira grandeza ganham manchetes de jornal, de quando em quando flagrados em denúncias e acusações. Políticos, de modo geral.

Fazer o quê? Prender todo mundo não dá, boa parte desses bandidos dispõem de recursos para contratar excelentes advogados. Obrigá-los a devolver aos cofres públicos as fortunas que roubaram, só por milagre. Expô-los à execração pública despertará sentimentos variados, a maioria de solidariedade.

Fechar o Congresso ofenderia as instituições e faria o Brasil retroagir. Que tal mudar a Constituição e criar penas mais duras para o crime de corrupção? Multas elevadas ao quadrado? Exílio? Banimento? Confinamento?

Soluções sempre aparecerão, desde que haja vontade política. Ou políticos com vontade. O que não dá é deixar as coisas como estão.

O fruto das fraquezas

A política nada mais é do que o fruto das fraquezas humana. O homem sensato não tem necessidade de que o dirijam. Jamais utilizará sua liberdade contra a liberdade dos outros. Infelizmente, esses homens existem em número reduzido. Em compensação, se tivermos a temeridade d dar plena liberdade a um tratante, ele a transformará instantaneamente em falta de liberdade para outrem, em coerção, violência, exploração. Aliás, não se deve crer que existe um número considerável de tratantes. Eles são simplesmente mais bem-organizados do que os homens sensatos
Ievguêni Ievtuchenko 

Patrulha recatada e do lar

Temer deu posse a Maria Silvia na presidência do BNDES. Silêncio na patrulha progressista.

Explicando melhor: o presidente Michel Temer empossou na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o maior orçamento público do país, a economista Maria Silvia Bastos Marques, executiva de renome consagrada no Brasil e no exterior.

Silêncio sepulcral na claque progressista, humanitária e feminista.

Tentando de outra forma: o BNDES, um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, alvo de vários inquéritos sobre tráfico de influência do PT, com destaque para as tramoias do ex-ministro Fernando Pimentel para eleger Dilma Rousseff, e de Lula para alegrar suas empreiteiras de estimação, foi colocado por Michel Temer nas mãos de uma executiva séria e brilhante, que vai combater a farra com o dinheiro do contribuinte.


Outrora febril, a patrulha progressista, agora recatada e do lar, vira-se de lado e dorme. Quando alguém tenta despertá-la, ela pergunta sonolenta: mas e o Cunha?

Se já era difícil explicar o que o Cunha tem a ver com as calças, que dirá com as saias. Melhor não contrariar. Para os brasileiros da resistência democrática, irmanados à quadrilha de Dilma e Lula contra os golpistas, mulher de verdade é Erenice, Gleisi, Ideli, Rosemary, Rosário, Graça, Belchior e as demais heroínas que fizeram história na Era Rousseff. Gosto não se discute.

Melhor passar à próxima notícia: Michel Temer empossa Pedro Parente na presidência da Petrobras. Silêncio ensurdecedor na patrulha moralizadora contra o novo governo.

Em se tratando de moral, vale explicar com paciência: o governo dos abutres que vieram atacar os cordeiros indefesos do PT colocou um dos melhores executivos do país, reconhecido nacional e internacionalmente, para gerir a empresa usada por Lula e Dilma para patrocinar o maior escândalo da história da República.


Alguém cometeu de novo a indelicadeza de acordar a patrulha do bem, exausta da luta sem tréguas contra os conservadores malvados, e a reação veio na bucha: mas e o Cunha?

Aí Michel Temer demite sumariamente os suspeitos de seu governo. Um careta, conservador, que não tem noção de solidariedade. Dilma nunca fez isso. Sempre procurou manter seus picaretas de fé a salvo, como é o caso do supracitado Fernando Pimentel. E jamais negou apoio público aos companheiros mensaleiros e aos guerreiros do povo brasileiro presos no assalto à Petrobras.

É aí que mora o perigo, bravos democratas que resistem contra Temer: vocês não podem aceitar assim, de bico calado, a entrega escandalosa da Petrobras a Pedro Parente.

Vocês já pensaram nas consequências disso? Quantos doleiros e tesoureiros progressistas ficarão à míngua? Quantas eleições presidenciais e parlamentares deixarão de ser compradas, desempregando milhares de funcionários de gráficas fantasmas, agências de publicidade de fachada, marqueteiros espertos e jornalistas de aluguel, fora a crise no mercado da mortadela?

Vocês não devem estar se lembrando quem é Pedro Parente, caros gladiadores da resistência democrática. Então compreendam a gravidade da coisa: quase 20 anos atrás, Pedro Parente foi um dos principais guardiões da implantação de uma barbaridade chamada Lei de Responsabilidade Fiscal. Não estão ligando o nome à pessoa? Ora, bravos guerreiros do bem, foi essa maldita excrescência que derrubou a nossa impoluta presidenta.

Entenderam o golpe? Pedro Parente, colocado pelo governo branco, velho e conservador de Temer para tomar conta da maior empresa nacional, tramou a queda de Dilma lá atrás, nos anos 90. Esses golpistas pensam em tudo.

Junto com a gangue que fez o Plano Real (página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória), esse ardiloso previu que um dia os companheiros chegariam ao poder, e criariam uma maravilha chamada contabilidade criativa — que é você conquistar a liberdade de gastar sem culpa o dinheiro dos outros.

E foi assim que Dilma caiu. Só porque foi flagrada fraudando a responsabilidade fiscal para manter os bonzinhos no poder, isto é, roubando honestamente — o que para os brancos, velhos, chatos, bobos, feios, recatados e do lar, é crime.

Esse talvez tenha sido o golpe mais doloroso. Se você e o seu grupinho depenam a Petrobras para enriquecer a elite vermelha, a polícia descobre tudo, e você cai por causa por causa de uma fraude fiscal — praticamente um roubo de galinha perto das obras completas —, tem que reclamar mesmo. Era só o que faltava a autora de tal façanha passar à história pedalando. Mais respeito, por favor — como pediu aquele pessoal simpático em Cannes.

Também não é para desesperar. O companheiro Al Capone passou pelo mesmíssimo problema. Um dos maiores gangsteres da história, já ia passando aos livros como um reles sonegador fiscal. Mas a resistência democrática contra o golpe trabalhou bem lá em Chicago, e Capone hoje é reconhecido mundialmente em toda a sua magnitude. Isso há de acontecer também com Dilma, Lula e o PT. Não esmoreçam.
Guilherme Fiuza

Devolver Dilma ao poder é debochar do Brasil

Dilma é um assombro. Um despropósito político sem precedentes. Uma hecatombe administrativa que condenou o País a anos de retrocesso. Dilma é a ausência de noção de realidade em pessoa. A negação repetida dos fatos da forma mais cínica e desavergonhada possível. Por isso mesmo, trazê-la de volta ao poder equivaleria à contratação antecipada do caos para o Brasil. Quem tiver dúvidas sobre essa hipótese que reserve ao menos alguns meros minutos do seu tempo para dar uma olhada minuciosa, e despojada de ideologias, sobre a herança que ela nos legou. Em um rápido “overview” será impossível esquecer o maior rombo das contas públicas de que se tem notícia na história republicana. Ao menos R$ 170 bilhões, com pedaladas, muitas, de toda natureza. Não dará para apagar, nem da memória de futuras gerações, a corrupção sistêmica, institucionalizada e disseminada de seu governo – em episódios que deixou o mundo inteiro estarrecido e consumiu a riqueza da estatal de ouro, “joia da coroa”, Petrobras. Os quase 12 milhões de desempregados; as vítimas de seus desmandos e barbeiragens com a inflação, os juros e as políticas tarifárias de energia e combustíveis; os políticos e empresários ignorados em seus apelos; a entourage de eleitores que nela depositaram a confiança dos votos, traídos inapelavelmente; todos, enfim, não irão perdoar qualquer possibilidade de “revival” que sua volta significaria. E desse sentimento decorre a condição de presidente mais impopular em décadas, segundo as pesquisas. Dilma mentiu e mente a cada manifestação pública. Isso fica evidente, inclusive, nos inúmeros acordos de delações que a colocam – lado a lado com o mentor, Lula – no coração dos escândalos de desvios e favorecimentos de campanha. O ex-diretor da Petrobras, Nestor Ceveró, foi apenas mais um a confirmar na semana passada, em sua delação, que Dilma mentiu também sobre a compra de Pasadena, fonte original das investigações do Petrolão. Dilma sabia dessa e de outras maracutaias, apontam os artífices do propinoduto. Dilma distorce fatos em prol de interesses pessoais. Diz que o sucessor quer desmontar a Lava Jato, quando foi ela, petistas, Lula & cia. que tramaram um sem número de vezes para driblar os avanços da operação. Dilma não admite os próprios erros. Nunca. A recessão, a inapetência para o diálogo, a prisão de seu marqueteiro e do tesoureiro do partido, o cataclismo de sua gestão são frutos de um complô das elites, dos adversários, de fatores externos. O que se evidenciou na malfadada era Dilma é o pior dos mundos em todos os sentidos.

E nesse contexto soa estranho que certos setores do próprio Congresso ainda flertem com a hipótese do seu retorno. Parecem estar mais atentos a barganhas em interesse próprio do que na inadiável e necessária busca da estabilidade e bem-estar da Nação. Pensar na absurda alternativa de eleições presidenciais antecipadas é outro despropósito. Oportunismo que macula a Constituição. Um devaneio sem lastro, cuja chance de ocorrer é tão remota quanto à possibilidade de renúncia coletiva, e acordada, do colegiado de parlamentares para que tal pacto se viabilize. Assim sendo, é fundamental a compreensão por parte dos senhores senadores do momento decisivo pelo qual passa o País e do papel que lhes cabe de restauração da ordem. O presidente da transição, Michel Temer, que dá demonstrações claras de estar movido por um real desejo de arrumar a casa, precisa de trégua para trabalhar. A missão é inglória. No posto ele está por direito constitucional e é preciso que seu trabalho ali dê certo, como precondição para o conserto da bagunça criada. Diante do complexo quadro de desafios, as dificuldades são inevitáveis. As resistências também. Mas o voto de confiança tem de prevalecer. A sabotagem é antidemocrática. Desprezível. Petistas, agora na oposição, revanchistas de carteirinha, fazem de tudo para manter o Brasil em estado de permanente instabilidade. Seus arautos e simpatizantes provocam arruaças, invadem prédios públicos, protestam amiúde – com meia dúzia de seguidores aqui e ali, parando avenidas e estradas -, contra o interesse geral. Como dar respaldo institucional, no legislativo, através de apoio pelo voto, a essa algazarra? A comparação de métodos e ações do atual governo Temer com o calamitoso modelo de gestão de Dilma Rousseff é, no mínimo, risível. Temer não tem medo de errar e de voltar atrás, quando necessário. Qualidade esperada de um líder. Exibe pulso e equipe competente para reorganizar a economia, encaminhar as reformas necessárias e ajustar interesses políticos tão distintos. Pode não ser a opção ideal de segmentos variados da sociedade. Mas é notoriamente mais habilidoso que sua antecessora. Abissal é a distância que o separa dela. O Planalto que em tempos recentes, sob Dilma, viveu dias de palanque e circo, está decerto focado agora no que importa: a condução do País, outra vez, na rota do desenvolvimento. Ninguém tem saudades do que aquela senhora nos causou.

O modo verbal de nosso tempo

O país já foi muito pior, como durante as ditaduras — a do Estado Novo e a dos militares — mas não tão imprevisível e surpreendente como agora. Quando leitores me perguntam “o que vai acontecer?”, eu respondo: “Se souber, fala comigo, porque eu também não sei”. São tantos os imponderáveis que qualquer previsão corre o risco de ser desmentida daqui a pouco. Vivemos um momento de aceleração do tempo, de vertigem, em que os acontecimentos se precipitam e mudam mais que seleção de Dunga e ministério de Temer — a cada hora um titular dos dois times é substituído. E essa incerteza não é só dos observadores, é também de calejados atores do processo. Quando é que os experientes senadores José Sarney e Renan Calheiros, catedráticos em esperteza, poderiam supor que o amigo e protegido Sérgio Machado era um homem-bomba capaz de, com traição, causar tantos estragos em suas biografias? Antes se dizia: “Não fale certas coisas ao telefone”. Agora, não se deve falar nem consigo mesmo trancado no banheiro: parece que já há chuveiros que, quando abrem, acionam um gravador.

O grande Stefan Zweig, com seu livro-exaltação “Brasil, país do futuro”, de 1941, se esqueceu de acrescentar que era um futuro do subjuntivo, que vem sempre acompanhado de um “se”. Deixa de ser um país do futuro, se atender a determinadas condições, se cumprir tais e tais exigências, se.... Senão, corre o risco de daqui a 75 anos continuar sendo o país do futuro. No famoso poema “Se”, de Rudiard Kypling, que embalou a adolescência de minha geração, há mais de 30 “se”, ou seja, de metas a cumprir para que alguém possa considerar-se um verdadeiro homem: “se, enganado, não mentir ao mentiroso”/ “Se, odiado, ao ódio te esquivares” e assim por diante. Esses são os “se” condicionais.

Mas são os “se” de ações hipotéticas, aquelas possíveis ou até prováveis, as que mais inquietam e afligem hoje o mundo político. Por exemplo: e se o TSE cassar a chapa Dilma-Temer? E se Eduardo Cunha conseguir se safar mais uma vez? E se o Senado não aprovar o impeachment da presidente afastada? E se a bala de Sérgio Moro atingir todos os que estão na sua lista de investigados? E se fracassar definitivamente o pacto de Romero Jucá para “estancar a sangria” da operação? E se a República não resistir à “República de Curitiba”?

Mas vamos parar de pessimismo. O Brasil é maior do que a crise, sempre dá a volta por cima, é abençoado etc etc. Vai dar tudo certo, se Deus quiser e se a Lava-Jato deixar.

Zuenir Ventura

Cidade no deserto

O Ministério Público de Minas Gerais está investigando as obras da Cidade das Águas, um empreendimento de R$ 230 milhões plantado no município de Frutal, no Triângulo Mineiro.

Não é prudente antecipar conclusões antes que se apurem meticulosamente as denúncias. Os auditores analisaram apenas 16% dos gastos da obra e apontaram um possível desvio de R$ 18 milhões dos R$ 37,7 milhões de amostragem.

Vale lembrar, ainda, que a auditoria da Cidade das Águas vem sendo realizada em época de governo do PT, enquanto a obra foi tocada por um governo do PSDB. Defrontam-se rivalidades históricas que dividiram o Brasil e Minas. Daí que a prisão de sete investigados, entre eles o ex-presidente do PSDB, ex-secretário de Estado da Ciência e Tecnologia que tocou a obra, revela uma preocupante gravidade.

Em épocas modernas parece até falta de imaginação ter escolhido, entre 853 municípios de Minas, o berço do secretário de Estado mentor e tocador de um investimento tanto estrepitoso quanto de utilidade duvidosa.

Fazer acusações é desaconselhável, e haverá prazo para a defesa.

O que, entretanto, chama atenção e levanta estupor são aspectos colossais de uma obra que transcorreu “em silêncio”, quase como se não existisse dentro de Minas.

O volume de recursos e a maquete do projeto aparentam uma lógica faraônica, quase de uma pirâmide no deserto.

Cidade das Águas em Frutal (Foto: Ascom/Unesco-Hidroex)

Os faraós, contudo, eram movidos por crenças religiosas e usavam meios aparentemente emprestados por seres de outros planetas. Recentemente, as teorias de exércitos de pessoas juntando suas forças para vencer o peso de blocos de pedra ficou vencida; as pirâmides guardam mistérios.

Mais que túmulos, seriam locais de iniciação de um rito que se perdeu junto com uma civilização varrida num grande cataclismo. Resta a evidência de túneis e câmaras, subjacentes ao empilhamento geométrico de blocos de pedras de até 90 toneladas, onde se celebrava algo que seria a libertação de um potencial adormecido no ser humano.

Ainda há quem acredite e afirme que apenas homens gigantes muito anteriores ao egípcios, que dividiram a terra com os dinossauros, teriam erguido há mais de 70 mil anos esses momentos, impossíveis aos seres do nosso tamanho.

O místico inglês Paul Brunton, em seu livro “Egito Secreto”, descreve a pirâmide como um circuito de galerias que levam a uma urna de pedra, disposta para receber um discípulo que, assistido por sacerdotes, permaneceria por três dias e três noites em estado de transe. Experimentaria, assim, a morte, a descida ao Hades e o renascimento num estado de consciência superior. Assim se faria “conhecedor “, apto a superar a escravidão das paixões, as limitações do egoísmo, e passaria a viver “em função de sua missão”.

Os egípcios construíram a sagrada cidade de Memphis, manifestação de extraordinária religiosidade.
Transcorridos milhares de anos, a Cidade das Águas tenta rivalizar com as proezas faraônicas.
Embora as águas mereçam todo respeito, neste momento de penúria e de exageros tributários, os R$ 230 milhões chocam quando dedicados à substância H2O, que já é fruto de estudos em milhares de instituições universitárias que padecem por falta de verbas.

Mais ainda num país que vive a dolorosa precariedade do sistema público de saúde, da infraestrutura, da falta de metrô e do meramente básico.

Se perguntar não ofende, quem autorizou isso? Quem permitiu? Quem pode dar uma explicação da destinação tão intrigante?

Mesmo que não se levantassem suspeitas de roubalheiras, o investimento em si fica inexplicável, grotesco pensando-se em um Estado que sofre a falta até de saneamento básico, com esgotos entrando pelos rios.

Ruim para o contribuinte, pior para quem sofre as amarguras do descaso e do abandono.

Suíços votam sobre salário básico para todos

É possível que na Suíça, em um futuro próximo, o trabalho seja algo apenas para quem tiver vontade, porque todos vão ganhar dinheiro, mesmo ficando em casa, sendo pobre ou milionário. Neste domingo, os suíços vão às urnas votar em um plebiscito sobre a renda básica universal.

A ideia não é inteiramente nova. "A solução para acabar com a pobreza é uma renda garantida", disse Martin Luther King. Em 1967, o economista austríaco Friedrich August von Hayek teve a ideia de "uma determinada renda mínima para todos aqueles que são incapazes de suprirem a si próprios."

Resultado de imagem para salário para todos charge
Na Suíça, o economista e psicólogo Daniel Straub retomou o tema. Em 2012, ele publicou, junto com Christian Müller, o livro Die Befreiung der Schweiz - Über das bedingungslose Grundeinkommen (A libertação da Suíça - sobre a renda básica incondicional).

"Isso seria uma mudança de paradigma. A renda básica incondicional dá a todos a base para uma vida plena", argumenta Daniel Straub, em entrevista à DW. O presidente da iniciativa suíça, que trabalhou anteriormente na IBM, está convencido de que, com a medida, as pessoas vão se tornar mais produtivas e criativas. "As pessoas perderiam a pressão de terem de se sustentar", argumenta.

Caso a ideia seja aprovada, seria necessária uma emenda constitucional, segundo Straub. A iniciativa propõe o pagamento de 2,5 mil francos suíços como renda básica. Isso equivale a 2.250 euros ou 2.442 dólares.

O governo suíço e todos os partidos do país rejeitam a iniciativa. Eles criticam que a ideia seria nociva, perigosa e impossível de ser financiada. Eles consideram também haver riscos em relação à imigração, aumento de impostos para o financiamento, assim como a perda de produtos e serviços, caso muitas pessoas não se prontifiquem a trabalhar, já que não terão mais que fazê-lo para custear a própria subsistência.

Institutos de pesquisa realizaram sondagens indicando que a esmagadora maioria dos cidadãos suíços afirma que continuará trabalhando, apesar de receber a renda básica. Apenas 2% responderam negativamente, enquanto 54% dos entrevistados disseram que iriam usar a renda extra para se aperfeiçoarem profissionalmente. Da mesma forma, muitos disseram que iriam dedicar mais tempo à família.

Há sete anos, a iniciativa vem se preparando para o plebiscito. Straub afirma que, até certo ponto, pode entender seus críticos. Dez anos atrás, ele também teria dito que a ideia não é possível de ser financiada.

Leia mais