Não tente aplicar nas urnas; dá desarranjo mental
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Falta pudor na política brasileira
Alguns candidatos, mesmos suspeitos de corrupção, reaparecem nas eleições
Voltam as eleições no Brasil e com elas reaparecem
candidatos que demonstram carecer de um mínimo de pudor político. Eles não têm
escrúpulos ao se apresentarem ou ao serem representados, apesar de que paire
sobre eles a suspeita de corrupção. Lhes falta um mínimo de pudor que é a
antessala da dignidade.
A ciência ou a arte da política é antiquíssima. Plutarco, o
filósofo e historiador de origem grega que acabou sendo cidadão romano,
alertava com aquela frase que ficou famosa: “À mulher de César não basta ser
honesta, deve parecer honesta”. Hoje, dois mil anos mais tarde, se diria que
nossos políticos foram muito mais além, mas para o mal.
Não somente não se preocupam em parecer honrados como não se
preocupam em sê-lo, nem que se saiba que não são. Isso explica porque muitos
candidatos que se apresentam pedindo votos já foram condenados pela Justiça, ou
estão sob processo ou sob suspeita de delitos de corrupção.
Talvez exista algo pior, e esses políticos que nem se preocupam em ocultar seus delitos ou acusações sobre eles costumam ser os mais votados pelos cidadãos e os que recebem mais dinheiro para suas campanhas.
Amarcord
Trilha sonora de Nino Rota para o filme "Amarcord",
de Federico Fellini (1973), com Frida Boccara
Nada de confusão
Estamos todos surdos
Se, no plano individual, estar aberto à opinião do outro,
não para aceitá-la cegamente, mas para servir de contraponto às nossas crenças,
é necessário, no plano coletivo mais se faz imprescindível o estabelecimento do
diálogo. A democracia, que, como disse um estadista, é das formas de governo a
menos pior entre todas as que já foram tentadas, exige de nós a humildade de
aceitar que, nossa opinião, por mais que a prezemos e a consideremos a mais
sensata, a mais correta, a mais inteligente, é apenas mais uma num universo de
pensamentos, o mais das vezes bastante divergentes do nosso.
Se queremos construir uma verdadeira democracia, é
obrigatório que defendamos o direito de todos se manifestarem publicamente,
sejam quais forem seus pontos de vista. Mas, para que isso se efetive de
verdade, temos antes que aprender a ouvir o outro, a ser tolerantes com ideias
que divirjam das nossas. Coisa que, infelizmente, nesse momento, não temos
sabido fazer.
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