sábado, 13 de dezembro de 2014

É a lama, é a lama


Brasil precisa dar resposta rápida para escândalos

Para Transparência Internacional, economia do país sofrerá impactos negativos caso não haja uma reação adequada. "Sob suspeita", empresas brasileiras podem ter dificuldades para fazer negócios.
 O Brasil vive um momento histórico na luta contra a corrupção, considera o diretor da organização Transparência Internacional, Cobus de Swardt. Mas o país pode ter sua economia gravemente afetada caso não dê uma resposta rápida para os recentes escândalos na Petrobras, aponta.

"Os empresários e o governo devem mudar a forma como se fazem negócios no Brasil. Se não agarrarem a oportunidade de fazer essa limpeza, a economia brasileira vai sofrer muito nos próximos anos", disse o diretor nesta quinta-feira (11/12), numa coletiva de imprensa da ONG em São Paulo.
Segundo De Swardt, as empresas brasileiras terão dificuldades para fazer negócios no exterior, caso permaneçam "sob suspeita".

Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), lançado em dezembro, indica que os casos de corrupção levam em média sete anos para serem concluídos. Em 1999, demoravam apenas dois anos.

De Swardt afirma que agora a rapidez será crucial no Brasil. "Se o caso da Petrobras se alongar por sete anos, será um desastre para a economia. Além disso, há um risco real de que a impaciência da população brasileira chegue a um limite. O que seria muito difícil de reverter."

Estrela no paredão


O PT, hoje, é um quadro velho pendurado na parede, uma estrelinha guardada no fundo de uma gaveta, uma camiseta descolorida pela ação do tempo, uma bandeira vermelha coberta de vergonha. Foi Lula que o afundou. Não será Lula que irá refundá-lo estrela

Chororô da presidente tem que ser para todos



A Justiça brasileira não é apenas cega. É surda às apelações dos pobres, e muda para as elites e os políticos.
 “Sobretudo merecem a verdade aqueles que perderam familiares e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia”

Correto, presidente. Respeita-se o choro na entrega do relatório da Comissão Nacional da Verdade.

Mas cá entre nós, presidente, em 12 anos do petismo no Planalto, o que se fez de concreto para se respeitar os direitos humanos com mão forte do governo em casos como a mortandade em Pedrinhas, no Maranhão, os assassinatos diários e bárbaros em todo o país, a violência tomando todos os rincões, o crack invadindo famílias minando inclusive crianças, a droga entrando livremente no país, os jovens caindo na mão dos traficantes e patati-patatá?

Se o pau bateu ontem em Francisco, bate hoje nos Chicos, nos Zés, nos Joões, nas Marias, nas Zefas. E aí ninguém rola uma lágrima; o governo deixa rolar o sarrafo. Eles também perdem diariamente "familiares e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia”. Como de costume, é gente que morre na guerrilha urbana que tomou as cidades brasileiras pelo seu desgoverno.

No entanto, não há uma manifestação do governo. O ministro da Justiça, que em outros tempos era o segundo mais importante cargo do país, agora não passa de advogado do petismo e guarda-costas presidencial para garantir a toga no STF. Sai na defesa das elites e silencia com o destino da população entregue às prisões desumanas, à violência policial e marginal, às drogas, aos desaparecimentos, às balas perdidas. Para o povo, é uma nulidade em justiça.

Não é à toa que o país se tornou o mais violento, do mundo entre 133 nações avaliadas, e quando o número de homicídios está em queda no mundo. Em números absolutos, é o país com o maior índice de assassinatos no mundo: 64.357, o que equivale a 32,4 mortes para cada 100 mil pessoas, revela relatório global para prevenção de violência preparado pelas agências das Nações Unidas. O Brasil ultrapassa até a Índia (52 mil), o segundo país mais populoso do planeta!


Se há tanto empenho em revelar e condenar os crimes da ditadura, o que dá ibope e entra na agenda positiva presidencial, com alta promoção da presidente, também deveria haver mais empenho contra a criminalidade de hoje. Isso, sim, poria a presidência nas alturas. Mostraria, enfim, que não só governa para mensaleiros, corruptos, políticos e elites, mas como reza a Constituição todos os brasileiros, inclusive aqueles sem voz e representantes, “que perderam familiares e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia”.  

E põe organizado


"Nada é mais organizado do que o crime no Brasil"
Nelson Motta

Corrupções comparadas

Muitos argentinos grafam korrupção. E nos jornais brasileiros fala-se de corruPTos. Como se o kirchnerismo e o Partido dos Trabalhadores não fossem organizações partidárias, mas um modus operandi.
 Em “O Enigma Belgrano”, o livro que publicou antes de morrer, o historiador Tulio Halperin Donghi transcreveu uma carta de Manuel Belgrano datada de 10 de fevereiro de 1790 em Madri. Aquele que 20 anos depois seria um dos líderes da independência argentina, informava seu pai que nessa capital “a prata pode muito se bem dirigida, tendo algum conhecimento das coisas da Corte”. A observação de Belgrano foi feita durante o reinado de Carlos IV. Na América Latina, a corrupção parece crônica.

Às voltas com a tragédia de Iguala, Peña Nieto teve que arranjar tempo para explicar a mansão comprada por sua esposa de uma empreiteira que teria sido beneficiada pelo Estado. O juiz da Suprema Corte paraguaia, Víctor Núñez, renunciou acusado de dar cobertura ao tráfico de drogas. No entanto, os Governos mais afetados pela contaminação entre política e negócios são os do Brasil e da Argentina. Os subornos de milhares de dólares pagos à Petrobras envolvem Dilma Rousseff em um pesadelo. Cristina Kirchner tampouco dorme bem. No ano passado, dois consultores financeiros detalharam como negociavam com os bolsos repletos de dólares que saíam da Austral Construcciones, a empresa de Lázaro Báez, uma empreiteira de obras públicas. Batizaram sua financeira de La Rosadita, uma sarcástica homenagem à Casa Rosada, o palácio de Governo.

Báez alugou durante anos os 935 quartos do hotel Alto Calafate, que pertence aos Kirchner. A estatal Aerolíneas Argentinas também aluga quartos nos hotéis da chefa de Estado. A crise foi agravada há duas semanas quando o juiz Claudio Bonadio ordenou uma operação de busca na empresa da presidenta.

Os corruptos brasileiros e argentinos foram clássicos no modo de se apropriar do orçamento nacional: contratos de obras públicas. Na Petrobras, um clube de construtoras fazia acordos para as licitações. Até escreveram um manual de estilo. Na Argentina, a distribuição dos ganhos foi menos sofisticada. Báez ficou com 90% das obras públicas de Santa Cruz, a província dos Kirchner. E só alugava quartos nos hotéis dos Kichner. Os estereótipos nacionais se reforçam: o espírito de equipe brasileiro contra o pobre individualismo argentino.


Há outra diferença relevante. Os recursos da Petrobras eram distribuídos entre o PT, o PMDB e o PP, as forças que sustentam Dilma no poder. Um financiamento multipartidário que repete o mensalão e lembra a Tangentopoli italiana. Segundo o arrependido Paulo Roberto Costa, o método também é usado em ferrovias, portos e aeroportos. É o lado B do presidencialismo de coalizão explicado pela ciência política.