quinta-feira, 18 de setembro de 2014
O porco de Dilma
O assalto político aos cofres da Petrobras não está só
pesando na campanha de Dilma. A própria biografia da ex-guerrilheira, que
sonhou um Brasil melhor em seus tempos de juventude, vai ficar manchada como a
presidente que acobertou os desmandos na empresa e a desastrosa gerente. Como
comandou a maior empresa do país sem saber que lá estava uma gangue armada para
assaltar seus cofres? A mancha entrará para a história como o maior desastre do
presidencialismo brasileiro.
Impossível que a candidata negue relações com Paulo Roberto
Costa, da alta cúpula da Petrobras, seu subalterno por anos, ou queira se
afastar do perigo que é estar com um homem-bomba da corrupção petroleira.
Afinal quem é que convocaria o dirigente, amigavelmente tratado por Lula como
“Paulinho”, para a festa de casamento da filha se não tivesse o mínimo de
intimidade com ele?
Dilma está como aquele personagem de uma piada antiga,
quando só existiam ladrões de galinha. O homem roubou um porco no quintal do
vizinho e saiu com aquele peso todo nas costas. Apanhado em flagrante pelo
guarda-noturno (naquele tempo existia isso) que queria saber aonde ia com o
porcão, respondeu aflito: “Que porco? Tira isso daí, tira isso daí”.
A candidata está carregando um porco de Troia nas costas,
mas inocentemente nem sabe.
Para refletir
No caso do propinoduto da Petrobras, o ex-diretor, preso, já
admitiu devolver 23 milhões de dólares do seu patrimônio em bancos estrangeiros
para aliviar sua barra na Justiça. É escandaloso que um bandido desse calibre
se disponha facilmente a aliviar-se de uma quantia extraordinária como quem
paga um cafezinho no bar da esquina, ou uma propina para não levar multa, e
ninguém dá por isso.
Se paga tanto, e devolve milhões como água, é porque o rombo
foi assustadoramente maior e muita gente saiu ganhando em dinheiro e postos de
governo.
Marina apanha, mas Dilma é quem cai
Espantosa a capacidade de resistência de Marina Silva à
pancadaria, a se levar em conta os resultados da mais recente pesquisa IBOPE
divulgada pelo Jornal Nacional. Pela lógica, ela deveria estar caindo. E Dilma
avançando. Mas eleição não é razão – é emoção. Ganha quem erra menos. E Marina
tem errado pouco.
É esmagadora a vantagem que Dilma tem em relação aos seus
adversários no tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.
São 12 minutos contra seis de Aécio e dois de Marina. Por ora, a vantagem de
pouco tem adiantado. Dilma não emociona ninguém. É razão pura. E seus programas
de propaganda refletem o que ela é. Não poderia ser diferente.
O marketing político de Dilma apostou na desconstrução da
imagem de Marina. Há mais de 20 dias que Marina apanha dia e noite. Contra ela
foram assacadas até aqui as mentiras mais corrosivas. Do tipo: “Vai acabar com
O Bolsa Família e o Mais Médicos. Marina está a serviço dos banqueiros”. Algum
efeito a desconstrução produziu. Não o suficiente para desidratar Marina
Jamais neste país um candidato a presidente contou com a
gigantesca coligação de partidos montada para reeleger Dilma. No Rio, por
exemplo, todos os candidatos ao governo fazem parte da coligação de Dilma. Em
São Paulo, nenhum candidato ao governo apoia Marina. Em Minas Gerais, o que
apoia tem menos de 5% das intenções de voto. Tudo isso não basta.
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