segunda-feira, 23 de março de 2015

Está na hora de mudar de casa

Nem trabalhadores no partido, nem partido dos trabalhadores

A lição vem de Luis Carlos Prestes, que por sua vez a tirou de Lenin: um grupo intelectualizado, com conhecimentos profundos de política, economia, História, sociologia e congêneres, forma um partido e imprime nele diretrizes sólidas capazes de sensibilizar e conduzir o proletariado. Aos poucos, esse grupo vai traduzindo e repassando para a militância as noções básicas de seus objetivos.

O proletariado percebe serem aqueles os seus sentimentos e anseios. Esforça-se para compreender o máximo da teoria que lhe é oferecida. Deve estudar. Absorver os ensinamentos, acoplá-los à sua vida e, aos poucos, assume a direção do partido, exprimindo, pela ação, a busca da igualdade e do bem comum que representa, maioria que é.

O singular está em que o PT começou mais ou menos assim, trinta anos atrás. Um núcleo de intelectuais, inclusive da Igreja, envolveu lideranças proletárias, inclusive a maior delas, o Lula. Imaginaram aproveitar o potencial humano do metalúrgico e de seus companheiros, repassando a eles conhecimento e deles recebendo lições práticas de suas necessidades e de sua capacidade de luta e de resistência. Assim formou-se o PT, entusiasmando a juventude e assustando as elites.

O diabo é que concluímos, hoje, que o Partido dos Trabalhadores deixou de ter trabalhadores e cansou de ser partido. Ao conquistar o poder, transformou-se num aglomerado de burocratas empenhados em afastar-se do proletariado, sem falar nos aproveitadores que se aproximam dos cofres públicos. Com o passar do tempo das lutas, os intelectuais foram saindo de mansinho, depois da Igreja.

Ganha uma viagem a Cuba quem citar um pensador de renome, um intelectual do tipo Florestan Fernandes orientando o PT. Hoje, o ideal dos companheiros é alçar-se à classe média ou chegar acima dela, de preferência como funcionário público e dirigente de uma empresa estatal. O próprio Lula aburguesou-se. Encontram-se nas bancadas do partido uns poucos ex-sindicalistas, mas nenhum operário eleito nessa condição.

Quem quiser explicar o sufoco porque passa o governo Dilma deve buscar as origens na metamorfose petista. Aliás, ela nunca foi do PT, até o dia em que precisou tratar de sua carreira política. Era brizolista. Por isso faz caretas sempre que telefona alguém do PT.

Ainda agora, quando a presidente da República propôs ao Congresso a redução do seguro-desemprego ou a extinção de pensões para viúvas abaixo dos 45 anos, onde se encontrava o partido? Qual a proposta que seus ministros, seus deputados e senadores apresentaram nos últimos doze anos para ampliar direitos sociais? Fica-se apenas no programa de renda mínima do isolado Eduardo Suplicy. O resto é assistencialismo, do tipo bolsa-família, porque conquistas, mesmo, sobram as implantadas por Getúlio Vargas, muitas suprimidas ao longo das últimas décadas.

Nada como o tempo para passar, já dizia o poeta. O sonho da fundação do PT desfez-se de forma melancólica. Tornou-se um partido igual aos outros. O proletariado dá-se por feliz se mantiver o trabalho de ridícula remuneração. O operário não acredita quando o avô lembra que já houve estabilidade no emprego.

Assistimos a um novo surto de maldades, entre os sucessivos praticados com regularidade pelas elites e pelos governos. Nos tempos recentes, Eurico Dutra congelou por cinco anos o salário-minimo. Depois Castello Branco suprimiu a estabilidade e o salário-família. Fernando Henrique optou por criar empregos no estrangeiro e demissões no Brasil. Pois não é que agora, em pleno governo do PT, Dilma ameaça direitos do trabalhador? Adota o mesmo modelo neoliberal do mundo desenvolvido, ou seja, para os subdesenvolvidos superarem suas crises, nada como demissões em massa, supressão de direitos sociais, cortes de gastos públicos, endividamento externo, aumento de impostos e de preços de combustíveis, transportes, luz e gás.

Coisa ruim não presta mesmo

Quando se faz muita propaganda de um produto ruim, pior é para a venda do produto.

O Antagonista

Quem paga aos 'blogueiros progressistas'


Começou a maior batalha midiática dos últimos 14 anos. O tucanato quer ir a fundo, somente agora, na questão de quem paga aos chamados “blogueiros progressistas”, ou “do campo social” —para que defendam cegamente Dilma e Lula.

O Líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), protocolou sexta-feira (20/3) representação junto à Procuradoria da República do Distrito Federal para a abertura de inquérito civil contra o ministro Thomas Traumann (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) por prática de improbidade administrativa. Entre as sanções, caso Traumann seja condenado, está a perda da função pública.

Segundo o tucanato, “a ação baseia-se em documento produzido pela própria Secretaria de Comunicação Social, que evidencia seu uso para promoção pessoal da presidente Dilma, bem como para viabilizá-la eleitoralmente. Nesse mesmo documento, aparecem análises sobre as estratégias das campanhas da presidente Dilma de 2010 e 2014, além de propostas para “virar o jogo” eleitoral, dividindo responsabilidades, exclusivas da Pasta, com pessoas alheias à administração pública, como o PT, o Instituto Lula e blogueiros”.

Finalmente alguém tocou na ferida.

Qualquer um que trabalha com jornalismo tem um amigo circunscrito nesse estado de coisas. Geralmente, pessoa de meia idade. Sonhadora em ser “barão de mídia”. Saiu de uma “grande redação”. Bateu na porta de ministro ou ministra. Recebeu fortunas, seja para sua ONG ou blog. Está feliz. Entra dinheiro “bagaray”, trabalha de casa. E tudo o que tem a fazer é reangular as notícias da “velha mídia” ou dos “tubarões milionários da mídia” no sentido de favorecer os interesses do governo federal.

Não vejo problema em se ganhar dinheiro no capitalismo. Não vejo problema em que blogueiros sujos mamem nas tetas do PT, para poder terem o nÍvel de vida pequeno burguês com o qual sempre sonharam. Esquerda caviar é isso aí. Josué de Castro, recifense, escreveu o seu “Geografia da Fome” e se cevava nos melhores restaurantes de Paris…

O problema é que essa gente recebe fortunas do PT para mentir. Não fazem reportagem. Não investigam. Não vão para as ruas. Tomam fortunas do PT e dão em troca mal-traçadas, cheias de advérbios de modo. O PT paga fortunas a essa gente para que devolvam ao governo uma antologia de adjetivos contra os inimigos do partido.

Basta ver o quanto midiaticamente se alinhou essa gente para atacar meu amigo Fernando Rodrigues —somente porque ele resolveu investigar a lista do HSBC, cruzar dados e não cometer injustiças… Os ditos jornalistas do “campo social” se alinharam para bater em Fernando Rodrigues, no caso do HSBC, porque o jornalista lhes expôs publicamente os cofres.

Brigar com os fatos

Agora que a inflação volta, sobem preços de alimentos e cortes na Educação estão aí, passemos por cima dos filmetes de campanha

Além da situação notória, da economia à ética, passando pela política, parte da crise de desesperança que o país atravessa tem a ver com a perda de confiança e o sentimento generalizado de que andaram mentindo muito. Ao longo do tempo, versões foram substituindo fatos. Muita gente acabou acreditando no simulacro sem perceber que não correspondia ao real. Se esse mecanismo se perpetua, a frustração é cada vez mais perigosa para o país. Para evitá-la, vale a pena não se afastar dos fatos.

Não custa lembrar. Investigação não é indiciamento — cuidado para não identificar os dois processos e depois se queixar de que houve arquivamento. Aliás, arquivar por falta de provas ou devido a investigações mal conduzidas não é engavetar geral. E manifestação de protesto não é terceiro turno, como se diz. Outra coisa: doação de empresa para campanha não é ilegal. Ilegal é esconder isso ou depois cobrar vantagens. Ou usar dinheiro que não era próprio, mas apenas repassado dos cofres públicos, vindo de um sobrepreço em serviços prestados ao governo, ou de empréstimos vantajosos vindos do Tesouro. No Japão, é lei: empresa que negocia com o governo não pode ter qualquer relação com funcionários do mesmo, nem para dar uma carona ou um presentinho. Ou seja, pode-se ter leis que controlem, sem precisar obrigar a votar na lista prévia feita pelo dirigente partidário, como tentam nos empurrar goela abaixo. E não precisa haver campanhas tão caras. Nem tantos partidos.

Leia mais o artigo de Ana Maria Machado

O Brasil é outro? Dez leituras

Uma coisa é defender o país; outra coisa, bem menor, é defender um partido
A pergunta recorrente é: o Brasil é outro, a partir do dia 15 de março? A grande mobilização, a maior desde o movimento das Diretas Já, nos idos de 1984, terá impactos sobre a vida nacional? Vamos a algumas reflexões.O que surge de uma primeira leitura é que vimos um Brasil cívico e participativo. As cores verde, amarelo e branco denotam a estética cromática da bandeira nacional. Diferentemente, por exemplo, do vermelho total da manifestação do dia 13, puxada por PT, CUT e MST. Uma coisa é defender o país; outra coisa, bem menor, é defender um partido. Quem foi às ruas?

Todas as camadas sociais estavam presentes – esta deve ser a segunda leitura. Evidente que as classes médias se fizeram representar em maior quantidade, eis que mais sensíveis e próximas aos eventos políticos. Mas não tem sustentação a hipótese de que as margens não estavam presentes. Desse modo, como se explica o fato de a presidente Dilma registrar, nesses dias turbulentos, apenas 7% na categoria bom/ótimo de avaliação positiva nas pesquisas de opinião? Portanto, o chamado povão também estava lá. O metrô de São Paulo se encheu de gente dos bairros periféricos. O que nos remete à terceira leitura, o discurso.

Qual a razão maior para puxar o cordão das manifestações? A teia de corrupção que envolve o país. Por mais que algumas entidades queiram dizer que o impeachment da presidente tenha sido o leit motiv, o arrastão das massas foi inspirado, com maior intensidade, pela ladroeira e, particularmente, pelo propinoduto no entorno da Petrobrás. É claro que as faixas pedindo impeachment também se faziam ver nas correntes das ruas. Em plano menor.

A quantidade de pessoas é outro ponto polêmico, daí a merecer a quarta leitura. Um milhão, duzentos ou seiscentos mil? Não importa muito a quantidade. Importa aduzir que foi a maior movimentação cívica desde 1984. E que se traduziu por uma participação plural da sociedade. Não apenas do eleitorado da oposição, como erradamente opinou o ministro Miguel Rossetto, esse mais próximo à presidente.

Diferentemente de mobilizações do passado, o grito do dia 15 foi convocado pelas redes sociais e por ondas formadas a partir dos círculos concêntricos. Nesta quinta leitura, percebe-se que os meios foram múltiplos: boca a boca, usuários das redes, veículos massivos de comunicação etc. Importante ressaltar que não houve convocação por meio de partidos políticos ou de centrais sindicais. Viu-se uma participação espontânea, natural, sem atendimento aos partidos ou a grupos pagos. Não houve distribuição de lanche nem passagem paga por patrocinadores.

Sexta leitura: errado também confinar o movimento a São Paulo. As regiões do país foram contaminadas pelo sangue do civismo, algumas com maior intensidade que outras. Viu-se, por exemplo, que as manifestações no Nordeste ganharam menor escala. Nem por isso pode-se dizer que a região não se tocou pela mobilização. No Rio Grande do Sul, a concentração de 100 mil pessoas em Porto Alegre deixou forte marca.

O que nos leva à sétima leitura, sobre o panelaço, que veio na sequência do evento. A tentativa dos ministros Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo de explicar a manifestação do dia 15 foi recebida com pancadaria nas panelas em muitas capitais. O ministro Cardozo se expressou melhor, uma fala mais política e mais certeira. O desastre ficou por conta de Rossetto, que atribuiu as manifestações aos eleitores que não votaram em Dilma. Um erro de visão. O ministro precisa tomar um banho de rua.

A oitava leitura mostra que a democracia participativa no país ganha densidade e solidez. Daí a nossa projeção de que esses movimentos deverão, doravante, se incorporar à paisagem urbana, de maneira pontual e em menores proporções. Veremos grupos e categorias profissionais indo às ruas para gritar por demandas específicas. E, ainda, acompanhar os passos do petrolão que devem seguir por todo o ano, batendo nas margens eleitorais de 2016.

O governo continua a estudar respostas. E a nona leitura é sobre os efeitos. O mais alentado é o pacote contra a corrupção, que não provocou nenhuma comoção. Afinal, normas e regras rígidas existem. Falta apenas cumpri-las. O governo responde às demandas com lero-lero, ou seja, discurso inconsequente. Deveria, isso sim, 0fazer cortes de gorduras e excessos. E, ainda, promover uma reforma ministerial para ajustar os parâmetros à realidade das ruas e a real politik.

Finalmente, a décima leitura nos leva ao amanhã, a aurora de um país passado a limpo, expurgado não de todas as mazelas, mas de alguns vícios e ilicitudes. Veremos os próximos tempos enxertados com sementes fortes: o escopo conceitual pedindo por mais ação e menos discurso; transparência; agilidade; qualidade; enxugamento; reforma política; ajustes econômicos; participação; envolvimento social; poder centrípeto ( das margens para os centros); punição; rigor e zelo.

Gaudêncio Torquato

Os 'cativos' do poder

A ruína de muitos governos é achar que o eleitorado é cativo, quando ele tem que ser conquistado muito mais pelo futuro do que pelo passado. Se o governo não tem clareza de onde está fincado e não protege esses eleitores de eventuais cortes, coloca-se num cenário perigoso. No caso da Dilma, junta-se a isso a base parlamentar fraca, a inflação e as denúncias de corrupção
Marly da Silva Motta

Projeto do PT é se perpetuar no poder

É uma distorção achar que quem recebe Bolsa Família, ganha um salário mínimo ou um pouco mais, já está incluído na sociedade, o que não lhe dá dignidade, muito menos pode fazer compras em shoppings ou viajar de avião, comprar carro, conseguir a casa própria, conforme o PT tanto apregoa.

Dito pelo Lula: “Nunca os banqueiros ganharam tanto dinheiro como no meu governo”. Numa pesquisa do IBGE, feita antes das eleições, pela primeira vez em 10 anos aumentou o número de miseráveis em 371 mil pessoas, mas esses dados só vieram a público depois das eleições, claro.

A verdade está aí, quem se deu bem no governo do PT foram as empreiteiras, as multinacionais, os banqueiros, a classe política com altos salários e mordomias. Para atender à base aliada, o governo até aumentou o número de ministérios, ampliando o empreguismo da companheirada com altos salários.

Na Petrobras, o presidente ganha R$ 183 mil por mês! Esses salários dos presidentes, diretores e conselheiros das estatais representam uma afronta à população.

O PT não é um partido comunista. Tenho dito por diversas vezes: o PT é um partido elitista, é a direita corrupta, faz o discurso em favor dos pobres, mas favorece mesmo é o enriquecimento dos poderosos. Nesses 12 anos de governo, qual o projeto de nação esboçado pelo PT, principalmente no tange a educação, saúde e segurança?

O grande projeto desse governo é se perpetuar no poder, mesmo que tenha que fazer o diabo, são capazes de tudo, nem que a vaca tussa, mentem descaradamente, tentam transferir seus erros para o governo anterior. Como dizia o Brizola: o PT cacareja para a esquerda, mas põe os ovos para a direita.

Nélio Jacob

A direita na rua

Pode-se menosprezar as multidões, assim como se pode acreditar que as avenidas Atlântica e Nossa de Copacabana são transversais. Difícil, depois, será achar o rumo de casa

Admita-se que as manifestações do dia 15 de março tiveram um conteúdo de direita, conservador, ou seja lá o que for. Vá lá. Disso resultam várias questões:

Se foi coisa da direita, ela foi para rua com um vigor que superou de longe as manifestações da esquerda. Na Avenida Paulista não havia nenhum imigrante africano carregando balão porque recebeu R$ 30. Pelo contrário, um curioso contou três manifestantes que foram para a rua em cadeiras de rodas.

Se a bandeira da luta contra a corrupção foi para as mãos da direita, a esquerda deveria se perguntar por que e como deixou-a cair no ralo.

As multidões que foram para a rua na campanha das Diretas de 1984 não eram de esquerda. A direita que defendera a ditadura foi quem deixou a bandeira do voto cair no ralo.

O argumento segundo o qual uns poucos cartazes e faixas pedindo o retorno dos militares definem o caráter das manifestações tem o mesmo valor que o dos generais e de Paulo Maluf, que em 1984 viam nas bandeiras vermelhas uma essência comunista nos comícios das Diretas.

Finalmente, houve quem comparasse depreciativamente o dia 15 com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade de 19 de março de 1964, em São Paulo. Nela havia mais gente que no comício de João Goulart na Central do Brasil, ocorrido uma semana antes.

Pode-se menosprezar as multidões, assim como se pode acreditar que as avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana são transversais. Difícil, depois, será achar o rumo de casa.


Como ser poderoso


Tendo meios e moral nenhuma, tudo se pode ser... até poderoso
Miguel Angel Astúrias

A pressão precisa continuar

PMDB, acuado pelos indiciamentos do petrolão e assustado com as manifestações que encheram as ruas do país, pedindo impeachment e moralização, reagiu sem pestanejar durante a semana que passou. Ainda mais com a cabeça a prêmio de suas principais lideranças congressuais e de seus governadores.

Apresentou, na vigésima quinta hora da crise, propostas de austeridade que merecem ser levadas a sério. Cortar na carne dos governos e das administrações públicas despesas e gorduras.
Passou da hora de se fazer essa justiça. Soa, sem dúvida, pura demagogia saindo da boca de quem mais atuou (PMDB) para escancarar os cofres públicos ao assalto de quadrilhas. Última e recente proposta: conceder a cota de passagens para parentes de parlamentares. O acinte durou poucas horas, o suficiente para mostrar a indigência moral que assola o Congresso Nacional.
Resta entender a capacidade de um mesmo partido gerar propostas monstruosas e outras que seguem ao encontro do bom senso, tudo isso em poucos dias e sem mudar de paletó.

Aperceberam-se, com milhões de pessoas nas ruas, que falta autoridade moral aos governantes e à Corte para pedir mais sacrifícios ao contribuinte, exatamente a quem trabalha de verdade e dá sustento à nação. A sensação de ser roubado e feito de palhaço deixou de ser sentida apenas na classe média. As pesquisas apontam uma queda de popularidade do governo, que teve precedente nos piores momentos da história republicana, como foi a cassação do presidente Fernando Collor.
Os senhores parlamentares se atribuíram um aumento salarial de 50% a partir de fevereiro, outros aumentos de verbas de gabinete, ajudas de custos no mesmo índice, em cascata atingindo Assembleias estaduais e Câmaras municipais. Ainda se preparou um aumento de repasse de dinheiro público para as cotas dos partidos. Isso passando de R$ 1 bilhão a cada ano.
Pouca-vergonha.

Há de se esperar que a proposta do PMDB avance, receba emendas e se aperfeiçoe, que a sociedade civil se mobilize e exija urgência e prazo máximo de 60 dias de tramitação para os cortes propostos. Mesmo que seja um lance demagógico de quem tem pouca moral, que se leve adiante.
A proposta é que os ministérios sejam limitados por emenda constitucional ao número de 20. Já é um começo, apesar de existirem fórmulas de deixar tudo igual. As reduções deveriam ser orçamentárias e alcançar todos os Poderes e todas as instâncias.

O Poder Legislativo, que o PMDB preside no Congresso, virou um ralo por onde saem, a qualquer título entre os mais esfarrapados, salários estratosféricos, mordomias de figuras que apenas se dedicam a assaltar finanças públicas e montar mensalões.

Cortar em um terço os cargos do Legislativo e cortar pela metade seus orçamentos, a começar dos municípios, seguindo pelos Estados e subindo até o Congresso Nacional.

Cortar os cartões de crédito ou ao menos dar-lhes total transparência, assim como aos empréstimos do BNDES que vão para outros países bancar obras de infraestrutura que aqui faltam tanto quanto ou até mais que lá fora.

Obviamente não é tarefa fácil, mas a mobilização popular, apenas ela, poderá estimular a vergonha que até hoje faltou para termos um sistema mais justo.