Dilma, o ex-presidente Lula, o PT e a esquerda inconformada com o impeachment passam os dias correndo daqui para lá à procura de um portento qualquer, possivelmente sobrenatural, para poderem continuar mandando. Mas essas coisas em geral não existem no mundo da realidade. Para terem uma perspectiva séria de evitar o que vem por aí, Lula, Dilma e o seu sistema precisariam, obrigatoriamente e com urgência, oferecer à população um mínimo de atrativos coerentes em favor dos seus desejos. E aí é que está: não têm nada de útil a oferecer. Sua gaveta está vazia.
O ex-presidente, ao mesmo tempo, quer que acreditem nele quando diz que está enfrentando uma “quadrilha” política ─ mas de que jeito, se passou os últimos treze anos vivendo como sócio dessa mesma “quadrilha”, que levou para dentro do governo e à qual até outro dia, num hotel de Brasília, estava tentando agradar com oferta de empregos?
O governo tem oferecido, isto sim, algo parecido a um projeto de guerra civil ─ ou pelo menos é o que vem dizendo em público, com ameaças de sabotagem econômica, greve geral, “parar o país” etc., se for seguido o único caminho legal que existe para a substituição de Dilma, ou seja, a posse do vice-presidente Michel Temer. O PT já decidiu que o governo a ser formado por decisão do Congresso Nacional e do STF é “ilegal”; promete que não vai dar “um dia de sossego” a quem ficar na cadeira de Dilma.
Lula e seu partido vão mesmo tentar seguir por aí? Pode ser, mas não se sabe se terão os meios reais de fazer o que propõem. Além do mais, quantos votos pode render uma coisa dessas? Têm sido ofertados, também, episódios de cuspe; não está claro se isso será promovido à categoria de “ato político de resistência”. Sobram tentativas de fazer com que o Brasil receba punições “internacionais”, possivelmente de entidades invisíveis como Unasul, Parlasul, ou coisas assim ─ mas quantos eleitores de carne e osso estariam preocupados com isso? Querem que a Operação Lava Jato “pegue” os que estão indo para o governo. E as bombas que podem estourar contra Lula, Dilma e os amigos? Só seria interessante se a Justiça parasse as investigações contra eles e começasse a investigar só os outros. Ou estão esperando uma anistia geral?
A questão real, para Lula e todo o seu universo, é clara: é impossível conseguir o que estão querendo por qualquer meio que esteja fora da lei. Dentro da lei a única saída disponível é recuperar o governo pelo voto, e a próxima oportunidade para isso é a eleição presidencial de 2018. O resto é muita conversa de “resistência” – e nada mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário