sábado, 8 de novembro de 2014
Melhor um Brasil enfurecido do que deprimido
Melhor a irritação, o desabafo, a vontade de ser protagonistas do que o silêncio cúmplice
Um perigo espreita o Brasil: o de cair em depressão,
agoniado por tantas noticias negativas. Não é fácil, efetivamente, passar da
euforia de um país encantado consigo mesmo, invejado no exterior, que havia
deixado de ser o eterno país do futuro a descobrir-se de repente andando de
marcha à ré.
É melhor a depressão ou a ira como remédio contra os demônios que parecem ter se apoderado do país e que as eleições em vez de apaziguar ressuscitaram com maior força?
Não é psicologicamente saudável para os brasileiros ler que,
pela primeira vez em dez anos, cresce o número de miseráveis, que já
atinge dez milhões, enquanto uma empresa como a Petrobras se vê
supostamente saqueada em 10 bilhões de reais.
A fome volta ao Brasil enquanto a corrupção cresce, semeando
de vítimas o mundo político e empresarial. Quanta miséria se poderia aliviar
com o fruto de tantas ilegalidades perpetradas por quem deveria zelar pelas
riquezas do país?
Se até ontem amigos espanhóis me escreviam, desejosos de vir para cá porque o Brasil estava se tornando a Meca da esperança e das oportunidades, dói ler hoje que há brasileiros com vontade de ir viver no exterior porque se sentem decepcionados e deprimidos.
Dói ver que nossas cidades são cada dia mais violentas. A
Globo News apresentou dias atrás uma reportagem que me encheu de profunda
tristeza. Filmou –no centro do Rio de Janeiro– cidadãos sendo assaltados por
quadrilhas de 15 ou 20 adolescentes, com facas nas mãos, enquanto esperavam o
ônibus para ir ou voltar do trabalho.
PT perdeu a ética e vive crise
Apesar de escândalos de corrupção, Lincoln Secco, autor do livro "História do PT", destaca marca social deixada pelos governos Lula e Dilma.
Destaque Depois de reeleita, Dilma aumentou os juros e há
rumores de que ela vai anunciar diminuições nos gastos públicos. Se ela for por
esse caminho, vai frustrar a base que a elegeu e, ao mesmo tempo, não vai
conquistar quem votou contra ela.
Para o historiador e professor da USP, Lincoln Secco, a
tarefa não será fácil. A legenda vive, segundo ele, uma crise de identidade,
desencadeada pelos primeiros escândalos de corrupção, em 2005. Entretanto, o
estudioso ressalta a força política e social do PT, que deixou uma "marca
social profunda" em seus 12 anos de governo.
Com o mensalão, "o partido perdeu a bandeira da
ética", aponta. Entretanto, o estudioso ressalta a força política e social
do PT, que deixou uma "profunda marca" em seus 12 anos de governo.
Em entrevista, Secco também fala sobre a possibilidade de Lula se candidatar à Presidência em 2018. O historiador acredita que interessa ao PT tê-lo como "coringa". Por outro lado, considera que a presença política do ex-presidente impede que outras lideranças cresçam dentro do partido.
Depois de ter chegado ao poder e ter se transformado num partido de governo, embora tenha feito muitas concessões ao establishment, ele deixou uma marca social profunda. Se a gente fosse fazer uma comparação com reformas sociais de outros países, [a marca social do PT] nem seria muito significativa. Mas, devido ao atraso do Brasil nessa área, reformas mínimas transformaram o PT numa referência para a população mais pobre.
O outro golpe.Esse verdadeiro
As relações dos governos petistas sempre foram de certa
forma coniventes com países que detêm gestões nada apreciadas pelo resto do
mundo. Em nome da “independência” desses, a relação internacional do petismo
foi de sempre estender a mão, mesmo quando abrigavam ou abrigam ditaduras
reconhecidas. Aliás, foram os preferidos.
Assim foi com Venezuela, Cuba, Bolívia e outras menos
cotadas. Lula, muy amigo de Cháves, viajou à África para apertar a mão de
ditadores reconhecidos internacionalmente; fez afagos a Evo Morales, a quem
deixou como “presente” instalações da Petrobras construídas com dinheiro do
brasileiro. Dilma, num dos seus acessos de política internacional, chegou a
defender o diálogo com integrantes terroristas do Estado Islâmico. Talvez, quem
sabe, relembrando seus anos dourados na guerrilha quando não tinha diálogo com
os militares.
Essa tendência do Brasil petista conviver amigavelmente com
regimes ditatoriais enquanto faz um discurso democratizante para o público
interno sempre foi estranha. Ou tenha fundo psicológico. E rendeu,
inexplicavelmente, sempre lucros e dividendos para os outros às custas do
Brasil.
Cuba, a privilegiadíssima, ganhou porto financiado pelo
BNDES – dinheiro do trabalhador brasileiro – e abocanha uma parcela
significativa de R$ 1,16 bilhão por ano alugando médicos ao Brasil para o
programa petista Mais Médicos, cifra que é um terço do que o país aplicou em
ampliação e reforma de UPAs em 2013.
A Venezuela não ficou atrás nos agrados petistas. A
refinaria Abreu e Lima, que surgiria com um acordo bilateral, acabou bancada
pelo Brasil e a corrupção se locupletou o quanto quis do projeto. Não deram um
bolívar, mas ganharão, quando funcionar a refinaria, o refino a preço de banana?
Se não bastasse a dinheirama do povo brasileiro para
financiar os projetos de governos amigos, o PT também se aplicou em programas
para uso em movimentos de massa. Por que adestrar militantes para
manifestações ditas sociais quando se fortalece uma democracia? Mistérios dos
corredores do Serpentário do Ipiranga que assolam as salas do Esplanada.
Segundo o site Telesur, mantido pelo bolivarianismo
venezuelano como página oficial do governo, o ministro de Comunas e Movimentos
Sociais, sob os auspícios do Ministério do Exterior brasileiro, assinou acordo
na área de formação e desenvolvimento comunitário com o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que profetizou a paralisação do país se
Dilma perdesse a reeleição.
Mas o governo da Venezuela, em nota, declarou que o acordo é
para incrementar o intercâmbio de experiências na formação de organização
popular. Afirma que a parceria visa “fortalecer o que é fundamental em uma
revolução socialista, que é a formação, a consciência e a organização do povo,
para defender o que conquistou e seguir avançando na construção de uma
sociedade socialista”. Mas o Brasil não está à beira de uma “revolução
socialista”. Ou estará à beira de um golpe petista? Bem mais certo.
Se o governo militar se preocupava com a importação de
práticas de guerrilha através de Cuba, o governo petista na maior desfaçatez,
através do mais forte movimento de massas no país, acata o treinamento de
militantes através de cursos venezuelanos? Os trabalhadores sem terra do Brasil
por que precisam tanto de treinamento de movimentação de massas para “a
construção de uma sociedade socialista”?
A arregimentação de tais movimentos, mantidos com fundos
públicos, muitas vezes desviados das propinas de mensalões e Petrolão, a
serviço do PT, é das mais estranhas, suspeitas e com outras intenções. Lembra,
nem pensar, na formação de mercenários para garantir o continuísmo ou minar
qualquer tentativa de retomada do poder pela democracia do debate de propostas,
não a forjada por marqueteiros.
Imagem de Dilma usada ilegalmente
O ilustrador mineiro Sattu Rodrigues levou um susto quando
viu seu trabalho na televisão. Na tela, uma ilustração de sua autoria que
ele havia feito em 2010, da presidenta Dilma Rousseff quando jovem. “Vi na TV,
durante o horário eleitoral do PT”, conta o autor da imagem que rodou o país
durante a campanha eleitoral deste ano sob o título 'Dilma coração valente'.
O trabalho em questão é uma ilustração da presidenta, feita
com base em uma foto de quando ela fora presa pelo regime militar, aos 23 anos,
em 1970. Sattu fez esse trabalho há quatro anos, a pedido da revista Época,
para ilustrar a capa da publicação. “Era para passar uma ideia de cartazes de
propaganda comunista”, conta. Depois disso, ninguém do PT ou da coordenação da
campanha de Dilma Rousseff entrou em contato com o artista para pedir permissão
para usar seu trabalho em peças publicitárias.
Por isso, o artista correu atrás para saber quais medidas
legais tomar. “Quero ver o que pode ser feito em termos de indenização”, diz.
Sattu não autorizou o uso da imagem, até porque não foi
procurado para fazê-lo. Seu advogado, André Marciglia, explica que o caso está
sendo estudado e que muito possivelmente entrará com uma ação já na próxima
semana. “Não sabemos se será um processo, mas tomaremos as medidas necessárias
para que ele se sinta ressarcido e protegido do ponto de vista jurídico”, diz
Marciglia, sem revelar exatamente quais serão essas medidas. Procurada, a
assessoria de imprensa do PT afirmou que encaminhou a questão ao departamento
jurídico do partido, mas até o fechamento dessa reportagem não havia recebido
retorno.
'Fim do Brasil' até teve divulgação suspensa
O analista financeiro Felipe Miranda esteve nos holofotes
nos últimos meses. Sócio da Empiricus Research, Miranda fez uma análise
polêmica onde cravou: o fim do Brasil estará decretado caso a presidente Dilma
Rousseff seja reeleita. A afirmação não agradou e o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) suspendeu a veiculação de dois vídeos promocionais criados pela
consultoria que chamavam a atenção para um “iminente caos econômico”. Mais
tarde, o TSE negou o pedido da coligação da presidente Dilma para multar a
Empiricus Research,.
Felipe Miranda lançou recentemente o livro “O Fim do Brasil”
(Escrituras), que é o mesmo de um vídeo que teve mais de 14 milhões de
visualizações na internet. Segundo
Miranda, a história do Brasil, da forma como observamos hoje, tem início em
julho de 1994, a partir da adoção do Plano Real, cujo resultado imediato foi a estabilização
da economia. Assim, se nasce um novo Brasil a partir desse momento, cuja
maturidade é atingida em 1999, esse mesmo país começa a sofrer com os
resultados da nova matriz econômica.
A situação atual é preocupante: o crescimento econômico é o
menor desde a Era Collor e a inflação foge do controle, mostrando que estamos
prestes a voltar a condições anteriores a 1994. O atual governo erra em seu
diagnóstico. Elogia a nova matriz econômica e atribui a estagflação (baixo
crescimento econômico e alta inflação) ao cenário externo - tese refutada no
estudo do analista. “Obviamente, sem o diagnóstico adequado, não poderemos
contar com um bom prognóstico. Não bastassem os desafios em curso, o ano de
2015 sugere adversidades adicionais relevantes”.
A obra apresenta um profundo estudo sobre os últimos vinte
anos do país, e foi escrito com objetivos explícitos:
• alertar para os riscos atrelados a possível endurecimento
da heterodoxia na política econômica, com a nova matriz econômica levando-nos a
um processo de “argentinização” do país;
• analisar a deterioração dos fundamentos macroeconômicos e
o que está por vir, dedicando espaço em separado para os problemas da Petrobras
e para o desarranjo do setor elétrico;
• avaliar a censura que a administração Dilma Rousseff
tentou impor, às vésperas da eleição presidencial de 2014, aos analistas de
mercado. Entre os maiores erros de política econômica, está certamente o
esforço em prol do cerceamento de opiniões críticas, dedicando-se à tentativa
de calar as vozes dissonantes;
• oferecer alternativas para o investidor e mesmo o cidadão
comum protegerem seu patrimônio e de sua família diante da crise que está sendo
formada - em sendo possível, não somente blindar a poupança até aqui acumulada,
mas também incrementá-la;
• encerra-se com abordagem propositiva à política econômica,
apresentando uma alternativa à nova matriz econômica, o caminho para a retomada
da ortodoxia e, em especial, a estratégia para enfrentarmos a estagflação,
retomando a via do crescimento alto com inflação baixa.
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