segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
A chantagem da petrorroubalheira
A doutora está jogando na defesa com as petrorroubalheiras. Falta-lhe iniciativa, mesmo que seja para reconhecer o que se fez de errado, para evitar que se faça pior.Outro dia, a doutora Dilma recebeu dirigentes sindicais preocupados com milhares de trabalhadores de empreiteiras que correm o risco de perder seus empregos se obras da Petrobras forem paralisadas. No fim dessa linha está uma chantagem das grandes empresas: se a limpeza avançar, cria o risco de se “parar o país”. Já há milhares de demissões e greves em estaleiros na Bahia e no Rio.
A doutora está jogando na defesa com as petrorroubalheiras. Falta-lhe iniciativa, mesmo que seja para reconhecer o que se fez de errado, para evitar que se faça pior. Está na fila das encrencas o caso da contratação de navios-sondas para perfurações.
Depois da descoberta das reserva do Pré-Sal, a Petrobras precisava contratar navios-sonda de perfuração. Podia ir ao mercado, mas os comissários, com Pedro Barusco no lance (US$ 100 milhões na Suíça), tiveram a ideia de formar uma empresa brasileira e em 2011 criaram a Sete Brasil na qual a Petrobras tinha 10% e punha seu selo. Entre 2014 e 2018, a Sete Brasil forneceria 28 plataformas. Coisa de US$ 30 bilhões.
Um projeto desse tamanho poderia atrair investidores de todo o mundo. Entraram três bancos (BTG, Bradesco e Santander) e mais os suspeitos de sempre: os fundos Petros, Previ Funcef, Valia e o FGTS. A Viúva ficou com cerca de 45% do negócio. Passou o tempo, entregaram um casco e cinco estão atrasados. A Sete já desembolsou US$ 8,9 bilhões, com uma parte em adiantamentos. Num caso, com um desembolso de US$ 2 bilhões, não há metade disso em obras. Só há uma sonda dentro do cronograma. No mercado surgiu a figura do “estaleiro Powerpoint”.
Se tudo desse certo cada sonda sairia por algo em torno de US$ 1 bilhão. No mercado internacional, custavam US$ 750 milhões. Depois, seriam alugadas para operadoras, pagando-se US$ 600 mil por dia. Lá fora, esse serviço valia no máximo US$ 500 mil. Os prazos foram para o espaço e hoje pode-se torcer para que as sondas fiquem prontas entre 2016 e 2022, se ficarem.
Cretinice não é de hoje
Já teve presidente que falava que a Petrobras era uma caixa preta, que ninguém sabia o que acontecia lá dentro. No nosso governo ela é uma caixa branca, e transparente. Nem tão assim, mas é transparente. A gente sabe o que acontece lá dentro. E a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer.
Lula, entre o primeiro e o segundo turno da eleição de 2010
'Brasileiros e brasileiras'
O brasileiro é um idiota. Para não parecer uma ofensa, é
claro que me incluo nessa fauna. Ofensa mesmo é assistir todos os telejornais
do sábado e ver até cansar a falência anunciada da maior estatal deste país de
bananas. Se justiça houvesse neste país, ela teria essa carinha de cachorro
escondido atrás de alguma criancinha? Tenha paciência. Não sei quantos barris
de provas uma investigação tem que produzir dessa lama fétida para configurar
um crime deste tamanho.
Não basta que o mensalão tenha virado um crime organizado
sem criminosos e com os culpados todos soltos. Temos agora de aturar no lombo
os presidentes que nada presidem, a dupla de velcros colada em nossa folha de
pagamentos – fossinha e russefinha. É o preço a pagar por uma eleição
visivelmente fraudada. Confesso que temo pela sanidade do país quando cada
brasileirinho ou brasileirinha finalmente entender as dimensões e o significado
dessa roubalheira impune.
A pétubrais vai quebrar; vocês já se deram conta disso?
Capaz até de melhorar sensivelmente a vida do cidadão urbano, dispensado de
pagar a gasolina mais cara e indecorosa do mundo só para carregar nas costas
essa verdadeira camorra que ora nos rapina com tanta intensidade e volúpia. Se
vocês querem saber mesmo, até o momento eu só temo pelo pior.
Talvez este seja o mote da maior investigação já levada à
cabo nesta terrinha bananeira, que não viu um político preso com a barafunda,
até o momento. Soma-se a isto o agachar pusilânime de gente cuja teoria na
prática é outra coisa, mandando soltar só os bandidos mais próximos do
grupelho. Só aqueles que tenham título de nobreza, como Duques e Arqueduques.
Só os que tem grana na cueca e o que contar para incriminar seus comparsas de
crime.
E assim vamos ficando, com aquela sensação de que o dia do
macarrão não foi instituído por acaso. Ele é parte integrante do show de
empulhação e vigarismo explícito a que somos expostos diariamente por aqui,
para nos iludir. Para dissimular. Para riscar a superfície sem perfurar o
centro da coisa podre. Um escárnio. A cada nova denúncia, eu me lembro bem
daquela seita que orava para as coisas piorarem, pois é quando elas pioram que
eles recebem mais dízimos e donativos.
Presidente que flutua
Corrupção, impunidade e pobreza
Corrupção sempre prejudica os mais pobres de maneira desproporcional
Continuando o que se tornou um costume, o Governo argentino
redobrou sua pressão sobre os juízes. No enésimo episódio desse tipo, atacou o
Juiz Federal Claudio Bonadío, responsável por um dos casos que mais interessa à
família presidencial: os hotéis do Sul. Com uma desculpa fraca, usou todo seu
poder no Conselho da Magistratura para exumar velhos casos polêmicos e, na
falta de votos para destituí-lo, cortou 30% de seu salário.
As provas sobra a corrupção sistêmica do Governo
kirchnerista são indubitáveis e prometem tempos duros para seus funcionários.
Mas a questão tem muitos outros lados, além dos morais e institucionais. Um dos
mais condenáveis é o prejuízo direto que a corrupção causa na vida dos pobres.
O caso emblemático é do ex-secretário de Transporte, Ricardo Jaime, que por sua
conivência direta com empresários os quais devia controlar, aparece como
responsável por 52 mortes no acidente da Estação de Once. Trens desconjuntados
– apesar de subsídios milionários – causaram esse e outros acidentes mortais.
Mas até esse terrível episódio, os mais pobres que usam
esses serviços perderam milhões de horas de sua vida viajando em condições
inumanas. Basta pensar quantas horas de convivência com os filhos evaporaram
por andar em um sistema injusto no qual um Governo pseudo-progressista não
investiu dinheiro ou poder para assegurar condições mais humanas de
deslocamento.
Existem inúmeras evidências que demonstram qual é o impacto
do transporte ruim sobre a vida das famílias e, portanto, sobre as necessidades
de afeto cotidiano de seus filhos. No lugar de escutar essas evidências, o
apetite pelo dinheiro sujo levou Jaime e seus ainda desconhecidos parceiros políticos
a permitir que tudo fosse piorando. As periferias das grandes cidades estão
cheias de moradias inabitáveis, ruas intransitáveis e serviços públicos que não
funcionam, nas quais não é difícil ver a mão da corrupção prejudicando os
excluídos.
Mas a outra dimensão desse absurdo,
é a impossibilidade absoluta de exercer controles judiciais sobre a forma como
os bens públicos são administrados. Na Argentina não existe nenhum programa
social cujo impacto seja avaliado com métodos rigorosos; as prestações de
contas ao Congresso são inexistentes e o esbanjamento é a norma. Um caso que
passará para a história e o das Aerolíneas Argentinas, a empresa nacional que
bate todos os recordes de má administração e consequente esbanjamento de
recursos escassos. Um comunicado recente da Auditoria Geral da Nação mostrou
perdas anuais próximas de 100 milhões de dólares (259,5 milhões de reais). Com
essa cifra poderiam ser construídas 250 escolas de última geração ou hospitais
nas zonas nas quais a mortalidade infantil triplica a média nacional. São
dilapidados fundos que mudariam a vida dos pobres para que os setores de classe
média e alta sejam beneficiados. Esse é o “progressismo” do governo Kirchner.
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