domingo, 8 de maio de 2016
Os pobres
Todo mundo conhece os pobres. Os despossuídos de tudo, humilhados pela vida que lhes foi roubada. As gentes tristes do mundo. As sem pão e sem beleza. As a que falta esperança. Que vivem dentro de um horizonte tão retraído que nele não cabe um futuro que não seja a repetição da vida ruim. Para eles e seus filhos. E netos. Como se a pobreza fosse genética e hereditária. Um fato da natureza. Ou um castigo de Deus, dos que vão passando através de gerações.
Nada de natureza, nada de Deus. Pobreza não é castigo. É imposição. Ninguém tem na pobreza qualquer alegria. Os catadores de lixo encontram nessa atividade o muito pouco com que se sustentam e às suas famílias, quando elas também não estão enterradas na sujeira dos outros, selecionando coisas ainda aproveitáveis, sabe-se lá para quê. É o limite do desespero. Salvar da aniquilação os rejeitos de vidas alheias, que, para quem está abaixo de todas as linhas da pobreza e da dignidade, valem a própria vida. Urubus voam por cima dos lixões. Aquelas montanhas são seus territórios de morte. Os que catam lixo disputam a vida com os urubus.
Sei que separar o lixo é uma atividade ecológica e economicamente relevante. O inadmissível é que ela não seja feita na recolha seletiva prévia do que ainda serve para algum fim útil e do que está destinado à putrefação dos cadáveres. Os catadores chafurdam em todas as porcarias para extrair delas uma garrafa, uma tampa de sanitário, uma bota velha de um só pé. Resgatam do naufrágio coisas tristes como eles, os jogados fora por uma sociedade que desperdiça coisas como desperdiça pessoas. Que joga fora o que não serve. Os pobres não servem para uma sociedade que consome acima dos limites de uma vida comum. Ou servem: alguém precisa fazer o trabalho sujo.
Entendamo-nos. Para os que estão ali, enterrados nos rejeitos da vida, disputando fiapos de coisas com os urubus, há uma dignidade específica, uma forma tristíssima de beleza no que fazem. Recusam-se a ser eles próprios tragados como lixo humano. Vão aonde ninguém vai, aos limites do horror, ganhar uma vida perdida. Onde não há dignidade é na atitude dos que não tratam os dejetos da cidade, acumulam-nos em montanhas, porque logo os pobres aparecerão para destrinchar dali o que ainda merece uma chance de vida. É contar com a horda de desespero das vidas tristes.
Penso num poema de Manuel Bandeira. Algo, um bicho certamente, remexia nas latas de lixo. “Quando achava alguma coisa, não examinava nem cheirava: engolia com voracidade.” E os olhos insones do poeta se estarreceram quando viu a verdade da miséria: “O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.” Esses bichos são homens. São como eu e vocês, meus companheiros de sábado. São homens.
Há outras formas de pobreza. Existem os que, atordoados pelo abandono e pela fome, embrutecem-se nas drogas. As mais baratas, mais terríveis, mais à mão. E se deixam largados no chão, esmagados de fome e de tristeza. Há os que se drogam para encontrarem dimensões mais largas de vida. Têm o que lhes chegue, comem e bebem, suas vestes não têm o puído da roupa única, arrastada ao longo da vida. Estetizam o sofrimento. Não conhecem a pobreza sem horizontes. Querem ampliar os seus, ter novas experiências... Mas às vezes acabam na mesma sarjeta, neopobres que fugiram da vida. Olho-os com tristeza ao lado dos que nunca tiveram nada.
E a fome! Meu Deus, a fome! A nós ronca o estômago quando se espaça demais o intervalo entre as refeições. A barriga dos pobres já não ronca. Seu vazio não tem o conforto da proximidade da próxima comida. São barrigas tristes. De dor interna e de abandono. Deitados nos cantos dos edifícios, nas calçadas onde moram, estendem mãos sem esperança. “Para comer”, dizem. E nós passamos, tomando distâncias cautelosas, pela ponta dos meios-fios. Podem ser perigosos. Estão sujos. E cheiram mal.
Há as mães que trazem os filhos pequenos, mostram suas carinhas tristes. Apelação, pensamos. Marketing do desespero. E até nos indignamos com essa exposição de crianças que deveriam estar... estar... onde? Na escola? — E passamos também ao largo, incomodados com aquela obscena demonstração da extrema tristeza.
Passamos ao largo. Tomamos distância. Fugimos. Deles, sim. Mas, no mais fundo das nossas consciências adormecidas, fugimos de nós. Os pobres, lixo da vida, estão lá — e nem nos acusam! — e nos lembram do outro lixo, aquele em que jogamos coisas ainda usáveis, sem pensarmos que alguém naquela calçada podia fazer com elas uma roupa, um abrigo para o frio. Um farrapo de esperança digna. Fugimos do beco onde algo chafurda nas latas de lixo, e come com voracidade o que encontra. E não é um bicho, meu Deus. É um homem.
Marcio Tavares D’amaral
Sei que separar o lixo é uma atividade ecológica e economicamente relevante. O inadmissível é que ela não seja feita na recolha seletiva prévia do que ainda serve para algum fim útil e do que está destinado à putrefação dos cadáveres. Os catadores chafurdam em todas as porcarias para extrair delas uma garrafa, uma tampa de sanitário, uma bota velha de um só pé. Resgatam do naufrágio coisas tristes como eles, os jogados fora por uma sociedade que desperdiça coisas como desperdiça pessoas. Que joga fora o que não serve. Os pobres não servem para uma sociedade que consome acima dos limites de uma vida comum. Ou servem: alguém precisa fazer o trabalho sujo.
Entendamo-nos. Para os que estão ali, enterrados nos rejeitos da vida, disputando fiapos de coisas com os urubus, há uma dignidade específica, uma forma tristíssima de beleza no que fazem. Recusam-se a ser eles próprios tragados como lixo humano. Vão aonde ninguém vai, aos limites do horror, ganhar uma vida perdida. Onde não há dignidade é na atitude dos que não tratam os dejetos da cidade, acumulam-nos em montanhas, porque logo os pobres aparecerão para destrinchar dali o que ainda merece uma chance de vida. É contar com a horda de desespero das vidas tristes.
Penso num poema de Manuel Bandeira. Algo, um bicho certamente, remexia nas latas de lixo. “Quando achava alguma coisa, não examinava nem cheirava: engolia com voracidade.” E os olhos insones do poeta se estarreceram quando viu a verdade da miséria: “O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.” Esses bichos são homens. São como eu e vocês, meus companheiros de sábado. São homens.
Há outras formas de pobreza. Existem os que, atordoados pelo abandono e pela fome, embrutecem-se nas drogas. As mais baratas, mais terríveis, mais à mão. E se deixam largados no chão, esmagados de fome e de tristeza. Há os que se drogam para encontrarem dimensões mais largas de vida. Têm o que lhes chegue, comem e bebem, suas vestes não têm o puído da roupa única, arrastada ao longo da vida. Estetizam o sofrimento. Não conhecem a pobreza sem horizontes. Querem ampliar os seus, ter novas experiências... Mas às vezes acabam na mesma sarjeta, neopobres que fugiram da vida. Olho-os com tristeza ao lado dos que nunca tiveram nada.
E a fome! Meu Deus, a fome! A nós ronca o estômago quando se espaça demais o intervalo entre as refeições. A barriga dos pobres já não ronca. Seu vazio não tem o conforto da proximidade da próxima comida. São barrigas tristes. De dor interna e de abandono. Deitados nos cantos dos edifícios, nas calçadas onde moram, estendem mãos sem esperança. “Para comer”, dizem. E nós passamos, tomando distâncias cautelosas, pela ponta dos meios-fios. Podem ser perigosos. Estão sujos. E cheiram mal.
Há as mães que trazem os filhos pequenos, mostram suas carinhas tristes. Apelação, pensamos. Marketing do desespero. E até nos indignamos com essa exposição de crianças que deveriam estar... estar... onde? Na escola? — E passamos também ao largo, incomodados com aquela obscena demonstração da extrema tristeza.
Passamos ao largo. Tomamos distância. Fugimos. Deles, sim. Mas, no mais fundo das nossas consciências adormecidas, fugimos de nós. Os pobres, lixo da vida, estão lá — e nem nos acusam! — e nos lembram do outro lixo, aquele em que jogamos coisas ainda usáveis, sem pensarmos que alguém naquela calçada podia fazer com elas uma roupa, um abrigo para o frio. Um farrapo de esperança digna. Fugimos do beco onde algo chafurda nas latas de lixo, e come com voracidade o que encontra. E não é um bicho, meu Deus. É um homem.
Marcio Tavares D’amaral
De como o PT derrubou a si mesmo
Ainda veremos nas ruas e nas estradas as manifestações de gente que põe fogo em pneus velhos e põe a culpa de tudo em Michel Temer. Virão tempos de mais gritaria. A tensão vai subir. Depois, as passeatas “contra o golpe” vão minguar, pois o dinheiro para financiá-las vai escassear. A retórica de vitimização de Dilma e Lula deixará de ser tão inflamável como é hoje, porque vai começar a carecer de sentido. O fôlego dessa propaganda é curto.
Venha pela frente o desfecho que vier, ninguém mais vai conseguir esconder o óbvio: quem feriu de morte o projeto de poder do PT não foi a imprensa burguesa, não foi o mefistofélico Sergio Moro, não foi a profana aliança entre PSDB e PMDB – foi apenas o próprio PT. Dilma poderá sair em turnê pela Europa com o roadshow do golpe, poderá se recolher a seus aposentos para articular com mais prudência sua defesa, poderá ganhar sobrevida no Alvorada com uma ou outra manobra no Senado, poderá até renunciar, tanto faz. Seja qual for o epílogo que o destino lhe reserva, nada poderá postergar indefinidamente o ajuste de contas entre os sonhos que levaram Lula à Presidência da República e o emaranhado de interesses obscuros que mastigaram aqueles sonhos quatro mandatos depois.
O PT até que tentou, bem no comecinho, mas nunca fez um governo nos moldes de uma esquerda moderna. Tirando a política de aumento no salário mínimo, que ajudou a desempobrecer um pouco os mais pobres, não reduziu a desigualdade social e a desigualdade de renda no Brasil. Não abriu caminho para o imposto sobre grandes fortunas. Não mexeu no regime fundiário. Cedeu tudo e mais um pouco no Código Florestal. Jamais propôs um projeto de lei para resolver os anacronismos acarretados pela ausência de um marco regulatório democrático para os meios de radiodifusão no Brasil (a exemplo do que já existe há quase um século nos Estados Unidos e na Europa) – nada a ver com censura ou controle do conteúdo editorial. Instalou a Comissão Nacional da Verdade (ponto para Dilma Rousseff), mas depois fez de conta que a comissão nunca existiu – não deu seguimento a nenhuma das recomendações que ela fez. Não enfrentou os temas difíceis do aborto, da homofobia, da legalização das drogas. Na campanha de 2014, Dilma caluniou Marina Silva e disse que não faria ajustes ortodoxos. E fez.
Ao longo destes 13 anos, a lista de traições é quilométrica. Instalado no poder, o PT fez meia-volta: virou as costas para os sonhos de seus fundadores e abriu os braços para o pragmatismo pecuniário das empreiteiras faraônicas, praticantes de uma esquisitíssima escola de capitalismo sem concorrência. O PT converteu-se em seu oposto. Os militantes mais fiéis viram isso e sabiam disso, mas jamais ousaram criticar o núcleo de poder do partido, cuja fibra essencial era (e é) o mando de Lula. As tentativas de elaboração crítica se desviavam, melífluas, da figura imperial de Lula para se perder em barroquismos pseudodialéticos e em menções elípticas a práticas inauguradas pelos outros partidos etc. Ninguém no PT, até agora, teve a dignidade singela de afirmar que o problema político da legenda passou (e passa) por um fato irrefutável: lá pelas tantas, a cúpula do partido tomou gosto pelos favores sorridentes dos bilionários acoplados aos favores do Estado.
O pensamento do partido foi se apequenando e se acomodando aos limites de uma pessoa física. O PT ficou menor que um homem, e esse homem se revelou menor do que a agenda de uma esquerda moderna poderia representar para o Brasil. Lula mandava e desmandava, e, claro, era impossível acertar sempre. Foi ele quem escolheu – escolheu sozinho – Dilma Rousseff para suceder-lhe. Foi ele quem errou. Entre tantos erros que cometeu, esse talvez tenha sido o pior. Dilma é uma mulher admirável, até comovente, que está sofrendo um julgamento injusto e cruel na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O crime de responsabilidade que imputam a ela, num contorcionismo jurídico de indisfarçável casuísmo, está longe de dar motivo a uma cassação. Mas seus dois governos são um desastre inacreditável. É por isso, no fundo, que ela vai caindo. Seu despreparo, sua inépcia e sua inabilidade para governar atestam a péssima escolha de Lula. Quanto aos cérebros do PT, eles silenciam.
O resultado aí está. O castelo de sonhos vai caindo por terra. Quer dizer: vai despencando no abismo. PT, o último que sair apague a luz. Quer dizer: alguém acenda a luz aí dentro, por favor, acenda a luz que ainda é tempo.
O PT até que tentou, bem no comecinho, mas nunca fez um governo nos moldes de uma esquerda moderna. Tirando a política de aumento no salário mínimo, que ajudou a desempobrecer um pouco os mais pobres, não reduziu a desigualdade social e a desigualdade de renda no Brasil. Não abriu caminho para o imposto sobre grandes fortunas. Não mexeu no regime fundiário. Cedeu tudo e mais um pouco no Código Florestal. Jamais propôs um projeto de lei para resolver os anacronismos acarretados pela ausência de um marco regulatório democrático para os meios de radiodifusão no Brasil (a exemplo do que já existe há quase um século nos Estados Unidos e na Europa) – nada a ver com censura ou controle do conteúdo editorial. Instalou a Comissão Nacional da Verdade (ponto para Dilma Rousseff), mas depois fez de conta que a comissão nunca existiu – não deu seguimento a nenhuma das recomendações que ela fez. Não enfrentou os temas difíceis do aborto, da homofobia, da legalização das drogas. Na campanha de 2014, Dilma caluniou Marina Silva e disse que não faria ajustes ortodoxos. E fez.
Ao longo destes 13 anos, a lista de traições é quilométrica. Instalado no poder, o PT fez meia-volta: virou as costas para os sonhos de seus fundadores e abriu os braços para o pragmatismo pecuniário das empreiteiras faraônicas, praticantes de uma esquisitíssima escola de capitalismo sem concorrência. O PT converteu-se em seu oposto. Os militantes mais fiéis viram isso e sabiam disso, mas jamais ousaram criticar o núcleo de poder do partido, cuja fibra essencial era (e é) o mando de Lula. As tentativas de elaboração crítica se desviavam, melífluas, da figura imperial de Lula para se perder em barroquismos pseudodialéticos e em menções elípticas a práticas inauguradas pelos outros partidos etc. Ninguém no PT, até agora, teve a dignidade singela de afirmar que o problema político da legenda passou (e passa) por um fato irrefutável: lá pelas tantas, a cúpula do partido tomou gosto pelos favores sorridentes dos bilionários acoplados aos favores do Estado.
O pensamento do partido foi se apequenando e se acomodando aos limites de uma pessoa física. O PT ficou menor que um homem, e esse homem se revelou menor do que a agenda de uma esquerda moderna poderia representar para o Brasil. Lula mandava e desmandava, e, claro, era impossível acertar sempre. Foi ele quem escolheu – escolheu sozinho – Dilma Rousseff para suceder-lhe. Foi ele quem errou. Entre tantos erros que cometeu, esse talvez tenha sido o pior. Dilma é uma mulher admirável, até comovente, que está sofrendo um julgamento injusto e cruel na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O crime de responsabilidade que imputam a ela, num contorcionismo jurídico de indisfarçável casuísmo, está longe de dar motivo a uma cassação. Mas seus dois governos são um desastre inacreditável. É por isso, no fundo, que ela vai caindo. Seu despreparo, sua inépcia e sua inabilidade para governar atestam a péssima escolha de Lula. Quanto aos cérebros do PT, eles silenciam.
O resultado aí está. O castelo de sonhos vai caindo por terra. Quer dizer: vai despencando no abismo. PT, o último que sair apague a luz. Quer dizer: alguém acenda a luz aí dentro, por favor, acenda a luz que ainda é tempo.
O bem da oposição
Num regime republicano, o papel de oposição a um governo pode ser tão relevante e imprescindível quanto o de quem o apoia e sustenta. Um lado complementa o outro e o deixa melhor.
Uma boa oposição facilita o governo como o vento contrário serve a uma aeronave nas manobras. Vento de popa pode alongar e complicar além do limite da pista um pouso ou uma aterrissagem.
Desde épocas romanas, quando o império se alastrava e se fazia mais proveitoso para os dominantes e os dominados, a oposição tinha o papel de fiscalização, de crítica, impedindo excessos e erros na esbórnia de poder do governante. Os tribunos da plebe exerciam a defesa do interesse popular, eram a institucionalização do freio, enquanto o cônsul era o acelerador.
Podemos voltar a um passado recente e rever o papel do próprio Partido dos Trabalhadores como determinante para evitar excessos conservadores. Em certos momentos intolerantes ao extremo, contudo, com o passar dos anos, se constatou que a oposição serviu para melhorar a democratização do Estado republicano.
O PT, especializado no manejo do estilingue, no governo tem procurado tratar a oposição não como adversária, mas como inimiga, e relegá-la, assim, a um nível em que perdeu sua utilidade. José Dirceu e a primeira onda do governo Lula procuraram silenciar ou eliminar de várias formas o incômodo de ter uma oposição que nunca foi entendida como o freio da locomotiva do poder. Provavelmente, hoje agiriam de forma mais cautelosa.
Internamente ao partido e externamente a ele, tem havido de forma equivocada a eliminação de opositores. Até o devaneio da lei da mordaça, a restrição ao exercício do Ministério Público, e a limitação da liberdade de imprensa foram temas e objetos de ações que voltaram mais recentemente como feitiço ao feiticeiro.
O vento de popa acelera a velocidade, mas dificulta as manobras e deixa curta a pista de pouso. Aquela que faltou nos momentos em que Dilma precisava de escala para reabastecer.
Uma oposição cooptada com vantagens e partilhas escusas tem se revelado um desastre no mensalão e tem se amplificado no petrolão.
Culminou agora com Eduardo Cunha, o aliado que fugiu de controle. O facilitador passou a ser o destruidor do império do PT. Um Átila contemporâneo, o bárbaro que devastou Roma ganhando a fama de “onde pisa o seu cavalo, não nasce mais um fio de grama”.
O rei dos unos, comandando um exército tosco e cruel, “ousou” invadir em 453 d.C. os limites “sagrados de Roma” e devastar o centro do império enfraquecido. Eduardo Cunha repete a sanha dos unos no império que perdeu forças por seus erros e excessos.
Embora os méritos, ou as culpas, recaiam eternamente sobre Cunha, a razão da queda do “império” deverá se encontrar no fracasso das principais medidas adotadas por Dilma, que levaram ao vendaval econômico e social em ato.
O colapso do sistema produtivo, do motor de arrecadação, é a principal culpa de Dilma, do imperdoável. No verbete enciclopédico, a primeira presidenta será descrita como comandante de um “fracasso dos setores de produção”.
O cidadão devota ao presidente da República, e a qualquer governante, o respeito e a torcida para que atinja bons resultados. As ações acertadas beneficiam a nação, e poucos são tão obtusos de torcer para o pior de um governante, independentemente da ideologia e dos rótulos. Torcer pela derrota do próprio time?
O fracasso respinga dentro de casa, na população. Poucos gostam de sofrer.
A oposição exercida de forma democrática precisa saber discordar, mostrar-se melhor e mais capacitada para governar, não para destroçar o país.
Mas, infelizmente, temos muitos que fazem da política uma profissão e distorcem a realidade sem disfarçar a cobiça pelo poder, evidentemente pelo desfrute. Assim, a oposição exercida além do limite do interesse nacional é desastrosa.
Precisamos tanto de bons “opositores” como de bons governantes. Ambos difíceis de serem encontrados.
Uma boa oposição facilita o governo como o vento contrário serve a uma aeronave nas manobras. Vento de popa pode alongar e complicar além do limite da pista um pouso ou uma aterrissagem.
Desde épocas romanas, quando o império se alastrava e se fazia mais proveitoso para os dominantes e os dominados, a oposição tinha o papel de fiscalização, de crítica, impedindo excessos e erros na esbórnia de poder do governante. Os tribunos da plebe exerciam a defesa do interesse popular, eram a institucionalização do freio, enquanto o cônsul era o acelerador.
Podemos voltar a um passado recente e rever o papel do próprio Partido dos Trabalhadores como determinante para evitar excessos conservadores. Em certos momentos intolerantes ao extremo, contudo, com o passar dos anos, se constatou que a oposição serviu para melhorar a democratização do Estado republicano.
O PT, especializado no manejo do estilingue, no governo tem procurado tratar a oposição não como adversária, mas como inimiga, e relegá-la, assim, a um nível em que perdeu sua utilidade. José Dirceu e a primeira onda do governo Lula procuraram silenciar ou eliminar de várias formas o incômodo de ter uma oposição que nunca foi entendida como o freio da locomotiva do poder. Provavelmente, hoje agiriam de forma mais cautelosa.
Internamente ao partido e externamente a ele, tem havido de forma equivocada a eliminação de opositores. Até o devaneio da lei da mordaça, a restrição ao exercício do Ministério Público, e a limitação da liberdade de imprensa foram temas e objetos de ações que voltaram mais recentemente como feitiço ao feiticeiro.
O vento de popa acelera a velocidade, mas dificulta as manobras e deixa curta a pista de pouso. Aquela que faltou nos momentos em que Dilma precisava de escala para reabastecer.
Uma oposição cooptada com vantagens e partilhas escusas tem se revelado um desastre no mensalão e tem se amplificado no petrolão.
Culminou agora com Eduardo Cunha, o aliado que fugiu de controle. O facilitador passou a ser o destruidor do império do PT. Um Átila contemporâneo, o bárbaro que devastou Roma ganhando a fama de “onde pisa o seu cavalo, não nasce mais um fio de grama”.
O rei dos unos, comandando um exército tosco e cruel, “ousou” invadir em 453 d.C. os limites “sagrados de Roma” e devastar o centro do império enfraquecido. Eduardo Cunha repete a sanha dos unos no império que perdeu forças por seus erros e excessos.
Embora os méritos, ou as culpas, recaiam eternamente sobre Cunha, a razão da queda do “império” deverá se encontrar no fracasso das principais medidas adotadas por Dilma, que levaram ao vendaval econômico e social em ato.
O colapso do sistema produtivo, do motor de arrecadação, é a principal culpa de Dilma, do imperdoável. No verbete enciclopédico, a primeira presidenta será descrita como comandante de um “fracasso dos setores de produção”.
O cidadão devota ao presidente da República, e a qualquer governante, o respeito e a torcida para que atinja bons resultados. As ações acertadas beneficiam a nação, e poucos são tão obtusos de torcer para o pior de um governante, independentemente da ideologia e dos rótulos. Torcer pela derrota do próprio time?
O fracasso respinga dentro de casa, na população. Poucos gostam de sofrer.
A oposição exercida de forma democrática precisa saber discordar, mostrar-se melhor e mais capacitada para governar, não para destroçar o país.
Mas, infelizmente, temos muitos que fazem da política uma profissão e distorcem a realidade sem disfarçar a cobiça pelo poder, evidentemente pelo desfrute. Assim, a oposição exercida além do limite do interesse nacional é desastrosa.
Precisamos tanto de bons “opositores” como de bons governantes. Ambos difíceis de serem encontrados.
A soma de todos os medos significa que não sobrou nada
Michel Temer pode não dar certo, em especial pelos nomes que têm sido especulados para o novo ministério. Com raras exceções, mas com muitas regras, há figuras que deveriam estar na cadeia em vez de prontas para tomar posse na quinta-feira. Em vez de escolher notáveis, desvinculados das futricas partidárias, vão surgindo nulidades. Terão condições de tirar o país do abismo? A três dias do desaparecimento de Dilma, inexiste um plano de governo do sucessor, ignorando-se o que fará para combater o desemprego, a alta do custo de vida, o aumento dos impostos e a corrupção.
Eduardo Cunha foi para o espaço, ameaçado de prisão preventiva se der mais uma palavra para tirá-lo do roteiro de horror. A Câmara imagina substituir seu ex-presidente por uma esmaecida cópia, ao tempo em que sobre o Senado pairam nuvens de tempestade, tornando-se Renan Calheiros a bola da vez.
O empresariado encolheu-se, evitando colaborar numa recuperação na qual não acredita, ao tempo em que as centrais sindicais saíram de cena e a classe média busca apenas sobreviver, sabendo que não vai dar.
Para todo cenário em que procuramos depositar esperanças, fecha-se o palco. O sentimento predominante no país é de medo. Não há quem deixe de imaginar o pior. Caracteriza-se a soma de todos os medos, expressa no vaticínio de que não vai dar certo. E não dando, qual a alternativa?
Dias atrás floresceu a proposta de eleições imediatas em todos os níveis, de Norte a Sul. Logo desfez-se a ilusão, com a evidência de que não mudará nada pelo comparecimento da população às urnas. Os candidatos serão os mesmos. Os eleitores, também. O modelo, igualzinho ao atual.
Milagres, faz muito que não acontecem. Nem parlamentarismo nem monarquia, muito menos ditadura dariam jeito. Proibir todo tipo de reeleição seria um risco, pois quem garante que os próximos seriam melhores do que os atuais?
Em suma, entre tantos mensalões e petrolões, incompetência e corrupção, frustrações e decepções, não sobrou nada.
Eduardo Cunha foi para o espaço, ameaçado de prisão preventiva se der mais uma palavra para tirá-lo do roteiro de horror. A Câmara imagina substituir seu ex-presidente por uma esmaecida cópia, ao tempo em que sobre o Senado pairam nuvens de tempestade, tornando-se Renan Calheiros a bola da vez.
O empresariado encolheu-se, evitando colaborar numa recuperação na qual não acredita, ao tempo em que as centrais sindicais saíram de cena e a classe média busca apenas sobreviver, sabendo que não vai dar.
Dias atrás floresceu a proposta de eleições imediatas em todos os níveis, de Norte a Sul. Logo desfez-se a ilusão, com a evidência de que não mudará nada pelo comparecimento da população às urnas. Os candidatos serão os mesmos. Os eleitores, também. O modelo, igualzinho ao atual.
Milagres, faz muito que não acontecem. Nem parlamentarismo nem monarquia, muito menos ditadura dariam jeito. Proibir todo tipo de reeleição seria um risco, pois quem garante que os próximos seriam melhores do que os atuais?
Em suma, entre tantos mensalões e petrolões, incompetência e corrupção, frustrações e decepções, não sobrou nada.
Gaveta vazia
Lá vai o governo de Dilma Rousseff caminhando para o seu fim a cada dia que passa, e enquanto não se chegar ao desfecho o público em geral vai ficar com a atenção dividida entre as questões práticas que realmente interessam ─ como será, e o que vai fazer, o novo governo? ─ e a barulheira de algo que corre o risco de ser chamado “luta de resistência”. Resistência a quê, mais exatamente? O ato de resistir, para ser de algum interesse concreto, normalmente requer que o resistente tenha alguma chance real de mudar a situação que se recusa a aceitar. Se não for assim, é apenas vaia de arquibancada ─ a torcida que perde fica xingando o juiz, a diretoria do time, o técnico, os jogadores, a bola, e no fim o resultado marcado no placar continua o mesmo.
Dilma, o ex-presidente Lula, o PT e a esquerda inconformada com o impeachment passam os dias correndo daqui para lá à procura de um portento qualquer, possivelmente sobrenatural, para poderem continuar mandando. Mas essas coisas em geral não existem no mundo da realidade. Para terem uma perspectiva séria de evitar o que vem por aí, Lula, Dilma e o seu sistema precisariam, obrigatoriamente e com urgência, oferecer à população um mínimo de atrativos coerentes em favor dos seus desejos. E aí é que está: não têm nada de útil a oferecer. Sua gaveta está vazia.
Falta gente, para começar. Lula e o governo que neste momento caminha para o cemitério não juntam multidão na rua, como os seus adversários foram capazes de juntar. Não se espera, por exemplo, mais de 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista gritando “Fica Dilma!”, ou “Fora Temer!”. Faltam senadores para absolver Dilma da deposição, assim como faltaram deputados para impedir que fosse julgada no Senado ─ ela tinha mais ou menos 100 votos do seu lado quando a Câmara começou a decidir o caso, acabou com pouco mais que isso quando a votação se encerrou. Falta um plano concreto, imediato e compreensível para melhorar qualquer coisa que a população quer que melhore já. Não têm, nem Lula nem, menos ainda, Dilma, mais que 20% nas pesquisas de opinião. Não têm um “programa de oposição”, como imaginam neste momento de anarquia mental em que estão dentro e fora do governo ao mesmo tempo. Será cômodo dizer, daqui a pouco, que há 10 milhões de desempregados; o difícil será convencer o eleitorado de que Dilma e o PT não têm nada a ver com isso, ou com os hospitais em estado de calamidade, a recessão, as placas de “vendese” e “aluga-se”, e por aí afora.
O ex-presidente, ao mesmo tempo, quer que acreditem nele quando diz que está enfrentando uma “quadrilha” política ─ mas de que jeito, se passou os últimos treze anos vivendo como sócio dessa mesma “quadrilha”, que levou para dentro do governo e à qual até outro dia, num hotel de Brasília, estava tentando agradar com oferta de empregos?
O governo tem oferecido, isto sim, algo parecido a um projeto de guerra civil ─ ou pelo menos é o que vem dizendo em público, com ameaças de sabotagem econômica, greve geral, “parar o país” etc., se for seguido o único caminho legal que existe para a substituição de Dilma, ou seja, a posse do vice-presidente Michel Temer. O PT já decidiu que o governo a ser formado por decisão do Congresso Nacional e do STF é “ilegal”; promete que não vai dar “um dia de sossego” a quem ficar na cadeira de Dilma.
Lula e seu partido vão mesmo tentar seguir por aí? Pode ser, mas não se sabe se terão os meios reais de fazer o que propõem. Além do mais, quantos votos pode render uma coisa dessas? Têm sido ofertados, também, episódios de cuspe; não está claro se isso será promovido à categoria de “ato político de resistência”. Sobram tentativas de fazer com que o Brasil receba punições “internacionais”, possivelmente de entidades invisíveis como Unasul, Parlasul, ou coisas assim ─ mas quantos eleitores de carne e osso estariam preocupados com isso? Querem que a Operação Lava Jato “pegue” os que estão indo para o governo. E as bombas que podem estourar contra Lula, Dilma e os amigos? Só seria interessante se a Justiça parasse as investigações contra eles e começasse a investigar só os outros. Ou estão esperando uma anistia geral?
A questão real, para Lula e todo o seu universo, é clara: é impossível conseguir o que estão querendo por qualquer meio que esteja fora da lei. Dentro da lei a única saída disponível é recuperar o governo pelo voto, e a próxima oportunidade para isso é a eleição presidencial de 2018. O resto é muita conversa de “resistência” – e nada mais.
Dilma, o ex-presidente Lula, o PT e a esquerda inconformada com o impeachment passam os dias correndo daqui para lá à procura de um portento qualquer, possivelmente sobrenatural, para poderem continuar mandando. Mas essas coisas em geral não existem no mundo da realidade. Para terem uma perspectiva séria de evitar o que vem por aí, Lula, Dilma e o seu sistema precisariam, obrigatoriamente e com urgência, oferecer à população um mínimo de atrativos coerentes em favor dos seus desejos. E aí é que está: não têm nada de útil a oferecer. Sua gaveta está vazia.
O ex-presidente, ao mesmo tempo, quer que acreditem nele quando diz que está enfrentando uma “quadrilha” política ─ mas de que jeito, se passou os últimos treze anos vivendo como sócio dessa mesma “quadrilha”, que levou para dentro do governo e à qual até outro dia, num hotel de Brasília, estava tentando agradar com oferta de empregos?
O governo tem oferecido, isto sim, algo parecido a um projeto de guerra civil ─ ou pelo menos é o que vem dizendo em público, com ameaças de sabotagem econômica, greve geral, “parar o país” etc., se for seguido o único caminho legal que existe para a substituição de Dilma, ou seja, a posse do vice-presidente Michel Temer. O PT já decidiu que o governo a ser formado por decisão do Congresso Nacional e do STF é “ilegal”; promete que não vai dar “um dia de sossego” a quem ficar na cadeira de Dilma.
Lula e seu partido vão mesmo tentar seguir por aí? Pode ser, mas não se sabe se terão os meios reais de fazer o que propõem. Além do mais, quantos votos pode render uma coisa dessas? Têm sido ofertados, também, episódios de cuspe; não está claro se isso será promovido à categoria de “ato político de resistência”. Sobram tentativas de fazer com que o Brasil receba punições “internacionais”, possivelmente de entidades invisíveis como Unasul, Parlasul, ou coisas assim ─ mas quantos eleitores de carne e osso estariam preocupados com isso? Querem que a Operação Lava Jato “pegue” os que estão indo para o governo. E as bombas que podem estourar contra Lula, Dilma e os amigos? Só seria interessante se a Justiça parasse as investigações contra eles e começasse a investigar só os outros. Ou estão esperando uma anistia geral?
A questão real, para Lula e todo o seu universo, é clara: é impossível conseguir o que estão querendo por qualquer meio que esteja fora da lei. Dentro da lei a única saída disponível é recuperar o governo pelo voto, e a próxima oportunidade para isso é a eleição presidencial de 2018. O resto é muita conversa de “resistência” – e nada mais.
Olhai as ruas, Temer!
Não sou ingênuo e sei que os partidos terão de ser contemplados na distribuição de cargos. Mas será um erro grave se o futuro presidente não reduzir significativamente o número de ministérios, se não enxugar a máquina federal, se não demonstrar de forma inequívoca que os partidos é que têm de aderir a um novo eixo de valores, não o presidente aos velhos valores do mercadão.
Pense na rua verde-amarela, Michel Temer. Ela está viva e cobra um novo padrão.
Malaise
Malaise, martírio, padecimento, mal-estar. Sensação profunda de desconforto, de desilusão, suor frio de angústia no corpo, gelado pelo desespero que procura os limites do intervalo entre duas felicidades. Enquanto o Brasil discute as coisas da política e a insensatez de nossa governante, o sofrimento da população é desnudado pelos indicadores econômicos, dados que expõem com frieza exata histórias de desalento e amargura, histórias de um cotidiano de desvarios.
Economistas valem-se de artifícios diversos para medir o bem-estar de diferentes sociedades: do PIB à distribuição de renda, dos subjetivos “índices de felicidade” ao concreto índice de desenvolvimento humano. Mas este não é um artigo sobre o bem-estar. Este artigo é sobre o mal-estar, a malaise que assola toda a população brasileira, sobretudo a classe média vulnerável, a classe C, aquela que desaparece depois de tanto furor.
O Índice de Mal-Estar, ou Misery Index, foi criado pelo economista americano Arthur Okun com o intuito de medir a qualidade de vida do cidadão médio de um país. Trata-se de indicador simples, da soma entre a taxa média de inflação de determinado período com a taxa de desemprego do mesmo período.
O Índice de Mal-Estar dos EUA, depois de atingir 11,2 em 2010, caiu mais da metade, para 5,3 no ano passado. Em 2015, o Índice de Mal-Estar da China era de 7,2, do México, 6,9; da Colômbia, 13,8. O Índice de Mal-Estar do Brasil, usando os dados da Pnad Contínua trimestral do IBGE, foi de 19,7 em 2015, ou quase o dobro do ano anterior. Ou seja, a aguda acentuação da malaise é inequívoca.
Interpelada dia desses aqui nos EUA sobre o porquê de não estarmos vendo tantos defensores de Dilma nas ruas, estridências golpistas à parte, respondi em números. Meu interlocutor preferiu não brigar com os dados, um sábio.
A tragédia brasileira vai ainda mais longe do que expus. O Índice de Mal-Estar brasileiro, tal qual calculado, dá uma ideia do que acontece com a economia como um todo. Mas e as classes mais desfavorecidas? E a classe média vulnerável? Afinal, o que tem ocorrido com a classe C?
Ainda usando os dados abertos da Pnad Contínua do IBGE e utilizando o IPC-C1 compilado pela Fundação Getúlio Vargas, isto é, a chamada “inflação da baixa renda” frequentemente citada nos jornais, constata-se o seguinte: 16,2% da camada da população brasileira com ensino médio incompleto ou equivalente estava desempregada no último trimestre de 2015 – no mesmo período de 2014, a taxa de desemprego para essa faixa da sociedade era de 11,6%. Se tomarmos essa camada da população como proxy para a chamada classe C, e levarmos em conta que a inflação medida pelo IPC-C1 da FGV em 2015 foi de 11,5%, ou seja, cerca de 1 ponto porcentual maior do que a inflação para o ano medida pelo IPCA, chegamos a um Índice de Mal-Estar de 27,7 para esse estrato da população brasileira.
Tal constatação merece destaque. Enquanto o Índice de Mal-Estar Nacional subiu espantosamente entre 2014 e 2015, apenas em 2015 o Mal-Estar, o sofrimento, a malaise da classe C foi cerca de 40% maior do que se viu em todo o País.
Trocando em miúdos, a classe C, aquela que surgiu gloriosa nos anos do lulopetismo em razão de políticas que claramente não tinham sustentação de longo prazo é, hoje, a que mais sofre as consequências do desastre econômico brasileiro, conforme muitos de nós alertamos.
Dilma insiste em vender a quem ainda lhe der ouvidos a ideia de que os problemas do desemprego no Brasil são fruto da crise externa. Contudo, a classe C sofrida, essa cujo mal-estar clama pela trégua, pelo fim da desgraça, não perdeu empregos por causa da crise internacional. A classe C perdeu empregos, sobretudo, nos setores de serviços e comércio, estrangulados pela recessão. Eis, portanto, mais um desafio para o governo que vier: o resgate urgente de uma classe C reduzida a pó pela grande mentira do lulopetismo.
Deixo-os, leitores, com duas reflexões: “O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades” (Vinicius de Moraes); “Suporta-se com paciência a cólica dos outros” (Machado de Assis). Escolham a sua preferida.
Monica de Bolle
Economistas valem-se de artifícios diversos para medir o bem-estar de diferentes sociedades: do PIB à distribuição de renda, dos subjetivos “índices de felicidade” ao concreto índice de desenvolvimento humano. Mas este não é um artigo sobre o bem-estar. Este artigo é sobre o mal-estar, a malaise que assola toda a população brasileira, sobretudo a classe média vulnerável, a classe C, aquela que desaparece depois de tanto furor.
O Índice de Mal-Estar dos EUA, depois de atingir 11,2 em 2010, caiu mais da metade, para 5,3 no ano passado. Em 2015, o Índice de Mal-Estar da China era de 7,2, do México, 6,9; da Colômbia, 13,8. O Índice de Mal-Estar do Brasil, usando os dados da Pnad Contínua trimestral do IBGE, foi de 19,7 em 2015, ou quase o dobro do ano anterior. Ou seja, a aguda acentuação da malaise é inequívoca.
Interpelada dia desses aqui nos EUA sobre o porquê de não estarmos vendo tantos defensores de Dilma nas ruas, estridências golpistas à parte, respondi em números. Meu interlocutor preferiu não brigar com os dados, um sábio.
A tragédia brasileira vai ainda mais longe do que expus. O Índice de Mal-Estar brasileiro, tal qual calculado, dá uma ideia do que acontece com a economia como um todo. Mas e as classes mais desfavorecidas? E a classe média vulnerável? Afinal, o que tem ocorrido com a classe C?
Ainda usando os dados abertos da Pnad Contínua do IBGE e utilizando o IPC-C1 compilado pela Fundação Getúlio Vargas, isto é, a chamada “inflação da baixa renda” frequentemente citada nos jornais, constata-se o seguinte: 16,2% da camada da população brasileira com ensino médio incompleto ou equivalente estava desempregada no último trimestre de 2015 – no mesmo período de 2014, a taxa de desemprego para essa faixa da sociedade era de 11,6%. Se tomarmos essa camada da população como proxy para a chamada classe C, e levarmos em conta que a inflação medida pelo IPC-C1 da FGV em 2015 foi de 11,5%, ou seja, cerca de 1 ponto porcentual maior do que a inflação para o ano medida pelo IPCA, chegamos a um Índice de Mal-Estar de 27,7 para esse estrato da população brasileira.
Tal constatação merece destaque. Enquanto o Índice de Mal-Estar Nacional subiu espantosamente entre 2014 e 2015, apenas em 2015 o Mal-Estar, o sofrimento, a malaise da classe C foi cerca de 40% maior do que se viu em todo o País.
Trocando em miúdos, a classe C, aquela que surgiu gloriosa nos anos do lulopetismo em razão de políticas que claramente não tinham sustentação de longo prazo é, hoje, a que mais sofre as consequências do desastre econômico brasileiro, conforme muitos de nós alertamos.
Dilma insiste em vender a quem ainda lhe der ouvidos a ideia de que os problemas do desemprego no Brasil são fruto da crise externa. Contudo, a classe C sofrida, essa cujo mal-estar clama pela trégua, pelo fim da desgraça, não perdeu empregos por causa da crise internacional. A classe C perdeu empregos, sobretudo, nos setores de serviços e comércio, estrangulados pela recessão. Eis, portanto, mais um desafio para o governo que vier: o resgate urgente de uma classe C reduzida a pó pela grande mentira do lulopetismo.
Deixo-os, leitores, com duas reflexões: “O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades” (Vinicius de Moraes); “Suporta-se com paciência a cólica dos outros” (Machado de Assis). Escolham a sua preferida.
Monica de Bolle
Exercício do desprezível
Política é exercício de poder, poder é o exercício do desprezível. Desprezível é tudo aquilo que não colabora para o enriquecimento do humano, mas para a sua (ainda) maior degradação. Como se fosse possível. Pior é que sempre é. (…) Ah, a grande náusea por esses pequenos poderosos, que ferem e traem e mentem em nome da manutenção de seu ego imensamente medíocre. Porque sem ferir, nem trair, nem mentir tudo cairia por terra num estalar de dedos. Eu faço assim — clack! — e você desmonta. Eu faço assim — clack! — e você desaparece. Mas você não desmonta nem desaparece: você é que manda, essa ilusão de poder te mantém. Só que você não existe, como não existe nem importa esse mundo onde você se julga senhor. O outro lado, o outro papo, o outro nível — esses, meu caro, você nunca vai saber sequer que existem. Essa é a nossa vingança, sem o menor esforço.Caio Fernando Abreu
Os bodes de Cabrobó
Encravada no sertão pernambucano, a 531 quilômetros do Recife, a pequena Cabrobó, de 32 mil habitantes, talvez seja uma das cidades mais usadas e abusadas pelo populismo petista, que dela faz gato e sapato há mais de uma década. Lá, o ex Lula garantiu, em 2009, que a transposição das águas do Rio São Francisco estaria concluída em 2012, e Dilma Rousseff reiterou as juras de um futuro redentor em gravações para as campanhas de 2010 e 2014. Na sexta-feira, sem a maquilagem dos programas eleitorais, a presidente repetiu o cenário. Foi patético.
Dilma, que na próxima quarta-feira deverá ser afastada por até 180 dias pelo Senado, com chances quase nulas de sucesso no veredito final, continua a esbravejar, dizendo-se inocente e vítima de usurpadores. Confusa na forma e no conteúdo, bate em uma mesma tecla ou fala disparates. Ou os dois. Tropeça até em ditos populares. Chegou a se atribuir a figura de lixo ao dizer que não vai para “debaixo do tapete”.
Mas, se lapsos de linguagem são perdoáveis – quanto mais no discurso de Dilma, enriquecedor do anedotário nacional -, o mesmo não se pode dizer quando se manipula o público com a ladainha de que o próximo governo vai acabar com programas sociais.
Sem o glamour conferido pelo marqueteiro João Santana, preso pela Lava-Jato, ela repete as mesmas mentiras da campanha que a reelegeram e a condenaram de vez.
Em Cabrobó, onde menos de um terço da população tem acesso a água tratada e coleta de esgoto é luxo absoluto, Dilma citou o Água para Todos, programa de desempenho modestíssimo, não só no sertão pernambucano, mas junto aos mais de 30 milhões de brasileiros que não sabem o que é uma torneira.
Especificamente no quesito programas sociais, melhor seria Dilma se calar. De seu governo saíram os maiores cortes de que se tem notícia, obrigatórios depois de uma gastança infinda com o propósito de se reeleger.
Ao passar a faca no PAC, em 2015, seu governo cortou investimentos de R$ 25,7 bilhões, R$ 6,9 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida, menina dos olhos da presidente. O Pronatec perdeu mais de R$ 1,4 bilhão, o Fies diminuiu de tamanho. Soma-se aí o peso de 11 milhões de desempregados que engrossam a massa da população vulnerável, a falta de tudo nos hospitais, a possibilidade de acabar o dinheiro para a Farmácia Popular e o Samu, admitida pelo ministro interino da Saúde.
A escolha de Cabrobó para mais uma cerimônia de adeus de Dilma – ela tem realizado uma ou mais por dia - definitivamente não é um acaso.
A transposição das águas do São Francisco, sempre prometida para ser entregue no ano seguinte que nunca chega, é uma obra monumental, daquelas que político algum quer que outro coloque a placa. Mesmo que com ela venham superfaturamento, desvios e ladroagens.
Planejada no melhor estilo do “rouba, mas faz”, a obra petista beira incluir o “não” na frase que imortalizou Adhemar de Barros e impulsionou Paulo Maluf.
Prevista no PPA que Lula enviou para o Congresso Nacional em 2004, a transposição começou em 2007 com soldados do Exército depois de uma enormidade de polêmicas, questões ambientais relegadas e não resolvidas. E até greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio. Megalômana – bem ao gosto de Lula --, dizia que beneficiaria 12 milhões de nordestinos até 2012. Depois, até 2013, ou 2015. Agora, até o final de 2016. Orçada em R$ 4,2 bilhões, já sugou mais de R$ 8 bilhões, pagos a empreiteiras – Mendes Júnior, OAS, Galvão Engenharia - enlameadas acima do pescoço na Lava-Jato e na operação Vidas Secas da PF.
Em dezembro, Dilma inaugurou uma das bombas de Cabrobó, mas a cidade ainda não colheu benefício algum. O canal, segundo o jornal Folha de S. Paulo, já tem água, mas ninguém usa. Não existem ligações nem para consumo humano nem para irrigação.
Uns poucos bodes se desequilibram para beber a água transposta. Uma figura de linguagem apropriadíssima ao Brasil de hoje.
'Minha Casa' aumenta sob Dilma e nova prestação começa a vigorar sob Temer
A clientela mais pobre do ‘Minha Casa, Minha Vida’ terá uma desagradável surpresa. A partir de 1º de julho, os beneficiários do programa habitacional com renda familiar de até R$ 1,8 mil pagarão prestações mais caras. Nessa faixa, o valor mínimo mensal passará de R$ 25 para para R$ 80. Um salto de 220%. O valor máximo subirá de R$ 80 para R$ 270. Um salto ainda maior: 237,5%.
Na quarta-feira, o Senado se reúne para votar a admissibilidade do processo de impeachment. Confirmando-se a tendência de afastamento de Dilma Rousseff por até seis meses, os reajustes baixados por ela começarão a ser cobrados sob a presidência de Michel Temer. Farejando a oportunidade, Dilma jpga na confusão. Difunde a tese segundo a qual Temer e seus auxiliares são inimigos do social.
Há três dias, Dilma discursou numa cerimônia de entrega de casas em Santarém, no Pará. Suas palavras foram transmitidas simultaneamente para outras cidades onde houve distribuição de chaves —no Rio, em Minas, no Ceará e na Bahia. A presidente animou a plateia ao discorrer sobre cifras:
“Eu vou fazer uma pergunta: quem aqui pagava aluguel de até R$ 100,00? Ninguém. Até R$ 200,00? Até R$ 300,00? Quem vivia de favor? Quem vivia em área de risco? Sabe quanto que vocês vão pagar no programa Minha Casa, Minha Vida, não só vocês aqui, mas o pessoal de todas as cidades? Entre R$ 25 e R$ 50. E vão ter a casa própria de vocês.”
Dilma não fez menção ao iminente reajuste no preço das prestações. Preferiu falar do “golpe” de que se julga vítima. Sem citar o nome de Temer, insinuou que, querem derrubá-la para “acabar, reduzir ou rever o Minha Casa, Minha Vida.” Perguntou: “Como é que uma pessoa que quer fazer isso resolve o problema dela?” Apressou-se em responder: “Faz uma eleição indireta e veste a eleição indireta com a roupa do impeachment…”
Uma semana antes desse discurso de Dilma, o Banco do Brasil, um dos agentes financeiros do programa habitacional do governo, começou a endereçar cartas para prefeituras que participam de empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida. Anotou:
“Cientes da importância do programa governamental Minha Casa, Minha vida —PMCMV—, vimos informar-lhe das alterações dos valores das prestações dos empreendimentos […], Faixa 1, a partir de 01/07/2016, conforme abaixo estabelecido através da portaria ministerial número 99 de 30/03/2016:
– Prestação mínima atual R$ 25,00 – a partir de 01/07/2016 R$ 80,00.
– Prestação máxima atual R$ 80,00 – a partir de 01/07/2016 R$ 270,00”
A carta reproduzida na imagem foi remetida à prefeitura de Cruz das Almas, na Bahia. O prefeito da cidade, Ednaldo José Ribeiro, abespinhou-se. Na última sexta-feira (6), um dia depois do discurso de Dilma no município de Santarém, ele enviou um ofício à agência do Banco do Brasil na cidade.
No texto, o prefeito disse ao banco que “o município de Cruz das Almas é veementemente contra o aumento de valor das prestações” dos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida. Prometeu resistir: “Este ente público municipal cruzalmense tomará todas as medidas cabíveis para impedir o aumento abusivo .” Acrescentou que protocolará uma “representação no Ministério Público do Estado da Bahia.” Em carta aberta ao povo de sua cidade, o prefeito tomou distância dos reajustes. Declarou-se “indignado''.
Pioneiro da causa do impeachment, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), do grupo de Michel Temer, acusa: “Dilma quebrou o país, destroçou os programas sociais e se faz de boazinha. Na verdade, é uma irresponsável. No Dia do Trabalhador, anunciou o benefício do Bolsa Família sem dizer de onde vai tirar o dinheiro. Isso ela alerdeia. O reajuste do Minha Casa, Minha Vida ela esconde. Vai deixar para o Michel um terreno minado.”
No início de janeiro, a presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, dissera que as prestações da faixa de menor renda do Minha Casa, MInha Vida seriam reajustadas em 2016. Não antecipou os percentuais. “Esse aumento da prestação está em linha com o crescimento da renda das pessoas e do [preço do] imóvel”, disse ela.
Submetidos à recessão e ao desemprego crescente, muitos brasileiros, depois de ouvir as palavras da presidente da Caixa, poderiam pedir para ir viver no país descrito por ela, seja onde for.
Todos sabem que, se pudesse, o governo evitaria reajustar a mensalidade das casas populares. Mas a inflação, a queda na arrecadação de impostos e o desmantelo das contas públicas cobram providências. A fonte do subsídio, mercê da ruína produzida sob Dilma, minguou. O que inquieta é a ausência de transparência e o excesso de empulhação.
Na quarta-feira, o Senado se reúne para votar a admissibilidade do processo de impeachment. Confirmando-se a tendência de afastamento de Dilma Rousseff por até seis meses, os reajustes baixados por ela começarão a ser cobrados sob a presidência de Michel Temer. Farejando a oportunidade, Dilma jpga na confusão. Difunde a tese segundo a qual Temer e seus auxiliares são inimigos do social.
“Eu vou fazer uma pergunta: quem aqui pagava aluguel de até R$ 100,00? Ninguém. Até R$ 200,00? Até R$ 300,00? Quem vivia de favor? Quem vivia em área de risco? Sabe quanto que vocês vão pagar no programa Minha Casa, Minha Vida, não só vocês aqui, mas o pessoal de todas as cidades? Entre R$ 25 e R$ 50. E vão ter a casa própria de vocês.”
Dilma não fez menção ao iminente reajuste no preço das prestações. Preferiu falar do “golpe” de que se julga vítima. Sem citar o nome de Temer, insinuou que, querem derrubá-la para “acabar, reduzir ou rever o Minha Casa, Minha Vida.” Perguntou: “Como é que uma pessoa que quer fazer isso resolve o problema dela?” Apressou-se em responder: “Faz uma eleição indireta e veste a eleição indireta com a roupa do impeachment…”
Uma semana antes desse discurso de Dilma, o Banco do Brasil, um dos agentes financeiros do programa habitacional do governo, começou a endereçar cartas para prefeituras que participam de empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida. Anotou:
“Cientes da importância do programa governamental Minha Casa, Minha vida —PMCMV—, vimos informar-lhe das alterações dos valores das prestações dos empreendimentos […], Faixa 1, a partir de 01/07/2016, conforme abaixo estabelecido através da portaria ministerial número 99 de 30/03/2016:
– Prestação mínima atual R$ 25,00 – a partir de 01/07/2016 R$ 80,00.
– Prestação máxima atual R$ 80,00 – a partir de 01/07/2016 R$ 270,00”
A carta reproduzida na imagem foi remetida à prefeitura de Cruz das Almas, na Bahia. O prefeito da cidade, Ednaldo José Ribeiro, abespinhou-se. Na última sexta-feira (6), um dia depois do discurso de Dilma no município de Santarém, ele enviou um ofício à agência do Banco do Brasil na cidade.
No texto, o prefeito disse ao banco que “o município de Cruz das Almas é veementemente contra o aumento de valor das prestações” dos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida. Prometeu resistir: “Este ente público municipal cruzalmense tomará todas as medidas cabíveis para impedir o aumento abusivo .” Acrescentou que protocolará uma “representação no Ministério Público do Estado da Bahia.” Em carta aberta ao povo de sua cidade, o prefeito tomou distância dos reajustes. Declarou-se “indignado''.
Pioneiro da causa do impeachment, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), do grupo de Michel Temer, acusa: “Dilma quebrou o país, destroçou os programas sociais e se faz de boazinha. Na verdade, é uma irresponsável. No Dia do Trabalhador, anunciou o benefício do Bolsa Família sem dizer de onde vai tirar o dinheiro. Isso ela alerdeia. O reajuste do Minha Casa, Minha Vida ela esconde. Vai deixar para o Michel um terreno minado.”
No início de janeiro, a presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, dissera que as prestações da faixa de menor renda do Minha Casa, MInha Vida seriam reajustadas em 2016. Não antecipou os percentuais. “Esse aumento da prestação está em linha com o crescimento da renda das pessoas e do [preço do] imóvel”, disse ela.
Submetidos à recessão e ao desemprego crescente, muitos brasileiros, depois de ouvir as palavras da presidente da Caixa, poderiam pedir para ir viver no país descrito por ela, seja onde for.
Todos sabem que, se pudesse, o governo evitaria reajustar a mensalidade das casas populares. Mas a inflação, a queda na arrecadação de impostos e o desmantelo das contas públicas cobram providências. A fonte do subsídio, mercê da ruína produzida sob Dilma, minguou. O que inquieta é a ausência de transparência e o excesso de empulhação.
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