terça-feira, 17 de setembro de 2024
Materialização da insegurança
O que é a riqueza? Para um, uma velha camisa já é a riqueza. Outro é pobre com dez milhões. A riqueza é uma coisa relativa e pouca satisfatória. No fundo não passa de uma situação particular. Ser rico significa depender de coisas que se possui e que se é obrigado a proteger da destruição, acumulando as posses e as novas dependências. A riqueza não passa de uma materialização da insegurança
Franz Kafka
Franz Kafka
Quais são as limitações da inteligência artificial
A principal limitação do debate sobre inteligência artificial é a praticamente nenhuma referência à superioridade e à necessidade da inteligência tradicional. O desencontro entre a expansão das funções da inteligência artificial e a lentidão de adaptação dos seus descartados à modernidade que ela representa responde por um doloroso processo de exclusão social, que é anticapitalista e inimigo da empresa.
A inteligência artificial nasce e prospera para suprir, e não para substituir a inteligência natural e tradicional, para completá-la e ampliar o domínio do que é inteligente sobre o que é espontâneo. Foi Gramsci, pensador italiano vítima do fascismo, quem sublinhou a importância do bom senso do homem comum na realidade social.
A inteligência artificial se desenvolve para multiplicar os efeitos econômicos e sociais do conhecimento erudito. Porém, nos vários campos de sua aplicação, ela não supre a carência criada pelos descartes de talentos que provoca.
Tampouco a inteligência artificial pode criar instrumentos, técnicas e meios que se sobreponham à criatividade do repente, da improvisação, da intuição, do senso comum sensível às informações não codificadas dos meios artificiais de inteligência. Ela não pode vencer com prontidão o prejuízo inesperado decorrente das contradições econômicas e das irracionalidades sociais.
Do ponto de vista antropológico, a inteligência artificial não é inteligente. Ela não vem primeiro. É criatura da inteligência tradicional. Falta-lhe o principal elemento da cultura e da condição humana: o reconhecimento da necessidade, da legitimidade e da probabilidade do erro. O desafio da interpretação.
Nesse sentido, só o acerto, que é próprio da inteligência artificial, é um erro. Erro dominado e controlado pela inteligência artificial não é erro porque é erro previsto, insuficiente para que seja definido como erro, como ato não inteligente. O erro e o inesperado são partes integrantes da verdadeira cultura da descoberta e da invenção, do aperfeiçoamento. Onde não existem, não há criatividade.
Os simples, sujeitos da inteligência cotidiana, são a mediação de desafios que provocam a necessidade de saber. O antropólogo português Adolfo Coelho, em estudo primoroso, destacou que ser analfabeto não é o mesmo que ser ignorante. Coisa que aqui no Brasil temos dificuldade de compreender.
Trabalhei em fábrica quando era menino e adolescente. Achava que aquela maquinaria toda, complicada, era brinquedo de adulto e de engenheiro. Em parte criado na roça, na minha ingenuidade, via e intuía coisas que eram irrelevantes para os sábios da empresa, os engenheiros e técnicos.
Foi o que aconteceu quando o demônio “apareceu” para as operárias numa das seções da fábrica, num momento de reiterada produção defeituosa que eles não sabiam explicar. O imaginário delas continha explicações que o deles não continha.
Eu via, também, embora não compreendesse, que havia uma guerra de saberes entre dois poderes da fábrica, representados pelos antigos mestres, de um lado, e os engenheiros, de outro.
Roberto Simonsen, o fundador da empresa, formado pela Escola Politécnica de São Paulo, quando chegou o tempo de modernizar o processo produtivo, intuiu que, sem os velhos mestres, os novos engenheiros não conseguiriam fazer a empresa funcionar.
Fundador da Fiesp, ele era também fundador da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde lecionava história econômica do Brasil. Sabia que a ciência na produção tinha limites sem as ciências sociais, sem o diálogo investigativo com o conhecimento popular, com o senso comum, com a lógica e as regras do saber tradicional.
Enquanto a cultura empresarial da coexistência pacífica entre saberes desencontrados e de diferentes idades fosse acatada, a empresa continuaria produzindo lucros. No fundo Simonsen considerava os saberes dos simples um capital social, que estava à disposição da empresa gratuitamente.
Os filhos de Simonsen continuaram a tradição do pai. Mas uma nova geração da mesma família, em vez de assumir a direção da empresa, entendeu que assumiu o poder da empresa. Suprimiu a mediação da coexistência de saberes distanciados pela diferença de idades do conhecimento industrial.
O capital social da sabedoria antiga tinha sido descartado. Faltou o diálogo de saberes que corrigisse e equilibrasse as consequências irracionais do desenvolvimento econômico desigual. A empresa acabou fechada, depois de 80 anos de funcionamento, e demolida.
Apesar dos recursos da crescente disponibilidade de inteligência artificial e impessoal na indústria, ela criou uma espécie de orfandade do novo empresariado de senso comum pobre.
José de Souza Martins
A inteligência artificial nasce e prospera para suprir, e não para substituir a inteligência natural e tradicional, para completá-la e ampliar o domínio do que é inteligente sobre o que é espontâneo. Foi Gramsci, pensador italiano vítima do fascismo, quem sublinhou a importância do bom senso do homem comum na realidade social.
A inteligência artificial se desenvolve para multiplicar os efeitos econômicos e sociais do conhecimento erudito. Porém, nos vários campos de sua aplicação, ela não supre a carência criada pelos descartes de talentos que provoca.
Tampouco a inteligência artificial pode criar instrumentos, técnicas e meios que se sobreponham à criatividade do repente, da improvisação, da intuição, do senso comum sensível às informações não codificadas dos meios artificiais de inteligência. Ela não pode vencer com prontidão o prejuízo inesperado decorrente das contradições econômicas e das irracionalidades sociais.
Do ponto de vista antropológico, a inteligência artificial não é inteligente. Ela não vem primeiro. É criatura da inteligência tradicional. Falta-lhe o principal elemento da cultura e da condição humana: o reconhecimento da necessidade, da legitimidade e da probabilidade do erro. O desafio da interpretação.
Nesse sentido, só o acerto, que é próprio da inteligência artificial, é um erro. Erro dominado e controlado pela inteligência artificial não é erro porque é erro previsto, insuficiente para que seja definido como erro, como ato não inteligente. O erro e o inesperado são partes integrantes da verdadeira cultura da descoberta e da invenção, do aperfeiçoamento. Onde não existem, não há criatividade.
Os simples, sujeitos da inteligência cotidiana, são a mediação de desafios que provocam a necessidade de saber. O antropólogo português Adolfo Coelho, em estudo primoroso, destacou que ser analfabeto não é o mesmo que ser ignorante. Coisa que aqui no Brasil temos dificuldade de compreender.
Trabalhei em fábrica quando era menino e adolescente. Achava que aquela maquinaria toda, complicada, era brinquedo de adulto e de engenheiro. Em parte criado na roça, na minha ingenuidade, via e intuía coisas que eram irrelevantes para os sábios da empresa, os engenheiros e técnicos.
Foi o que aconteceu quando o demônio “apareceu” para as operárias numa das seções da fábrica, num momento de reiterada produção defeituosa que eles não sabiam explicar. O imaginário delas continha explicações que o deles não continha.
Eu via, também, embora não compreendesse, que havia uma guerra de saberes entre dois poderes da fábrica, representados pelos antigos mestres, de um lado, e os engenheiros, de outro.
Roberto Simonsen, o fundador da empresa, formado pela Escola Politécnica de São Paulo, quando chegou o tempo de modernizar o processo produtivo, intuiu que, sem os velhos mestres, os novos engenheiros não conseguiriam fazer a empresa funcionar.
Fundador da Fiesp, ele era também fundador da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde lecionava história econômica do Brasil. Sabia que a ciência na produção tinha limites sem as ciências sociais, sem o diálogo investigativo com o conhecimento popular, com o senso comum, com a lógica e as regras do saber tradicional.
Enquanto a cultura empresarial da coexistência pacífica entre saberes desencontrados e de diferentes idades fosse acatada, a empresa continuaria produzindo lucros. No fundo Simonsen considerava os saberes dos simples um capital social, que estava à disposição da empresa gratuitamente.
Os filhos de Simonsen continuaram a tradição do pai. Mas uma nova geração da mesma família, em vez de assumir a direção da empresa, entendeu que assumiu o poder da empresa. Suprimiu a mediação da coexistência de saberes distanciados pela diferença de idades do conhecimento industrial.
O capital social da sabedoria antiga tinha sido descartado. Faltou o diálogo de saberes que corrigisse e equilibrasse as consequências irracionais do desenvolvimento econômico desigual. A empresa acabou fechada, depois de 80 anos de funcionamento, e demolida.
Apesar dos recursos da crescente disponibilidade de inteligência artificial e impessoal na indústria, ela criou uma espécie de orfandade do novo empresariado de senso comum pobre.
José de Souza Martins
A Era da Água Escassa chegou
No que diz respeito à água, o mundo enfrenta uma situação insustentável. No entanto, resolver o problema está a nosso alcance; e é o resultado mais fácil de se obter, porque permite lidar com as mudanças climáticas e gerar empregos e crescimento.
A crise da água é evidente. Ano após ano, em uma região após a outra, ondas de calor e secas recordes são seguidas por tempestades e inundações destrutivas. Os sistemas alimentares estão secando e as cidades estão afundando à medida que atingimos os limites de extração de água da terra. Mais de 1.000 crianças menores de cinco anos morrem a cada dia em decorrência de doenças causadas por água potável insegura e falta de saneamento. Centenas de milhões de mulheres passam horas todos os dias coletando e transportando água.
Esta é uma crise criada pelo ser humano, e pode e deve ser resolvida por meio de intervenções humanas. Mas para alcançar equidade e sustentabilidade em todos os lugares, precisaremos de novas formas de governo da água; de uma onda de investimentos muito maiores que os atuais; de inovação em escala e capacitação. Os custos dessas ações são insignificantes em comparação aos danos econômicos e humanitários que serão infligidos se a falta de ação continuar
O primeiro passo é reconhecer que os problemas que enfrentamos não são meramente tragédias locais. Todos os cantos do mundo estão sendo afetados, e cada vez mais, por m ciclo de água desestabilizado. As abordagens atuais tendem a lidar com a água que podemos ver – a “água azul” em nossos rios, lagos e aquíferos – e assumem que o suprimento de água é estável ano após ano. Mas isso não é mais verdade, pois as mudanças no uso da terra, as mudanças climáticas e um ciclo de água fora de controle estão afetando os padrões de chuva.
O pensamento convencional ignora, com frequência, um outro recurso crítico de água doce — a “água verde” que aparece em nossas florestas, plantas e solo; que transpira e é reciclada pela atmosfera. A água verde gera cerca de metade da precipitação que cai na terra, a própria fonte de toda a nossa água doce. E os países não estão conectados apenas por meio de fluxos de água azul (como rios), mas — o que é mais importante — por meio de fluxos atmosféricos de umidade. Como um componente essencial do ciclo global da água, a água verde precisa urgentemente ser melhor gerenciada.
O mais perigoso é que as interrupções no ciclo da água estão profundamente interligadas com o aquecimento global e o declínio da biodiversidade planetário, sendo que fenômeno reforça o outro. Um suprimento estável de água verde no solo é fundamental para sustentar os sistemas naturais terrestres que absorvem de 25% a 30% do dióxido de carbono emitido pela combustão de combustíveis fósseis.
Esse processo representa um dos aportes naturais mais significativos para a economia global. No entanto, a perda de áreas úmidas e da umidade do solo, juntamente com o desmatamento, está esgotando as maiores reservas de carbono do planeta, com consequências que podem tornar insuportável o ritmo do aquecimento global. O aumento das temperaturas desencadeia ondas de calor extremas e aumenta a demanda de evaporação na atmosfera, o que seca severamente as paisagens e aumenta o risco de incêndios florestais.
Portanto, a crise hídrica afeta praticamente todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e ameaça as pessoas em todos os lugares. A insuficiência de alimentos para uma população mundial crescente, a disseminação acelerada de doenças e o aumento da migração forçada e dos conflitos entre fronteiras são apenas alguns dos resultados previsíveis.
Um problema coletivo e sistêmico de tão grande escala só pode ser resolvido com uma ação conjunta em todos os países e por meio da colaboração entre fronteiras e culturas. É fundamental que haja um entendimento compartilhado do Comum. Caso contrário, o que pode parecer bom para um país hoje pode facilmente criar problemas para esse mesmo país amanhã, bem como para outros em todo o mundo.
A situação exige não apenas maior ambição, mas também uma abordagem da água voltada para a missão. Uma abordagem que abranja vários setores e se concentre em todos os níveis, desde o gerenciamento de bacias hidrográficas locais até ao estabelecimento de uma cooperação multilateral. Podemos e devemos ter sucesso nas missões hídricas mais importantes do mundo:
Embora essas missões devam impulsionar mudanças nas políticas, alinhar os setores público e privado e estimular a inovação, elas também exigem novas formas de governar. A formulação de políticas deve se tornar mais colaborativa, responsável e inclusiva de todas as vozes, especialmente as dos jovens, das mulheres, das comunidades marginalizadas e dos povos indígenas que estão na linha de frente da conservação da água.
A mudança política mais fundamental está na valorização adequada da água para refletir sua escassez, bem como seu papel fundamental na sustentação dos ecossistemas naturais dos quais toda sociedade depende. Precisamos acabar com a subvalorização da água em toda a economia e com os subsídios agrícolas prejudiciais que impulsionam o uso insustentável e degradam a terra. O redirecionamento desses fundos para a promoção de soluções de economia de água e o fornecimento de suporte direcionado para os pobres e vulneráveis seriam de grande ajuda.
Para corrigir o subinvestimento crônico em água, precisamos redefinir a prioridade da infraestrutura hídrica nas finanças públicas, onde ela é estranhamente negligenciada na maioria dos países. Os formuladores de políticas podem se basear nas melhores práticas de parcerias público-privadas para oferecer incentivos justos para compromissos de longo prazo e, ao mesmo tempo, atender aos interesses do público, especialmente das comunidades carentes.
Dada a natureza coletiva do desafio da água, devemos garantir fluxos financeiros maiores e mais confiáveis para ajudar os países de renda baixa e média-baixa a investir na resiliência da água. Os bancos multilaterais de desenvolvimento, as instituições financeiras de desenvolvimento e os bancos públicos de desenvolvimento precisarão trabalhar em estreita colaboração com os governos para apoiar as missões nacionais de água que refletem as necessidades locais e as condições ecológicas. Os acordos comerciais internacionais também oferecem possíveis alavancas para promover o uso eficiente da água, pois podem ajudar a garantir que a “água virtual” incorporada aos produtos comercializados não agrave a escassez em regiões com estresse hídrico.
Assim como estamos fazendo em relação às emissões, devemos compilar dados de alta integridade sobre as pegadas hídricas corporativas e criar estruturas para a divulgação do uso da água. Também precisamos desenvolver sistemas para avaliar a água como parte do capital natural. A fixação de um preço para esse recurso fundamental poderia gerar dividendos significativos para os países ao longo do tempo.
Em resumo, precisamos moldar os mercados em nossas economias – da agricultura e mineração à energia e semicondutores – para que se tornem radicalmente mais eficientes, equitativos e sustentáveis no uso da água.
O relatório preliminar de 2023 da Comissão Global sobre a Economia da Água apresentou os argumentos para buscar uma mudança fundamental na forma como o mundo gerencia a água. Nosso relatório final em outubro deste ano mostrará como podemos fazer isso por meio de uma ação coletiva transformadora.
Estamos apenas em 2024. Se não enfrentarmos esses problemas, os incêndios florestais, as inundações e outros eventos extremos causados pela água e pelo clima se tornarão mais intensos e mortais nos próximos anos. Promover a agenda de segurança hídrica pode parecer mais difícil em meio às crescentes tensões geopolíticas, mas apresenta uma oportunidade de provar que a colaboração pode beneficiar todos os países e possibilitar um futuro justo e habitável para todos. Não podemos fugir desse desafio.
A crise da água é evidente. Ano após ano, em uma região após a outra, ondas de calor e secas recordes são seguidas por tempestades e inundações destrutivas. Os sistemas alimentares estão secando e as cidades estão afundando à medida que atingimos os limites de extração de água da terra. Mais de 1.000 crianças menores de cinco anos morrem a cada dia em decorrência de doenças causadas por água potável insegura e falta de saneamento. Centenas de milhões de mulheres passam horas todos os dias coletando e transportando água.
Esta é uma crise criada pelo ser humano, e pode e deve ser resolvida por meio de intervenções humanas. Mas para alcançar equidade e sustentabilidade em todos os lugares, precisaremos de novas formas de governo da água; de uma onda de investimentos muito maiores que os atuais; de inovação em escala e capacitação. Os custos dessas ações são insignificantes em comparação aos danos econômicos e humanitários que serão infligidos se a falta de ação continuar
O primeiro passo é reconhecer que os problemas que enfrentamos não são meramente tragédias locais. Todos os cantos do mundo estão sendo afetados, e cada vez mais, por m ciclo de água desestabilizado. As abordagens atuais tendem a lidar com a água que podemos ver – a “água azul” em nossos rios, lagos e aquíferos – e assumem que o suprimento de água é estável ano após ano. Mas isso não é mais verdade, pois as mudanças no uso da terra, as mudanças climáticas e um ciclo de água fora de controle estão afetando os padrões de chuva.
O pensamento convencional ignora, com frequência, um outro recurso crítico de água doce — a “água verde” que aparece em nossas florestas, plantas e solo; que transpira e é reciclada pela atmosfera. A água verde gera cerca de metade da precipitação que cai na terra, a própria fonte de toda a nossa água doce. E os países não estão conectados apenas por meio de fluxos de água azul (como rios), mas — o que é mais importante — por meio de fluxos atmosféricos de umidade. Como um componente essencial do ciclo global da água, a água verde precisa urgentemente ser melhor gerenciada.
O mais perigoso é que as interrupções no ciclo da água estão profundamente interligadas com o aquecimento global e o declínio da biodiversidade planetário, sendo que fenômeno reforça o outro. Um suprimento estável de água verde no solo é fundamental para sustentar os sistemas naturais terrestres que absorvem de 25% a 30% do dióxido de carbono emitido pela combustão de combustíveis fósseis.
Esse processo representa um dos aportes naturais mais significativos para a economia global. No entanto, a perda de áreas úmidas e da umidade do solo, juntamente com o desmatamento, está esgotando as maiores reservas de carbono do planeta, com consequências que podem tornar insuportável o ritmo do aquecimento global. O aumento das temperaturas desencadeia ondas de calor extremas e aumenta a demanda de evaporação na atmosfera, o que seca severamente as paisagens e aumenta o risco de incêndios florestais.
Portanto, a crise hídrica afeta praticamente todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e ameaça as pessoas em todos os lugares. A insuficiência de alimentos para uma população mundial crescente, a disseminação acelerada de doenças e o aumento da migração forçada e dos conflitos entre fronteiras são apenas alguns dos resultados previsíveis.
Um problema coletivo e sistêmico de tão grande escala só pode ser resolvido com uma ação conjunta em todos os países e por meio da colaboração entre fronteiras e culturas. É fundamental que haja um entendimento compartilhado do Comum. Caso contrário, o que pode parecer bom para um país hoje pode facilmente criar problemas para esse mesmo país amanhã, bem como para outros em todo o mundo.
A situação exige não apenas maior ambição, mas também uma abordagem da água voltada para a missão. Uma abordagem que abranja vários setores e se concentre em todos os níveis, desde o gerenciamento de bacias hidrográficas locais até ao estabelecimento de uma cooperação multilateral. Podemos e devemos ter sucesso nas missões hídricas mais importantes do mundo:
*Lançar uma nova Revolução Verde nos sistemas alimentares para reduzir o uso da água e, ao mesmo tempo, aumentar a produção agrícola para atender às necessidades nutricionais de uma população crescente.*Conservar e restaurar os habitats naturais que são essenciais para proteger os recursos hídricos verdes.Estabelecer uma economia de água “circular” em todos os setores.*E garantir que todas as comunidades vulneráveis tenham serviços adequados de água limpa e segura e saneamento até 2030.
Embora essas missões devam impulsionar mudanças nas políticas, alinhar os setores público e privado e estimular a inovação, elas também exigem novas formas de governar. A formulação de políticas deve se tornar mais colaborativa, responsável e inclusiva de todas as vozes, especialmente as dos jovens, das mulheres, das comunidades marginalizadas e dos povos indígenas que estão na linha de frente da conservação da água.
A mudança política mais fundamental está na valorização adequada da água para refletir sua escassez, bem como seu papel fundamental na sustentação dos ecossistemas naturais dos quais toda sociedade depende. Precisamos acabar com a subvalorização da água em toda a economia e com os subsídios agrícolas prejudiciais que impulsionam o uso insustentável e degradam a terra. O redirecionamento desses fundos para a promoção de soluções de economia de água e o fornecimento de suporte direcionado para os pobres e vulneráveis seriam de grande ajuda.
Para corrigir o subinvestimento crônico em água, precisamos redefinir a prioridade da infraestrutura hídrica nas finanças públicas, onde ela é estranhamente negligenciada na maioria dos países. Os formuladores de políticas podem se basear nas melhores práticas de parcerias público-privadas para oferecer incentivos justos para compromissos de longo prazo e, ao mesmo tempo, atender aos interesses do público, especialmente das comunidades carentes.
Dada a natureza coletiva do desafio da água, devemos garantir fluxos financeiros maiores e mais confiáveis para ajudar os países de renda baixa e média-baixa a investir na resiliência da água. Os bancos multilaterais de desenvolvimento, as instituições financeiras de desenvolvimento e os bancos públicos de desenvolvimento precisarão trabalhar em estreita colaboração com os governos para apoiar as missões nacionais de água que refletem as necessidades locais e as condições ecológicas. Os acordos comerciais internacionais também oferecem possíveis alavancas para promover o uso eficiente da água, pois podem ajudar a garantir que a “água virtual” incorporada aos produtos comercializados não agrave a escassez em regiões com estresse hídrico.
Assim como estamos fazendo em relação às emissões, devemos compilar dados de alta integridade sobre as pegadas hídricas corporativas e criar estruturas para a divulgação do uso da água. Também precisamos desenvolver sistemas para avaliar a água como parte do capital natural. A fixação de um preço para esse recurso fundamental poderia gerar dividendos significativos para os países ao longo do tempo.
Em resumo, precisamos moldar os mercados em nossas economias – da agricultura e mineração à energia e semicondutores – para que se tornem radicalmente mais eficientes, equitativos e sustentáveis no uso da água.
O relatório preliminar de 2023 da Comissão Global sobre a Economia da Água apresentou os argumentos para buscar uma mudança fundamental na forma como o mundo gerencia a água. Nosso relatório final em outubro deste ano mostrará como podemos fazer isso por meio de uma ação coletiva transformadora.
Estamos apenas em 2024. Se não enfrentarmos esses problemas, os incêndios florestais, as inundações e outros eventos extremos causados pela água e pelo clima se tornarão mais intensos e mortais nos próximos anos. Promover a agenda de segurança hídrica pode parecer mais difícil em meio às crescentes tensões geopolíticas, mas apresenta uma oportunidade de provar que a colaboração pode beneficiar todos os países e possibilitar um futuro justo e habitável para todos. Não podemos fugir desse desafio.
A cobra vai fumar
– A COBRA VAI FUMAR! Gritou o Mascarenhas de Morais no começo da Segunda Grande Guerra Mundial, fazendo gracinha com a participação ou não do Brasil na briga dos outros. Só sobrou para nós. Ninguém acreditava e todos diziam que era mais fácil “A COBRA FUMAR” que o Brasil entrar na guerra. O Brasil entrou e não foi nada bom para os nossos heróis. Muito diferente do que as telas mostraram, os brasileiros passavam entre duas montanhas de rochas duríssimas, e um riozinho de cinco metros, com centímetros de profundidade. Ninguém me disse. Eu fui lá, vi e chorei.
Pois é! Brincaram com o terrível vício das nossas rastejantes, até que elas se reuniram, em congresso patrocinado pelo Centrão, e resolveram fumar, todas juntas, o claudicante e incrédulo Brasil. As bichinhas estão fazendo uso dos seus trinta e nove gramas. Estão crazies! muito crazies!
O norte mandou as suas surucucus pico-de-jaca, o centro-oeste foi representado pelas jararacas, o sul pelas cobras corais e o nordeste pelas arrepiantes e barulhentas cascavéis.
As sinuosas começaram a puxar os seus enroladinhos lá na bela São Paulo e saíram se dividindo por Rio de Janeiro, Mato Grosso, Amazonas, Salvador e o Brasil foi tomado por uma imensa cortina de fumaça.
Agora, neste ano de 2024, senti falta da Greta TINTIN Thunberg, sueca, 21 aninhos, conhecedora da fauna amazônica, notadamente dos seus elefantes, rinocerontes, hipopótamos, avestruzes e girafas. O Leonardo Di Caprio também não bateu seu ponto porraqui. Por que será? O Brasil pegou fogo, virou carvão, ainda sobra fumaça e os dois bombeiros sumiram!
Ainda bem que o nosso Presidente Lula esticou suas viagens para o Brasil do PIBinho e espalhou suas esmolas tão esperadas e sempre bem-vindas. O Presidente, agora, irá atender aos governantes do sul e sudeste. Esses profissionais da esmola sabem dar pouco e pedir com muita vontade e fome.
“Presidente, eleições à parte, o senhor será sempre bem-vindo porraqui!”
Presidente, quando vier porraqui, conosco, traga a Presidenta Dilma, foi ela que estendeu os benefícios da Zona Franca por mais setenta e dois anos. Esses benefícios fazem um bem desgraçado para o Brasil. Uma das coisas ruins que a Zona Franca faz: é manter os pobres depositados aqui, por todos os ricos do mundo, evitando que eles invadam São Paulo e Brasília atrás de comidinha e aguinha.
Presidente, que ninguém nos ouça, porque a maioria não sabe ler e, quando sabe, não interpreta corretamente, mas São Paulo continua sendo o máximo, mesmo sem água para os que lá habitam. Já pensou um deslocamento de três milhões, de famintos e sedentos, na direção do sul e passando pelo centro-oeste? Será pior que a dinamitadora Coluna Prestes, onde o Chefe ia na frente, sonhando, e os “colunáveis” acompanhavam: assaltando, estuprando, matando, tocando fogo e destruindo tudo. Nós não merecemos isso na nossa terrinha. Venha mais vezes, estenda as suas bondades e traga a Presidenta Dilma.
Ao pessoal que tem PIBão, abra a sua mão, mas não esqueça que eles possuem as quatro estações do ano, e nós, aqui de cima, temos apenas duas: o verão do sol que racha as nossas ideias, e o inverno, que as afoga. Divida bem dividido o dinheiro desse Brasil e que todo o dinheiro dado, sem que nenhum trabalho seja criado, está vitaminando a nossa velha e cansada inflação e que não a merecemos nem a aguentamos mais.
A fumaça vai passar muito mais rápido que a grande seca que já fincou suas garras em todos os quadrantes e parece não querer nos largar tão cedo. Acredito ter chegado o momento de convocar o mundo científico para vir estudar e ajudar as nossas mais capacitadas cabeças, a entender, realmente, o que está acontecendo. Chegou a hora de fazermos barragens? Estaremos passando pelo que os americanos do Tennessee e outros estados americanos passaram? A conversa já está nesse nível: ou barragens ou desgraça. Vamos entrar na guerra contra a desertificação de grandes alagados.
Pois é! Brincaram com o terrível vício das nossas rastejantes, até que elas se reuniram, em congresso patrocinado pelo Centrão, e resolveram fumar, todas juntas, o claudicante e incrédulo Brasil. As bichinhas estão fazendo uso dos seus trinta e nove gramas. Estão crazies! muito crazies!
O norte mandou as suas surucucus pico-de-jaca, o centro-oeste foi representado pelas jararacas, o sul pelas cobras corais e o nordeste pelas arrepiantes e barulhentas cascavéis.
As sinuosas começaram a puxar os seus enroladinhos lá na bela São Paulo e saíram se dividindo por Rio de Janeiro, Mato Grosso, Amazonas, Salvador e o Brasil foi tomado por uma imensa cortina de fumaça.
Agora, neste ano de 2024, senti falta da Greta TINTIN Thunberg, sueca, 21 aninhos, conhecedora da fauna amazônica, notadamente dos seus elefantes, rinocerontes, hipopótamos, avestruzes e girafas. O Leonardo Di Caprio também não bateu seu ponto porraqui. Por que será? O Brasil pegou fogo, virou carvão, ainda sobra fumaça e os dois bombeiros sumiram!
Ainda bem que o nosso Presidente Lula esticou suas viagens para o Brasil do PIBinho e espalhou suas esmolas tão esperadas e sempre bem-vindas. O Presidente, agora, irá atender aos governantes do sul e sudeste. Esses profissionais da esmola sabem dar pouco e pedir com muita vontade e fome.
“Presidente, eleições à parte, o senhor será sempre bem-vindo porraqui!”
Presidente, quando vier porraqui, conosco, traga a Presidenta Dilma, foi ela que estendeu os benefícios da Zona Franca por mais setenta e dois anos. Esses benefícios fazem um bem desgraçado para o Brasil. Uma das coisas ruins que a Zona Franca faz: é manter os pobres depositados aqui, por todos os ricos do mundo, evitando que eles invadam São Paulo e Brasília atrás de comidinha e aguinha.
Presidente, que ninguém nos ouça, porque a maioria não sabe ler e, quando sabe, não interpreta corretamente, mas São Paulo continua sendo o máximo, mesmo sem água para os que lá habitam. Já pensou um deslocamento de três milhões, de famintos e sedentos, na direção do sul e passando pelo centro-oeste? Será pior que a dinamitadora Coluna Prestes, onde o Chefe ia na frente, sonhando, e os “colunáveis” acompanhavam: assaltando, estuprando, matando, tocando fogo e destruindo tudo. Nós não merecemos isso na nossa terrinha. Venha mais vezes, estenda as suas bondades e traga a Presidenta Dilma.
Ao pessoal que tem PIBão, abra a sua mão, mas não esqueça que eles possuem as quatro estações do ano, e nós, aqui de cima, temos apenas duas: o verão do sol que racha as nossas ideias, e o inverno, que as afoga. Divida bem dividido o dinheiro desse Brasil e que todo o dinheiro dado, sem que nenhum trabalho seja criado, está vitaminando a nossa velha e cansada inflação e que não a merecemos nem a aguentamos mais.
A fumaça vai passar muito mais rápido que a grande seca que já fincou suas garras em todos os quadrantes e parece não querer nos largar tão cedo. Acredito ter chegado o momento de convocar o mundo científico para vir estudar e ajudar as nossas mais capacitadas cabeças, a entender, realmente, o que está acontecendo. Chegou a hora de fazermos barragens? Estaremos passando pelo que os americanos do Tennessee e outros estados americanos passaram? A conversa já está nesse nível: ou barragens ou desgraça. Vamos entrar na guerra contra a desertificação de grandes alagados.
Assinar:
Postagens (Atom)