sexta-feira, 13 de março de 2015

Olhar presidencial

image

Exército do MST é a ameaça desta sexta-feira 13

Graças ao atabalhoado e desastrado Lula, Stédile frequenta as manchetes dos jornais diariamente. Não importa se pelo aspecto absolutamente negativo, mas o dono de um exército particular está na mídia, e tem sido a estrela do momento.

Dando a entender que é o dono da festa, manifestou que irá participar do apoio à presidente Dilma nesta sexta-feira 13, levando consigo seus soldados, que estiveram em manobras esta semana, invadindo prédios públicos e bloqueando estradas, treinando o modo de se fazerem presentes neste ato.

Evidente que a intenção do comandante Stédile não é somente apoiar a Dilma, mas enfrentar quem discorda do governo e clama pelo seu impedimento, pois conforme suas declarações na Venezuela, ele foi claro em bradar que a “burguesia e o imperialismo” estavam à frente desse “golpe”, e que a luta seria inevitável!

Ouvi o líder do MST bradando também que o povo brasileiro estava com Maduro! Stédile, um vagabundo profissional, falastrão, deveria estar na cadeia por se dizer representante do povo brasileiro no exterior e possuir exército particular.

Porém, como íntimo do poder central, goza de privilégios e põe sua milícia à disposição do governo para enfrentar os descontentes com esta administração corrupta e desonesta. E a justificativa é a tão sonhada luta de classes, que inclui a futura tomada do poder pelo pobres, pelos injustiçados.

O MST, que se movimentou em vários Estados da Federação esta semana, avisa que está a postos, disposto para o combate, animado para a luta. Centenas de ônibus despejarão gente do movimento nas grandes cidades, e não há dúvida a respeito de quem patrocina este pessoal, que não trabalha, não produz, não faz nada de útil, salvo atrapalhar o cidadão e impedi-lo de ir e vir.

Acredito, no entanto, que o mesmo ímpeto da Polícia Rodoviária Federal em desimpedir as estradas por conta da paralisação dos caminhoneiros que protestavam contra o preço do óleo diesel e pedágios, poderá haver nesta sexta-feira 23. Nada de corpo mole e condescendência com este grupelho de baderneiros, e o mesmo se espera das polícias militares nas ruas das cidades, quando a milícia do Stédile partir para o quebra-quebra, agressões e violências contra os que protestarem contra o governo.

Lula, o canalha e agitador, deu o pontapé inicial neste jogo, e Stédile traz o seu time para as cidades, em uma partida sem regras, sem juiz, valendo tudo. Este é o jogo final de um torneio mata-mata!
Francisco Bendl

Verdades


Lava Jato


Há lugares-comuns que a originalidade invade com fascinante reiteração. Já sabemos, por exemplo, de mil maneiras, que o Brasil não é precisamente a nação do bonsai, mas daquilo que em terras mais modestas se consideraria uma rotineira desmedida.

Quando se vê o dramático mural narrativo traçado pelas evidências e as confissões dos delatores qualificados e quando o crescente e já numeroso elenco de corruptos é composto pelos atores do poder político e empresarial da nação, o inédito alcance desse caso histórico é não apenas assombroso, mas torna também inevitável perguntar como o Brasil vai se virar para enfrentar as consequências funcionais da verdade.

A ação do caso Lava Jato é dirigida até agora por um grupo seleto de juízes, promotores e policiais que investiga, acusa e julga uma parte crucial da liderança empresarial e política da nação.

Enquanto vários gerentes e diretores investigados trocaram a suíte executiva pelo cárcere, algumas de suas empresas, que representam boa parte da face industrial do Brasil, já se encontram sacudidas por diversos graus de crise.

De fato, o que pode estar a ponto de afundar é toda uma forma de fazer negócios, corrupta e de promíscua amálgama entre o público e o privado, mas audaz e conquistadora ao mesmo tempo.

O que pode estar a ponto de afundar é toda uma forma de fazer negócios
Foi (é difícil pensar isso no futuro, mas nunca se sabe) um dos principais modelos nacionais de fazer negócios, dentro e fora das fronteiras do Brasil. Simultaneamente corrupto e bem-sucedido, cuja vantagem comparativa foi em muitos casos precisamente a corrupção — a desinibida destreza no seu manejo —, mas cujo sucesso não se explica apenas por ela.

Há apenas alguns meses, em outubro do ano passado, uma das reportagens premiadas no principal concurso latino-americano de jornalismo investigativo (o do IPYS/TILAC, no qual, caveat emptor, sou um dos jurados) foi dos jornalistas Fernando Mello e Flavia Foreque, da Folha de S.Paulo. A reportagem revelou que o ex-presidente Lula realizou ao menos 13 viagens para fora do Brasil patrocinadas e pagas por empreiteiras brasileiras. Lula, demonstrou a investigação, fez gestões a favor de empresas como Odebrecht, Camargo Corrêa e OAS, tanto na América Latina como na África. Na África, o lobby de Lula incluiu ditadores como Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial; na América Latina, presidentes acusados de corrupção em grande escala — como o ex-presidente Martinelli, no Panamá.

Tanto Lula como sua Fundação afirmaram que a atuação do ex-presidente foi em benefício dos interesses nacionais do Brasil.
Leia mais o artigo de Gustavo Gorriti 

As panelas de dona Dilma

Presidente Dilma Rousseff em seu programa eleitoral na TV  (Foto: Reprodução / YouTube)

Jonathan Swift, pensador irlandês que viveu de 1667 a 1745, diz que a maioria das pessoas é como alfinetes: suas cabeças não são o mais importante

Mentir é das artes mais difíceis e trabalhosas. Não é para qualquer alfinete, não. Quem quer ser um mestre na arte de enganar, tem que ter, em primeiro lugar, uma memória fabulosa e, em segundo lugar, respeitar o infeliz a quem mente. Acima de tudo, tem que ser diligente, estar sempre atento e não saber o que é preguiça, já que a mentira obriga o mentiroso a estar sempre fiando outras mentiras para sustentar a primeira que engendrou.

O grande erro dos políticos brasileiros é não ler, não estudar, não se aventurar entre os clássicos da literatura e querer, com sua rala cultura, fazer aquilo que Lincoln já advertia ser impossível e é: enganar a todos o tempo todo.

Vejam o PT e sua mentira mais usada: a vida que deu aos pobres. Quem nasceu, por exemplo, no último quartel do século 20 com certeza acredita que antes do PT aqui era o nada. Que os brasileiros nem sorrir sorriam, eram uns infelizes de pai e mãe. Antes do PT, era o breu!

Talvez nem acreditem que antes do PT o MDB, que pariu o PMDB, foi o partido no qual os brasileiros apaixonados pela liberdade e ansiosos pelo fim da ditadura mais confiaram.

Não os culpo. O PMDB, inerte, aquele que entra calado e sai mudo, não inspira que se acredite que já foi o berço de políticos que amavam mais o Brasil do que o Poder. De alguns que até abriram mão do Poder para preservar um país mais decente e com um futuro mais digno.

Leem Juca Kfouri, o jornalista do futebol, e acreditam quando ele garante que o repúdio demonstrado em várias cidades e bairros deste enorme Brasil ao engodo que foi a campanha e a consequente eleição de dona Dilma à Presidência da República foi “contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade”.

Gente diferenciada como dona Dilma, a filha de imigrante que deu certo. Ficam em êxtase diante da foto da presidente em sua modesta cozinha familiar, onde se vê, numa prateleira ao fundo, o xodó das cozinhas de todo o Brasil, o radinho.

Vestidinha com um simples blazer, a presidente da República tem nas mãos uma frigideira de onde despeja numa travessa o macarrão na manteiga que preparou para os seus.

Não sei o que a minha nonna diria de um macarrão que saiu da panela para uma frigideira, mas sei o que eu digo das panelas de dona Dilma: um luxo, um sonho dourado, são panelas Le Creuset!

Mas, acreditem, é uma típica cozinha pós-PT. Até no detalhe das orquídeas em vez da tradicional comigo-ninguém-pode.

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

A não isenção da isenção

Sistema atua por meio de múltiplas éticas e cada cargo ou pessoa as invoca em momentos e circunstâncias diferenciadas

Você violaria a lei mesmo ocupando um cargo com um salário de 500 mil por mês, como gerente da maior companhia de esterco do mundo? Pergunta o diabo.


Se olharmos o fato racionalmente, pelas lentes do neodarwinismo e da neurociência, a resposta é “não!”. Prevalece, diz o interrogado, a minha isenção em relação às propinas e ofertas fora da curva. Fico preso ao meu cargo. E, tal como um ator de novela, eu seria devotado ao meu papel.

Mas, continua o diabo, e se o diretor da peça por ambição, ideologia, incompetência e mediocridade entender que o drama, digamos, uma comédia tivesse que virar uma tragédia e, para tanto, embaralhasse o texto da peça?

Nesse caso, insiste o demo, você toparia deixar de lado a isenção devida ao papel e ao enredo, embolsando, além do seu maravilhoso salário, imensas fortunas recebidas “por fora”, recursos adicionados a, por exemplo, uma refinaria de esterco em construção?

Ou seja, você diria um “não” ao seu compromisso moral com a empresa e toparia ter uma invejável conta bancária, uma cobertura em Ipanema e uma offshore num paraíso fiscal socialista? Além de garantir uma vida de nobre para seus filhinhos?

Bem, nesse caso — pondera o interrogado pigarreando —, sabedor do objetivo de sabotar a peça e compreendendo que o esterco é matéria valiosa e procurada, eu começaria a duvidar.

Como assim?

Eis um dado crítico. No nosso país, a isenção não é apenas uma questão de seguir uma lei e honrar um cargo. Ela varia de acordo com quem você se enturma. Se o aval para abandonar a isenção ética vem de um adversário, surge a letra da lei; mas se ele vem de um companheiro — eu, como a grande maioria, faço de tudo! A regra legal será dispensada e englobada por um outro tipo de ética. Pois, neste caso, a dominação patrimonial ou carismática, fundada na ética da tradição familiar e do dar e receber, neutralizaria a esfera burocrática, justificando a tentação da falcatrua. A lei se curva diante dos amigos. Ademais, ela é, por natureza, desigual, pois protege quem ocupa certos cargos.

Então — insiste satanás, que está na lista dos 50 a serem investigados — nessas circunstâncias, a não isenção da isenção é uma norma?

Sim, porque o sistema atua por meio de múltiplas éticas e cada cargo ou pessoa as invoca em momentos e circunstâncias diferenciadas.

Então, ficar isento é impossível? Conclui o demônio.

Não, mas é recomendável. Como aquele famoso personagem da “Montanha Mágica”, de Thomas Mann, o campo chamado de “político” no Brasil, se caracteriza pelo hábito da falta de hábito. Deste modo, o bom político, como o bom malandro, tem como referência o velho Pedro Malasartes: ele não é isento porque ele segue a ética de jamais ser isento. O malandro, você conhece isso muito bem, só é honesto por malandragem!

Leia mais o artigo de Roberto DaMatta

Subtração

Eu sou a Subtração.
É diminuir o meu fim.
Saibam que essa operação
Não tem segredos para mim.

Dez menos sete são três;
Seis menos dois, quatro são.
E, de quatro tirar seis.
Pode ser? Não pode, não!

Mas infeliz de quem ousa
Cometer o crime feio
De subtrair uma cousa
Que pertence ao bolso alheio.
Bastos Tigre (1882-1957)

O maior problema de uma crise é não ser vista

É como o câncer invisível, que não apresenta sintomas e quando é descoberto já é muito tarde para qualquer tratamento. Isso parece estar acontecendo. Os mais importantes personagens para enfrentar a crise que atravessamos, a presidente Dilma Rousseff e sua base de apoio, parecem não perceber o tamanho da crise. Na oposição muitos parecem não ver também a gravidade e que a culpa é do governo, mas o problema é de todos nos.

Políticos apoiados e apoiadores do governo que tiveram seus nomes na lista do Ministério Público para inquérito não percebem o clima que a denúncia está provocando na credibilidade de todos os políticos,inclusive os que não estão na lista.

O discurso da presidente, no domingo passado, não passou sentimento da dimensão da crise, não reconheceu sua responsabilidade, nem acenou para uma forma de enfrentar o problema. Há pessoas que denunciam todos os descontentes como se fossem golpistas egoístas descontentes com a ascensão de classes pobres (ascensão, diga-se, absolutamente insatisfatória, pequena e insuficiente para qualquer pessoa com um mínimo de sentimento progressista e desejo de emancipar o povo, dar acesso igual à educação, saúde, justiça, melhorar a vida e não apenas, na lógica neoliberal, aumentar o consumo).

O grande jornalista Juca Kfoury disse que todos os manifestantes que bateram panelas na hora do discurso da Dilma são reacionários com ódio de classes contra os pobres. Esta é uma falta de visão que agrava a crise. Há um profundo descontentamento no ar, com as promessas descumpridas poucas semanas depois de feitas nas vésperas da eleição, com a inflação, com o descrédito dos políticos, todos, especialmente na base de apoio ao governo.

No DF, o bairro com maior manifestação contra o governo no domingo, Águas Claras, tem tradição de votar no PT, apoiar Lula e mesmo a Dilma até pouco tempo atrás. Não ver isso é agravar a crise.

Valdirene Aparecida

Os jornalistas, às vezes, chamam a atenção para os nomes estranhos que surgem nos escândalos políticos. Surgiu agora o de Valdirene Aparecida, que, apesar de inadimplente, teria recebido um empréstimo do Banco do Brasil, com dinheiro do BNDES. Os nomes parecem estranhos no noticiário, porque são nomes de batismo, de modo geral, como é comum na Bahia, uma fusão dos nomes do pai e da mãe.

Valdirene, por exemplo, muito provavelmente, é filha de Valdir com Irene. Tornou-se Val Marchiori, participou de um reality show, “Mulheres ricas”, e é apresentada como socialite. Vi alguns fragmentos do reality show. Valdirene não parecia apenas uma mulher rica, mas alguém fugindo intensamente dos hábitos da população mais humilde, marcados inclusive no seu nome composto: Valdirene, de Valdir e Irene, e Aparecida, talvez em homenagem à padroeira do Brasil.

Suas matérias de viagem eram custeadas por ela, que viaja em jatinho próprio. Val ofuscou Valdirene e conseguiu um espaço como apresentadora, repórter, blogueira e celebridade. Além disso, tinha grana para produzir as próprias matérias. Dizem os jornais que Valdirene e Aldemir eram amigos, viajavam juntos, e, juntos, decidiram pelo empréstimo no BB, onde Aldemir era presidente.

Ele é um dos executivos ligados ao PT. Chegou ao máximo da carreira ao ser indicado para a presidência de uma Petrobras em transe. E teve esse caso na vida, uma loira como cliente bancária.

A senadora Marta Suplicy já registrou o problema da cor do cabelo no PT, ao afirmar que havia três candidatas mulheres à presidência, Dilma, Marina e ela. Mas observou que não tinha nenhuma chance, pois era a única loira.

No auge da crise internacional, Lula acusou os loiros de olhos azuis de terem arruinado a economia mundial. Se falou isso é porque, em alguma camada de seu inconsciente, acredita na maldade intrínseca dessa gente branca.

Valdirene também é loira. Sua trajetória de fuga da pobreza e a adoção entusiástica de um consumo de luxo aparentemente são sinais de afastamento da galáxia petista. No entanto, no fundo, têm tanto ela como o PT o mesmo deslumbramento com a riqueza. A passagem de Lula pelo Copacabana Palace, no período eleitoral, mostra que ele tem os mesmos e talvez mais caros hábitos que a própria socialite.

A sensação que tenho é de que Lula gostaria de ter a mesma trajetória de Val Marchiori. Sua fúria contra os ricos e os loiros de olhos azuis esconde um grande desejo de imitá-los.

No Brasil, há quem ganhe Bolsa Família, há quem ganhe bolsa Louis Vuitton do BNDES. A diferença, como tenho acentuado, é o sigilo do BNDES.

Sinceramente, espero que ela não se ofenda, mas a bolsa de Val Marchiori é uma mixaria perto do que os outros ricos empresários estão levando. E revela algo característico da burguesia brasileira, sobretudo aquela que o PT considera a elite do B porque o apoia, incondicionalmente. Eles esbanjam dinheiro.

Val tem dinheiro para viajar no próprio jatinho e financiar suas aventuras jornalísticas. Mas, quando precisa de uma graninha extra, vai ao Banco do Brasil, que, por sua vez, aciona o crédito do BNDES. Os donos da Friboi buscam dinheiro no BNDES e, ao mesmo tempo, destinam R$ 250 milhões à campanha do PT.

A trajetória de Aldemir e Valdirene passaria em branco para mim. Não me importo com a vida dos outros nem me disponho a patrulhar gastos alheios quando não se originam em dinheiro público.

No entanto, há uma trajetória comum dos ricos que orbitam em torno dos governos petistas e bolivarianos. Prosperam num discurso de amor à pobreza, mas, no fundo, querem apenas mais dinheiro.

Valdirene é uma exceção. Nunca a vi elogiar a pobreza, nos poucos minutos em que a ouvi, jamais manifestou amor pelos pobres, algo que é muito comum nos nossos salvadores populistas.

Ao contrário, encarna apenas um espírito elitista, que quer se diferenciar através do consumo de luxo e escolhas sofisticadas.

O PT ama os pobres, tão falsamente como é possível amar os pobres, a Humanidade e outras grandes abstrações.

Mas Valdirene e Lula navegam no mesmo transatlântico de luxo que está se afundando e não nos deixam outra saída, exceto seguir tocando nosso piano, humildemente, enquanto a farsa não se revela em toda a sua amplitude.

O ideal seria tocar a sirene enquanto o drama se precipita sem as máscaras do carnaval. Mas isso é uma tarefa para se pensar na Quarta-feira de Cinzas.

As últimas pesquisas sobre Dilma confirmam minhas intuições de repórter de rua. A confiança está desabando, e o edifício pode cair. Só nos resta repetir em escala nacional o conselho do prefeito do Rio aos moradores de área de risco: acreditem na sirene quando ela tocar.