sexta-feira, 26 de junho de 2015

O plano oculto de Lula para voltar ao poder

Nas últimas manifestações populares brasileiras, um humorista desenhou Lula escondido no meio do povo, gritando “Fora Lula!”. Uma charge simbólica e emblemática do que Lula está vivendo desde suas críticas inesperadas a Dilma e ao seu partido, o PT, que ele fustigou tão enfaticamente quanto poderiam fazê-lo os indignados da sociedade.

Por essa razão, é grande a curiosidade em saber se Lula prepara alguma nova estratégia, já que, como diz no jornal O Globo o catedrático Eugenio Giglio, especialista em marketing político, “ninguém pode acusá-lo de ingenuidade”.

Os meios de comunicação estão convidando analistas políticos a tentar desvendar um possível plano oculto de Lula, o político com a maior capacidade de se metamorfosear e tirar proveito dos tropeços e triunfos alheios, além de seus próprios.

Para entender a possível estratégia secreta de Lula é preciso destacar que, como chamou à atenção o senador Cristovam Buarque, suas duras críticas ao Governo e ao PT não encerraram um mea culpa dele. A culpa seria de quem traiu suas ideias e não seguiu seus conselhos.


Quando lhe foi útil, Lula soube “engolir” a oposição, que ficou muda e paralisada enquanto ele governou como rei seguro de sua força popular

Quando lhe foi útil, Lula soubeengolir a oposição, que ficou muda e paralisada enquanto ele governou como rei seguro de sua força popular e seu prestígio internacional.

Hoje, porém, está nascendo uma oposição nova que não é a oposição institucional dos partidos, mas a da sociedade e das ruas. É uma oposição que, desta vez, ameaça a força política de Lula e do PT e que pode criar problemas para os sonhos de Lula de voltar ao poder em 2018.

O que fazer? Há quem assegure que a manobra mais astuta de Lula em toda sua trajetória política pode ser a de voltar à oposição e até de colocar-se à frente desse novo protesto social para metabolizá-lo, apresentando-se como seu líder. Com isso ele voltaria às suas origens de opositor implacável, papel que exerceu durante a maior parte de sua vida.

Lula possui um faro especial para detectar os humores da rua. Ele sabe que está desgastado mas não morto; continua a acreditar que essa nova oposição, que deseja e reivindica um país menos corrupto e corroído pela crise econômica, ainda não tem um líder indiscutível com força suficiente para hastear uma nova bandeira que desaloje a sua.

Que solução melhor que apresentar-se como o novo Moisés, disposto a arrancar seu povo das garras da crise para conduzi-lo a um novo período de bonança? Com suas críticas a Dilma e ao Governo dela e as flechas lançadas contra seu próprio partido, desse modo Lula se uniria à nova oposição que critica os políticos tradicionais e corruptos.

Desta vez Lula não precisaria combater a oposição, já que teria decidido metamorfosear-se em opositor. Assim, é possível pensar que em 2018 os brasileiros insatisfeitos, aqueles que participaram das manifestações contra Dilma e o PT, dificilmente encontrarão outro líder melhor que esse que começou a gritar como eles: “Fora Dilma!” e “Fora PT!”.

Lula continua a acreditar que essa nova oposição, que deseja e reivindica um país menos corrupto e corroído pela crise econômica, ainda não tem um líder indiscutível

Tudo isso é o que se comenta neste momento entre os profetas que tentam interpretar o novo Lula insatisfeito e irritado com os seus e que adverte que está começando a perder sua força original, como o Sansão da Bíblia. Claro que ninguém sabe ainda o que a opinião pública contestatária, que já convocou uma nova manifestação nacional de protesto para o dia 16 de agosto, poderá pensar dessa possível estratégia maquiavélica de Lula.

Sem contar com a caixinha de surpresas do enigmático e severo juiz Moro, em cujas teias Lula já deixou entrever que pode acabar enredado.

Em meio à glória que o rodeava, um dia Lula chegou a comparar-se a Jesus, defensor dos pobres. Mas há nos Evangelhos uma cena significativa que tem relação com isso. Vendo que alguns começavam a abandoná-lo, Jesus perguntou aos apóstolos, que eram seu proletariado ambulante, em sua maioria analfabetos: “Quereis vós também retirar-vos?”. O fogoso Pedro se adiantou e respondeu por todos: “Não, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”. (João, 6, 67)

Entretanto, na hora em que o Mestre foi condenado à cruz, quando mais precisava de seu apoio, os apóstolos fugiram, mortos de medo. Pedro chegou a dizer: “Eu nem conheço tal homem”. (Mateus 26,72)

A história, até a religiosa e literária, pode às vezes ser mestra e profeta.

A Venezuela na berlinda outra vez

Enquanto na Venezuela o assunto principal continua sendo a denúncia feita pelos Estados Unidos de que Diosdado Cabello é o chefão do narco-tráfico internacional naquele país, conhecido como o “Cartel dos Sóis”, Nicolás Maduro diligentemente manda-o ao Brasil buscar apoio de seus sócios no Foro de São Paulo (FSP), Dilma e Lula.


Apostando na conivência da mídia companheira de viagem e no desinteresse dos brasileiros pela política além fronteiras, Cabello chegou ao Brasil na surdina, no dia 9 de junho, alegando ter recebido “instruções do companheiro presidente Nicolás Maduro, trabalhando pela e para a pátria”. O que foi dito à imprensa é que ele veio “revisar convênios de fornecimento de alimentos, medicamentos genéricos e outros”. O que não foi dito é que ele manteve reuniões secretas com a presidente brasileira - fora da agenda e a portas fechadas -, além de visitar Lula no instituto que leva seu nome e com os presidentes da Câmara e do Senado que o receberam - igualmente sem constar na agenda! - como se fosse uma celebridade que honraria o país com sua visita.

Cabello, que veio acompanhado pelos ministros de Economia e Finanças, Rodolfo Marco Torres, de Indústrias, José David Cabello (seu irmão) e o presidente da Corporação Venezuelana de Comércio Exterior, Guiseppe Yoffreda, ficou no país até o sábado 12, quando ocorria o 5º Congresso do PT. A mídia não comentou mas no discurso Dilma saudou “companheiros estrangeiros” presentes ao evento, nesse mesmo dia, referindo-se, evidentemente, aos russos e a Cabello e companheiros que vieram com ele.

Bem, na semana seguinte um grupo de parlamentares brasileiros resolveu ir à Venezuela averiguar a situação dos presos-políticos, a escassez de alimentos, a falta de segurança e de democracia alarmantes que vive aquele país, e teve contratempos mesmo antes da viagem se concretizar. Como seguiriam num avião da FAB, enviaram um memorando pedindo autorização para ingressar no país que foi solenemente ignorado. Finalmente, já no dia 18 partiram para Caracas e lá chegando foram “recepcionados” por um embaixador que desapareceu sem deixar rastro, deixando-os plantados no aeroporto sem maiores explicações. Normal, considerando que este indivíduo obedece ordens do Planalto e, evidentemente, não estava ali para fazer gentilezas a “inimigos”.

A visita encerrou-se a poucos metros dali, pois uma turba de milicianos psuvistas (membros do oficialista Partido Socialista Unido da Venezuela - PSUV) agrediu a van que conduzia os parlamentares e as esposas de Leopoldo López e Daniel Ceballos, não permitindo que prosseguissem em seu destino. Os deputados Ronaldo Caiado, Aécio Neves e Aloysio Nunes gravaram vídeos comentando a situação vexaminosa a que foram submetidos, esquecendo-se, convenientemente, de como agem os comunistas/socialistas ante afronta de inimigos. Sobretudo o terrorista Nunes, que hoje posa de “democrata” sem nunca ter pedido perdão pelos crimes que cometeu no passado, esbravejava ter-se sentido acuado, que era uma falta de respeito com parlamentares de países amigos e outras baboseiras hipócritas, pois para quem foi motorista do assassino terrorista Carlos Marighela e assaltou carros pagadores para financiar seu terrorismo, aquilo não passou de “pegadinha” de crianças em dia das bruxas.


A inquilina do Planalto condenou, como era de se esperar, não a recepção agressiva dos venezuelanos, inclusive a Polícia fechou várias vias para que o carro não prosseguisse viagem, mas a visita dos parlamentares à Venezuela que classificou como uma “intromissão aos assuntos internos daquela país”, atitude que nem ela nem seu mentor Lula jamais respeitaram, conforme nos atestam os fatos ocorridos nas deposições legais dos ex-presidentes Fernando Lugo do Paraguai e Manuel Zelaia de Honduras, só para citar dois casos.

No encontro de Cabello com Lula e Dilma há mais do que quiseram fazer parecer, pois o acosso aos parlamentares brasileiros ocorreu depois de sua visita, e o XXI Encontro do Foro de São Paulo que ocorrerá no México entre 29 de julho e 1 de agosto, traz em suas resoluções uma firme condenação às denúncias dos Estados Unidos contra este assassino narco-traficante, amigo das FARC. Agora, é só aguardar os próximos capítulos dessa novela asquerosa…

Universo de sombras

A adulação talvez seja uma das práticas mais antigas na história da humanidade.

Também pode ser definida ou identificada como bajulação, culto à personalidade, idolatria, ou mero puxa-saquismo, para usar uma expressão mais rudimentar.

Quem adula alguém o faz ou por simples espírito subalterno ou por interesse, para abrir caminho para extrair do bajulado alguma vantagem material.

O sótão do universo da prática política é um ambiente adequado para o desenvolvimento desse tipo de comportamento moralmente degenerado. Caudilhos, salvadores da pátria, líderes providenciais, condottieri, fuhrers, duces, guias geniais, costumam reunir em torno de si os mais diversos tipos de aduladores- desde os justificadores intelectuais pretensamente sofisticados até os bajuladores mais vulgares.


Czeslaw Milosz, poeta polonês, Nobel de Literatura de 1980, escreveu “Mentes Cativas”, onde descreve com precisão assustadora como essa prática, que ele conheceu de perto no ambiente intelectual da Polônia ocupada por um regime totalitário,” cria separadamente os estágios sobre os quais a mente dá passagem à compulsão do nada”.

A rendição intelectual, segundo Milosz, cria um “universo de sombras ambulantes”. Ele se referia ao ambiente intoxicado de um regime de partido único instalado à força, num país dominado e subjugado de fora para dentro. Mas nem sempre a força é ferramenta indispensável para subjugar as mentes. A rendição pode ser voluntária, como é voluntária a rendição aos dogmas de fé das religiões.

Esse tipo de rendição suprime o senso crítico, que é fundamento da independência intelectual, e produz abjeções como o discurso póstumo de Lavrenti Béria no funeral de Stálin - “o grande arquiteto do comunismo, guia genial”, por quem “nossos corações estão cheios de tristeza infinita”. Essa obra prima da bajulação não impediu que oito meses depois do enterro do guia genial, Béria fosse fuzilado por traição.

A grandiloquência retórica- Guia, Timoneiro, Grande Líder, Comandante, Chefe Supremo - quase sempre conduz ao ridículo.

O manifesto de apoio a Lula assinado pelos senadores do PT (apoio por que? contra quem?), beira perigosamente o kitsch político e literário:

"Luiz Inácio Lula da Silva, nosso querido Lula, é uma das raras e fantásticas lideranças que conseguem transcender os limites de sua origem social, de sua cultura e do seu tempo histórico. Ele figura no rol escasso dos líderes que rompem os limites, mudam a realidade, fazem a diferença na vida das pessoas, fazem História.”

A prestimosa rapidez com os tradutores juramentados do dialeto dilmês saíram em defesa do peculiar senso de humor da presidente (a mulher sapiens era apenas uma refinadíssima tirada de humor, destinada a mentes privilegiadas e sofisticadas) e de sua profunda erudição (a referência à saga da mandioca tem profundas raízes na história da formação agrícola do país), foi tão abjeta que chega a ganhar tons caricaturais de comédia italiana.

A figura do bobo da corte, que divertia o rei e seus áulicos no final da Idade Média, carregava consigo mais nobreza do que os bajuladores de hoje. Ele tinha agudo senso crítico e fazia o papel de bufão porque tinha licença para criticar e ser mordaz.

O “universo de sombras ambulantes” de que falava Milosz é apenas patético.

Bilhões e lágrimas

Li com atraso "Bilhões e Lágrimas", compilação das entrevistas da jornalista Consuelo Dieguez para a revista "Piauí" com os principais atores que interferiram na política econômica brasileira nos últimos oito anos.

Com precisão cirúrgica, Consuelo deixa que os agentes e os fatos expliquem e justifiquem as decisões tomadas, formando um quadro impressionante da maneira errática com que a economia foi, e é, conduzida no país.

A gênese do ódio bíblico entre PT e PSDB se revela em dois perfis. No de Daniel Dantas, que se debruça sobre a tão discutida privatização das Teles durante o governo FHC; e no de Sérgio Rosa, que comandou os fundos de pensão da era Lula.

As cartas marcadas do rateio do consórcio das Teles e os milhões empregados pelos fundos para realização do negócio, sem nenhuma garantia de ingerência nas decisões futuras das companhias, explicam a revolta dos que defendiam um modelo diferente de privatização.

A eleição de Lula retira do comando os economistas ligados ao livre mercado e faz emergir outra, de origem trotskista, saída do sindicato dos bancários de São Paulo, desejosa de devolver ao Estado o poder decisório.

Militante da Organização Socialista Internacionalista, ao lado de Gushiken e Palocci, Sérgio Rosa assume o controle dos fundos e passa a exigir voz ativa nas empresas em que os pensionistas tinham participação.

Daniel Dantas se transforma na personificação máxima do interesse predatório da iniciativa privada e é caçado a tapa pela Operação Satiagraha. O banqueiro acaba preso e perde seu cargo como representante do Citibank no Brasil, segundo versões não comprovadas, por pressões do governo junto aos americanos.

No capítulo "O Desenvolvimentista", Dieguez narra a saga do BNDES. Nele, fica claro o quanto o PT, uma vez no poder, passa a proteger os interesses de empresas alinhadas com seu projeto de poder, repetindo e aprofundando um comportamento que, um dia, jurou corrigir.

Mineradoras e frigoríficos receberam fortunas em incentivos, enquanto setores de alta tecnologia ficaram esquecidos. Em 2010, três anos depois de eleito presidente da instituição, Luciano Coutinho confessa que o banco de desenvolvimento nada fez pela indústria de ponta do Brasil. "Ela foi destruída nos últimos anos", afirma ele, com evidente pesar.

O livro faz um resumo assustador do deslumbramento ufanista em torno do pré-sal. Em êxtase com a possibilidade de se transformar na nova Venezuela, o governo engessa a exploração dos poços e abandona o álcool.

As promessas de investimento a longo prazo firmadas com o setor usineiro são desfeitas, enquanto outros países avançam nas pesquisas, assumindo uma posição de vantagem numa área onde o Brasil surfava sozinho. É o desmantelamento de uma política energética própria e menos poluente.

"Bilhões e Lágrimas" é uma obra apavorante. Já perto do fim, surgem nomes como o de Paulo Roberto Santos, e o leitor testemunha, como num túnel do tempo, os caminhos que nos levaram aos descalabros revelados na Operação Lava Jato.

A ascensão da Friboi; as doações para a Game Corp, do filho do ex-presidente Lula, feitas por empresários interessados em bajular o Planalto; as oportunidades perdidas pelos setores de alta tecnologia; o aparelhamento de empresas estratégicas em troca de interesses partidários; está tudo ali, resumido em pouco mais de 300 páginas.

Seja por incompetência, corrupção, esperteza, ganância ou deslumbramento, "Bilhões e Lágrimas" liquida com a ideia tacanha de direita x esquerda, de povo x elite, PT x PSDB. Uma vez sentados no trono, todos rezam o rosário do próprio interesse.

Lula critica, hoje, uma candidata eleita por sua vontade, que seguiu uma política implementada por seu governo. A obra de Consuelo Dieguez é um documento importante para os que se veem tentados a enxergar no ex-presidente uma terceira via futura.

"Bilhões e Lágrimas" deveria entrar para a lista obrigatória do MEC, como antídoto a qualquer oportunismo ou maniqueísmo partidário.

E tudo graças à mandioca

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A fórmula para o sucesso é: A=X+Y+Z, onde A é sucesso, X é trabalho, Y é lazer e Z é boca fechada
Albert Einstein
Em dois meses, de 24 de abril a 22 de junho deste ano, Luiz Inácio Lula da Silva passou de atleta da terceira idade, cheio de gás e de conselhos para quem quer recuperar a força física, conforme vídeo transmitido pelo Instituto Lula, a um velho amargurado afirmando que em relação à popularidade, ele e Dilma estão no “volume morto”, enquanto o PT está “abaixo do volume morto”.

Disse mais, que já estava velho, com 69 anos, cansado. “Já estou falando as mesmas coisas que eu falava em 1980”.

E sugere ao PT: “Renovem sua liderança. Chamem os jovens”.

E num dos momentos mais amargos:

— Eu lembro como é que a gente acreditava nos sonhos, como a gente chorava quando a gente mesmo falava, tal era a crença. Hoje, precisamos construir isso, porque hoje a gente só pensa em cargo, a gente só pensa em emprego, a gente só pensa em ser eleito, e ninguém hoje mais trabalha de graça.

Várias são as leituras que leio dessas palavras do Lula. Mas a que mais se afinou com o que penso é a seguinte: Lula, tal qual um apache no alto da montanha, molhou o dedo indicador e o espetou para o alto para ver de que lado sopra o vento. Sopra contra o PT, portanto a tempestade de areia que se forma no horizonte virá para sufocar o partido. Melhor montar em seu alazão e dar a partida para uma nova corrida. É o que ele está fazendo.

Será que tem alguém que, ao contrário do que eu disse acima, acredita nessa novela fiada pelo fundador do PT? Além, é claro, da bancada do PT no Senado que emitiu nota de desagravo a quem não foi agravado, só agravou?

Charge O Tempo 26/06

E de dona Dilma que acha que o Lula, pobre vítima da Imprensa Malvada, de tanto ser agredido, tem todo o direito de agredir, tanto à Imprensa quanto à ela?

A verdade é que ela fez essa declaração depois dos Jogos Indígenas, onde descobriu os poderes da mandioca e da bola feita de folhas de bananeira.

Os poderes da mandioca se espalharam pelo Brasil mais que seus vários nomes: aipim, macaxeira, mandioca. São muitos: no Rio, a carioquíssima farofinha na manteiga; em SP, o bolinho de aipim frito e a sopa de mandioca; em Pernambuco, o bobó de camarão com aipim, o bolo Souza Leão e a deliciosa tapioca; no Paraná, o Barreado... Paro por aqui pois a fome aperta...

Mas não conhecia seu papel como uma das maiores conquistas da civilização brasileira. Nem sabia de seus poderes metafísicos abundantes, ao ponto de permitir que dona Dilma nos desse a infinita glória de corrigir Charles Darwin e introduzir na cadeia da evolução uma nova bípede, a Mulher Sapiens.

Fiquei com uma enorme curiosidade, confesso. Porque será que dona Dilma não quis entregar a bola de folha de bananeiras a um assessor? Preferiu discursar e falar da Mulher Sapiens com a bola embaixo do braço?

Será que uma coisa está ligada à outra?

Dilma pendurada no pincel, sem escada


Esta semana, as bancadas do PT no Senado, primeiro, e na Câmara, depois, solidarizam-se formalmente com as críticas do Lula ao governo e ao próprio partido. Esse posicionamento não deixa dúvidas, pois acopla-se ao sentimento da imensa maioria das bases petistas. Traduzindo: a presidente Dilma está num mato sem cachorro. Sozinha, à exceção de alguns ministros palacianos, ainda que nem todos.

Madame só tem uma saída: penitenciar-se, mudar o rumo de sua administração e aguardar que o antecessor venha a Brasília ou a convoque a São Paulo para assinar a capitulação.

Parece evidente que o Lula manobra para voltar a enquadrar o PT. Jamais perdeu sua liderança, mas andava escanteado pelo grupo reunido em torno da sucessora. Talvez por ela mesmo, logo depois da reeleição. Não há outra explicação para o governo ter assumido explicitamente o modelo neoliberal de cortes orçamentários em setores essenciais como educação e saúde, redução de direitos trabalhistas, compressão de salários e aposentadorias e aumento de juros. Tudo aquilo que o PT rejeitava historicamente.

Foi quando o primeiro companheiro aproveitou a oportunidade para ressurgir e empalmar outra vez o comando absoluto. Indaga-se da hipótese de Dilma oferecer resistência, mas se tentar, mesmo dispondo da caneta e do Diário Oficial, mais ficará pendurada no pincel, sem escada. Talvez demore para retificar as linhas base de seu governo, bem como as pessoas que gravitam ao seu redor. Mas sabe ser inevitável a mudança. A sombra de um improvável impeachment anda longe, mas pode ser mais visualizada hoje do que ontem. Para afastá-la por inteiro, só o Lula…

Incidente diplomático?


Um princípio bíblico diz que “as más companhias corrompem os bons costumes”. E o Brasil tem andado em péssimas companhias... Então, andar com Venezuela, Bolívia, Equador ou Nicarágua é estar bem acompanhado? Que vexame essa malfadada visita de uma comissão do Congresso Nacional à terra do tal Maduro! Esse homem, que diz conversar com o Chávez por meio de um passarinho, pode ser levado a sério? O ex-Luiz, que é sabido, mas, à espera da Polícia Federal, não tem dormido direito, deve ter tido um momento de “gloriosa satisfação” com o vexame dos indesejáveis visitantes aos prisioneiros do inefável Maduro.

Faço aqui, de público, um pedido a Dona Dilma, Sua Presidente (ou denta): peço que castigue à altura os mal-educados venezuelanos, que, sem habilitação, dirigem aquele país fornecedor de misses. Proíba, Presidente, que se faça exportação de papel higiênico para eles e deixe que esses revolucionários bolivarianos de meia-tigela se limpem com folhas de bananeiras. Sim, mas esse assunto é de competência da operação Lava Jato, e eu preciso falar de outro problema tragicômico: o parecer prévio do Tribunal de Contas da União sobre as contas de Dona Dilma do exercício fiscal de 2014.

Como os ministros ousaram rejeitar as contas de um desgoverno petista? Passada a perplexidade inicial, um dos líderes do governo foi logo justificando que nada mais foi que um ato de perseguição do TCU, já que as chamadas “pedaladas” acontecem em todos os governos e nunca antes neste país ninguém falou nada...

Na semana passada falei aqui, que, das reformas que o Brasil precisa fazer com urgência, uma é transformar os Tribunais de Contas em Câmaras de Contas dos Tribunais de Justiça, providas por desembargadores. Disse também que os Tribunais de Contas não podem continuar sendo órgãos do Legislativo, que atualmente servem para acolher deputados em final de carreira ou funcionar como agência de viagens de seus membros para o exterior.

Como justificar esse auê todo, só porque o TCU ousou rejeitar as contas pedaladas de Dona Dilma? Simples: compete ao egrégio TCU emitir parecer prévio sobre as contas do presidente da República, contas que serão julgadas pelo Legislativo – é o que reza a Constituição. Quem deve ter e tem competência para julgar é o Judiciário, mas, neste caso, o julgamento é feito pelo Legislativo, que, aí, poderá aprovar as contas que foram rejeitadas pelo TCU, que existe para esse mister. Dessa forma, a conta de dois mais dois deu cinco, e, apesar de o parecer técnico do TCU ter somado certo, o Legislativo, que fez a lei assim, encontrou politicamente o resultado de quatro...

A democracia tem lá seus defeitos também, mas nada é mais cansativo que a burrice. Colocar o Legislativo como poder julgador, além de “maquiavélico”, é de uma burrice que arde...

Quem sabe não são essas incongruências que colocaram nosso país nesta crise institucional que estamos atravessando, com uma presidente de direito, outro de fato e um palpiteiro- mor? Pense nisso.

Assassinato brutal inspirou redução de maioridade na Grã-Bretanha

Mais de 20 anos depois, o assassinato de um menino de dois anos por dois garotos de 10 anos permanece sendo uma das principais referências em discussões sobre maioridade penal na Grã-Bretanha.

O caso oferece interessantes pontos de comparação no debate sobre o tema no Brasil, especialmente depois da redução da idade de 18 para 16 anos ter sido aprovada por uma comissão especial do Congresso.

James Bulger foi raptado em um shopping center de Liverpool e morto, com requintes de crueldade, pelos garotos Robert Thompson e Jon Venables. O caso teve repercussão internacional e causou surpresa em vários países pela decisão das autoridades britânicas de julgar Thompson e Venables em um tribunal comum, em 1993.

Na época, a maioridade penal era de 14 anos. Mas a promotoria conseguiu levar Thompson e Venables a julgamento por tribunal comum porque conseguira provar que a dupla tinha plena consciência de que tinha cometido uma ação extremamente errada.

Cinco anos depois, durante o governo trabalhista de Tony Blair, político que era da oposição durante o caso Bulger e criticara abertamente a estrutura legal vigente, a maioridade penal britânica foi reduzida de 14 para 10 anos de idade.

No entanto, diferentemente do que aconteceu com os assassinos de Bulger, a lei estabelece que crianças e adolescentes de 10 a 17 anos presos e levados ao tribunal por crimes têm direito a tribunais especiais, sentenças mais brandas que as equivalentes para adultos. E, assim como Venables e Thompson, são mandadas para reformatórios especiais. Mesmo jovens de 18 anos são enviados para prisões adultas com limite de idade de 25 anos.

No mundo ocidental, apenas Escócia (oito anos), Nigéria e Suíça (sete) têm idade criminal mais baixa.

A ONU critica periodicamente o governo britânico pelo que considera uma faixa etária inadequada, e organizações de defesa dos direitos da criança regularmente tentam forçar uma discussão mais formal no Legislativo.

Na Grã-Bretanha, a maioridade penal é de 10 anos

E mesmo vozes favoráveis ao status quo mostram preocupação. E elas, a de Laurence Lee, advogado de defesa de Venables no julgamento de 1993.

Em entrevista à BBC Brasil, Lee descreveu o julgamento dos meninos como "um circo alimentado pela mídia e por uma sociedade sedenta de vingança".

Mesmo assim, ele defende o patamar de 10 anos para crimes violentos, "porque no mundo de hoje, em que há tanta disponibilidade de informações, crianças dessa idade sabem muito bem a gravidade de um ato como o homicídio, por exemplo".

Leia mais

Governo é mentiroso ou desinformado sobre criminalidade?

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do governo federal, divulgou um estudo que demonstra que os menores foram responsáveis, em 2013, por 12,7% dos crimes considerados graves, como homicídio, latrocínio, lesão corporal e estupro. Mas há outros números muito piores. Por exemplo: 92% dos homicidas nunca compareceram à Justiça e os seus crimes permanecem impunes. 


E olha que eu não estou falando dos bandidos que têm direito às benesses que o Partido dos Trabalhadores tratou de empurrar goela abaixo da população, nem dos que estão respondendo em liberdade e nem dos mandados de prisão não cumpridos, porque o PT, pelo fato de não querer ver bandido na cadeia, simplesmente não construiu presídios em mais de 12 anos de governo.
No Rio de Janeiro, a coisa está mais feia: A chance de uma pessoa assassinar outra no e ser denunciada pelo Ministério Público, com base em inquérito policial, é de apenas 3,5%, segundo pesquisa do sociólogo Michel Misse, diretor do Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ. O estudo foi realizado em 2012, mas de lá para cá continua tudo na mesmo

Isso significa que 96,5% dos responsáveis pelas mortes no Rio de Janeiro estão por aí, desfilando no trânsito, nos bares, nas festas, nas padarias, nos mercados, entre as pessoas de bem… Uma esculhambação total e descaso do Estado com as vítimas e com o sofrimento dos seus parentes, ainda vivos.

Humor ou verdade?

O PT não engana mais ninguém

Aliás, engana sim: engana cupinchas recolhidos em milhares de empregos na máquina pública ou sindicalistas que recebem gordos soldos para carregar sua bandeira vermelha e vestir suas camisetas com saudações a guerrilheiros; ou, ainda, filiados a esse partido que se divide em inúmeras tendências, mas se junta tentando manter a sede e o projeto de poder; ou, o que é pior de tudo, engana a milhões que sobrevivem graças às bolsas-misérias distribuídas especialmente nos grotões mais miseráveis deste país.

No auge daquela que talvez seja sua crise fatal em 35 anos de existência, os petistas reunidos em congresso em Salvador, depois de cinco anos sem encontro partidário, fizeram de conta, como sempre, que discutiram o Brasil, seus problemas e soluções, além das diferenças internas. Os 800 delegados, apesar de várias tendências, fizeram, como sempre, o beija-mão daquele que consideram o “salva-pátria”, o que assume o nome de sua tendência “O Partido que Muda o Brasil” sem ao menos passar óleo na cara.

O PT de bobo não tem nada: apesar de teses esquizofrênicas, absurdas para um país democrático, saiu pela tangente e os esquerdinhas mais radicais dançaram miudinho, como já acontecera quando Lula lançou a Carta aos brasileiros, sob inspiração de seu guru José Dirceu, para enganar o país durante os últimos 12 anos.
Rejeitado por manifestações em todo o país, com um governo sem rumo e com dirigentes acusados de corrupção, com desvios de dinheiro grosso e recebimento de propinas por gente graúda da legenda, os petistas professam bom comportamento para continuar enganando.

Lula vocifera bravatas, como sempre no acalanto de seus súditos, mas nada diz sobre seu encontro com Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e membro mais poderoso do regime depois de Maduro. Em visita não oficial ao Brasil, Cabello, considerado um dos maiores barões da cocaína do mundo, ligado ao Cartel dos Sóis, que comanda 90% da exportação da cocaína produzida pelas Farc, foi gentilmente recebido por Lula por duas vezes, e por Dilma no Planalto.

Se fosse honesto, Lula poderia reconhecer que a Venezuela, ícone dos petistas, é hoje o país com a inflação mais alta do mundo e com a segunda taxa mais alta de homicídios do mundo, superado apenas por Honduras. E mantém 70 políticos contrários a Maduro como prisioneiros em suas cadeias. Este é o modelo de país para o qual o PT se prepara desde que nasceu e cuja tese principal, preparada para ser discutida em Salvador, era “Um partido para tempos de guerra”.

Lula, o principal falastrão da legenda, continua no ataque, referindo-se à imprensa: “Parece que as pessoas não querem mais ler as mentiras que eles publicam”. Como sempre, engana seus súditos, inclusive o presidente do partido, Rui Falcão, que posa de bom moço para a mesma imprensa acusada pelo enganador-mor.


O Brasil, para os petistas, é secundário, sempre foi secundário. O objetivo final deste partido é acabar com a democracia que lhes deu espaço. Isso eles não conseguem mais disfarçar. Seu projeto de poder é o do uso da democracia para destruí-la, para consolidar um governo demagógico, respaldado em sindicalistas, CUT, MST, UNE e outros grupelhos fanáticos, com um discurso farsante, mentiroso, que esconde suas verdadeiras intenções, dentro e fora dos poderes, espelhando-se em modelos odientos, criminosos, desagregadores, corruptos, desrespeitadores e ultrapassados, que já faliram uma boa parte dos países do mundo.

E, como perguntar não ofende, quando irão abrir a caixa-preta de Itaipu?

Cláudio Slaviero

A patifaria da Lei Anticorrupção


Mais uma vez a sociedade brasileira está sendo envolvida pelo engodo e falsa propaganda governamental. Os falsários que impregnam os Poderes Executivo e Legislativo da União aprenderam que a melhor maneira de enganar o povo é fazendo leis, cuja fábrica (de fazer leis) está com eles e sempre receptiva para toda espécie de falcatrua que eles quiserem fazer, desde que leve o nome de “lei” na sua certidão de nascimento.

Por tais motivos hoje me assola uma terrível dúvida. Não sei até que ponto,e em que extensão, o cumprimento das leis não estaria causando males maiores à sociedade do que o não-cumprimento ,a desobediência. Para melhor entender, bastaria uma pergunta:seriam confiáveis as leis se elas porventura partissem da organização criminosa chamada “Comando Vermelho”, por exemplo? Ou se o “Comando Vermelho”, ou os seus integrantes,constituíssem o Congresso ,ou fossem os deputados e senadores? Lamentavelmente os juízes não podem questionar essas situações nas demandas que lhes são submetidas. Eles estão “acorrentados” às leis, não tendo poderes para deixar de aplicá-las ou discutir suas origens.

Ora, a única diferença entre os poderes públicos e a referida organização criminosa é que os primeiros podem agir dentro do ilícito que transformam em lei, assim deixando de ser ilícitos, e os segundos, por não terem esses mesmos poderes, não podem. Isso significa que uns criminosos “trabalham” dentro da lei, outros fora dela. Os primeiros são praticamente inatingíveis, os segundos, não. Assim, nenhum deles é melhor que o outro, apesar dos lados aparentemente opostos em que se situam. Somente os legisladores têm o privilégio de poder transformar as irregularidades que desejam em leis, conforme seus interesses.

A Lei nº 12.846/13,que recentemente entrou em vigor, e queresponsabiliza empresas nas esferas administrativa e civil ,quando partícipes de atos ilícitos em prejuízo da administração pública, é uma verdadeira enciclopédia que declara guerra dos Poderes da União contra a sociedade civil, especialmente contra as suas empresas que ajudam a promover o desenvolvimento.

Nessa etapa da discussão enfrentada,será de grande utilidade recorrer a AynRand, filósofa russo-judia, que nos assegura :

“ Quando você perceber que, para produzir, precisa obter autorização de quem não produz nada, quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores, quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas pelo contrário, são eles que estão protegidos de você, quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autosacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

Essa indiscutível verdade toma contornos muito mais sérios no momento em que as leis são expedidas de modo a não só deixar de beneficiar quem produz, porém a persegui-lo e até puni-lo ,“furiosamente” ,como se fosse ele o principal responsável pela corrupção, envolvendo a área pública da esfera federal, com isso “absolvendo”, indiretamente ,os corruptos espalhados em toda a máquina pública. O legislador brasileiro fez uma moeda de um lado só. O lado que existe é só o do “corruptor".


Esqueceram de cunhar o outro lado da moeda, onde deveria estar o “corrupto”, mais precisamente, o agente público. Mas os “santinhos” do setor público escaparam totalmente não só de figurarem no outro lado da moeda, como também de responderem aos processos como réus.

Portanto, a situação do Brasil depois dessa lei ultrapassa por larga margem o pervertido ambiente imaginado por AynRand ao formular a sua sábia sentença. O que ela não diria sobre o Brasil de hoje? O que diria ela ao constatar que os que nos governam, e não produzem nada, passaram a ser não somente os privilegiados de que ela fala, mas agora também os inquisidores que colocam no banco dos réus as empresas que são o segmento da sociedade civil que efetivamente PRODUZ? Que produz riquezas? Trocando em miúdos: os que não produzem podem ser os juízes dos que produzem? Certamente, amigas e amigos, a filósofa “arrancaria os cabelos”.

Em atribuindo a apuração das responsabilidades previstas na lei às autoridades máximas de cada órgão, éevidente que lhes faltarão condições e formação para julgar os casos que forem analisados. Com certeza, um tribunal de fundo de quintal não fará justiça. E tambéma CGU-Controladoria Geral da União, não inspira nenhuma confiança para apurar e julgar responsabilidades das empresas. O que esse órgão fez durante todos esses anos em relação ao império da roubalheira local(mensalão, lava -jato, etc.) sem precedentes no mundo?

Ademais, constata-se nessa lei não só a total exclusão dos agentes dos órgãos públicos envolvidos em corrupção, para fins de responsabilidade administrativa e civil, como também nenhuma referência aos corruptos que agiram antes da lei, que alguns afirmam terem se apropriado de valores na ordem de oitenta bilhões de reais. Com toda a estrutura que têm a poderosa “União” , certamente não lhe faltaria condições de ir atrás do que foi roubado de uma ou outra forma. Porém estes passaram “ilesos”. E já “levaram” quase tudo. A União deverá se dar por satisfeita se retornaremos seus cofres alguns centavos.

O que a Lei Anticorrupção vai conseguir é com certeza abrir novos focos para a prática da corrupção. O problema é que sempre se estará lidando com gente. E terá um momento “x” emtodos os processos de verificação em que o representante da autoridade pública decidirá pelo prosseguimento, ou não, da investigação e indiciamento. É nesse momento que mediante certa “gratificação” o processo poderá ser arquivado. Praticou-se corrupção, ou suborno, para evitar-se apuração da “antiga” corrupção . E o mundo continua girando ,girando...