terça-feira, 15 de agosto de 2017


Tudo começa por acabar com a mentira

“Eleitor”, ao lado de “Brasil”, é a palavra que menos se ouve no reality showteratológico de Brasília com suas câmeras abertas e seus gravadores ocultos porque o eleitorado brasileiro está preso num cercadinho. Não precisa ser capturado.

Voto distrital puro mata de uma só vez e para sempre a proliferação de falsos partidos, barateia a eleição a ponto de dispensar JBS’s, não requer o uso de mídias de alcance nacional e amarra cada representante eleito ao seu representado. Eleições primárias diretas e “recall” fazem dos eleitores os únicos “caciques” que precisam ser temidos. Iniciativa e referendo garantem que o jogo será jogado de ponta a ponta a favor da plateia.

Mas como partimos sempre da premissa de que o povo é o problema e o estado é que é a solução, o avesso da democracia, colocamo-nos mais longe dela a cada vez que, em geral sob altas doses de indignação, o mais potente anestésico da racionalidade, engolimos mais uma das “jabuticabas” que nos atiram com a promessa de que, esta sim, vai impedir a manifestação dos efeitos obrigatórios das velhas distorções que nos recusamos a eliminar.


Para “anular o poder econômico” perdoamos os joesleys e entregamos ao estado, que não é senão os próprios indivíduos que se pretende controlar, a prerrogativa de nos dizer quanto querem gastar do nosso dinheiro e com quem para embalar suas mentiras na TV, e deixamos que mandato ganho com elas torne-se propriedade particular do mentiroso. Trocamos a decisão soberana de contribuir ou não com partidos se e quando quisermos pelo “fundo partidário” mais as “cláusulas de barreira” enquanto sonhamos com parlamentarismo ou com sofisticações germânicas. Aceitamos que os políticos decidam candidaturas só entre eles enquanto fechamos o financiamento privado, e ficamos com a “escolha” entre a cruz do “distritão” e a caldeirinha do voto em lista. Trocamos o “oligopólio da mídia” (em plena era da internet!) pela censura que, nortecoreanamente, dita que só os candidatos “deles” podem falar de si mesmos sendo o povo obrigado a ouvi-los sem contraditório.

Recusamo-nos, enfim, ao uso do mais essencial dos desinfetantes da farmacopeia democrática – “Poder para o Povo” – e por isso vivemos no limiar da septicemia política e institucional. Mas não desistimos nunca de pedir “soluções” a quem deveríamos estar impondo as nossas próprias.

É isso que garante que não haverá nada de novo em que votar em 2018, uma eleição que, para o bem ou para o mal, será a última de uma era pois, neste mundo vaso-comunicante não ha mais como fechar fronteiras nacionais e resolver tudo com emissão de moeda falsa e inflação e isso mata o modelo populista. Nem para o funcionalismo de verdade sobra mais. O estado não cabe mais na nação e ou ela se impõe a ele instituindo a igualdade de direitos e deveres e podando radicalmente a gordura mórbida ou ele se imporá a ela pela violência. Não fazer nada ou tapear com meias-medidas é quanto basta para que os serviços essenciais, já pra lá de periclitantes, entrem definitivamente em colapso e o caos transforme o Brasil num imenso Rio de Janeiro a caminho da Venezuela.

A clara consciência de que assim é, no mundinho fechado de Brasilia, é que explica a virulência da “campanha de 2018” que vimos assistindo ha mais de três anos. O país ficou pequeno demais para abrigar a “privilegiatura” e a democracia ao mesmo tempo. Um dos dois terá de morrer e eles são os primeiros a saber disso.

Sair dessa rota de desastre vai exigir romper o pacto da mentira que sustenta o modelo brasileiro. Tudo que se tem passado, dos atos às “narrativas” da guerra de imundices a que temos assistido, respeitadas as exceções que fazem a regra, está referido à disputa para ver quem se vai apropriar de quanto do que é nosso sem fazer força. E isso precisa passar a ser dito e repetido diariamente e com todas as letras.

O Brasil já sabe de tudo. Só falta quem se disponha a fazer-se seguir por ele. Mas não se vai tirar o povo da apatia com que expressa seu repúdio à continuação da tapeação com eufemismos. É preciso apontar onde e com quem está o que falta na conta. A roubalheira por fora da lei aqui é a maior do mundo mas é um nada. Os ésleys e odebrechts não merecem qualquer migalha de perdão mas o que pesam é troco. O que arrebenta este país é a roubalheira por dentro da lei. A roubalheira automatizada pela lei.

O fundo partidário foi triplicado de 2014 para 2015. Está em R$ 819 milhões. Agora querem R$ 3,6 bi. Seriam 12 vezes o valor de 2014! Merreca se considerado que o que se compra com ele é o poder de ditar, pelos próximos quatro anos, quem fica com quanto do que mais se arrancar de nós, e que cada um desses novos “direitos adquiridos” é um caminho sem volta.

Não dá mais!

Os jatos, os carros, as casas, os empregados, os seguros-saude, as assessorias, os salários turbinados, os “auxílios” de arrombar teto, os “reajustes” leoninos sem inflação, as aposentadorias integrais na flor da idade, tudo isso tem não só de acabar mas de regredir ao limite do sustentável. Um único marajá-mirim, de apenas R$ 50 mil, aposentado por 40 anos ou 480 meses custa R$ 24 milhões a valor presente. Quantos empresários de sucesso conseguem fazer isso sustentando empregos uma vida inteira? Uma aposentadoria média do INSS, de R$ 1600, levaria 15 mil meses (1250 anos) para acumular esse valor.

Nunca tão poucos deveram tanto a tantos. Não ha que reinventar a roda. Só existe uma cura para isso. O povo elegendo e deselegendo, escolhendo suas leis, contratando e demitindo, definindo quem ganha quanto e até quando, livre para mudar e mudar de novo quantas vezes for preciso e na hora que for preciso até acertar. Não ha exército que conserte o que está aí, sobretudo se mantida nossa justiça a mais cara e a mais leniente com o crime do mundo. Este país só se salva enriquecendo. E só começará a deixar de empobrecer se e quando trocar o privilégio pelo mérito também “lá dentro”, exatamente como já é aqui fora.

Apatia


Assim que o juiz apitou o final do jogo entre Vasco e Flamengo no Estádio de São Januário, jogo que o time rubro-negro venceu por um a zero, parte da torcida vascaína, revoltada com a derrota de seu time, invadiu o gramado, lançou bombas caseiras no campo e depredou as arquibancadas.

Os times ficaram cercados pelos torcedores no meio do gramado. Apolícia controlou a situação dentro de campo, mas a briga se estendeu para fora do estádio, onde um torcedor morreu alvejado no peito por um policial militar.

O objeto da revolta vascaína não era a torcida do Flamengo, mas sim Eurico Miranda e a diretoria do próprio time.

São muitas as semelhanças entre a torcida do Vasco e a torcida dos outros grandes times brasileiros. Todas elas são compostas, em sua maioria, por pessoas que vivem em ambientes urbanos violentos, são maltratadas nas filas do INSS, forçadas a matricular seus filhos em escolas públicas sucateadas, pagam impostos sem contrapartida e vivem em um país administrado por uma classe política corrupta.

Não é de se espantar, portanto, que parte destas torcidas tenha propensão à violência quando os seus desejos (no caso, a vitória) não se materializam. Afinal, pancadarias assim ocorrem até nos estádios da Europa, onde as pessoas têm menos motivos para se revoltar.

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O que espanta, isto sim, é a tolerância que o brasileiro tem, torcidas organizadas inclusive, para com a classe política, que usurpa de todos muito mais do que três pontos de uma vitória no futebol.

É claro que não estou sugerindo que manifestemos nossa frustração de forma violenta. Mas, tolerância sem limites também não ajuda. Como disse o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw, “o homem razoável se adapta ao mundo, o homem não razoável tenta adaptar o mundo a si mesmo. Todo o progresso depende do homem não razoável”.

O brasileiro está sendo razoável demais.

Entre a violência das organizadas ea tolerância infinita com a corrupção, existe espaço para manifestações coletivas pacíficas.

Se estivéssemos acampados em frente ao TSE, Gilmar Mendes não teria rasgado a Constituição. Se tivéssemos gritado “Fora, Temer” quando a gravação de Joesley apareceu, um sujeito desprovido de ética não seria presidente da República.

Tanto as manifestações populares quanto a violência das torcidas não têm explicações simples. Mas há consenso antropológico em torno da ideia de que ambas estão ligadas à canalização de um instinto que herdamos do processo evolutivo: o instinto tribal. Temos uma propensão inata para defender a nossa tribo, seja ela rubro-negra, cruzmaltina ou verde-amarela.

Há ainda consenso de que este instinto se manifesta nas sociedades industriais por meio de afinidades simbólicas e conceituais. Cooperamos quando temos as mesmas crenças e valores, quando defendemos as mesmas cores e reverenciamos os mesmos líderes, para o bem ou para o mal.

Não é à toa que manifestações populares são sempre perigosas e muitas vezes descambam para a violência.

O instinto que motiva as organizadas a agirem de forma violenta é o mesmo que motiva o cidadão a sair às ruas e protestar coletivamente contra governos espúrios.

A questão não é a existência deste instinto, mas, sim, quando e como ele se manifesta.

Por que será que no Brasil de hoje temos brigas de torcida e não passeatas de caráter cívico? Será que não temos mais afinidades simbólicas e conceituais capazes de nos unir contra aqueles que nos exploraram?

De fato, perdemos muito em nossa história recente. Não temos mais lideranças políticas capazes de aglutinar pessoas. Os políticos que poderiam liderar o país, como fez Lula durante o “Fora, Collor”, foram reconhecidos pelo que são: chefes de quadrilha.

A classe política caiu em descrédito.

Além disso, a maioria dos nossos formadores de opinião, tanto na mídia quanto nas universidades, atribuiu à Lava-Jato um viés ideológico que ela não tinha, alegando que a corrupção da esquerda era invenção da direita.

Agora que a Lava-Jato chegou a Temer e Aécio, estão quietos porque apoiar a operação seria o mesmo que reconhecer o erro crasso que cometeram.

E, finalmente, há descrença ideológica generalizada. A esquerda brasileira sucumbiu porque se abraçou a Lula, e a direita nunca foi flor que se cheire.

Neste contexto, é difícil que as manifestações populares aconteçam. Mas não é impossível. São inúmeros os exemplos de manifestações que surgiram espontaneamente a partir da luta por valores éticos, econômicos e morais comuns a um dado grupo social.

Tenho a impressão de que, no longo prazo, o destino dos brasileiros vai depender da sua capacidade de união em tornos de valores deste tipo.

Michel Temer, Aécio Neves, Gilmar Mendes e Luiz Inácio da Silva são tão repugnantes quanto Eurico Miranda.

Espero que os brasileiros se deem conta disso e saiam às ruas o quanto antes. De forma pacífica, claro.

Se continuarmos apáticos, o mecanismo vai ganhar essa guerra.

José Padilha

O voto e a bala

Deforma política

“Que ilusão a minha, achar que quem detém o poder vai reformá-lo!”. Esse foi o desabafo de Giordano Bruno (1548 -1600), filósofo, frade dominicano e cientista, pouco antes de ser levado à fogueira pela nada Santa Inquisição.

Confesso que essa ilusão me atinge, volta e meia. Acreditei que o tsunami político que a Lava Jato e outras investigações em curso provocaram, ao revelar o conluio corrupto de muitos partidos e empresas, produziria profunda ânsia de mudança até no Congresso Nacional. Afinal, nunca antes na história desse país tantos altos empresários e figurões públicos ficaram tão expostos, vários deles encarcerados.

Enfim a chamada “mãe de todas as reformas”, a Política, vai acontecer, afirmou-se. Ledo engano. O que está acontecendo é um debate pontual – de costas para a sociedade, como de costume. O que está em votação é, sobretudo, modo e meio de perpetuar as oligarquias de sempre no poder.


Chama a atenção o distritão, que ajuda na reeleição dos parlamentares conhecidos e de celebridades da TV, do esporte e dos bancados por igrejas neopentecostais ou mesmo tráfico e milícias. Acaba com a ideia de partido, de coletividade política.

Escandaliza em especial o tal Fundo de Financiamento da Democracia, com um montante de R$ 3,6 bilhões para as campanhas. Isso além do Fundo Partidário, que este ano atingirá cerca de R$ 800 milhões. Só PSOL, PHS e Rede se insurgiram contra esses valores escandalosos. Eles representam quase todo o orçamento do Ministério do Meio Ambiente (R$ 3,9 bi), e bem mais do que o orçamento do Ministério da Cultura (R$ 2,7 bi) e do Esporte (R$ 1,4 bi). Supera em R$ 1 bi tudo o que foi destinado para custear o programa Farmácia Popular, em vias de extinção. E em 64% o previsto para os 370 mil bolsistas do CNPq, que, com o contingenciamento, podem não receber nada mês que vem. Indefensável!

Em 2015, o Supremo Tribunal Federal acabou, corretamente, com o financiamento empresarial das campanhas. Como comprovado, era fonte de corrupção, propinas e favorecimentos. Pois agora Suas Excelências querem que os mesmos valores, altíssimos, sejam despendidos nas campanhas. Só que bancados pelo Estado. Corrijo: inflacionaram os gastos em mais R$ 200 milhões, pois o custo total das eleições gerais de 2014, em doações de pessoas jurídicas, foi de R$ 3,4 bilhões.

É quase inacreditável: os que hegemonizam a política brasileira não conseguem pensar numa campanha austera, pé no chão, fundada em propagação de ideias e causas. Também desprezam a internet como veículo barato (ainda?) de difusão de seus programas. Continuam a imaginar o mundo enganoso da captação do sufrágio com o marketing milionário, a compra de votos, a propaganda fantasiosa, as superproduções de TV.

Eles não acreditam no financiamento cidadão nem consideram que os recursos públicos do Fundo Partidário são suficientes. Querem continuar comprando mandatos, só que agora exclusivamente com as altas somas de 0,5% da receita líquida da União. Não aprenderam nada.

Gente fora do mapa

Woman Painting Her House, Jodhpur, Rajasthan, India
 Jodhpur (Índia)

A vida longe da crise

Crise no Brasil? Se existe, está restrita aos hospitais públicos deficientes, lotados até nos corredores. Talvez atinja quem depende de programas de renda mínima e de habitação para famílias pobres (com renda mensal de até dois salários mínimos). Ou prejudique crianças do interior do Maranhão, que estudam embaixo de árvores porque a escola fundamental está sem teto. Ou ainda, afete a rotina da cidade do Rio, onde a insegurança é pública, e o ano letivo de 2017 nem começou na universidade estadual.

Vista de Brasília, essa é uma paisagem de outro mundo, anos-luz de distância. Não tem nada a ver com a vida real que gravita em torno dos orçamentos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário e do caixa de 159 empresas estatais federais ativas.


Dentro dos 5,8 mil quilômetros quadrados do Distrito Federal, vivem 2,9 milhões de pessoas, quase todas dependentes do Erário. A cidade é um oásis, com boa infraestrutura urbana e renda muito acima do padrão nacional, superada apenas por São Paulo. De cada R$ 100 recolhidos em Imposto de Renda no país, R$ 26 são pagos pelos empregados do setor público que residem em Brasília.

Oito em cada dez brasileiros não ganham em um ano o valor embolsado em apenas um mês pela elite dos procuradores e juízes (entre vencimentos e ajutórios, como auxílio-moradia, recebem uma centena de salários mínimos). A remuneração da grande massa de contribuintes, estacionada na faixa de dois a três salários mínimos mensais, não alcança sequer dois terços da verba de gabinete dos deputados federais (R$ 43 mil ao ano).

Mesmo assim, os brasileiros serão obrigados a desembolsar R$ 360 bilhões para cobrir o rombo nas contas públicas deste e do próximo ano. Significa pagamento extra de um salário mínimo e meio em tributos para cada habitante. E vai servir apenas para manter funcionando serviços públicos extremamente precários.

Mudança é palavra impronunciável em Brasília. Ontem, por exemplo, no Palácio do Planalto discutia-se o anúncio do aumento do buraco nas contas públicas. Perto dali, o Ministério da Ciência e Tecnologia confirmava a abertura de licitação para o bufê “diferenciado” nas "aeronaves da Força Aérea Brasileira utilizadas pelo ministro”.

Percebia-se a Justiça Eleitoral preocupada com seu jardim, mantido ao custo de R$ 272,5 mil. O Superior Tribunal de Justiça gastava R$ 7,4 milhões com a contratação de 108 garçons, copeiros, cozinheiros, e respectivos chefes, embora tenha 92 deles no quadro de funcionários. Na garagem do palácio do STJ, que tem 32 elevadores, debatia-se a pintura do piso, ao custo de R$ 600 mil, para demarcação das vagas dos 33 juízes servidos por 120 motoristas, mais 1,8 mil chefes.

A vasta legislação em vigor sugere que o Brasil é um país rígido no trato com o dinheiro público. É impossível, porém, encontrar os responsáveis pelos sucessivos rombos nas contas públicas. Nos registros judiciais eles simplesmente não existem, como mostra o mais recente estudo dos consultores do Senado Débora Ferreira, Fernando Meneguin e Maurício Bugarin.

José Casado

Distritão e financiamento público são pacto de mediocridade

O sistema é voltado para si mesmo, de frente para o espelho, de costas para o Brasil. Anestesiada, a sociedade apática alarga o campo da permissividade; mais uma vez, bestializada, se cala. No reino da omissão, tudo é permitido. Em colapso, carcomidos por um câncer de maus hábitos políticos, os partidos buscam a sobrevida. Reflexo disto, o Parlamento não extirpa o mal, apenas expõe aberta uma purulenta chaga.

As relações que anos a fio o amigaram Executivo e Legislativo com as empresas, acabaram por desmoralizar a atividade política; perdeu-se a credibilidade e, portanto, a conexão com a sociedade. Não há convergência, consenso — talvez nem se avalie que é necessário um profundo processo de mudança até para que a democracia não vá por água abaixo.

De forma que somente com muita licença poética se poderá chamar de Reforma as mudanças de conveniência e conciliação que os partidos propõem e a mídia dá o nome de ''reforma política''. Dissimulação da mais chinfrim, voltada para a manutenção do status quo, antes de reformar apenas escora escombros de colunas, vigas e pilastras que deveriam vir abaixo. Uma injeção de proteína que alimenta — sem saciar — vírus e bactérias oportunistas que consomem o corpo e a alma do paciente.

Sem dúvida, o sistema de voto proporcional e o financiamento privado de campanhas, com os quais o país tem convivido ao longo dos anos, levaram ao lodaçal. Voto proporcional e financiamento privado têm inegáveis defeitos. Criam distorções, como eleger Tiririca e Enéas e arrastar seus séquitos; também cobra a contrapartida por doações, que na verdade são investimentos na sordidez política.

Sim, ao longo da história, o financiamento privado, feito por empresas, gerou fenômenos como o Petrolão, o Mensalão e tantos escândalos imemoriais.


A esperteza dos deputados é, porém, partir destas premissas verdadeiras: os métodos caducaram e levaram à crise, cuja natureza é conhecida. A crise é de um poço sem fundo. Nada disso deu certo e o sistema precisa ser reformado. Quem há de negar?

Todavia, a mudança que empunham não serve para limpar o ambiente; o roto pano de chão que oferecem não permite o novo; foi enxaguado na mesma água suja. Como Tancredi, personagem de Lampedusa, parte-se do princípio de que ''é preciso mudar para que tudo fique no mesmo lugar''.

Com efeito, não há sistema perfeito, mas o ''Distritão'' consegue piorar o que estava ruim. Possui todos os defeitos do sistema distrital, sem nenhum de seus méritos; não aproxima o representante do representado e desestimula a competição. Numa grande extensão de território e eleitores, favorece os mais conhecidos, os que já estão no poder; as celebridades decadentes, inibindo a entrada dos novos.

Serão eleitos os mais votados e isto tornará o sistema mais compreensível para a população; de algum modo, isto impedirá os efeitos deletérios do voto proporcional. Mas, serão os representantes distantes das regiões, quadros quase abstratos, sem vínculos necessários com o distrito — por ser demasiado grande — que os elegeu.

O FFD, que atende pelo pomposo nome de Fundo de Financiamento da Democracia, em tese, elimina, sim, a contribuição das empresas. Seria o ideal, mas na realidade concreta pode ser como retirar da sala apenas o sofá onde se deu a adultério. Nada garante que o sistema será mesmo exclusivo, que candidatos não recorrerão à empresas por meio de Caixas 2. Pior: menos transparente, o sistema não fornecerá dados que possam ser cruzados — financiamentos e concorrências públicas. Se perde elementos de prova, demonstrados pela Operação Lava Jato. O imenso iceberg ficará oculto por sob as águas.

Além disso, a imensa grana pública — algo em torno de R$ 4 bi — tende a ser repartida também por critérios de conveniência política, num pacto de mediocridade entre os mais poderosos partidos. O mais provável é que PT, PMDB e PSDB fiquem com a maior fatia do bolo para suas campanhas, sem deixar claro quais candidatos foram os mais favorecidos pelos recursos. Novamente aí, candidatos a ''entrantes'' serão barrados no baile.

Como já disse, não há sistema bom, imune a críticas. Assim como Churchill a respeito da democracia, temos apenas modelos menos ruins que demais. No sistema Distrital Misto, as qualidades do voto distrital — em distritos menores — mitigam os defeitos do voto proporcional, assim como este último ajuda a amenizar as falhas do primeiro. Em distritos menores, haveria competição real, os candidatos seriam conhecidos do local. Nas listas partidárias, as legendas seriam obrigadas a apresentar o que possuem de melhor, sob pena de serem desconsideradas pelo eleitor.

O eleitor, que não fica refém de uma única escolha, votará duas vezes: uma para o representante distrital, outra para numa chapa partidária proporcional. Em um ou outro caso, sabe-se para onde ou quem irá a grana.

O problema esbarra na desproporcionalidade de votos entre os estados brasileiros. Um estado como São Paulo precisaria, por exemplo, ser dividido em 35 distritos (a metade da bancada a que tem direito) de modo a que a parada ficasse mais justa. Os demais estados também deveriam ser divididos em vários distritos. A discrepância entre distritos e estados de todo país ficaria, porém, explícita.

Ficaria constatado o óbvio: há uma super-representação dos vazios populacionais do país, onde oligarquias valem mais que eleitores comuns; o princípio ''um homem um voto'', simplesmente não existe por estas plagas e não há interesse em instituí-lo.

Ao lado disto, a limitação dos custos de campanha e da redução da quantidade de cargos e emendas liberados, a posteriori, para composição de maiorias no Parlamento fariam, sim, uma considerável reforma. Isto posto, o país poderia discutir o sistema de governo que espelhasse uma nova ordem política: parlamentarismo ou presidencialismo, decisão submetida escrutínio da nação. Estamos longe disto. É constrangedor. O teatro de sombras oculta interesses, e esconde privilégios. Rendem artigos e manifestações intelectuais. Mais nada.

Carlos Melo 

A tolerância mascarada

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O politicamente correto, nosso inimigo comum, não é só um expediente autoritário e rudimentar, ele serve de esconderijo para quem quer viver na Terra do Nunca e mascarar a própria imaturidade com uma capa falsa de tolerância
Ana Paula Henkel

Estado x Sociedade, sequestro e extorsão

É verdade que a hegemonia esquerdista desgraçou-se naquela esquina do tempo em que a crise causada pela irresponsabilidade fiscal se encontrou com as revelações sobre a corrupção. Mas o projeto para a conquista da hegemonia era primoroso. Fazia parte dele o fatiamento da sociedade com a escolha de determinados grupos sociais contra os quais se lançaram contra todas as injúrias de modo a suscitar animosidade. Era a velha luta de classes adquirindo múltiplas formas num engenhoso caleidoscópio político.

Estão no foco dos antagonismos e execrações cultivadas ao longo das últimas três décadas:
• os conflitos "raciais" e a imediata identificação da população branca como devedora de uma conta acumulada em três séculos e vencida desde 1888;• os conflitos de "gênero", em que as presunções de responsabilidade recaem sobre os heterossexuais do sexo masculino que, ademais, são presumivelmente machistas;• os conflitos de classe social, onde os ressentimentos se concentram nos andares mais altos da classe média para cima, lá onde se situam os maiores ódios de Marilena Chauí;• os conflitos retrô do mundo do trabalho, institucionalmente patrocinados, nos quais o setor público, supostamente abnegado e generoso, vê com maus olhos o setor produtivo da economia e o "diabólico" mercado.• os conflitos geracionais, face aos quais, quem tiver mais de 40 anos, é um opressor, inconformado com a liberdade, autonomia, ideias e estilos de vida das gerações mais jovens, devendo ser rejeitado por todos que aí se enquadrem, inclusive pelos próprios filhos.
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De início foi um estratagema petista. Com o tempo, consolidaram-se os conceitos e todos os demais partidos de esquerda passaram a adotá-lo. A imensa maioria dos demais participantes dos mecanismos de formação da opinião pública a ele aderiram: grandes meios de comunicação, mundo acadêmico, agentes do ambiente cultural, militantes em ambientes virtuais e, até mesmo, grupos religiosos. No andar da carroça foram nascendo centenas de movimentos, ditos sociais, cuja existência tem tudo a ver, e só tem a ver, com a organização desses antagonismos, cujo plantio ocorreu diante de nossos olhos.

Ao unir e estruturar uma infinidade de minorias para criar e gerir conflitos, a esquerda brasileira, pilotada pelo PT, definiu esse empreendimento como essência do famigerado "politicamente correto". Enquanto o cultivava, como estratégia diversionista, chegava ao poder e implementava aquilo que, desde logo, deveria ter sido compreendido como o conflito real, a ser enfrentado com total dedicação: a opressão do Estado contra todos, inclusive aqueles que a esquerda arregimentou para suas causas. De fato, o Estado brasileiro, de modo crescente, pratica contra a nação, sua vítima, os crimes de sequestro e extorsão. A cidadania nos põe, de modo irrecorrível, a mercê de um triplo garrote fiscal - federal, estadual e municipal - que não nos deixa alternativa.

Acabei de descrever o grande golpe através do qual o Estado, hegemonizado pela esquerda que se concentra nos seus quadros, subjugou e imobilizou a soberania popular. Um verdadeiro ippon no judô da política.

Percival Puggina 

Paisagem brasileira

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Poço Encantado, Sengés (PR)

Quantos Lulas existem?

Lula pôs em funcionamento uma operação para refazer sua imagem para 2018, convencido de que será candidato às presidenciais. Com isso revela seu grande faro político e sua capacidade de se metamorfosear, exatamente no momento em que toda a velha guarda política está petrificada e contra as cordas.

Que Lula está à procura de uma nova imagem para 2018 acaba de ser revelado em quatro linhas de sua coluna em O Globo, por Ancelmo Gois, um dos jornalistas mais bem informados do país. Ele disse na segunda-feira que Lula, em um jantar na casa do ator Fábio Assunção, confiou um segredo: “que está cada dia mais interessado pela filosofia e pela poesia”, o que alguém já traduziu como seu desejo de aparecer mais tranquilo, banhando-se nas águas calmas do saber e da arte. Nasce assim também a nova imagem do Lula leitor, tão diferente do antigo, ao qual ler “dava sono”, ou para o qual a leitura era “pior do que fazer o exercício na esteira”. Agora ele lê, não romances, mas filosofia e poesia.

Revelou ainda mais o polêmico ex-sindicalista, o político do “nós contra eles”, que um dia teve um ato falho e chegou a dizer que o DEM, partido de oposição, deveria ser “extirpado” da política. Era então o Lula da espada. No jantar de agora, Lula confidenciou que vive um momento no qual, disse: “procuro cada vez mais valorizar a vida e a amizade”.

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De certa forma é a volta ao primeiro Lula, o da primeira vitória depois de perder três eleições presidenciais, quando ainda metia medo em todos. Volta o Lula “paz e amor”? O ex-presidente sabe muito bem que hoje o Brasil vive em conflito em carne viva, um país dividido salomonicamente, exausto de brigas e insultos entre esquerda e direita.

Ele sabe que em 2018 nenhum político raivoso, velho ou novo, será eleito presidente. Hoje começam a ter mais chances os Macri ou os Macron, políticos capazes de devolver orgulho e esperança ao país. Não é tempo de exterminadores. Poderia parecer uma provocação por parte de Lula dizer que hoje valoriza mais do que nunca a amizade, quando toda a classe política está em guerra. É que Lula é capaz de farejar por onde passam as lebres. É o melhor marqueteiro de si mesmo.

Isso reflete que Lula não é daqueles que desistem facilmente. Não sei se é mais corrupto ou não do que os outros políticos que como ele estão brigando com a justiça. Isso será decidido pelos tribunais. O que é certo é que começou a tomar distância deles na operação de resgate.

É verdade que o ex-sindicalista sempre foi mais pragmático do que ideológico e que soube se entender igualmente com banqueiros e deserdados, com empresários milionários e simples trabalhadores, dizendo a cada um o que queriam ouvir e sempre se recusou a ser rotulado politicamente: “Não sou nem esquerda nem de direita , sou sindicalista”, era seu velho lema.

Sua estratégia sempre foi se entender com gregos e troianos, com Hugo Chávez ou Maduro e com Obama ou Sarkozy, com Rajoy e Felipe González. E hoje, se necessário, com Macri e com Macron, enquanto seu partido defende Maduro.

Sabe que Temer, que era seu amigo e que pediu a Dilma que o escolhesse como vice, como muitos dos ministros do atual Governo acusados de corrupção, já foram seus ministros e de Dilma. Estiveram juntos um dia no mesmo banquete. E sabe que poderiam volta r estar juntos amanhã. Lula é, sobretudo, um estrategista e herdou de seu amigo Fidel Castro a ideia de que negar mil vezes uma acusação pode levar a que seja absolvido pela História, e que repetindo outras mil vezes o que pedem as ruas pode acabar sendo abençoados por elas.

Lula não está morto. Se conseguir ser candidato, saibam seus adversários e concorrentes que ele intuiu que a sociedade brasileira busca a paz, e que em vez de ir em busca de debates ferozes com seus possíveis adversários, começou a tirar o pó de sua velha estratégia de tentar unir o Brasil exatamente quando o país parece estar mais dividido.

E que seu partido também não se esqueça disso. Lula não está gostando que o PT apoie muito o Governo da Venezuela e seu líder Maduro, porque intui que já são terra arrasada. Nem quer um partido mais à esquerda do que ontem porque sabe que a onda no Brasil atravessa outras águas.

Ninguém sabe qual será o futuro do seu partido, mas às cabeças mais exaltadas deste, amantes das brigas de galos, já começou a dizer que ele prefere hoje um cenário de trégua, que está valorizando a amizade e que prefere ler e refletir a brigar. Além disso, deu a entender que não deseja que o próximo encontro em Curitiba, daqui a um mês, com Moro, o terrível, seja tão tumultuado e alardeado como o anterior.

Será que ele irá, em sua nova metamorfose de amor pela filosofia e de valorização da amizade, abordar desta vez seu inimigo Moro buscando a pomba da paz?

Lula é capaz de surpreender a sua própria sombra. Quantos Lulas existem?

Brasil precisa de estadistas

As consequências da manutenção dos chamados “governos de coalizão”, introduzidos nas relações do Executivo com o Legislativo nos últimos anos, gerou um quadro sem volta, de dimensões inimagináveis, sobretudo se focarmos o andamento das relações do governo Temer com sua bancada de apoio. Claramente, não há uma construção de ideias, de programas, de políticas; há uma profusão de puxadinhos.

Fundado na implementação de uma agenda de reformas que vendeu a uma parte da sociedade como essencial e que tem na perspectiva de equacionamento do Orçamento público a única saída de que o Brasil dispõe para se reencontrar viável, o presidente Michel Temer ficou nas intenções.


No comando de um governo claudicante, Temer administra, desde sua posse, um quadro de insegurança, sempre dependente do fato do dia. Primeiro, o julgamento pelo TSE de um processo iniciado pela chapa que perdera a eleição presidencial em 2014; o PSDB e seu candidato, o senador Aécio Neves, não se conformaram com sua derrota e levaram em farta denúncia à Justiça Eleitoral um acervo de manobras praticadas pela chapa Dilma-Temer, as mais contundentes, eivadas de toda espécie de crimes eleitorais. Nada que nas eleições brasileiras pudesse significar novidade; essas, com raríssimas exceções, são o resultado de um jogo com todo tipo de vícios e mazelas.

Temer venceu a batalha, mas logo se viu novamente colocado no canto da parede. Dessa vez, sem o compadrio de Eduardo Cunha, abriu com deputados um bem-sortido balcão de trocas, nutrido com recursos que ao Orçamento fiscal foram um peso extemporâneo. Estamos encurtando a coberta no cumprimento de obrigações genuínas e inadiáveis para com a sociedade, mas jogando de grila, em troca de votos, cargos em comissão, obras não prioritárias e favores fora de hora, em forma de decretos e de Medidas Provisórias, pagos à linha.

O governo Temer grita que resistirá em sua luta para permanecer no comando da nação, em nome do compromisso que assumira de reinserir o Brasil num cenário de desenvolvimento econômico, de inflação controlada, de juros compatíveis com as necessidades de fomento e a capacidade de pagamento dos tomadores de tais créditos. Afinal, foi para andar nesse caminho que as forças, hoje se sabe, estimuladas por PMDB e Temer, desalojaram da Presidência o PT e Dilma Roussef. Até o momento, com mais de um ano de governo, pouco ou nada se viu realizar.

Continuamos com uma taxa de desemprego monumental e irreversível, apenas arranhada por quase imperceptíveis movimentos de queda; a prestação de serviços públicos, obrigações constitucionais, como segurança, saúde, habitação e educação, perde qualidade em sua oferta, quando essa quase milagrosamente ocorre. Déficit público sem controle, majorado à conveniência da burla dos operadores das finanças públicas.

O Brasil precisa de estadistas; onde eles estão ninguém sabe. Mas certamente não são esses que estão nas prateleiras do poder. Com essa trupe que temos hoje, iremos a lugar nenhum.

Ameaça ao combate à violência no Rio

Lembra-se da mais recente megaoperação contra o banditismo no Rio de Janeiro realizada há quase dez dias? Foi um fiasco, admitem reservadamente autoridades do governo federal que a acompanharam de perto. E sabe por quê?

Porque vazaram antes informações, permitindo que seus principais alvos esvaziassem esconderijos de armas e escapassem de ser presos. Um único fuzil sequer foi apreendido.

O vazamento de informações é a maior ameaça ao plano traçado pelo governo federal, de comum acordo com o local, para reduzir ao máximo o estado de insegurança pública em que vive o Rio.

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Não há a mais remota garantia de que o vazamento não voltará a se repetir, comprometendo os resultados de futuras megaoperações. A Polícia Militar do Rio é a principal responsável por isso.

No último dia 5, dos 40 mandados de prisão a serem cumpridos, só 18 o foram, nove dos quais contra pessoas já detidas. A operação que ocupou o Complexo do Lins na cidade do Rio mobilizou cerca de cinco mil homens – 3,6 mil do Exército e dos Fuzileiros Navais apoiados por 514 veículos, 71 blindados militares e helicópteros que sobrevoaram o local. Paraquedistas vigiaram a mata no entorno das favelas.

Saldo da operação: dois adolescentes presos e três pessoas mortas em confronto com a polícia. Apreendidas três pistolas, duas granadas e quatro radiotransmissores, além de parte de um roubo de carga.

E mais: quatro quilos de cocaína e 13 de maconha. Uma mixaria. No estado do Rio, registra-se em média 28 roubos diários de cargas transportadas em caminhões. Algo como 15 mil fuzis estão nas mãos de bandidos.

O ministro da Defesa Raul Jungmann considerou “razoável” e não “espetacular” o resultado da operação. “Agora, existe uma coisa chamada curva de aprendizagem, e o que é importante é que nós vamos melhorar a cada nova operação que se realize”, prometeu. “O trabalho está só no começo. O importante é que a população do Rio saiba que não está mais sozinha”. Palavras de conforto e ao mesmo tempo de frustração.

Para que os cariocas se convençam de que não estão mais sozinhos, o governo federal havia anunciado no dia 28 de julho passado o uso de 10 mil militares e policiais para reforçar a segurança no Estado.

Foi um ato de puro marketing com a volta às ruas de militares armados e de tanques. Durou poucos dias. Dali por diante seriam privilegiadas as intervenções pontuais com foco no desarmamento dos bandidos.

Tais intervenções, com base em um silencioso trabalho de inteligência, correm o sério risco de dar em quase nada. O insucesso de 5 de agosto pôs em xeque o comando integrado das operações.

Dele fazem parte representantes das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar e da Polícia Civil. De longe, a Polícia Militar é a mais infiltrada por gente ligada a bandidos.

A violência urbana no Rio é a quarta pior do país, mas em número de mortes é a primeira. Os militares mais uma vez não queriam se meter com ela porque não foram treinados para isso.

Meteram-se por decisão do presidente Michel Temer. Estão de mãos e pés atados: não podem admitir publicamente o vazamento de informações. Se o fizessem, ruiria a ideia inicial de um comando integrado.

Sozinhos, eles teriam, sim, meios e modos de fazer o que se espera deles. Mas a que custo em vidas, dinheiro e danos à própria imagem?