quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Na falta de emprego


Inútil


O Brasil inteiro assiste o intenso momento dos tantos in. E o que impressiona é a inoperância diante do fenômeno, como se fosse tudo normal, intrínseco ao nosso tempo.

A indiferença para com o próximo é descortinada nas calçadas das grandes cidades o tempo inteiro, sem que cause a mais pálida inquietação.

Uma crescente onda de intolerância foi tomando conta das redes sociais, insidiosa e ferina, maculando amizades outrora íntimas. Tornando o trato indecente.

Outro infortúnio comum ao cidadão é a incompetência das instituições em se mostrar inconciliáveis com a corrupção. Incrível: honestidade se tornou atributo incomum.

Incalculáveis desvios de conduta são vistos com ­indolência pelas autoridades constituídas e, pior, com incógnitos interesses ao sabor de desejos indefensáveis. Algo inacreditável.

Basta um pouco de dinheiro ou poder para alguém se tornar intocável. Enquanto isso, no inaceitável subsolo social, a menor indisciplina incha nossas indignas prisões.

Dos protestos explícitos aos recados indiretos, nada parece incitar reações. A incongruência está incrustrada na sociedade. Pouco pode o indivíduo diante do insolúvel.

Sob a influência das intrigas, das inverdades ou das invenções, até intelectuais são manipulados. Que dirá os incultos… Faltam intérpretes confiáveis para indicar as (in)verdades.

Mas, o que esse insipiente cronista estaria insinuando? Quais interesses estariam interferindo na insólita prosa? Mera inquietação, ou intrigante conluio?

Quem quiser, que investigue minha obra, inquira-me nas ruas, invente motivos para este involuntário desabafo. Pouco adianta inverterem a responsabilidade.

Ao fim e ao cabo, pareço mero intrometido. Inoportuno incendiário que não vê inquestionáveis avanços nos últimos 20, 30 anos. Estarmos todos atrás de grades, por exemplo, é detalhe inócuo.


Certos mesmo estavam os rapazes do Ultraje a Rigor quando, intensamente, repetiam: “inútil, a gente somos inútil!”.

Os pobres pagarão

Ilustração do fotógrafo português Miguel Castello

“A prosperidade de poucos amaldiçoa todos os outros”
Eduardo Galeano

O Brasil está doente. Nunca tão poucos conseguiram fazer uma lambança gigante que afeta milhões - tanto os que acreditaram piamente nas mentiras, como os que sempre suspeitaram que havia truta no governo. O país é hoje um navio de vento em popa para o redemoinho político, fenômeno não climático, mas de alta destruição. No torvelinho, todos os poderes serão envolvidos, instituições, governos, entidades.

A dimensão do que se prevê nem pode ser dimensionada. Os estragos, no entanto, desde já são visíveis em cada cidadão crente ou descrente no governo de hoje que prometeu mudar.

São os doentes do corpo, da alma e do bolso que perambulam por todo canto. Estamos enfastiados da corrupção, do descaso dos políticos, das armações de companheiros, das obras que seriam para o progresso mas só fizxeram progredir as contas bancários de políticos, agentes governamentais e empreiteiros.

Na alma, se carrega a revolta, que nem adianta procurar uma UPA para sanar o mal. O sistema de saúde tá no fundo do poço e é uma outra caixa preta, voraz em mais provocar a doença do que curar.


Tudo o bolso limpo terá que pagar. Do bolso principalmente do pobre, tão defendido por esses canastrões, sairá o rico dinheiro para saldar a conta que nunca fizeram e custa-lhe os olhos da cara, a saúde, a vida. 

Paisagens Brasileiras

José Pancetti, Ponta da Areia (Niterói) 

No curto prazo, nada pode ser feito pela seca


Para o mineiro Léo Heller, futuro relator das Nações Unidas para o Direito à Água e ao Saneamento Básico, crise hídrica não tem solução imediata a não ser chuva e redução do consumo. 
 A crise hídrica no sudeste não tem solução a curto prazo a não ser chuva e redução do consumo, afirma Léo Heller, futuro relator das Nações Unidas para o Direito à Água e ao Saneamento Básico. A partir de 1º de dezembro, o pesquisador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai substituir a portuguesa Catarina de Albuquerque na ONU. O mandato dura três anos e pode ser renovado pelo mesmo período.

"Já estão adotando todas as medidas necessárias e usando o volume morto do reservatório. No curto prazo, é muito difícil pensar em outras soluções", afirmou Heller, em entrevista à DW Brasil.
Caso não chova nos próximos meses, alerta o engenheiro, a situação pode ficar "dramática".

Ele considera que o volume de água desperdiçada ao longo do sistema de abastecimento brasileiro "não é admissível". "Ao invés de buscar novos mananciais, é mais ético trabalhar na redução dessas perdas."

Heller é cauteloso ao falar do tratamento do esgoto para transformação em água de reúso. Recentemente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou a construção de uma estação que irá empregar a técnica, com o objetivo de aumentar a oferta de água.