terça-feira, 27 de outubro de 2015
O que sobra e o que falta para o Brasil não afundar
O Brasil de hoje parece um túnel sem saída. Na política, na economia e na disputa acirrada no interior de uma sociedade que parece viver uma guerra civil dialética, dominada por uma palavra maldita:impeachment, que condiciona e paralisa tanto a vida do Governo quanto a da oposição.
Enquanto isso, o país perde prestígio no exterior e vê crescer a desilusão internamente. E o pior de tudo é que isso é algo velho, infrutífero, que impede o surgimento de alternativas capazes de recolher os escombros da guerra e oferecer algo novo capaz de convencer e até mesmo de criar novas ilusões na sociedade. Algo que todos aguardam, pois, caso contrário, o Brasil continuará a descer ladeira abaixo e quem mais sofrerá com isso serão os mais vulneráveis, os que menos responsabilidade têm pela criação da crise, que afeta a todos.
Geralmente, em momentos de mudança, quando um tipo de política calcificada no poder deixa de convencer e de dar frutos, a função de apresentar uma alternativa confiável cabe à oposição. Ela é que precisa convencer a sociedade, que se encontra atrofiada após uma permanência tão prolongada do mesmo grupo no poder.
Onde está, porém, no Brasil, essa força de oposição capaz de convencer a sociedade e lhe devolver a esperança perdida?
Onde está esse programa alternativo ao grupo que está hoje no poder e que já demonstrou ter esgotado a sua credibilidade, que se mostra fragilizado pelos escândalos de corrupção e pelo descontrole das finanças públicas que ameaça aprofundar o empobrecimento do país?
Essa incapacidade do Governo e a paralisia da oposição é acompanhada internacionalmente com muita atenção e apreensão crescente. Porque o Brasil não é apenas mais uma peça no tabuleiro de xadrez internacional –ele acaba influenciando não só o continente latino-americano (do qual é o coração em termos econômicos), mas também o mundo, pois, hoje em dia, ou respiramos todos juntos, ou nos sufocamos juntos.
A oposição, em vez de cair, ela também, na tentação de pactuar até com o diabo para conseguir obter a saída de Dilma Rousseff, deveria se conscientizar do papel crucial que deve ser o seu neste momento por que passa o país.
Deveria apresentar propostas convincentes, impopulares ou não, concernentes ao coração das reformas que nunca foram feitas e das quais o Brasil precisa urgentemente, como a reforma política e do Estado, talvez com a proposta até mesmo de uma república parlamentarista, como nas democracias ocidentais mais avançadas; a reforma da Previdência Social, que nem Lula nem Dilma Rousseff conseguiram levar a cabo e que é uma questão de vida ou morte para o futuro da economia; a reforma da educação, sempre adiada e que é indissociável da ideia de se construir uma sociedade rica e moderna.Para isso, precisaria apresentar desde já à sociedade um programa político e econômico alternativo, que contenha mais do que palavras vazias. Um programa com propostas concretas, pontuais, com um cronograma para sua implementação, indicando até mesmo as pessoas que poderiam assumir o timão do navio para afastá-lo do risco de naufrágio em que ele se encontra agora.
As discussões atuais sobre os programas de apoio à moradia ou o Bolsa Família, por exemplo, soam como algo do passado. Assim como a apologia dos pobres, pois o que os brasileiros querem é que todos possam ser ricos. A tradicional resignação por parte daqueles que foram vítimas da escravidão está, felizmente, chegando ao fim.
Hoje, o avanço social se dá sob outras premissas, como a da possibilidade de capacitação científica e tecnológica. As esmolas devem ser deixadas apenas para os que passam fome, que são em número cada vez menor no Brasil. O que produz orgulho na pessoa e na sociedade é forjar o seu próprio futuro com o trabalho, sem esperar que tudo venha do Estado.
Uma sociedade com milhões de jovens que abandonam o estudo secundário por considerá-lo inútil ou que chegam à Universidade como analfabetos funcionais, ou, ainda, que não conseguem obter uma formação profissional que lhes permita escapar do círculo vicioso da perpetuação da pobreza e da ignorância de seus país, essa sociedade estará sempre exposta ao risco de ficar para trás em um mundo que se moderniza.
Onde estão no Brasil de hoje os líderes capazes de entender a necessidade de que proponham a uma sociedade cada vez mais exigente e desiludida uma alternativa que convença a todos, seja aos que são a favor, seja aos que são contra o impeachment (algo que também começar a ter cheiro da velha política)?
Acredito demais na força de uma sociedade como a brasileira para achar que não há alternativas capazes de entusiasmar as pessoas e de abrir caminhos novos rumo à prosperidade.Não sou daqueles que não veem outra saída para o Brasil que não seja a mesma política de sempre e apenas recauchutada, como se fosse o pneu rasgado de uma bicicleta.
Uma alternativa capaz de produzir uma coabitação social correspondente ao que este país sempre teve de melhor, que é a sua enorme capacidade de incorporação de culturas, crenças e ideias as mais diferentes.
A irritação que hoje toma conta do Brasil não faz parte da sua índole de uma sociedade otimista e inconformista. A raiva que se vê hoje, que chega até mesmo a dividir as pessoas dentro de uma mesma família, não é natural no Brasil. Foi criado por uma política que, em vez de reunir as diferenças, agudiza as divergências, joga lenha na fogueira do ódio e produz problemas artificiais.
O que os brasileiros com quem converso querem, hoje, é mais decência da parte de quem os governa, mais espaço para poder melhorar as suas vidas e reformas sérias que devolvam a um país rico a sua vitalidade econômica.
Querem líderes que caminhem ao seu lado, que se aproximem deles, não para comprar seus votos, mas para ouvi-los e para analisar conjuntamente uma crise de que o Brasil que trabalha e se esforça não merece padecer.
Juan Arias
Enquanto isso, o país perde prestígio no exterior e vê crescer a desilusão internamente. E o pior de tudo é que isso é algo velho, infrutífero, que impede o surgimento de alternativas capazes de recolher os escombros da guerra e oferecer algo novo capaz de convencer e até mesmo de criar novas ilusões na sociedade. Algo que todos aguardam, pois, caso contrário, o Brasil continuará a descer ladeira abaixo e quem mais sofrerá com isso serão os mais vulneráveis, os que menos responsabilidade têm pela criação da crise, que afeta a todos.
E o que falta é, justamente, encontrar uma saída para a crise que não seja um mero arranjo dentro do velho jogo político, com acordos de bastidores e personagem que não merecem nenhum respeito, mas cujo poder é temido por todos.O que há de sobra no Brasil, neste momento, é uma acumulação de intrigas políticas, jogos muitas vezes sujos e com interesses claros, traições ocultas ou abertas, que fazem com que os políticos (tanto do Congresso como do Governo) vivam mais para se defender da Justiça do que para buscar alguma alternativa confiável e generosa para o país.
Geralmente, em momentos de mudança, quando um tipo de política calcificada no poder deixa de convencer e de dar frutos, a função de apresentar uma alternativa confiável cabe à oposição. Ela é que precisa convencer a sociedade, que se encontra atrofiada após uma permanência tão prolongada do mesmo grupo no poder.
Onde está, porém, no Brasil, essa força de oposição capaz de convencer a sociedade e lhe devolver a esperança perdida?
Onde está esse programa alternativo ao grupo que está hoje no poder e que já demonstrou ter esgotado a sua credibilidade, que se mostra fragilizado pelos escândalos de corrupção e pelo descontrole das finanças públicas que ameaça aprofundar o empobrecimento do país?
Essa incapacidade do Governo e a paralisia da oposição é acompanhada internacionalmente com muita atenção e apreensão crescente. Porque o Brasil não é apenas mais uma peça no tabuleiro de xadrez internacional –ele acaba influenciando não só o continente latino-americano (do qual é o coração em termos econômicos), mas também o mundo, pois, hoje em dia, ou respiramos todos juntos, ou nos sufocamos juntos.
A oposição, em vez de cair, ela também, na tentação de pactuar até com o diabo para conseguir obter a saída de Dilma Rousseff, deveria se conscientizar do papel crucial que deve ser o seu neste momento por que passa o país.
Deveria apresentar propostas convincentes, impopulares ou não, concernentes ao coração das reformas que nunca foram feitas e das quais o Brasil precisa urgentemente, como a reforma política e do Estado, talvez com a proposta até mesmo de uma república parlamentarista, como nas democracias ocidentais mais avançadas; a reforma da Previdência Social, que nem Lula nem Dilma Rousseff conseguiram levar a cabo e que é uma questão de vida ou morte para o futuro da economia; a reforma da educação, sempre adiada e que é indissociável da ideia de se construir uma sociedade rica e moderna.Para isso, precisaria apresentar desde já à sociedade um programa político e econômico alternativo, que contenha mais do que palavras vazias. Um programa com propostas concretas, pontuais, com um cronograma para sua implementação, indicando até mesmo as pessoas que poderiam assumir o timão do navio para afastá-lo do risco de naufrágio em que ele se encontra agora.
As discussões atuais sobre os programas de apoio à moradia ou o Bolsa Família, por exemplo, soam como algo do passado. Assim como a apologia dos pobres, pois o que os brasileiros querem é que todos possam ser ricos. A tradicional resignação por parte daqueles que foram vítimas da escravidão está, felizmente, chegando ao fim.
Uma sociedade com milhões de jovens que abandonam o estudo secundário por considerá-lo inútil ou que chegam à Universidade como analfabetos funcionais, ou, ainda, que não conseguem obter uma formação profissional que lhes permita escapar do círculo vicioso da perpetuação da pobreza e da ignorância de seus país, essa sociedade estará sempre exposta ao risco de ficar para trás em um mundo que se moderniza.
Onde estão no Brasil de hoje os líderes capazes de entender a necessidade de que proponham a uma sociedade cada vez mais exigente e desiludida uma alternativa que convença a todos, seja aos que são a favor, seja aos que são contra o impeachment (algo que também começar a ter cheiro da velha política)?
Acredito demais na força de uma sociedade como a brasileira para achar que não há alternativas capazes de entusiasmar as pessoas e de abrir caminhos novos rumo à prosperidade.Não sou daqueles que não veem outra saída para o Brasil que não seja a mesma política de sempre e apenas recauchutada, como se fosse o pneu rasgado de uma bicicleta.
Uma alternativa capaz de produzir uma coabitação social correspondente ao que este país sempre teve de melhor, que é a sua enorme capacidade de incorporação de culturas, crenças e ideias as mais diferentes.
A irritação que hoje toma conta do Brasil não faz parte da sua índole de uma sociedade otimista e inconformista. A raiva que se vê hoje, que chega até mesmo a dividir as pessoas dentro de uma mesma família, não é natural no Brasil. Foi criado por uma política que, em vez de reunir as diferenças, agudiza as divergências, joga lenha na fogueira do ódio e produz problemas artificiais.
O que os brasileiros com quem converso querem, hoje, é mais decência da parte de quem os governa, mais espaço para poder melhorar as suas vidas e reformas sérias que devolvam a um país rico a sua vitalidade econômica.
Querem líderes que caminhem ao seu lado, que se aproximem deles, não para comprar seus votos, mas para ouvi-los e para analisar conjuntamente uma crise de que o Brasil que trabalha e se esforça não merece padecer.
Juan Arias
O boi
Faltam-me palavras para dar conta do que está acontecendo no Brasil. Eu nunca vi o país assim. Já vi crises violentas como a morte de Getúlio ou o golpe militar, mas esta tem uma característica diferente; é pastosa, uma areia movediça que engole tudo.
O que é uma crise? Digamos que um projeto político ou empresarial quisesse chegar a determinado objetivo. Corria um risco. Se não desse certo, teríamos uma crise. Era a época dos riscos. Hoje, vivemos na incerteza, porque não sabemos como agir.
Hoje, a crise é sonâmbula – como chegar e aonde chegar? O grave é que esses impasses estão eliminando os instrumentos institucionais da democracia.
O Congresso brasileiro é chefiado por dois sujeitos investigados com provas e recibos por crimes na Lava Jato, e também o Renan quando fugiu para não ser cassado pela evidência de suas jogadas. E hoje preside o Senado. Conta isso para um alemão, um inglês, e eles não acreditarão.
O Brasil está se esvaindo em sangue por causa de um cabo de guerra entre Dilma e Cunha, em amor e ódio, em busca de proteção mútua: “Você me salva do impeachment, e eu tento evitar sua cassação”. O Brasil está paralisado porque Cunha está mandando no país, porque detém o poder de chantagear todo mundo, mesmo denunciado até pela Suíça (que chique!). Como pode o Legislativo estar nas mãos desses caras? Parece não haver um só lugar onde não haja roubo. Na saúde, na merenda escolar, na educação.
O Brasil está encurralado entre uma flébil tentativa de ajustar as contas públicas e o ajuste sendo usado como moeda de troca. O Congresso está bloqueando nossa recuperação. O Brasil está sendo chantageado. “Se o Brasil não me atender, eu destruo o Brasil”.
Antigamente, o segredo era a alma dos negócios espúrios. Hoje, os mais sujos interesses são expostos à luz fria de um bordel. Está tudo a nossa cara.
Sempre houve roubalheira, considerada apenas um “pecado”, e era uma roubalheira setorial, descentralizada, e não esta coisa sólida, extensa, onipresente. Tudo que já apareceu nessa extraordinária ressurreição do Judiciário, por conta dos competentes juízes e procuradores, será um troco, uma mixaria quando chegarem aos fundos de pensão, ao BNDES e a outras empresas públicas.
A política está impedindo a política. Mentem e negam o tempo todo e não desmoralizam a verdade apenas; estão desmoralizando a mentira. São patranhas tão explícitas, tão cínicas que desmoralizam a mentira. O óbvio está escondido debaixo da mesa. O óbvio está no escuro, o óbvio está na privada. Quanto à verdade, é fácil descobri-la: ela é o contrário, o avesso de tudo que políticos investigados negam.
Ninguém acredita mais no que o Lula fala (só pobres analfabetos e intelectuais imbecis), ninguém acredita mais no que a Dilma gagueja sob o som dos panelaços, nem no Renan, no Cunha, mas o show continua. Há um complô de enganação da sociedade. Por quê? Porque a sociedade para eles é um bando de idiotas que precisam ser tutelados pelo Estado de esquerda ou enrolados pelos oligarcas privados. Esse foi nosso pior destino: a união entre a chamada “esquerda” e a velha direita.
Dilma não sai nem morta, ela disse. Cunha não sai nem morto. E os dois em confronto encurralam o país numa briga de foice. São demitidos 3.000 por dia e o total geral de desempregados já está em 1,2 milhão de pobres vítimas desse prélio de arrogância e narcisismo. Teremos um déficit fiscal de R$ 70 bilhões. E tudo bem? No Congresso, ninguém liga. Dane-se o país, quero o meu...
Faltam-me palavras. Que nome dar, por exemplo, a esse melaço de gente que odeia reformas e o novo?
Que medula, que linfa ancestral os energiza, que visgo é esse que gruda em tudo? É uma pasta feita de egoísmo, preguiça, herança colonial, estupidez e voracidade pura. Que nome dar? A gosma do Mesmo?
O dicionário não basta para descrever uma figura como o Cunha, cuja aparência não engana. Ele é o que parece, nunca vi um desenho tão perfeito de uma personalidade. O povo vê horrorizado sua carantonha e seu bico voraz e percebe que está diante do mal. O povão não entende muito, mas tem sensibilidade. Cunha é a cara do pesadelo brasileiro. E tantos outros, escondidos por sorrisos, cabelinhos de acaju ou de asas da graúna.
Nós, jornalistas e comentaristas, tentamos ver algum ângulo novo na crise atual, mas já estamos nos repetindo, martelando o óbvio. Todos os artigos parecem um só. Eu busco novas ideias, novas ironias para esculachar essa vergonha, mas ela é maior que as palavras.
Falamos, falamos, e não descobrimos o essencial: como é que essa porra vai acabar?
O Brasil estava entrando no mundo contemporâneo com uma nova visão de economia e gestão, e vieram esses caras e comeram tudo, como as porcadas magras quando invadem o batatal.
Essa crise é terrível porque é uma caricatura. É crise do superficial, do inerte, da anestesia sem cirurgia. A crise é um pesadelo humorístico. A crise não merece respeito. Sei lá, a depressão de 1929 foi uma tragédia real. Esta nossa é uma anedota. Ela foi criada artificialmente por essa gentalha que tomou o poder e resolveu ser contra “tudo isso que está ai”. Quem estava aí era o Brasil. Eram as conquistas da democracia, essa palavra que eles usam com boquinha de nojo, apenas como pretexto, como estratégia para a tal “linha justa”. Como dizia o Bobbio: “O que mais une o fascismo e o comunismo é seu ódio à democracia”.
O que provocou tudo isso? Foi o populismo endêmico, o patrimonialismo secular, a ignorância histórica.
E esse sarapatel pariu um sujeito despreparado e deslumbrado consigo mesmo, cujo carisma de operário fascinou intelectuais babacas e comunas desempregados desde 1968, que resolveram fazer uma revolução endógena, um “gramscianismo” de galinheiro.
O PT está arrasando o país. Essa é a verdade. Temos que dar nome aos bois, ou melhor, ao boi. O causador disso tudo que nos acontece e que poderá durar muito tempo foi o Lula. Sim. Esse homem que nunca viu nada, que não sabia de nada é o grande culpado da transformação. Mas o MPF e a polícia estão chegando perto dele e de suas ocultações. Ele é o boi.
O que é uma crise? Digamos que um projeto político ou empresarial quisesse chegar a determinado objetivo. Corria um risco. Se não desse certo, teríamos uma crise. Era a época dos riscos. Hoje, vivemos na incerteza, porque não sabemos como agir.
Hoje, a crise é sonâmbula – como chegar e aonde chegar? O grave é que esses impasses estão eliminando os instrumentos institucionais da democracia.
O Congresso brasileiro é chefiado por dois sujeitos investigados com provas e recibos por crimes na Lava Jato, e também o Renan quando fugiu para não ser cassado pela evidência de suas jogadas. E hoje preside o Senado. Conta isso para um alemão, um inglês, e eles não acreditarão.
O Brasil está encurralado entre uma flébil tentativa de ajustar as contas públicas e o ajuste sendo usado como moeda de troca. O Congresso está bloqueando nossa recuperação. O Brasil está sendo chantageado. “Se o Brasil não me atender, eu destruo o Brasil”.
Antigamente, o segredo era a alma dos negócios espúrios. Hoje, os mais sujos interesses são expostos à luz fria de um bordel. Está tudo a nossa cara.
Sempre houve roubalheira, considerada apenas um “pecado”, e era uma roubalheira setorial, descentralizada, e não esta coisa sólida, extensa, onipresente. Tudo que já apareceu nessa extraordinária ressurreição do Judiciário, por conta dos competentes juízes e procuradores, será um troco, uma mixaria quando chegarem aos fundos de pensão, ao BNDES e a outras empresas públicas.
A política está impedindo a política. Mentem e negam o tempo todo e não desmoralizam a verdade apenas; estão desmoralizando a mentira. São patranhas tão explícitas, tão cínicas que desmoralizam a mentira. O óbvio está escondido debaixo da mesa. O óbvio está no escuro, o óbvio está na privada. Quanto à verdade, é fácil descobri-la: ela é o contrário, o avesso de tudo que políticos investigados negam.
Ninguém acredita mais no que o Lula fala (só pobres analfabetos e intelectuais imbecis), ninguém acredita mais no que a Dilma gagueja sob o som dos panelaços, nem no Renan, no Cunha, mas o show continua. Há um complô de enganação da sociedade. Por quê? Porque a sociedade para eles é um bando de idiotas que precisam ser tutelados pelo Estado de esquerda ou enrolados pelos oligarcas privados. Esse foi nosso pior destino: a união entre a chamada “esquerda” e a velha direita.
Dilma não sai nem morta, ela disse. Cunha não sai nem morto. E os dois em confronto encurralam o país numa briga de foice. São demitidos 3.000 por dia e o total geral de desempregados já está em 1,2 milhão de pobres vítimas desse prélio de arrogância e narcisismo. Teremos um déficit fiscal de R$ 70 bilhões. E tudo bem? No Congresso, ninguém liga. Dane-se o país, quero o meu...
Faltam-me palavras. Que nome dar, por exemplo, a esse melaço de gente que odeia reformas e o novo?
Que medula, que linfa ancestral os energiza, que visgo é esse que gruda em tudo? É uma pasta feita de egoísmo, preguiça, herança colonial, estupidez e voracidade pura. Que nome dar? A gosma do Mesmo?
O dicionário não basta para descrever uma figura como o Cunha, cuja aparência não engana. Ele é o que parece, nunca vi um desenho tão perfeito de uma personalidade. O povo vê horrorizado sua carantonha e seu bico voraz e percebe que está diante do mal. O povão não entende muito, mas tem sensibilidade. Cunha é a cara do pesadelo brasileiro. E tantos outros, escondidos por sorrisos, cabelinhos de acaju ou de asas da graúna.
Nós, jornalistas e comentaristas, tentamos ver algum ângulo novo na crise atual, mas já estamos nos repetindo, martelando o óbvio. Todos os artigos parecem um só. Eu busco novas ideias, novas ironias para esculachar essa vergonha, mas ela é maior que as palavras.
Falamos, falamos, e não descobrimos o essencial: como é que essa porra vai acabar?
O Brasil estava entrando no mundo contemporâneo com uma nova visão de economia e gestão, e vieram esses caras e comeram tudo, como as porcadas magras quando invadem o batatal.
Essa crise é terrível porque é uma caricatura. É crise do superficial, do inerte, da anestesia sem cirurgia. A crise é um pesadelo humorístico. A crise não merece respeito. Sei lá, a depressão de 1929 foi uma tragédia real. Esta nossa é uma anedota. Ela foi criada artificialmente por essa gentalha que tomou o poder e resolveu ser contra “tudo isso que está ai”. Quem estava aí era o Brasil. Eram as conquistas da democracia, essa palavra que eles usam com boquinha de nojo, apenas como pretexto, como estratégia para a tal “linha justa”. Como dizia o Bobbio: “O que mais une o fascismo e o comunismo é seu ódio à democracia”.
O que provocou tudo isso? Foi o populismo endêmico, o patrimonialismo secular, a ignorância histórica.
E esse sarapatel pariu um sujeito despreparado e deslumbrado consigo mesmo, cujo carisma de operário fascinou intelectuais babacas e comunas desempregados desde 1968, que resolveram fazer uma revolução endógena, um “gramscianismo” de galinheiro.
O PT está arrasando o país. Essa é a verdade. Temos que dar nome aos bois, ou melhor, ao boi. O causador disso tudo que nos acontece e que poderá durar muito tempo foi o Lula. Sim. Esse homem que nunca viu nada, que não sabia de nada é o grande culpado da transformação. Mas o MPF e a polícia estão chegando perto dele e de suas ocultações. Ele é o boi.
Tele-Lixo
Se a única coisa que oferecerem às pessoas for tele-lixo e omitirem que existem outras coisas, elas acreditarão que não existe mais nada para lá do lixo. Nestes momentos, a audiência é a rainha e por causa dela é lícito uma pessoa até matar a avó. Os meios de comunicação têm grande parte da responsabilidade nisto, embora seja necessário perguntar quem move os seus fios. Por detrás há sempre um banco ou um governo. Um jornal independente? Uma rádio livre? Uma televisão objetiva? Isso não existe. Essa mistura, o tele-lixo e os meios de comunicação dependentes, provoca que a sociedade esteja gravemente doente.José Saramago
Dinheiro e porrada no mundo da lua, de olhos arregalados
Depois de sofrer “reprimendas” por dirigir taxis cidade afora, o prefeito do Rio de Janeiro, justificou: “Dirijo pouco, tenho motorista, é aquela fase burguesa de prefeito, que só anda de motorista.”
Ele e todas as excelências mundo afora desfrutam da fase burguesa a cada vaga conseguida nas urnas ou em cargos assumidos de primeiro, segundo e terceiros escalões.
É quando também se distanciam das ruas e suas cotidianas aflições, dificuldades e queixas. Passam a viver no mundo da lua, como disse um deputado sobre presidenta Dilma.
Ficassem mais próximos do povo e saberiam direito porque vêm tremulando bandeiras do “Vocês não me representam”.
Principalmente, saberiam de onde vem a rejeição e a perplexidade da população, alimentada diariamente, além das news do Lava Jato, por pérolas proferidas sem a menor cerimônia pela turminha em fase burguesa.
Ai vão algumas dos últimos dias:
— Ele acha que tudo é dinheiro e não entende que tem gente que está na política por poder ou por vaidade — disse um integrante do PMDB.
Estava no jornal, dita em off, avaliando o comportamento do presidente da Câmara, seu par de partido.
Perguntamos nós e nossa insignificância: quer dizer que vai-se para a vida pública, se não por dinheiro – esse grandão que rola nos subterrâneos -, apenas por “poder e vaidade”?
A coisa tá feia. Outras motivações de maior grandeza – espírito público, desejo se servir, atuar pela população, a favor do país, atuar em causas de seu segmento social – nem se cogita? Caíram completamente em desuso.
Segue o baile sem máscaras:
— Tem duas coisas que só não resolvem quando é pouco: dinheiro e porrada — disse, segundo o jornal, o excelência em questão “a mais de um interlocutor”.
A mesma matéria explica: “Além de sua visão de mundo, a frase mostra afinidade com o doleiro..., de quem é amigo.” E lá vem a frase similar do tal doleiro:
— Aprendi na vida que há dois jeitos de resolver um problema. Ou é com dinheiro ou é na porrada — disse (o doleiro), em entrevista publicada na edição de agosto da revista “Piauí”.
Precisa de explicação sociológica para as violências e os desrespeitos que comem soltos Brasil adentro?
Tem mais:
“Esse comportamento de dizer de olhos arregalados que não vai sair é típico do psicopata. O psicopata nunca cede, ele vai até o final com aquela versão e com as mesmas palavras. Isso vai cansar. Vamos ver se a Câmara vai ficar com o rabo entre as pernas, envergonhada por algo que está percorrendo o mundo inteiro, um presidente de uma instituição desse jeito.”
Essa delicadeza toda - do psicopata ao rabo entre as pernas - vem da fala de um colega de partido, eleitor do excelência presidente, e em referência ao dito cujo, que vive momento de “alvo a ser destruído”.
Guerra é guerra. Em praça pública como nunca antes na história desse país. E com a mesma metralhadora - e todas as letras - o velho parlamentar avalia: “A Câmara é uma tragédia. Eu nunca vi coisa tão ruim."
No mesmo dia, a manchete reforça: “1/3 do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados é alvo de inquéritos. Sete dos 21 membros do colegiado são alvo de ações no Supremo sob suspeita de crimes como lavagem de dinheiro.”
A Câmara foi o alvo desta semana porque a crise anda concentrada no condutor da Casa. Mas o furdunço alcança toda a classe dirigente e política do país, em liquidificador que põe bons e maus na mesma massa.
Aí o IBOPE registra e faz manchete:
A três anos das próximas eleições presidenciais... aponta um nível alto de rejeição entre os políticos mais cotados como possíveis candidatos em 2018.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece numericamente na frente, com 55% de rejeição (não votaria "de jeito nenhum") entre os prováveis candidatos ao Planalto. Estão empatados tecnicamente com ele -- a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais -- José Serra (PSDB), com 54%, Geraldo Alckmin (PSDB), com 52%, e Ciro Gomes (PDT), com 52%.
Além dos quatro, o Ibope mediu a rejeição a uma eventual candidatura de Aécio Neves (PSDB) e de Marina Silva (Rede). Marina é rejeitada por 50% dos entrevistados, e Aécio, por 47%.
Ou seja, no binóculo de hoje, para pelo menos a metade da população, ninguém dos politicões é confiável para assumir a vaga da tia Dilma. Surpresa?
Outras sondagens indicam que, enfastiada, a população quer reduzir tudo em relação ao cenário político - menor mandado, redução do número de parlamentares em todas as casas legislativas, menor tempo de propaganda eleitoral, horário reduzido dos “anúncios” na TV e no rádio. E mais, a perda de mandato para quem trocar de partido. Tolerância para essa troca só depois do mandato cumprido.
“A pesquisa mostra ainda um crescimento na rejeição de Lula, Aécio e Marina, nomes para os quais há dados comparativos de pesquisas feitas no ano passado. Em maio de 2014, apenas 33% não votariam em Lula "de jeito nenhum". Aécio era apontado com 37% de rejeição e Marina, com 36%, em pesquisa de abril.”.
Nada pessoal. Só um fastio com o modelo de política praticado desde muito, mas evidenciado nas mídias com pensamentos, palavras e obras nestes derradeiros anos.
O ex-presidente FHC, que lança livro de memórias dos seus dias do palácio fala de “chantagens do Congresso”, esquecendo – parece – que a coisa tem mão dupla, há chantagens também do Executivo. Caneta em punho, todos com a cabeça torta pelo longo uso de velho modus operandi.
Em entrevista, FHC também disse que hoje: "Não são os políticos que estão dando as cartas. Eles estão dançando a música dos outros".
Bom aguardar cenas dos próximos capítulos para descobrir que baile é esse e que maestro conduz a orquestra por hora desatinada e desafinada que só. Benza Deus.
Ele e todas as excelências mundo afora desfrutam da fase burguesa a cada vaga conseguida nas urnas ou em cargos assumidos de primeiro, segundo e terceiros escalões.
É quando também se distanciam das ruas e suas cotidianas aflições, dificuldades e queixas. Passam a viver no mundo da lua, como disse um deputado sobre presidenta Dilma.
Ficassem mais próximos do povo e saberiam direito porque vêm tremulando bandeiras do “Vocês não me representam”.
Principalmente, saberiam de onde vem a rejeição e a perplexidade da população, alimentada diariamente, além das news do Lava Jato, por pérolas proferidas sem a menor cerimônia pela turminha em fase burguesa.
Ai vão algumas dos últimos dias:
— Ele acha que tudo é dinheiro e não entende que tem gente que está na política por poder ou por vaidade — disse um integrante do PMDB.
Estava no jornal, dita em off, avaliando o comportamento do presidente da Câmara, seu par de partido.
Perguntamos nós e nossa insignificância: quer dizer que vai-se para a vida pública, se não por dinheiro – esse grandão que rola nos subterrâneos -, apenas por “poder e vaidade”?
A coisa tá feia. Outras motivações de maior grandeza – espírito público, desejo se servir, atuar pela população, a favor do país, atuar em causas de seu segmento social – nem se cogita? Caíram completamente em desuso.
Segue o baile sem máscaras:
— Tem duas coisas que só não resolvem quando é pouco: dinheiro e porrada — disse, segundo o jornal, o excelência em questão “a mais de um interlocutor”.
A mesma matéria explica: “Além de sua visão de mundo, a frase mostra afinidade com o doleiro..., de quem é amigo.” E lá vem a frase similar do tal doleiro:
— Aprendi na vida que há dois jeitos de resolver um problema. Ou é com dinheiro ou é na porrada — disse (o doleiro), em entrevista publicada na edição de agosto da revista “Piauí”.
Precisa de explicação sociológica para as violências e os desrespeitos que comem soltos Brasil adentro?
Tem mais:
“Esse comportamento de dizer de olhos arregalados que não vai sair é típico do psicopata. O psicopata nunca cede, ele vai até o final com aquela versão e com as mesmas palavras. Isso vai cansar. Vamos ver se a Câmara vai ficar com o rabo entre as pernas, envergonhada por algo que está percorrendo o mundo inteiro, um presidente de uma instituição desse jeito.”
Essa delicadeza toda - do psicopata ao rabo entre as pernas - vem da fala de um colega de partido, eleitor do excelência presidente, e em referência ao dito cujo, que vive momento de “alvo a ser destruído”.
Guerra é guerra. Em praça pública como nunca antes na história desse país. E com a mesma metralhadora - e todas as letras - o velho parlamentar avalia: “A Câmara é uma tragédia. Eu nunca vi coisa tão ruim."
No mesmo dia, a manchete reforça: “1/3 do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados é alvo de inquéritos. Sete dos 21 membros do colegiado são alvo de ações no Supremo sob suspeita de crimes como lavagem de dinheiro.”
A Câmara foi o alvo desta semana porque a crise anda concentrada no condutor da Casa. Mas o furdunço alcança toda a classe dirigente e política do país, em liquidificador que põe bons e maus na mesma massa.
Aí o IBOPE registra e faz manchete:
A três anos das próximas eleições presidenciais... aponta um nível alto de rejeição entre os políticos mais cotados como possíveis candidatos em 2018.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece numericamente na frente, com 55% de rejeição (não votaria "de jeito nenhum") entre os prováveis candidatos ao Planalto. Estão empatados tecnicamente com ele -- a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais -- José Serra (PSDB), com 54%, Geraldo Alckmin (PSDB), com 52%, e Ciro Gomes (PDT), com 52%.
Além dos quatro, o Ibope mediu a rejeição a uma eventual candidatura de Aécio Neves (PSDB) e de Marina Silva (Rede). Marina é rejeitada por 50% dos entrevistados, e Aécio, por 47%.
Ou seja, no binóculo de hoje, para pelo menos a metade da população, ninguém dos politicões é confiável para assumir a vaga da tia Dilma. Surpresa?
Outras sondagens indicam que, enfastiada, a população quer reduzir tudo em relação ao cenário político - menor mandado, redução do número de parlamentares em todas as casas legislativas, menor tempo de propaganda eleitoral, horário reduzido dos “anúncios” na TV e no rádio. E mais, a perda de mandato para quem trocar de partido. Tolerância para essa troca só depois do mandato cumprido.
“A pesquisa mostra ainda um crescimento na rejeição de Lula, Aécio e Marina, nomes para os quais há dados comparativos de pesquisas feitas no ano passado. Em maio de 2014, apenas 33% não votariam em Lula "de jeito nenhum". Aécio era apontado com 37% de rejeição e Marina, com 36%, em pesquisa de abril.”.
Nada pessoal. Só um fastio com o modelo de política praticado desde muito, mas evidenciado nas mídias com pensamentos, palavras e obras nestes derradeiros anos.
O ex-presidente FHC, que lança livro de memórias dos seus dias do palácio fala de “chantagens do Congresso”, esquecendo – parece – que a coisa tem mão dupla, há chantagens também do Executivo. Caneta em punho, todos com a cabeça torta pelo longo uso de velho modus operandi.
Em entrevista, FHC também disse que hoje: "Não são os políticos que estão dando as cartas. Eles estão dançando a música dos outros".
Bom aguardar cenas dos próximos capítulos para descobrir que baile é esse e que maestro conduz a orquestra por hora desatinada e desafinada que só. Benza Deus.
Custo do social
Navegamos por mares nunca dantes navegáveis, numa mistura tragicômica de uma era desastrosa, e tudo se embasou nos problemas da inclusão social. Até aí nada de errado, mas quando o Estado se amesquinha, fica fragilizado e empobrecido, toda a população é refém dessa estrutura malévola.
O Estado é forte quando exerce o seu papel de distribuir a riqueza e não ao contrário de leiloar a miséria. Assim, as intervenções em diversos setores foram caóticas. Quem pegar uma conta de luz verá que, além do consumo medido, estará pagando a geração e transmissão e custos financeiros, um verdadeiro caos que retrata o estado de falência das empresas do setor elétrico, já que as matrizes alternativas não são suficientes para modular o sistema e agora com a paralisação de angra 3 o receio é que tenhamos mais apagões e aumentos no bolso do contribuinte.
Voltando ao tema de base, o governo errou de modo desavergonhado quando procurou aquinhoar cada individuo e não fortalecer todos. Se estivesse ocupado com o transporte que aliviasse a malha mediante mais metros, trens de superfície e rede de taxis compartilhados, ao invés de financiar carros e depois implantar radares por toda a cidade em busca da multa que enriquece o caixa e não tem vinculação com despesas, em tese, pois nada se comprova no retorno ao caótico transito.
O Estado é forte quando exerce o seu papel de distribuir a riqueza e não ao contrário de leiloar a miséria. Assim, as intervenções em diversos setores foram caóticas. Quem pegar uma conta de luz verá que, além do consumo medido, estará pagando a geração e transmissão e custos financeiros, um verdadeiro caos que retrata o estado de falência das empresas do setor elétrico, já que as matrizes alternativas não são suficientes para modular o sistema e agora com a paralisação de angra 3 o receio é que tenhamos mais apagões e aumentos no bolso do contribuinte.
Voltando ao tema de base, o governo errou de modo desavergonhado quando procurou aquinhoar cada individuo e não fortalecer todos. Se estivesse ocupado com o transporte que aliviasse a malha mediante mais metros, trens de superfície e rede de taxis compartilhados, ao invés de financiar carros e depois implantar radares por toda a cidade em busca da multa que enriquece o caixa e não tem vinculação com despesas, em tese, pois nada se comprova no retorno ao caótico transito.
Hoje, mais do que ontem, pagamos um custo extraordinário por causa de programas sociais insolventes, e o dinheiro publico derramado não voltará mais. Daí se procura aumentar impostos reinventar a CPMF e voltar o dinheiro internado no exterior, tudo a pretexto de que sairemos do caos em alguns anos, se formos otimistas.
O Estado quebrou literalmente pois foi demagogo e acima de tudo perdulário, e a famigerada reeleição é a maior imagem do retrocesso. Tudo se permite na sua perspectiva, desde que reeleito o candidato. Vivemos e convivemos em tempos difíceis e inábeis pelos nossos representantes do povo, que na realidade são achacadores e aproveitadores dos mandatos eletivos para negociatas e boas poupanças depositadas no exterior.
Enquanto isso a nossa destruição provocada pela corrupção somada à impunidade, num mergulho profundo as piores imagens do pré sal, destruída a maior estatal do País, que passa momentos dificultosos sem caixa, nenhum investimento e agora com a cara de pau querendo vender a distribuidora.
A fiscalização é a maior piada no Brasil. Esses órgãos reguladores são um retrato da ineficácia e total anomalia. Falta água no Estado de São Paulo, luz em regiões com apagões, linhas de transmissão não funcionam, sinal de celular sempre não há torre na proximidade, e assim caminha o País entre as chagas do desgoverno e a cruz da subserviência ao partido totalitário que encampa diretrizes retrogradas e se faz passar por bom moço.
Espertalhões, safados e maledicentes que ignoram a sociedade civil e aproveitam no momento da falta de oposição. E quase no final do ano, sem nada de concreto, mas sim inflação, recessão e perda de 120 mil postos de emprego ao mês, e dizem que foi uma marolinha.
Agora um povo que não se indigna, que não sai para brigar e reivindicar seus direitos e se contenta com migalhas, todos esses ingredientes nos colocam no subdesenvolvimento do final dos tempos.
Carlos Henrique Abrão
O Estado quebrou literalmente pois foi demagogo e acima de tudo perdulário, e a famigerada reeleição é a maior imagem do retrocesso. Tudo se permite na sua perspectiva, desde que reeleito o candidato. Vivemos e convivemos em tempos difíceis e inábeis pelos nossos representantes do povo, que na realidade são achacadores e aproveitadores dos mandatos eletivos para negociatas e boas poupanças depositadas no exterior.
Enquanto isso a nossa destruição provocada pela corrupção somada à impunidade, num mergulho profundo as piores imagens do pré sal, destruída a maior estatal do País, que passa momentos dificultosos sem caixa, nenhum investimento e agora com a cara de pau querendo vender a distribuidora.
A fiscalização é a maior piada no Brasil. Esses órgãos reguladores são um retrato da ineficácia e total anomalia. Falta água no Estado de São Paulo, luz em regiões com apagões, linhas de transmissão não funcionam, sinal de celular sempre não há torre na proximidade, e assim caminha o País entre as chagas do desgoverno e a cruz da subserviência ao partido totalitário que encampa diretrizes retrogradas e se faz passar por bom moço.
Espertalhões, safados e maledicentes que ignoram a sociedade civil e aproveitam no momento da falta de oposição. E quase no final do ano, sem nada de concreto, mas sim inflação, recessão e perda de 120 mil postos de emprego ao mês, e dizem que foi uma marolinha.
Agora um povo que não se indigna, que não sai para brigar e reivindicar seus direitos e se contenta com migalhas, todos esses ingredientes nos colocam no subdesenvolvimento do final dos tempos.
Carlos Henrique Abrão
Saiba porque Lula deve se curvar à tocaia federal contra seu filho
Em 21 de maio passado, Fabio Porfirio Lobo prestou depoimento numa corte federal de Manhattan. A promotoria vindica que ele passe o resto da vida no xilindró, sob acusação de ter conspirado para se importar cocaína para os EUA. Seu pai não atacou o DEA, a agência anti-drogas dos EUA, ou o FBI. Apenas disse que ajudaria o filho a provar sua inocência (ele foi preso no Haiti). E que o filho, Fábio, “não é mais mais uma criança e sabe o que faz”.
Em 10 de março passado, também em Nova York, uma corte condenou Dino Bouterse a 16 anos de cadeia. Foi acusado de apoiar o Hezbollah, considerado, em território norte-americano, uma organização terrorista. Também havia sido condenado a conspirar para importar 5 quilos de cocaína do Suriname para os EUA. Seu pai se calou.
Em 15 de setembro passado Ebrahima Jawara foi preso na Gambia, acusado de crime econômico contra o estado. Seu pai lamentou o filho.
Em 12 de outubro de 2012 Maksim Bakiyev foi preso quando desembarcava em Londres, sob acusação de fraude fiscal contra seu país, o Quirguistão, país da Ásia Central e que era do guarda-chuva do URSS. Seu pai pediu apenas justiça.
Agora os detalhes que nivelam os destinos dessas 4 histórias:
Fabio Porfirio Lobo: seu pai é ninguém menos que Porfírio Lobo, presidente de Honduras de 2010 a 2014.
Dino Bouterse: seu pai é ninguém menos que Desi Bouterse, presidente que deu um golpe de estado no Suriname em 2010.
Ebrahima Jawara: é filho do ex-presidente da Gambia, Sir Dawda Jawara.
Maksim Bakiyev: filho do ex-presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev.
Nenhum dos ex-presidentes dessas republiquetas reclamou das autoridades que atocaiaram os seus filhos…
Lemos agora na reportagem de Katia Seabra que o ex-presidente Lula passou a tarde dessa segunda-feira imprecando contra Dilma, contra seu ministro da Justiça e contra a PF: atribuindo a todos um “golpe”, pelo fato da PF ter entrado no escritório de seu filho Luis Claudio.
Até entendo que no lugar de Lula eu levaria um chazinho de maracutaia à família para acalmar os ânimos dessa segunda-feira gorda (o serviço secreto francês, chamado de DGSE, gosta também de operar às segundas-feiras gordas, a que chamam de “lundi-gras”)
Pois bem: agora ficou mais clara a bipolaridade de Lula: quem o critica é da “direita golpista” – e quem investiga o seu filho, no governo, quer destruir o seu legado genético.
Para o bom entendedor, meia palavra bos.
Lula e o imperativo de sobrevivência
Ao completar 70 anos, amanhã, pode o Lula considerar-se na plenitude de sua capacidade para realizar o Bem ou o Mal?
Como já se dedicou a ambos os objetivos, ora atendendo os pobres e os necessitados, ora privilegiando os ricos e os vigaristas, continua em aberto a possibilidade dele tentar voltar ao palácio do Planalto. Não se diz voltar ao poder porque deste jamais se afastou, tanto controlando o PT quanto interferindo no governo Dilma. Muita gente considera inviável o retorno do ex-presidente, dado o desgaste do partido dos companheiros e o fracasso hoje evidente da administração da sucessora. Madame deixou de ser a esperança de continuidade de um período ao menos em parte voltado para os menos favorecidos. Transformou-se em instrumento fisiológico de uma base parlamentar ávida de sinecuras e favores variados. Atende sugestões esparsas do antecessor mas permanece a maior parte do tempo lambuzando o país de incompetência.
Caso decida ou não possa evitar candidatar-se em 2018, o Lula carregará o fracasso da Dilma. Talvez o peso venha a ser demasiado para obter a vitória, como revelam as pesquisas atuais. Nessa hipótese, precisará encontrar quem o substitua como candidato, mas quem? Nos quadros do PT a safra revela-se decepcionante. Jacques Wagner, Aloísio Mercadante, Ricardo Berzoini? Não dá. Será, o ex-presidente, obrigado a aceitar o encargo, por falta de alternativas? Mas, se perder, não estará acionando a pá-de-cal na aventura um dia saudada como capaz de mudar o Brasil? Apoiar um candidato de origem diversa, tipo Ciro Gomes, será um risco, mas pior seria aceitar Michel Temer, do PMDB.
Nesse cipoal encontra-se o ex-torneiro-mecânico, ao completar 70 anos. Desejando ou não retornar, quando tiver 73, sua candidatura será um imperativo de sobrevivência, não apenas pessoal, mas do movimento que criou. Só que obstáculos levantam-se de todos os lados. As acusações de haver-se tornado milionário, envolvendo também sua família. Relações pouco claras com empreiteiros hoje morando na cadeia. O desgaste natural da idade. A falta de renovação no próprio partido. O distanciamento da classe operária, atualmente órfã de lideranças em condições de reivindicar melhores condições de vida e de trabalho. E mais o desemprego crescente, o aumento de impostos, taxas e tarifas, a redução de direitos sociais, a queda nos índices de crescimento econômico e a inflação.
O diabo é que, mesmo enfrentando tamanha carga negativa, o Lula poderá não encontrar argumentos para recusar a candidatura. Arriscado a enfrentar a derrota, não lhe será possível saltar de banda.
Como já se dedicou a ambos os objetivos, ora atendendo os pobres e os necessitados, ora privilegiando os ricos e os vigaristas, continua em aberto a possibilidade dele tentar voltar ao palácio do Planalto. Não se diz voltar ao poder porque deste jamais se afastou, tanto controlando o PT quanto interferindo no governo Dilma. Muita gente considera inviável o retorno do ex-presidente, dado o desgaste do partido dos companheiros e o fracasso hoje evidente da administração da sucessora. Madame deixou de ser a esperança de continuidade de um período ao menos em parte voltado para os menos favorecidos. Transformou-se em instrumento fisiológico de uma base parlamentar ávida de sinecuras e favores variados. Atende sugestões esparsas do antecessor mas permanece a maior parte do tempo lambuzando o país de incompetência.
Nesse cipoal encontra-se o ex-torneiro-mecânico, ao completar 70 anos. Desejando ou não retornar, quando tiver 73, sua candidatura será um imperativo de sobrevivência, não apenas pessoal, mas do movimento que criou. Só que obstáculos levantam-se de todos os lados. As acusações de haver-se tornado milionário, envolvendo também sua família. Relações pouco claras com empreiteiros hoje morando na cadeia. O desgaste natural da idade. A falta de renovação no próprio partido. O distanciamento da classe operária, atualmente órfã de lideranças em condições de reivindicar melhores condições de vida e de trabalho. E mais o desemprego crescente, o aumento de impostos, taxas e tarifas, a redução de direitos sociais, a queda nos índices de crescimento econômico e a inflação.
O diabo é que, mesmo enfrentando tamanha carga negativa, o Lula poderá não encontrar argumentos para recusar a candidatura. Arriscado a enfrentar a derrota, não lhe será possível saltar de banda.
Sobre o medo, bruxas e cozinheiros
Seria bem bom se tivéssemos alguns poderes mágicos que nos dessem condição de mudar o mundo, ou ao menos controlar alguns de seus detalhes sórdidos. Crescemos sonhando com a magia, nas histórias que ouvimos, nos livros que lemos. Nas fábulas que acabamos depois vivendo de verdade quando adultos, lembrando daqueles bichos que falavam e que eram os seus personagens. Tudo feito, de um lado, para nos incutir o medo e o respeito ao limite; mas é esse medo que acaba nos tornando dependentes
Pode ser um esconderijo interessante para esses tempos difíceis. Rever alguns dos ensinamentos de nossos livros infantis, onde sempre existe alguma conclusão embutida, a tal moral da história – moral da história, vejam só. Quando um não quer, dois não brigam. Quando dois brigam, um terceiro tira proveito.
Sempre também nos contaram histórias aterrorizantes, embora muitas vezes sua carinha fosse doce e meiga, parecendo inofensivas. Não é cruel o diálogo da formiga e da cigarra? Não é triste imaginar a desilusão da tal menina do leite diante da jarra despedaçada?
Ah, não se lê mais fábulas para as crianças? Nem La Fontaine, Esopo? Elas agora vivem só de princesinhas patricinhas com seus enormes guarda-roupas e caixas de maquiagem? E os meninos? De heróis musculosos com roupas colantes ou seminus e viris? Ou aqueles de videogames que estão sempre desferindo golpes mortais e pulando obstáculos?
Como hoje se prepara uma pessoinha para a vida? Sem a sovinice do Tio Patinhas, sem a generosidade do Riquinho, o loiro garoto milionário meio socialista. Sem os trambiques da magra Maga Patalógica e da estrambelhada descabelada Madame Min, com suas sopas de asas de morcego, aranhas e pernas de sapos, que ambas mexiam e remexiam em seus caldeirões fumegantes.
Crianças se enfrentam em campeonatos, e os marmanjos em casa ficam postando suas piores fantasias. Na minha época não podia chegar nem perto do fogão, quanto mais poderia de um torneio sob mais pressão que a válvula da panela; era como se houvesse uma muralha que me mantivesse distante e a qualquer criança pelo menos a cinco metros dele. Minha mãe tinha um trauma: quando era pequena lá no interior de Minas teve uma amiga que virou uma chaleira de água fervente em cima de si própria; sobreviveu, mas pelo tanto que minha mãe sofria em lembrar creio que ficou realmente monstruosa.
Tudo isso para dizer que ando pensando se as pessoas não estão tanto nas cozinhas em busca de criar o elixir da vida, a poção da imortalidade, o néctar dos deuses, e extraem essa mágica nos pratos que fazem diante de plateias e torcidas. Vencendo limites.
Outros buscam nos esportes radicais o seu encontro particular com a morte. E há os que flertam com ela dia e noite em atitudes.
São as novas caras da morte. As das fantasias bonitas que vão aparecer nas inúmeras festas de Dia das Bruxas que também se comemora por aqui; são as cores vivas da festa mexicana que esse ano quase que um furacão com nome de mulher tornou ainda mais dramáticas.
É também esse bang-bang que enfrentamos nas grandes cidades, que nos fazem temer e tremer, nos afastando das ruas, assustados com qualquer estampido que pode selar nossas vidas.
SUS, subserviência ao mercado
A redução dos recursos públicos para a saúde contrasta com as tendências internacionais e terá impactos negativos. O pagamento de impostos condensa uma relação de reciprocidade, orçamentos públicos se destinam a pagar compromissos estabelecidos no passado e investimentos em projetos futuros.
A interrupção de cuidados à saúde e a destinação do fundo público para atender interesses privados imediatistas oneram injustamente os contribuintes, quebram o SUS, desvalorizam um empreendimento coletivo, remetem a saúde brasileira à insustentável e insegura condição de subalternidade aos mercados internacionais.
Ligia Bahia, "Atmosfera malsã"
Estado esmaga sociedade, e não apenas pelo custo
O Brasil sempre aparece mal colocado em rankings que avaliam a capacidade de países abrigarem empresas, estimularem seu crescimento e o empreendedorismo em geral. No mais conhecido deles, o “Doing Business”, do Banco Mundial, o ambiente de negócios do país estava, na última versão do relatório, apenas em 120º lugar. Uma discrepância diante do tamanho da economia brasileira, uma das dez maiores do mundo. Esses levantamentos, feitos junto a empresários e executivos, avaliam diversos aspectos que afetam a vida das empresas e de suas populações, como carga tributária, qualidade das instituições etc. E um dos problemas que mais pesam negativamente para o Brasil é a espessa burocracia que inferniza a vida de pessoas físicas e jurídicas. No caso das empresas, ela aflige acionistas e administradores não apenas com o pagamento de inúmeros impostos, taxas e similares, mas com o enorme trabalho que é manejar guias de recolhimento, mantê-las em dia e devidamente arquivadas, até porque sempre o ônus da prova cabe ao contribuinte.
Um dado ilustrativo: segundo o “Doing Business”, empresas de São Paulo consomem, em média, 2.600 horas por ano para recolher impostos, contra apenas 365 horas na América Latina como um todo. Dados como este não surgem por acaso. Há por trás de cada via-crúcis burocrática um enorme aparato estatal, de tempos em tempos cevado com mais verbas bilionárias, mais cargos. E nisso os últimos 12 anos de hegemonia do PT em Brasília foram pródigos.
Basta consultar os gráficos nesta página para constatar-se o avanço do contingente de servidores no Executivo federal. Até 2013, eram 1.952 mil, ou 13,3% mais que os 1.722 mil servidores lotados na máquina do Executivo, em 2002, último ano de FH no Planalto, incluindo os aposentados.
Os sinais do inchaço da máquina com Lula e Dilma, a partir de 2003, são mais visíveis na distribuição de cargos ditos de confiança. Eles eram aproximadamente 66 mil em 2002 e chegaram a 100.313 em julho deste ano, um crescimento robusto de 52%.
Por trás dos números há o apadrinhamento político e ideológico. É um termômetro fiel do aparelhamento, mesmo com servidores concursados, pois não se pode achar que inexistam militantes petistas entre eles, e que estes não tenham prioridade no recebimento de “adicionais por cargo”.
Não falta espaço na máquina burocrática. Só esses cargos, designados por indecifráveis siglas, são 41. Entre eles, o mais ambicionado é o DAS (Direção e Assessoramento Superior), o destaque nesta sopa de letras. Mas também é possível, se bem apadrinhado, a pessoa acumular adicionais até chegar a, por exemplo, R$ 152.220,97, caso da remuneração total de um funcionário da estatal Eletronorte, mostrado em reportagem do GLOBO.
Os defensores do mastodôntico Estado brasileiro costumam argumentar que a folha dos servidores se mantém estável no nível de 4% do PIB. Mas a questão, aqui, é menos este número isolado e mais analisá-lo “por dentro”, saber se os servidores estão alocados da melhor forma para atender a população, se os salários pagos são compatíveis com a produtividade do funcionário. Ou se a máquina se move por si mesma, impulsionada pela lógica da burocracia, por seus interesses específicos e de aliados políticos de ocasião. Um milhão de funcionários ativos do Executivo receberão este ano mais de R$ 100 bilhões, ou três Bolsas Família, um aumento real (acima da inflação) superior a 55%, desde 2002. Além de tudo, este monstruoso aparato gera mais burocracia. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento, a máquina produz 520 novos regulamentos por dia.
E tudo somado, o Estado consome 40% do PIB, e ainda precisa pedir dinheiro emprestado. É muito, principalmente quando se avaliam estes índices e cifras por meio da qualidade dos serviços prestados à população. Uma exorbitância, também se analisarmos pela ótica de quem padece com a burocracia pública.
Leia e veja mais
Basta consultar os gráficos nesta página para constatar-se o avanço do contingente de servidores no Executivo federal. Até 2013, eram 1.952 mil, ou 13,3% mais que os 1.722 mil servidores lotados na máquina do Executivo, em 2002, último ano de FH no Planalto, incluindo os aposentados.
Os sinais do inchaço da máquina com Lula e Dilma, a partir de 2003, são mais visíveis na distribuição de cargos ditos de confiança. Eles eram aproximadamente 66 mil em 2002 e chegaram a 100.313 em julho deste ano, um crescimento robusto de 52%.
Por trás dos números há o apadrinhamento político e ideológico. É um termômetro fiel do aparelhamento, mesmo com servidores concursados, pois não se pode achar que inexistam militantes petistas entre eles, e que estes não tenham prioridade no recebimento de “adicionais por cargo”.
Não falta espaço na máquina burocrática. Só esses cargos, designados por indecifráveis siglas, são 41. Entre eles, o mais ambicionado é o DAS (Direção e Assessoramento Superior), o destaque nesta sopa de letras. Mas também é possível, se bem apadrinhado, a pessoa acumular adicionais até chegar a, por exemplo, R$ 152.220,97, caso da remuneração total de um funcionário da estatal Eletronorte, mostrado em reportagem do GLOBO.
Os defensores do mastodôntico Estado brasileiro costumam argumentar que a folha dos servidores se mantém estável no nível de 4% do PIB. Mas a questão, aqui, é menos este número isolado e mais analisá-lo “por dentro”, saber se os servidores estão alocados da melhor forma para atender a população, se os salários pagos são compatíveis com a produtividade do funcionário. Ou se a máquina se move por si mesma, impulsionada pela lógica da burocracia, por seus interesses específicos e de aliados políticos de ocasião. Um milhão de funcionários ativos do Executivo receberão este ano mais de R$ 100 bilhões, ou três Bolsas Família, um aumento real (acima da inflação) superior a 55%, desde 2002. Além de tudo, este monstruoso aparato gera mais burocracia. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento, a máquina produz 520 novos regulamentos por dia.
E tudo somado, o Estado consome 40% do PIB, e ainda precisa pedir dinheiro emprestado. É muito, principalmente quando se avaliam estes índices e cifras por meio da qualidade dos serviços prestados à população. Uma exorbitância, também se analisarmos pela ótica de quem padece com a burocracia pública.
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