terça-feira, 24 de junho de 2025
A morte virou lugar-comum
Só se fala em morte, hoje em dia. Quantos morreram hoje na Síria? Só 130? Ontem foram 200. E na periferia de São Paulo, quantas chacinas? Só duas, com alguns feridos? Quando Hannah Arendt cunhou a expressão “banalidade do mal”, ela não imaginava como a morte se tornou um fato corriqueiro no mundo atual, sem os trágicos acordes do Holocausto. Talvez haja nas matanças banais um desejo de desvendar o mistério da morte, bem lá no fundo do inconsciente.
Para além de vinganças, busca de poder ou dinheiro, ódio puro, prazer, há a vontade de ‘naturalizar’ a morte, de modo que ela deixe de ser a implacável ceifadora.
Tenho certeza de que os assassinos que passam de moto e metralham inocentes não têm consciência da gravidade de seus feitos – apenas mais um dia divertido de violências. Os filmes americanos buscam o tempo todo essa banalidade: tiros súbitos sem piedade, jorros de sangue ornamentais, a beleza fálica das superarmas automáticas. Nos brutos filmes de ação, nos videogames, nas notícias bombásticas de tragédias há um claro desejo de esquecer a morte, mostrando-a sem parar. Um desejo de matar a morte. Um desejo de entendê-la pela repetição compulsiva. Mas, nunca conseguiremos exorcizá-la, porque quando ela chega não estamos mais aqui. Gilberto Gil fez uma música genial sobre a morte, onde ele canta, numa toada fúnebre:
“A morte já é depois/ já não haverá ninguém/ como eu aqui agora/ pensando sobre o além. / Já não haverá o além/ o além já será então/ não terei pé nem cabeça/ nem fígado, nem pulmão/ como poderei ter medo/ se não terei coração?” É isso. Só se pode falar da morte pela ausência. Nós apenas saímos do ar. Desaparecemos.
Ela é tão banal que inventamos solenes rituais para dar-lhe consistência, religiões ou crenças materialistas para nos consolar: “O universo é a eternidade. Deus é o universo, a substância. Ele está nas galáxias e no orgasmo, nos buracos negros e no coração batendo…” “Grandes merdas” – penso hoje -, pois quando ela chega acaba a literatura. Aliás, falar sobre a morte também é um lugar-comum – mas agora, é tarde demais para mim -, tenho de ir em frente. Até o grande Guimarães Rosa caiu nessa: “Morremos para provar que vivemos”. O Nelson Rodrigues me perguntava sempre: “Pelo amor de Deus, me explica essa frase! E qual a profundidade de “Viver é muito perigoso?”
A morte só tem “antes”, não tem “depois” – no Ivan Ilitch, do Tolstoi, quando ela chega, acaba o conto. Ele diz no instante final: “A morte acabou”. Dizem que o Muhammad Atta, o terrorista que comandou o ataque às torres de NY, era ateu, mas queria conhecer aquele instante que separava o avião da torre erguida. A morte não está nem aí para nós; ela tem “vida própria”. A gente vai para um lado, o corpo para o outro. Ela nos ignora, nossos méritos, nossas obras. Mais um lugarzinho comum: “Só nos resta viver da melhor maneira possível até o fim. Tem mais é que curtir, gente boa…” Pois é; há muitos anos, pegou fogo no edifício Joelma em São Paulo, torrando dezenas de infelizes. Do prédio em frente, as teleobjetivas fotografaram todas as agonias. Até hoje, lembro-me da foto em cores de um homem de terno, pastinha 007, agachado numa janela do 20.º andar, com o fogo às costas. Seu rosto mostrava a dúvida: “O que é melhor para mim? Morrer queimado ou me jogar?” Ele curtiu até o fim – e se jogou.
O que me chateia é ficar desatualizado. As notícias vão rolar e eu nada saberei. Haverá crises mundiais, filmes que estreiam, músicas novas, e eu ficarei lá embaixo, sem saber das novidades. É insuportável a desinformação dos falecidos.
Meu avô me disse uma vez: “Acho triste morrer, seu Arnaldinho, porque nunca mais vou ver a Av. Rio Branco…” Isso me emocionou, pois ele ia diariamente ao centro da cidade, onde tomava um refresco de coco na Casa Simpatia. Por isso, quando me penso morto, eu, que não irei ao meu enterro, de que terei saudades? Ou melhor, que saudades teria se as pudesse ter?
Não terei saudades de grandes amores, de megashows da vida de hoje, excessiva e incessante. Não. Debaixo da terra, terei saudades de irrelevâncias essenciais, terei saudades de algumas tardes nubladas de domingo que só o carioca percebe, tudo parado, com os urubus dormindo na perna do vento, como dizia o sempre presente Tom, do radinho do porteiro ouvindo o jogo, terei saudades do cafezinho nas beiras dos botequins, de certos tons de roxo e rosa em Ipanema antes da noite cair, saudades do cafajestismo poético dos cariocas, saudades dos raros instantes sem medo ou culpa, de alguns momentos de felicidade profunda, sem motivo, apenas pela gratidão de respirar. Não terei saudades dos fatos e notícias, nada do mundo febril; só a quietude, o silêncio entre amigos na paz de um bar, papos de cinéfilo, risos proletários e camaradagem de subúrbio, do samba que nos envolve nas rodas pobres com a alegre sabedoria da desesperança, da Lapa, da Av. Paulista de noite, do jazz, pernas cruzadas de mulheres inatingíveis, terrenos baldios de minha infância, saudades da literatura, do prazer da arte, Fellini, Shakespeare, de Cantando na Chuva – o maior hino da alegria americana, saudades de Fred Astaire dançando Begin the Beguine com Eleanor Powell, felizes para sempre dentro do universo estrelado.
Há várias mortes. Há brutas tragédias, fomes e bombas, horrendos desastres, mas, na morte óbvia, comum, caseira, só temos duas escolhas: súbita ou lenta.
Você, frágil leitor, qual delas prefere? O rápido apagar do “abajur lilás” de um ataque cardíaco ou o lento esvair da vida, sumindo com morfina? Se eu pudesse escolher, queria morrer como o velho Zorba, o grego, em pé, na janela, olhando a paisagem iluminada pelo sol da manhã. E, como ele, dando um berro de despedida.
Para além de vinganças, busca de poder ou dinheiro, ódio puro, prazer, há a vontade de ‘naturalizar’ a morte, de modo que ela deixe de ser a implacável ceifadora.
Tenho certeza de que os assassinos que passam de moto e metralham inocentes não têm consciência da gravidade de seus feitos – apenas mais um dia divertido de violências. Os filmes americanos buscam o tempo todo essa banalidade: tiros súbitos sem piedade, jorros de sangue ornamentais, a beleza fálica das superarmas automáticas. Nos brutos filmes de ação, nos videogames, nas notícias bombásticas de tragédias há um claro desejo de esquecer a morte, mostrando-a sem parar. Um desejo de matar a morte. Um desejo de entendê-la pela repetição compulsiva. Mas, nunca conseguiremos exorcizá-la, porque quando ela chega não estamos mais aqui. Gilberto Gil fez uma música genial sobre a morte, onde ele canta, numa toada fúnebre:
“A morte já é depois/ já não haverá ninguém/ como eu aqui agora/ pensando sobre o além. / Já não haverá o além/ o além já será então/ não terei pé nem cabeça/ nem fígado, nem pulmão/ como poderei ter medo/ se não terei coração?” É isso. Só se pode falar da morte pela ausência. Nós apenas saímos do ar. Desaparecemos.
Ela é tão banal que inventamos solenes rituais para dar-lhe consistência, religiões ou crenças materialistas para nos consolar: “O universo é a eternidade. Deus é o universo, a substância. Ele está nas galáxias e no orgasmo, nos buracos negros e no coração batendo…” “Grandes merdas” – penso hoje -, pois quando ela chega acaba a literatura. Aliás, falar sobre a morte também é um lugar-comum – mas agora, é tarde demais para mim -, tenho de ir em frente. Até o grande Guimarães Rosa caiu nessa: “Morremos para provar que vivemos”. O Nelson Rodrigues me perguntava sempre: “Pelo amor de Deus, me explica essa frase! E qual a profundidade de “Viver é muito perigoso?”
A morte só tem “antes”, não tem “depois” – no Ivan Ilitch, do Tolstoi, quando ela chega, acaba o conto. Ele diz no instante final: “A morte acabou”. Dizem que o Muhammad Atta, o terrorista que comandou o ataque às torres de NY, era ateu, mas queria conhecer aquele instante que separava o avião da torre erguida. A morte não está nem aí para nós; ela tem “vida própria”. A gente vai para um lado, o corpo para o outro. Ela nos ignora, nossos méritos, nossas obras. Mais um lugarzinho comum: “Só nos resta viver da melhor maneira possível até o fim. Tem mais é que curtir, gente boa…” Pois é; há muitos anos, pegou fogo no edifício Joelma em São Paulo, torrando dezenas de infelizes. Do prédio em frente, as teleobjetivas fotografaram todas as agonias. Até hoje, lembro-me da foto em cores de um homem de terno, pastinha 007, agachado numa janela do 20.º andar, com o fogo às costas. Seu rosto mostrava a dúvida: “O que é melhor para mim? Morrer queimado ou me jogar?” Ele curtiu até o fim – e se jogou.
O que me chateia é ficar desatualizado. As notícias vão rolar e eu nada saberei. Haverá crises mundiais, filmes que estreiam, músicas novas, e eu ficarei lá embaixo, sem saber das novidades. É insuportável a desinformação dos falecidos.
Meu avô me disse uma vez: “Acho triste morrer, seu Arnaldinho, porque nunca mais vou ver a Av. Rio Branco…” Isso me emocionou, pois ele ia diariamente ao centro da cidade, onde tomava um refresco de coco na Casa Simpatia. Por isso, quando me penso morto, eu, que não irei ao meu enterro, de que terei saudades? Ou melhor, que saudades teria se as pudesse ter?
Não terei saudades de grandes amores, de megashows da vida de hoje, excessiva e incessante. Não. Debaixo da terra, terei saudades de irrelevâncias essenciais, terei saudades de algumas tardes nubladas de domingo que só o carioca percebe, tudo parado, com os urubus dormindo na perna do vento, como dizia o sempre presente Tom, do radinho do porteiro ouvindo o jogo, terei saudades do cafezinho nas beiras dos botequins, de certos tons de roxo e rosa em Ipanema antes da noite cair, saudades do cafajestismo poético dos cariocas, saudades dos raros instantes sem medo ou culpa, de alguns momentos de felicidade profunda, sem motivo, apenas pela gratidão de respirar. Não terei saudades dos fatos e notícias, nada do mundo febril; só a quietude, o silêncio entre amigos na paz de um bar, papos de cinéfilo, risos proletários e camaradagem de subúrbio, do samba que nos envolve nas rodas pobres com a alegre sabedoria da desesperança, da Lapa, da Av. Paulista de noite, do jazz, pernas cruzadas de mulheres inatingíveis, terrenos baldios de minha infância, saudades da literatura, do prazer da arte, Fellini, Shakespeare, de Cantando na Chuva – o maior hino da alegria americana, saudades de Fred Astaire dançando Begin the Beguine com Eleanor Powell, felizes para sempre dentro do universo estrelado.
Há várias mortes. Há brutas tragédias, fomes e bombas, horrendos desastres, mas, na morte óbvia, comum, caseira, só temos duas escolhas: súbita ou lenta.
Você, frágil leitor, qual delas prefere? O rápido apagar do “abajur lilás” de um ataque cardíaco ou o lento esvair da vida, sumindo com morfina? Se eu pudesse escolher, queria morrer como o velho Zorba, o grego, em pé, na janela, olhando a paisagem iluminada pelo sol da manhã. E, como ele, dando um berro de despedida.
Arnaldo Jabor
A fachada 'humanitária' de Gaza: uma manobra enganosa se desfaz
A decisão repercutiu como um choque para todos os lados. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cuja estratégia de guerra gira em torno da fome dos palestinos em Gaza, decidiu unilateralmente , em 19 de maio, permitir a entrada "imediata" de alimentos na Faixa de Gaza, devastada pela fome.
É claro que Netanyahu ainda manobrou. Em vez de permitir a entrada de pelo menos 1.000 caminhões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, completamente destruída e devastada, por dia, ele inicialmente permitiu apenas nove caminhões, número que aumentou nominalmente nos dias seguintes.
Até mesmo os fervorosos apoiadores de Netanyahu, que criticaram ferozmente a decisão, ficaram perplexos com ela. O entendimento prévio entre os parceiros de coalizão de Netanyahu em relação ao seu plano final para Gaza era inequivocamente claro : a ocupação total da Faixa e o deslocamento forçado de sua população.
Esta última foi articulada como uma questão de política explícita pelo Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich. "Gaza será totalmente destruída, os civis serão enviados para... terceiros países", declarou ele em 6 de maio.
A entrada de alimentos em Gaza, por menor que seja sua quantidade, viola diretamente o entendimento estabelecido entre o governo e os militares, sob a liderança do aliado de Netanyahu, o Ministro da Defesa Israel Katz, e o Chefe do Gabinete Eyal Zamir.
Essas duas adições significativas ao gabinete de guerra de Netanyahu substituíram Yoav Gallant e Herzi Halevi. Com essas novas nomeações, Netanyahu se preparou para executar seu plano mestre.
Quando a guerra começou, em 7 de outubro de 2023, o líder israelense prometeu que assumiria o controle da Faixa de Gaza. Essa posição evoluiu, ou melhor, foi esclarecida, para significar ocupação permanente, embora sem os próprios palestinos.
Para atingir um objetivo tão elevado – elevado, dado o fracasso consistente de Israel em subjugar os palestinos ao longo de quase 600 dias – Netanyahu e seus homens elaboraram meticulosamente o plano "Carruagens de Gideão". A propaganda que acompanhou essa nova estratégia transcendeu toda a hasbara que acompanhava planos anteriores, incluindo o fracassado "Plano dos Generais" de outubro de 2024.
A lógica por trás dessa guerra psicológica é imprimir nos palestinos em Gaza a impressão indelével de que seu destino foi selado e que o futuro de Gaza só pode ser determinado pelo próprio Israel.
O plano, no entanto, uma releitura do que é historicamente conhecido como " Dedos de Sharon ", baseia-se fundamentalmente na seccionalização de Gaza em várias zonas distintas e na utilização de alimentos como uma ferramenta para deslocamento para esses campos e, finalmente, para fora de Gaza.
No entanto, por que Netanyahu concordaria em permitir o acesso a alimentos fora de seu plano sinistro? A razão por trás disso está profundamente relacionada à explosão de raiva global direcionada a Israel, particularmente de seus aliados mais fiéis: Grã-Bretanha, França, Canadá, Austrália, entre outros.
Ao contrário de Espanha, Noruega, Irlanda e outros países que criticaram duramente o genocídio israelense, algumas capitais ocidentais permaneceram comprometidas com Israel durante toda a guerra. Seu compromisso se manifestou em discursos políticos de apoio, culpando os palestinos e absolvendo Israel; em apoio militar irrestrito ; e em proteger Israel resolutamente da responsabilização legal e das consequências políticas no cenário global.
As coisas começaram a mudar quando o presidente dos EUA, Donald Trump, lentamente percebeu que a guerra de Netanyahu em Gaza estava destinada a se tornar uma guerra e ocupação permanentes, o que inevitavelmente se traduziria na desestabilização perpétua do Oriente Médio — dificilmente uma prioridade americana urgente no momento.
Relatórios vazados na grande mídia dos EUA, somados à notável falta de comunicação entre Trump e Netanyahu, entre outros indicadores, sugeriram fortemente que a divergência entre Washington e Tel Aviv não era uma mera manobra, mas uma genuína mudança de política.
Embora Washington tenha indicado que os "EUA não abandonaram Israel", a mensagem estava clara: a estratégia de longo prazo de Netanyahu e a estratégia atual dos EUA dificilmente convergem.
Apesar do formidável poder político do lobby pró-Israel nos EUA e de seu forte apoio em ambos os lados do Congresso, a posição de Trump foi fortalecida pelo fato de que alguns círculos pró-Israel , também de ambos os partidos políticos, estão totalmente cientes de que Netanyahu representa um perigo não apenas para os EUA, mas para o próprio Israel.
Uma série de ações decisivas tomadas por Trump acentuou ainda mais essa mudança, que recebeu surpreendentemente poucos protestos do elemento pró-Israel nos círculos de poder dos EUA: negociações contínuas com o Irã, a trégua com Ansarallah no Iêmen, negociações com o Hamas, etc.
Embora se abstendo de criticar abertamente Trump, Netanyahu intensificou seus assassinatos de palestinos, que morreram em números tragicamente grandes. Muitas das vítimas já estavam à beira da fome antes de serem impiedosamente explodidas por bombas israelenses.
Em 19 de maio, Grã-Bretanha, Canadá e França emitiram conjuntamente uma forte declaração ameaçando Israel com sanções. Essa linguagem pouco familiar foi rapidamente seguida por uma ação apenas um dia depois, quando a Grã-Bretanha suspendeu as negociações comerciais com Israel.
Netanyahu retaliou com linguagem furiosa, liberando sua raiva nas capitais ocidentais, que ele acusou de "oferecer um prêmio enorme pelo ataque genocida a Israel em 7 de outubro, ao mesmo tempo em que convidava a mais atrocidades semelhantes".
A decisão de permitir a entrada de alguns alimentos em Gaza, embora claramente insuficiente para evitar o agravamento da fome, foi concebida como uma distração, já que a máquina de guerra israelense continuava implacavelmente a ceifar as vidas de inúmeros palestinos diariamente.
Embora se comemorem as mudanças significativas na posição do Ocidente contra Israel, deve ficar bem claro que Netanyahu não tem interesse genuíno em abandonar seu plano de matar Gaza de fome e fazer limpeza étnica.
Embora qualquer ação agora não reverta totalmente o impacto do genocídio, ainda há dois milhões de vidas que podem ser salvas.
É claro que Netanyahu ainda manobrou. Em vez de permitir a entrada de pelo menos 1.000 caminhões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, completamente destruída e devastada, por dia, ele inicialmente permitiu apenas nove caminhões, número que aumentou nominalmente nos dias seguintes.
Até mesmo os fervorosos apoiadores de Netanyahu, que criticaram ferozmente a decisão, ficaram perplexos com ela. O entendimento prévio entre os parceiros de coalizão de Netanyahu em relação ao seu plano final para Gaza era inequivocamente claro : a ocupação total da Faixa e o deslocamento forçado de sua população.
Esta última foi articulada como uma questão de política explícita pelo Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich. "Gaza será totalmente destruída, os civis serão enviados para... terceiros países", declarou ele em 6 de maio.
A entrada de alimentos em Gaza, por menor que seja sua quantidade, viola diretamente o entendimento estabelecido entre o governo e os militares, sob a liderança do aliado de Netanyahu, o Ministro da Defesa Israel Katz, e o Chefe do Gabinete Eyal Zamir.
Essas duas adições significativas ao gabinete de guerra de Netanyahu substituíram Yoav Gallant e Herzi Halevi. Com essas novas nomeações, Netanyahu se preparou para executar seu plano mestre.
Quando a guerra começou, em 7 de outubro de 2023, o líder israelense prometeu que assumiria o controle da Faixa de Gaza. Essa posição evoluiu, ou melhor, foi esclarecida, para significar ocupação permanente, embora sem os próprios palestinos.
Para atingir um objetivo tão elevado – elevado, dado o fracasso consistente de Israel em subjugar os palestinos ao longo de quase 600 dias – Netanyahu e seus homens elaboraram meticulosamente o plano "Carruagens de Gideão". A propaganda que acompanhou essa nova estratégia transcendeu toda a hasbara que acompanhava planos anteriores, incluindo o fracassado "Plano dos Generais" de outubro de 2024.
A lógica por trás dessa guerra psicológica é imprimir nos palestinos em Gaza a impressão indelével de que seu destino foi selado e que o futuro de Gaza só pode ser determinado pelo próprio Israel.
O plano, no entanto, uma releitura do que é historicamente conhecido como " Dedos de Sharon ", baseia-se fundamentalmente na seccionalização de Gaza em várias zonas distintas e na utilização de alimentos como uma ferramenta para deslocamento para esses campos e, finalmente, para fora de Gaza.
No entanto, por que Netanyahu concordaria em permitir o acesso a alimentos fora de seu plano sinistro? A razão por trás disso está profundamente relacionada à explosão de raiva global direcionada a Israel, particularmente de seus aliados mais fiéis: Grã-Bretanha, França, Canadá, Austrália, entre outros.
Ao contrário de Espanha, Noruega, Irlanda e outros países que criticaram duramente o genocídio israelense, algumas capitais ocidentais permaneceram comprometidas com Israel durante toda a guerra. Seu compromisso se manifestou em discursos políticos de apoio, culpando os palestinos e absolvendo Israel; em apoio militar irrestrito ; e em proteger Israel resolutamente da responsabilização legal e das consequências políticas no cenário global.
As coisas começaram a mudar quando o presidente dos EUA, Donald Trump, lentamente percebeu que a guerra de Netanyahu em Gaza estava destinada a se tornar uma guerra e ocupação permanentes, o que inevitavelmente se traduziria na desestabilização perpétua do Oriente Médio — dificilmente uma prioridade americana urgente no momento.
Relatórios vazados na grande mídia dos EUA, somados à notável falta de comunicação entre Trump e Netanyahu, entre outros indicadores, sugeriram fortemente que a divergência entre Washington e Tel Aviv não era uma mera manobra, mas uma genuína mudança de política.
Embora Washington tenha indicado que os "EUA não abandonaram Israel", a mensagem estava clara: a estratégia de longo prazo de Netanyahu e a estratégia atual dos EUA dificilmente convergem.
Apesar do formidável poder político do lobby pró-Israel nos EUA e de seu forte apoio em ambos os lados do Congresso, a posição de Trump foi fortalecida pelo fato de que alguns círculos pró-Israel , também de ambos os partidos políticos, estão totalmente cientes de que Netanyahu representa um perigo não apenas para os EUA, mas para o próprio Israel.
Uma série de ações decisivas tomadas por Trump acentuou ainda mais essa mudança, que recebeu surpreendentemente poucos protestos do elemento pró-Israel nos círculos de poder dos EUA: negociações contínuas com o Irã, a trégua com Ansarallah no Iêmen, negociações com o Hamas, etc.
Embora se abstendo de criticar abertamente Trump, Netanyahu intensificou seus assassinatos de palestinos, que morreram em números tragicamente grandes. Muitas das vítimas já estavam à beira da fome antes de serem impiedosamente explodidas por bombas israelenses.
Em 19 de maio, Grã-Bretanha, Canadá e França emitiram conjuntamente uma forte declaração ameaçando Israel com sanções. Essa linguagem pouco familiar foi rapidamente seguida por uma ação apenas um dia depois, quando a Grã-Bretanha suspendeu as negociações comerciais com Israel.
Netanyahu retaliou com linguagem furiosa, liberando sua raiva nas capitais ocidentais, que ele acusou de "oferecer um prêmio enorme pelo ataque genocida a Israel em 7 de outubro, ao mesmo tempo em que convidava a mais atrocidades semelhantes".
A decisão de permitir a entrada de alguns alimentos em Gaza, embora claramente insuficiente para evitar o agravamento da fome, foi concebida como uma distração, já que a máquina de guerra israelense continuava implacavelmente a ceifar as vidas de inúmeros palestinos diariamente.
Embora se comemorem as mudanças significativas na posição do Ocidente contra Israel, deve ficar bem claro que Netanyahu não tem interesse genuíno em abandonar seu plano de matar Gaza de fome e fazer limpeza étnica.
Embora qualquer ação agora não reverta totalmente o impacto do genocídio, ainda há dois milhões de vidas que podem ser salvas.
Irã bombardeado, mas não derrotado
A acreditar em Donald Trump, o bombardeio das instalações nucleares iranianas em Isfahan, Natanz e Fordow seria o fim da guerra. E, com Benjamin Netanyahu envolvido, o que se seguiria agora seria a paz (ou seja, a rendição de Ali Khamenei). É improvável que algo assim aconteça.
Enquanto se aguarda o resultado real dos ataques, o fato de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ter confirmado a inexistência de radiação indicaria que nenhuma dessas instalações foi completamente destruída. E se isso se aplica às duas primeiras — anteriormente atingidas por Israel e agora por mísseis Tomahawk dos EUA —, dúvidas muito maiores são levantadas pelo que pode ter ocorrido na usina de enriquecimento de Fordow, enterrada a dezenas de metros de profundidade e equipada com as centrífugas mais avançadas do programa iraniano. Dado que a força aérea israelense carece de meios convencionais capazes de atingir esse alvo, tudo ficou pendente da decisão de Trump, utilizando bombardeiros estratégicos B-2 Spirit , ideais para penetrar nos sistemas antiaéreos severamente enfraquecidos do Irã, para lançar as bombas destruidoras de bunkers GBU-57.
Neste ponto, é possível especular se o ataque dos EUA é uma resposta a um cálculo maquiavélico de Netanyahu, forçando Trump a entrar em uma guerra que ele alegou não querer (e que poderia causar problemas internos com seu movimento MAGA ) ou, melhor, se ambos decidiram bancar o “policial bom/policial mau”. De qualquer forma, agora imersos neste turbilhão de guerra — cometendo mais uma violação do direito internacional — é compreensível que ambos continuem a unir forças para destruir completamente o programa iraniano — um objetivo absolutamente irrealista —, alcançar o colapso do regime — embora seja mais provável que provoque mais repressão e uma reação nacionalista — ou, pelo menos, forçá-lo a assinar um novo acordo nuclear que inclua a renúncia ao enriquecimento de urânio, algo inaceitável para Teerã. Ambos os líderes chamam isso de “paz pela força”.
Preso nessa dinâmica de ação e reação, é improvável que o Irã desista. É verdade que está bastante enfraquecido, tanto pelo impacto das sanções internacionais quanto pela punição que Israel infligiu aos seus principais peões regionais — Hamas, Hezbollah e Ansar Allah . Sem aeronaves e sistemas antiaéreos capazes de desafiar a superioridade aérea que Israel alcançou em apenas quatro dias, o único instrumento militar que resta para responder a Israel são seus mísseis balísticos (e drones). Mas mesmo nessa arena, já foi comprovado que, enquanto nos primeiros dias o Irã lançou ondas de cem mísseis, agora elas caíram para apenas uma dúzia.
Isso sugere que as principais opções de Teerã não são convencionais. Mesmo que continue a lançar todos os mísseis que puder e a realizar ataques cibernéticos, sabe que isso não será suficiente para deter a dupla Trump-Netanyahu. Isso aumenta a probabilidade de que explore outras vias muito mais impactantes, começando por atacar os interesses dos EUA na região e as instalações petrolíferas de seus vizinhos do Golfo, bem como interromper o tráfego no Estreito de Ormuz o máximo possível. Pior ainda, em vez de aceitar que o golpe recebido não lhe deixa outra escolha a não ser aceitar a rendição que Washington exige por meio da assinatura de um novo acordo nuclear, é mais provável que opte por se retirar definitivamente do Tratado de Não Proliferação Nuclear e seguir abertamente o caminho de ingressar no clube nuclear o mais rápido possível (com Ancara e Riad seguindo o exemplo). De fato, é inevitável pensar que não estaríamos nessa situação se Trump não tivesse rompido o acordo firmado em julho de 2015.
Isto não traz paz, mas guerra.
Enquanto se aguarda o resultado real dos ataques, o fato de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ter confirmado a inexistência de radiação indicaria que nenhuma dessas instalações foi completamente destruída. E se isso se aplica às duas primeiras — anteriormente atingidas por Israel e agora por mísseis Tomahawk dos EUA —, dúvidas muito maiores são levantadas pelo que pode ter ocorrido na usina de enriquecimento de Fordow, enterrada a dezenas de metros de profundidade e equipada com as centrífugas mais avançadas do programa iraniano. Dado que a força aérea israelense carece de meios convencionais capazes de atingir esse alvo, tudo ficou pendente da decisão de Trump, utilizando bombardeiros estratégicos B-2 Spirit , ideais para penetrar nos sistemas antiaéreos severamente enfraquecidos do Irã, para lançar as bombas destruidoras de bunkers GBU-57.
Vinte bombeiros morreram em incêndio de prédio em Teerã
Preso nessa dinâmica de ação e reação, é improvável que o Irã desista. É verdade que está bastante enfraquecido, tanto pelo impacto das sanções internacionais quanto pela punição que Israel infligiu aos seus principais peões regionais — Hamas, Hezbollah e Ansar Allah . Sem aeronaves e sistemas antiaéreos capazes de desafiar a superioridade aérea que Israel alcançou em apenas quatro dias, o único instrumento militar que resta para responder a Israel são seus mísseis balísticos (e drones). Mas mesmo nessa arena, já foi comprovado que, enquanto nos primeiros dias o Irã lançou ondas de cem mísseis, agora elas caíram para apenas uma dúzia.
Isso sugere que as principais opções de Teerã não são convencionais. Mesmo que continue a lançar todos os mísseis que puder e a realizar ataques cibernéticos, sabe que isso não será suficiente para deter a dupla Trump-Netanyahu. Isso aumenta a probabilidade de que explore outras vias muito mais impactantes, começando por atacar os interesses dos EUA na região e as instalações petrolíferas de seus vizinhos do Golfo, bem como interromper o tráfego no Estreito de Ormuz o máximo possível. Pior ainda, em vez de aceitar que o golpe recebido não lhe deixa outra escolha a não ser aceitar a rendição que Washington exige por meio da assinatura de um novo acordo nuclear, é mais provável que opte por se retirar definitivamente do Tratado de Não Proliferação Nuclear e seguir abertamente o caminho de ingressar no clube nuclear o mais rápido possível (com Ancara e Riad seguindo o exemplo). De fato, é inevitável pensar que não estaríamos nessa situação se Trump não tivesse rompido o acordo firmado em julho de 2015.
Isto não traz paz, mas guerra.
Empatia com quem sofre na guerra
Pensei em Teerã e Tel Aviv. Será que, com esses bombardeios, tudo está funcionando?
Escritores têm uma característica comum: o impulso irresistível de se colocar no lugar do outro. Logo, não importa onde estoura uma guerra, a tendência é estar mentalmente no teatro de operações. Sofri muito com o frio e a bruma sobre o oceano na Guerra das Malvinas. O desconforto voltou na madrugada em que Israel iniciou uma série de bombardeios em Teerã, e alguns mísseis foram disparados contra Tel Aviv. Fui ao banheiro e lembrei-me da guerra começando. Acendi a luz, abri a torneira e tive certo alívio: a água corria, havia eletricidade.
Pensei em Teerã e Tel Aviv. Será que, com esses bombardeios, tudo está funcionando? Tel Aviv dispõe de abrigos subterrâneos; logo, as pessoas têm para onde ir. E Teerã, uma cidade com 10 milhões de habitantes, sem nenhum abrigo? Não há saída, exceto deixar a capital.
Milhões se deslocando criam enormes engarrafamentos nas estradas. Os postos de gasolina fecham ou reduzem suas vendas a 10 litros. Lembrei-me de uma reportagem no Jornal do Brasil na década de 1960: Copacabana pode morrer de susto. Se todos saíssem de carro ao mesmo tempo, seria um desastre no bairro. Imaginei-me vizinho de um cientista nuclear. Minha garganta estaria em fogo, os olhos ardendo pela fumaça das explosões. E a fuga? Para onde ir de repente?
Leio o relato de um poeta iraniano. Ele foi para uma cidade do interior, onde moram parentes. Mas a pequena cidade já estava cheia; os mercados esgotados com tanta procura. Já que tinha perdido o sono, imaginei-me em Tel Aviv. Sirenes tocando, corrida para os abrigos. Passei a tarde lendo um livro sobre o Mossad, “Rise and kill first”, de Ronen Bergman. É sobre o serviço secreto israelense, cuja história se confunde, a partir de certo momento, com a própria História do país.
Leio que existia uma discussão interna sobre o que fazer com o programa nuclear iraniano. Bombardear ou matar seletivamente os cientistas? Matar era mais fácil. No princípio, seis cientistas foram mortos, e o método era relativamente simples: motociclistas armavam as bombas nos carros deles. Imaginar-se em Tel Aviv significa conviver com algo que nem todos os países têm: a sensação de perigo existencial.
Foi ela que determinou os passos do Mossad e o transformou, parcialmente, num órgão especializado em matar. No princípio, era preciso matar cientistas alemães, ex-nazistas que foram ao Egito ajudar a produzir mísseis. Depois, foi necessário matar alguns militares egípcios que ajudavam árabes a realizar atentados; em seguida, foi necessário matar alguns líderes palestinos; finalmente, os cientistas iranianos e alguns generais que comandam a Guarda Revolucionária.
Foi tanta necessidade de matar diante da ameaça existencial que, em certo momento, um líder político indagou: como pode uma nação tão idealista e sensível adotar tal política? Parece que as durezas do destino acabaram chegando à tese de um famoso agente do próprio Mossad, Natan Rotberg, que acabou formulando uma saída para conciliar idealismo e assassinato seletivo:
— Você precisa aprender a perdoar o inimigo. No entanto, não temos autoridade para perdoar gente como Bin Laden. Isso, apenas Deus pode fazer. Nosso trabalho é arranjar um encontro entre eles.
A ameaça existencial é um forte argumento, assim como a punição aos terroristas do Hamas que invadiram Israel. No entanto o sofrimento da população de Gaza mostra que essa longa luta arruinou a visão humanitária do jovem país. É um caminho de que não se sai incólume.
A ameaça existencial criou uma dívida de gratidão com o Marrocos. Segundo o livro de Bergman, o Mossad ajudou a matar o líder marroquino Ben Barka, em Paris, causando um grande trauma na França. O Mossad contribuiu com uma técnica que ajuda a dissolver o corpo da vítima, por meio de uma combinação química que o elimina com a chuva. O que restou de Ben Barka foi sepultado na área construída da Fundação Louis Vuitton.
Escritores têm uma característica comum: o impulso irresistível de se colocar no lugar do outro. Logo, não importa onde estoura uma guerra, a tendência é estar mentalmente no teatro de operações. Sofri muito com o frio e a bruma sobre o oceano na Guerra das Malvinas. O desconforto voltou na madrugada em que Israel iniciou uma série de bombardeios em Teerã, e alguns mísseis foram disparados contra Tel Aviv. Fui ao banheiro e lembrei-me da guerra começando. Acendi a luz, abri a torneira e tive certo alívio: a água corria, havia eletricidade.
Pensei em Teerã e Tel Aviv. Será que, com esses bombardeios, tudo está funcionando? Tel Aviv dispõe de abrigos subterrâneos; logo, as pessoas têm para onde ir. E Teerã, uma cidade com 10 milhões de habitantes, sem nenhum abrigo? Não há saída, exceto deixar a capital.
Milhões se deslocando criam enormes engarrafamentos nas estradas. Os postos de gasolina fecham ou reduzem suas vendas a 10 litros. Lembrei-me de uma reportagem no Jornal do Brasil na década de 1960: Copacabana pode morrer de susto. Se todos saíssem de carro ao mesmo tempo, seria um desastre no bairro. Imaginei-me vizinho de um cientista nuclear. Minha garganta estaria em fogo, os olhos ardendo pela fumaça das explosões. E a fuga? Para onde ir de repente?
Leio o relato de um poeta iraniano. Ele foi para uma cidade do interior, onde moram parentes. Mas a pequena cidade já estava cheia; os mercados esgotados com tanta procura. Já que tinha perdido o sono, imaginei-me em Tel Aviv. Sirenes tocando, corrida para os abrigos. Passei a tarde lendo um livro sobre o Mossad, “Rise and kill first”, de Ronen Bergman. É sobre o serviço secreto israelense, cuja história se confunde, a partir de certo momento, com a própria História do país.
Leio que existia uma discussão interna sobre o que fazer com o programa nuclear iraniano. Bombardear ou matar seletivamente os cientistas? Matar era mais fácil. No princípio, seis cientistas foram mortos, e o método era relativamente simples: motociclistas armavam as bombas nos carros deles. Imaginar-se em Tel Aviv significa conviver com algo que nem todos os países têm: a sensação de perigo existencial.
Foi ela que determinou os passos do Mossad e o transformou, parcialmente, num órgão especializado em matar. No princípio, era preciso matar cientistas alemães, ex-nazistas que foram ao Egito ajudar a produzir mísseis. Depois, foi necessário matar alguns militares egípcios que ajudavam árabes a realizar atentados; em seguida, foi necessário matar alguns líderes palestinos; finalmente, os cientistas iranianos e alguns generais que comandam a Guarda Revolucionária.
Foi tanta necessidade de matar diante da ameaça existencial que, em certo momento, um líder político indagou: como pode uma nação tão idealista e sensível adotar tal política? Parece que as durezas do destino acabaram chegando à tese de um famoso agente do próprio Mossad, Natan Rotberg, que acabou formulando uma saída para conciliar idealismo e assassinato seletivo:
— Você precisa aprender a perdoar o inimigo. No entanto, não temos autoridade para perdoar gente como Bin Laden. Isso, apenas Deus pode fazer. Nosso trabalho é arranjar um encontro entre eles.
A ameaça existencial é um forte argumento, assim como a punição aos terroristas do Hamas que invadiram Israel. No entanto o sofrimento da população de Gaza mostra que essa longa luta arruinou a visão humanitária do jovem país. É um caminho de que não se sai incólume.
A ameaça existencial criou uma dívida de gratidão com o Marrocos. Segundo o livro de Bergman, o Mossad ajudou a matar o líder marroquino Ben Barka, em Paris, causando um grande trauma na França. O Mossad contribuiu com uma técnica que ajuda a dissolver o corpo da vítima, por meio de uma combinação química que o elimina com a chuva. O que restou de Ben Barka foi sepultado na área construída da Fundação Louis Vuitton.
Assinar:
Comentários (Atom)




