quinta-feira, 23 de junho de 2016

Democratas fazem 'sentaço" para cobrar controle de armas



Em algumas ocasiões, devemos fazer algo fora do comum. Ficamos calados por tempo demais. Esse é o momento. Não ficaremos em silêncio
John Lewis, líder dos democratas
Um grupo de congressistas democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos protagonizou nesta quarta-feira de manhã um protesto sentando no chão do Congresso para solicitar medidas que limitem a venda de armas. O chamados it-in é uma forma tradicional de desobediência civil usada em greves e, no passado, pelos negros para exigir respeito aos direitos civis. Os democratas têm cobrado dos republicanos que tomem ações após terem rejeitado possíveis medidas na segunda-feira no Senado, apenas uma semana depois do ataque de Orlando, o pior em território norte-americano desde os atentados de 11 de Setembro.

Bandos de ladrões (de casaca) assaltaram o Brasil

Lendo a edição de quarta-feira de O Globo, passamos a ter, mais do que a impressão, a certeza de que, nos últimos anos bandos organizados de ladrões de casaca assaltaram nosso país de norte a sul, não escapando praticamente setor público algum. Esta perplexidade emerge especialmente das reportagens de Gabriela Valente, Paulo Celso Pereira, Chico Otávio e Juliana Castro, e de Isabel Braga, Letícia Fernandes e Maria Lima. Isso no primeiro caderno.

E no segundo caderno? Neste deparamos com o superproblema da proposta de recuperação judicial da OI, um rombo da ordem de 65 bilhões de reais afetando 2.980 cidades, pouco mais da metade dos 5 mil e 600 municípios brasileiros. A reportagem de Daniele Nogueira, Danilo Fariello, Glauce Cavalcanti, Júlia Cole, Ramona Ordonez e Renan Setti ilumina o panorama extremamente crítico da empresa com fortes reflexos no sistema nacional de telefonia fixa. O que está acontecendo com o Brasil?

sponholz - Dilma Lula 2

Bandos organizados, e também desorganizados, tomaram de assalto a economia pública do país. E explodiram a maior parte das pontes sobre as águas revoltas que separam a honestidade da desonestidade, causando prejuízos imensos, cuja recuperação vai demandar pelo menos duas décadas, com previu o ministro Henrique Meirelles em relação à retomada do desenvolvimento econômico e social.

A esfera social sofreu as consequências mais intensas, refletidas e represadas no profundamente negativo fenômeno do desemprego. Pois o dinheiro público, de fato, foi transferido dos legítimos interesses públicos para os bolsos dos ladrões, inclusive em contas instituídas de forma disfarçada em bancos no exterior e trustes operados por fundos financeiros.
Um dos resultados desse verdadeiro assalto em série foi o de ter fomentado e ampliado ao máximo a concentração de renda. E não para sua redistribuição prevista entre os valores cristãos.

Ao invés de respeitar esse princípio humanístico, ocorreu uma voragem avassaladora, comprometendo líderes políticos, chantagistas, intermediários eternos ligados ao processo de poder, uma subtração direta e indireta dos recursos públicos. Por esse caminho, explica-se bem a falta de atendimento no campo da saúde pública, a falta de repasses financeiros legalmente previstos à educação, as lacunas de sempre na segurança pública.

Para se dimensionar bem a gravidade do sistema corrupto, basta dizer que, no primeiro plano, a vida humana depende da saúde, da segurança, do saneamento básico e da educação.

O conjunto essencial desses valores foi substituído pela fraude, pela extorsão, pela conivência do crime continuado. Tem-se a impressão, como passam as reportagens de O Globo de quarta-feira, que não se adquire nada nos serviços públicos sem que deixe de ser acrescentada a importância chamada “o por fora”.

Da mesma forma não se contrata obra alguma, seja de que dimensão for, sem que comissões que irrigam os canais da corrupção sejam pagas a alguns e, portanto, cobradas da sociedade brasileira como um todo.

Os ladrões, até a Operação Lava-Jato, tinham suas faces ocultas e seus nomes não apareciam nos jornais, revistas, emissoras de televisão. Agora, com suas identidades reveladas, passaram a ser reconhecidos pela opinião pública. Suspeitas de ontem transformaram-se nas certezas de hoje.

Um avanço, sem dúvida. Uma forma de estancar milhares de novos roubos. Mas os totais roubados dificilmente poderão ser reembolsados. Milhares de ladrões, infelizmente, saquearam 204 milhões de pessoas. Pois esta é a população brasileira que precisa recuperar, pelo menos a esperança.

Que o PT caminhe para a extinção, abandonado pelo povo

Edinho Silva, o ex-ministro da Comunicação Social de Dilma e que também é investigado na Lava Jato, já previu em entrevista que 2016 será um dos piores da história para o partido no que respeita à disputa eleitoral. Bem, acho que ele tem razão. Confio na vergonha na cara média dos brasileiros, não é? Um pouco de bom senso basta para não votar no partido que organizou o mensa-petrolão.

Não só isso: a crise chega depois de 13 anos de poder, sendo que os 22 que o antecederam foram dedicados à construção da imagem do monopolista da ética e da moralidade pública, atacando todas as outras forças políticas porque supostamente comprometidas com a corrupção.

Um dos sinais dessa dificuldade se revelou nesta quarta-feira. Embora esteja exercendo o terceiro mandato consecutivo na Bahia — agora com Rui Costa, depois de dois com Jaques Wagner —, o partido não terá candidatura própria à Prefeitura de Salvador. O Estado era um dos redutos eleitorais mais fortes do partido. É bem verdade que a legenda nunca conseguiu administrar a capital.

Os petistas vão se juntar ao PSB — que é petista-dilmista no Estado — e ao PCdoB para lançar uma candidata dessa legenda, a deputada Alice Portugal. ACM Neto, do DEM, atual prefeito, disputa a reeleição e é considerado por todos o favorito.

As pré-candidaturas do PT não teriam a menor chance de vingar. Um nome era Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura, que é simplesmente ignorado pelas bases do partido e pelo eleitorado mais pobre. Outro, o deputado federal Valmir Assunção, é mero braço do MST e afasta o eleitorado de classe média. Um terceiro, o vereador Gilmar Santiago, não conseguiu se eleger nem deputado estadual em 2014.

É claro que isso reflete a crise por que passa o partido. Já está certo que outras capitais do Nordeste também não terão candidatos próprios: Teresina, Aracaju, São Luís e João Pessoa. Ocorre que as dificuldades não se limitam a ser cabeça de chapa.

Segundo levantamento de abril, o partido perdeu 135 dos l38 prefeitos eleitos em 2012 (21,15%). Em alguns Estados, a situação é dramática. Em São Paulo, caíram fora 35 dos 73 (48%); no Paraná, 18 dos 40 (45%); no Rio, 7 dos 11 (63,63%).

Isso demonstra que nem os petistas acreditam nas histórias contadas pela direção do PT. A cada vez que vemos Lula ou Dilma, com suas bazófias, a anunciar amanhãs sorridentes para a legenda, devemos nos lembrar de qual é o sentimento real do eleitor.

Ora, um partido não consegue lançar um candidato quando não está em conexão com o sentimento das ruas. E vê a fuga de seus filiados quando já não consegue mais lhes oferecer um horizonte.

Que caminhe para a extinção, abandonado pelo povo. É o justo! É o merecido.