Parque Nacional de Garajonay (Canárias, Espanha) |
domingo, 27 de maio de 2018
E aí? Michel Temer vai demitir Pedro Parente ou deixar as coisas como estão?
Agora, Parente se julga responsável pela recuperação da Petrobras, mas não foi bem assim. A empresa é uma das maiores do mundo, desenvolve tecnologia própria e tem uma equipe técnica de alto gabarito. Mesmo se ficasse acéfala durante estes dois anos, bastava diminuir a roubalheira para a Petrobras se recuperar. E foi o que aconteceu. Aliás, não é nenhuma novidade. Recentemente a Bélgica ficou sem primeiro-ministro durante um ano e meio, mas o país continuou crescendo.
Não pensem que a roubalheira acabou na Petrobras. Isso é praticamente impossível. Agora a Lava Jato precisa investigar novamente as Áreas Internacional e de Abastecimento, que cuida das refinarias, pois o golpe é aplicado em conjunto.
O maior problema da Petrobras é que a grande maioria da produção brasileira é de óleo pesado, de menor qualidade. E o mais incrível é que o Brasil não tenha adaptado suas refinarias para o óleo pesado, precisa importar óleo leve para misturar. A refinaria Abreu e Lima, com tecnologia venezuelana, é a primeira a refinar óleo pesado, mas não fica pronta nunca, por enquanto só refina 100 mil barris/dia, igual à obsoleta Pasadena, apelidada de “Ruivinha”, devido à ferrugem nas instalações.
Na gestão de Parente, o golpe foi a redução na quantidade do óleo bruto processado no Brasil. As refinarias operavam com 90% da capacidade instalada e o total caiu para 76%. Com isso, aumentou a necessidade de comprar diesel, cuja importação bateu recorde em 2017, com alta de 63%. Ao invés de importar óleo leve, misturar ao pesado e produzir diesel, gasolina, querosene de aviação etc., a luminosa gestão de Parente optou pela solução mais cara, importar diretamente o diesel.
Um dos grandes mistérios da Petrobras é esta falta de desenvolvimento do refino de óleos pesados. A estatal da Venezuela (PDVSA) refina até mesmo uma espécie de areia petrolífera existente na bacia do Orenoco. O Canadá faz o mesmo. Mas o Brasil insiste em não adaptar suas refinarias ao óleo pesado extraído no país. Por que será?
Parente tem cara de santinho, pode nem estar envolvido, mas não conhece o ramo e permite tudo quanto é trampolinagem. O golpe atual é o mesmo usado por Shigeaki Ueki, presidente da Petrobras na era Geisel – ganhar “comissão” na importação. Ueki ficou riquíssimo, é hoje um dos maiores fazendeiros do Texas e tem mais poços de petróleo do que a família Bush.
Barroso critica liberação de corrutos 'a granel'
Falando para uma plateia de juízes, Barroso empilhou decisões do Supremo que favoreceram minorias e grupos vulneráveis. Citou a validação da Lei Maria da Penha, a interrupção da gravidez em casos de fetos anencefálicos, o direito ao aborto no primeiro trimestre da gravidez, o reconhecimento da união homoafetiva e as cotas para negros e deficientes em universidades. De repente, o ministro engatou na sua lista a minoria dos corruptos, insinuando que ela também é beneficiária da suprema proteção.
Barroso solidarizou-se com os juízes que prendem os corruptos libertados posteriormente por decisões superiores. “Sou solidário com quem se dispõe a fazer esse trabalho. Ele é difícil, tem um custo pessoal alto, mas a história está do nosso lado. Há uma velha ordem sendo transformada. Essa é a minha convicção. Os aliados da corrupção no Brasil fazem um discurso libertário, quando na verdade é uma leniência com uma velha ordem e uma cultura de desvio de dinheiro público.”
As palavras de Barroso chegam nos últimos dias de um mês em que seu desafeto Gilmar Mendes frequentou o noticiário como uma espécie de libertador-geral da República. Soltou uma dezena de presos. Enviou ao meio-fio, por exemplo, Hudson Braga, secretário de Obras do multicondenado Sergio Cabral, ex-governador do Rio. Soltou também Carlos Miranda, principal operador de Cabral.
Gilmar mandou para casa Milton Lyra. Vem a ser um lobista ligado a caciques do MDB do Senado —todos investigados em inquérito sobre desvios no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Na sequência, Gilmar estendeu o habeas corpus a outros quatro presos enrolados no mesmo caso: Marcelo Sereno, ex-secretário nacional de comunicação do PT; Adeilson Ribeiro Telles, do Postalis; Carlos Alberto Valadares Pereira, do Serpro; e Ricardo Siqueira Rodrigues, operador financeiro.
Outro beneficiário de um alvará de soltura expedido por Gilmar foi Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. Trata-se de um suspeito de intermediar o recebimento de propinas destinadas a políticos do PSDB de São Paulo. De resto, o ministro mandou abrir as celas do empresário Sandro Alex Lahmann e do delegado Marcelo Luiz Santos Martins, ambos enrolados em inquérito que apura irregularidades no sistema prisional do Rio de Janeiro.
A rivalidade entre Barroso e Gilmar costuma eletrificar as sessões do Supremo. Eles integram turmas diferentes. Barroso tem assento na Primeira Turma. Mais rigoroso no julgamento de pedidos de habeas corpus, esse colegiado foi apelidado de “Câmara de Gás”. Gilmar compõe a Segunda Turma, cuja generosidade no deferimento de pedidos de liberdade inspirou a denominação de “Jardim do Éden.” A divergência entre os dois magistrados aflora no plenário da Suprema Corte.
Num dos embates que travaram em plenário, no dia 26 de outubro de 2017, Barroso e Gilmar escancararam as visões distintas que cultivam sobre a prisão de integrantes da minoria dos corruptos. Estava em julgamento uma ação sobre a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará. Ao votar, Gilmar criticou a forma como o Rio de Janeiro, Estado de origem de Barroso, aplicava dinheiro de terceiros depositado na Justiça para pagar dívidas discutidas em processos pendentes de julgamento.
Abespinhado com a menção ao Rio, Barroso mencionou o Mato Grosso, Estado de Gilmar, “onde está todo mundo preso''. Gilmar indagou: “E no Rio não estão?” Barroso emendou: “Nós prendemos, tem gente que solta.” Seguiu-se um bate-boca que pode ser revisto no vídeo abaixo. A certa altura, irritado, Barroso foi à canela de Gilmar: “Não transfira para mim essa parceria que vossa excelência tem com a leniência em relação à criminalidade de colarinho branco.”
Noutro ponto, Gilmar respondeu: “Quanto ao meu compromisso com o crime de colarinho branco, eu tenho compromisso com os direitos fundamentais. Fui o presidente do STF que foi, inicialmente, quem liderou todo o mutirão carcerário. São 22 mil presos libertados e era gente que não tinha sequer advogado. Não sou advogado de bandidos internacionais.”
E Barroso: “Vossa excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é Estado de direito, é Estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário.” No discurso deste sábado, Barroso disse coisas muito parecidas, com outras palavras: “Os aliados da corrupção no Brasil fazem um discurso libertário, quando na verdade é uma leniência com uma velha ordem e uma cultura de desvio de dinheiro público.” Além de Barroso, participaram do encontro de juízes em Maceió outros três ministros do Supremo: a presidente Cármen Lúcia, o vice-presidente Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello.
Borges Neto, magistral
Manuel Borges Neto, talvez o maior redator/revisor que já apareceu por estas plagas, partiu hoje aos 85 anos. Português de boa cepa, católico praticante e inveterado, tinha uma visão de lince para a última flor do Lácio ─ expressão que ele usou muitas vezes ao meu lado, na bancada do Jornal do Brasil, entre 2003 e 2005. Seu entusiasmo pelo texto bem-escrito era contagiante. Muitos vão lembrar de um fechamento de edição pré-carnaval, totalmente, da primeira à última linha, escrita pelo saudoso Lula Branco Martins. Eu via Borges debruçado sobre os prints (sim, ele lia no papel, impresso, nada de corretores em software na tela do PC) por horas. Caneta na mão, lendo baixo o texto, de vez em quando ria, não de algo engraçado, mas de coisas que ele apreciava no estilo de Lula Branco (que realmente era fora da curva). Eis que, de repente, ouvimos a última folha sendo puxada por Borges, arremessada ao ar, e a frase dele, embevecido:
Todas as folhas, absolutamente todas, não tinham sequer uma anotação do Borges, algo praticamente impossível de acontecer.
Suas frases viravam bordões da redação do Jornal do Brasil. E seu bom humor era algo fascinante, pois não era exatamente alguém desinibido. Em determinada época, ele e a esposa (que perdeu há alguns anos, tristemente) começaram a frequentar um encontro de casais às terças-feiras numa igreja católica. O editor, um cara que alguns já saberão quem é, fez uma brincadeira com Borges quando ele veio pedir (como se precisasse, alguém com a História dele) que às terças ele pudesse sair meia hora antes para poder ir aos encontros. Ao explicar que encontro era, o editor respondeu:
─ Encontro de casais? Isso tá parecendo suruba.
Bom, as coisas seguiram, e toda terça, depois de ler quilos de páginas, Borges se levantava, e o editor já sabia:
─ Vai lá para a suruba, Borges?
Ele sorria e respondia que sim.
Estamos falando de um português então com 70 e poucos anos, católico, de roupas sóbrias, e que certo dia, quando o editor recebia uma visita externa em sua bancada exatamente neste horário de saída, passou por lá e avisou:
─ Olha, fulano, já estou indo lá para a suruba ─ explicou, com todo seu sotaque, irresistível.
Algumas semanas depois, uma estagiária foi contratada ─ hoje jornalista profissional, da Globonews. E não é que os pais da estagiária frequentavam o encontro da igreja? Tome lá o Borges a comentar. “Os pais dela também vão à suruba”, divertia-se.
O apelido dos erros que ele marcava eram “cochilos” ─ e em uma época muito saudosa ele chegou a mandar e-mails diários com os tais cochilos, usando este termo para batizar. E eram aulas e mais aulas. Volta e meia eu tinha discussões longas com ele e, claro, os dois eram teimosos. Só que Borges tinha a autoridade, eu era só um rebelde sem causa. Por exemplo, quando algo acontecia na Rua Borges de Medeiros, perto da Lagoa Rodrigo de Freitas, eu escrevia que aconteceu na Lagoa, com caixa alta. Borges insistia que era caixa baixa. “É um acidente geográfico”, dizia o luso de Leiria. “Sim, Borges, mas Lagoa é o nome do bairro”. Mas havia discordâncias aos montes e ele insistia com lagoa. As gírias ele colocava em itálico. Mas certa feita foi preso um traficante, e no texto policial surgiu a expressão “cocaína malhada”. Explique-se antes: tudo o que não tinha bold ou itálico ou aspas, Borges dizia que era texto “redondo”, a palavra que ele usava para “normal”. O jornalista que fez o texto da cocaína escreveu “malhada” em itálico. Borges pediu a palavra:
– Olha, “cocaína malhada” desce redondo!
Ouviu as risadas inevitáveis do bando de maliciosos que o cercava. E, como sempre, passou a repetir o bordão e rir sempre ─ por mais que a vida estivesse dura. E a vida, meus amigos, foi dura: em agosto de 2005, quando o JB demitiu oitenta pessoas em um só dia, adivinhem quem estava na lista? O revisor de 70 e poucos anos. Com um salário que mal chegava aos 1500 reais, na época.
A lista, claro, havia sido feita por gente de fora da redação, usando sei lá que critério. A gente não se conformava ─ mas não havia rigorosamente nada a fazer. No momento em que ele se preparava para ir embora, conformado, mas com toda a altivez de um homem que viu duas grandes guerras, pedimos a todos na redação, indo de mesa em mesa: “Aplausos para Borges Neto”. E assim foi feito, um momento inesquecível, ainda que pesaroso e que eu preferia que jamais tivesse acontecido.
A mim, ele chamava sempre, rindo, de “meu vizinho com seus decibéis”, pelo fato de que volta e meia eu precisava gritar para falar com alguém em outra bancada. Daí ele se debruçava na folha, e eu às vezes perguntava na dúvida:
─ Borges, prefeitura, só a palavra, sem dizer o lugar, é caixa alta ou baixa?
Em vez de responder falando, ele fazia o gesto do braço indo para baixo, sem tirar os olhos do print. Outros bordões maravilhosos era quando, lá pelas três da manhã de sábado, jornal de domingo sendo quase fechado, ele arrumava as coisas para esperar o último print. E “apressava a gente”:
─ Mais um pouco e não me vereis!
E quando as risadas eram excessivas, contagiando até a ele, desabava:
─ Ah, nosso patrão que não me ouça… mas eu viria até de graça.
Borges teve duas filhas ─ sem contar a filha que eu chamaria de “filha de honra”, a Florença, que todos os anos, rigorosamente todos os anos, desde que todos nós saímos do JB (inclusive o Borges), organizava encontros de Natal para o velho revisor. Uma caridade jamais divulgada (que é como mandam aqueles que pedem caridade, mas não vamos falar nisso) e que ela vai provavelmente me matar por contar ─, mas era serviço completo: não se resumia a pedir uma grana para todo mundo, as pessoas tinham que ir ao encontro dele, numa lanchonete ou restaurante. Florença entregava ainda compras de supermercado e procurava saber se havia necessidade de algo ─ inclusive remédios. E ao longo do ano também fazia essa checagem.
Se um homem consegue inspirar uma única pessoa a fazer algo assim por ele, podemos dizer, com certeza, que este homem foi alguém muito bem-sucedido. E que fez História. Borges Neto, um gênio da Língua Portuguesa, já fazia falta, e há muito tempo, desde que os jornais pararam de se importar muito com as questões com as quais Borges sempre se importou demais. Que nossos patrões jamais nos ouçam, mas trabalhar ao lado do Borges, até de graça valia a pena.
Todas as folhas, absolutamente todas, não tinham sequer uma anotação do Borges, algo praticamente impossível de acontecer.
Suas frases viravam bordões da redação do Jornal do Brasil. E seu bom humor era algo fascinante, pois não era exatamente alguém desinibido. Em determinada época, ele e a esposa (que perdeu há alguns anos, tristemente) começaram a frequentar um encontro de casais às terças-feiras numa igreja católica. O editor, um cara que alguns já saberão quem é, fez uma brincadeira com Borges quando ele veio pedir (como se precisasse, alguém com a História dele) que às terças ele pudesse sair meia hora antes para poder ir aos encontros. Ao explicar que encontro era, o editor respondeu:
─ Encontro de casais? Isso tá parecendo suruba.
Bom, as coisas seguiram, e toda terça, depois de ler quilos de páginas, Borges se levantava, e o editor já sabia:
─ Vai lá para a suruba, Borges?
Ele sorria e respondia que sim.
Estamos falando de um português então com 70 e poucos anos, católico, de roupas sóbrias, e que certo dia, quando o editor recebia uma visita externa em sua bancada exatamente neste horário de saída, passou por lá e avisou:
─ Olha, fulano, já estou indo lá para a suruba ─ explicou, com todo seu sotaque, irresistível.
Algumas semanas depois, uma estagiária foi contratada ─ hoje jornalista profissional, da Globonews. E não é que os pais da estagiária frequentavam o encontro da igreja? Tome lá o Borges a comentar. “Os pais dela também vão à suruba”, divertia-se.
O apelido dos erros que ele marcava eram “cochilos” ─ e em uma época muito saudosa ele chegou a mandar e-mails diários com os tais cochilos, usando este termo para batizar. E eram aulas e mais aulas. Volta e meia eu tinha discussões longas com ele e, claro, os dois eram teimosos. Só que Borges tinha a autoridade, eu era só um rebelde sem causa. Por exemplo, quando algo acontecia na Rua Borges de Medeiros, perto da Lagoa Rodrigo de Freitas, eu escrevia que aconteceu na Lagoa, com caixa alta. Borges insistia que era caixa baixa. “É um acidente geográfico”, dizia o luso de Leiria. “Sim, Borges, mas Lagoa é o nome do bairro”. Mas havia discordâncias aos montes e ele insistia com lagoa. As gírias ele colocava em itálico. Mas certa feita foi preso um traficante, e no texto policial surgiu a expressão “cocaína malhada”. Explique-se antes: tudo o que não tinha bold ou itálico ou aspas, Borges dizia que era texto “redondo”, a palavra que ele usava para “normal”. O jornalista que fez o texto da cocaína escreveu “malhada” em itálico. Borges pediu a palavra:
– Olha, “cocaína malhada” desce redondo!
Ouviu as risadas inevitáveis do bando de maliciosos que o cercava. E, como sempre, passou a repetir o bordão e rir sempre ─ por mais que a vida estivesse dura. E a vida, meus amigos, foi dura: em agosto de 2005, quando o JB demitiu oitenta pessoas em um só dia, adivinhem quem estava na lista? O revisor de 70 e poucos anos. Com um salário que mal chegava aos 1500 reais, na época.
A lista, claro, havia sido feita por gente de fora da redação, usando sei lá que critério. A gente não se conformava ─ mas não havia rigorosamente nada a fazer. No momento em que ele se preparava para ir embora, conformado, mas com toda a altivez de um homem que viu duas grandes guerras, pedimos a todos na redação, indo de mesa em mesa: “Aplausos para Borges Neto”. E assim foi feito, um momento inesquecível, ainda que pesaroso e que eu preferia que jamais tivesse acontecido.
A mim, ele chamava sempre, rindo, de “meu vizinho com seus decibéis”, pelo fato de que volta e meia eu precisava gritar para falar com alguém em outra bancada. Daí ele se debruçava na folha, e eu às vezes perguntava na dúvida:
─ Borges, prefeitura, só a palavra, sem dizer o lugar, é caixa alta ou baixa?
Em vez de responder falando, ele fazia o gesto do braço indo para baixo, sem tirar os olhos do print. Outros bordões maravilhosos era quando, lá pelas três da manhã de sábado, jornal de domingo sendo quase fechado, ele arrumava as coisas para esperar o último print. E “apressava a gente”:
─ Mais um pouco e não me vereis!
E quando as risadas eram excessivas, contagiando até a ele, desabava:
─ Ah, nosso patrão que não me ouça… mas eu viria até de graça.
Borges teve duas filhas ─ sem contar a filha que eu chamaria de “filha de honra”, a Florença, que todos os anos, rigorosamente todos os anos, desde que todos nós saímos do JB (inclusive o Borges), organizava encontros de Natal para o velho revisor. Uma caridade jamais divulgada (que é como mandam aqueles que pedem caridade, mas não vamos falar nisso) e que ela vai provavelmente me matar por contar ─, mas era serviço completo: não se resumia a pedir uma grana para todo mundo, as pessoas tinham que ir ao encontro dele, numa lanchonete ou restaurante. Florença entregava ainda compras de supermercado e procurava saber se havia necessidade de algo ─ inclusive remédios. E ao longo do ano também fazia essa checagem.
Se um homem consegue inspirar uma única pessoa a fazer algo assim por ele, podemos dizer, com certeza, que este homem foi alguém muito bem-sucedido. E que fez História. Borges Neto, um gênio da Língua Portuguesa, já fazia falta, e há muito tempo, desde que os jornais pararam de se importar muito com as questões com as quais Borges sempre se importou demais. Que nossos patrões jamais nos ouçam, mas trabalhar ao lado do Borges, até de graça valia a pena.
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