terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Em defesa da desesperança
A esperança é consenso. Ao mesmo tempo amálgama, exortação e virtude. Aquele que acusa o outro de causar desesperança apresenta-se, ele mesmo, como um portador de esperança. Jamais, sob hipótese alguma, um desesperançado. O desesperançado é um pária político, é um pária social, é até mesmo um pária doméstico. O desesperançado não teria nada a oferecer a si mesmo, ao outro ou ao país. Só encontra alguma compaixão se, em vez de desesperançado, acatar o diagnóstico de “depressivo” e passar a consumir drogas lícitas para se “curar”. Aí, já não é mais desesperançado, mas “doente”. Para o doente, há perdão.
A esperança é a crença que une todos os credos, inclusive a falta de credo. Exige fé e, portanto, adesão. Se você a nega, torna-se um risco para todos os crentes.
Quero aqui fazer uma defesa da desesperança, neste momento tão agudo do Brasil.
Antes, algumas considerações sobre o abismo.
1. A falsa polarização
O ato contra o impedimento de Dilma Rousseff (PT) colocou mais gente nas ruas do Brasil que o ato a favor do impedimento. Nesse enfrentamento pontual, os “contra o golpe” venceram os “a favor do impeachment”. Entre “a favor do impeachment” e “contra o golpe”, onde estamos? No reino da falsa polarização, que só serve para reduzir a política e encobrir o buraco maior, aquele que continuará bem aqui, com ou sem o impedimento da presidente. É aí que reside a obscenidade.
O país parece condenado a reencenar a polarização, como uma espécie de encantamento macabro, um looping maldito. De certo modo, o que acontece agora, com o tema do impedimento, é um revival da campanha eleitoral de 2014. Dilma ganhou de Aécio Neves (PSDB) por uma margem pequena. Possivelmente teria perdido, não fosse o voto útil ou o voto crítico de parte da esquerda que, apesar de não ter nenhum respeito pelo seu primeiro mandato, acreditou que ela era a opção menos ruim. Ou acreditou na famosa “guinada à esquerda”.
Naquele momento, as redes sociais tinham se transformado numa carnificina, voava pedaços de esquerda para todos os lados. Quem não apoiava Dilma era considerado “traidor”. Amigos romperam, casamentos balançaram, tornara-se difícil andar por qualquer rua, virtual ou concreta, sem sair com a alma ou com o corpo esfolado. Há quem chegue ao Natal do ano seguinte sem ter se reconciliado. Ainda assim, Dilma ganhou. E ainda assim 37 milhões – a soma dos votos nulos e brancos e das abstenções – não votaram nem em Dilma nem em Aécio. A tese da polarização oculta diferenças e complexidades, torna homogêneo o que não é. Falsifica a conjuntura do país. Escrevi sobre isso no artigo intitulado "A mais maldita das heranças do PT", publicado após a primeira manifestação contra Dilma Rousseff e o partido, em março de 2015.
Hoje, há gente no próprio PT que lamenta a vitória, convicta de que o melhor seria ter mentido menos na campanha, mesmo à custa de uma derrota, e se recompor na oposição para 2018. Há quem acredite que teria sido melhor para o PT e melhor para o país, que poderia se beneficiar mais com o partido na oposição do que no poder. Mas, como se sabe, o “e se” não serve para nada.
"Há hoje duas coisas indefensáveis: o impeachment e o governo de Dilma Rousseff"
Ao final do primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, o pior primeiro ano de qualquer governo, pelo menos desde a redemocratização do país, a falsa polarização é reeditada em torno do “a favor do impeachment” versus “contra o golpe”. Tem acontecido algumas escaramuças nasredes sociais, tanto à direita quanto à esquerda. À direita, porque parte não aderiu à tese do impedimento por conta de vários fatores, entre eles o fato de que o comandante do processo é Eduardo Cunha, nossa versão particular de um vilão do Batman. À esquerda, porque muitos consideram impossível defender o governo de Dilma Rousseff. Ensaiou-se um “traidor” aqui, outro lá, aos que se recusaram a engrossar as fileiras do “a favor do impeachment” ou do “contra o golpe”, mas com muito menos convicção do que na campanha eleitoral. Uma frase que circula nas redes talvez resuma o impasse da parcela da sociedade que desafia a polarização: “Há hoje duas coisas indefensáveis: o impeachment e o governo de Dilma Rousseff”.
Ainda assim, parte dos movimentos sociais foi às ruas defender a bandeira de que o impedimento é um golpe disfarçado, para que a presidente compreendesse, finalmente, “quem estava com ela”. A tal “guinada à esquerda”. A queda de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda é comemorada por alguns setores como um primeiro resultado desse apoio. Mas o histórico de Dilma Rousseff não é bom neste quesito. A cada vez que a coisa aperta, seja quando corria o risco de perder a eleição, ou agora, quando corre o risco de ser tirada do poder por impedimento, dá para ouvir o grito: “Chama os movimentos sociais pra defender o governo!”.
Com eles, torna-se possível apresentar a narrativa como uma luta entre forças conservadoras contra progressistas. Se valerem as experiências anteriores, em seguida a presidente esquece-se de que precisa conversar com as bases. Dilma é tão explícita na sua falta de paciência que, no discurso de vitória, em 2014, irritou-se com aqueles que, depois de terem dado o sangue na eleição (em alguns casos literalmente), interrompiam sua fala com aplausos e gritos de comemoração.A realidade, porém, não se reduz ao pastiche que querem fazer dela.
2. Restou governo para ser defendido?
A pergunta mais difícil para quem não adere à tese do impeachment é: há governo a ser defendido? O que se perde, de fato, sem Dilma Rousseff na presidência?
A questão da legalidade, convém deixar explícito, não é pequena. Dilma venceu a eleição, e quem não está gostando vai ter de esperar a próxima para mudar o governante. Essa é uma lição importante da democracia: mesmo descobrindo que seu voto foi um desastre é preciso se responsabilizar por ele como gente grande. Mesmo perdendo, é preciso respeitar o voto da maioria. Respeitar essa regra básica é fundamental, mais ainda para uma democracia tão frágil como a brasileira. Há dúvidas consideráveis sobre a legitimidade das razões alegadas para um impedimento, do ponto de vista legal. E, ainda que se saiba que um impedimento é um rito muito mais político do que legal, vale a pena repetir que isso não é pouco nem é menor. O impedimento de um presidente é algo sério demais para não haver um consenso mínimo sobre a legitimidade do pleito, como havia no caso de Fernando Collor de Mello. Ao ampliar-se ainda mais as fissuras, em lugar do enfrentamento honesto de nossos conflitos históricos, pode se tornar mais difícil para o país seguir adiante.
Como defender o governo, se já não há governo para ser defendido?
Dito isso, vale a pena se deter sobre a pergunta: o que restou desse governo e dessa presidente? Para se manter no poder, Dilma Rousseff e o PT fizeram concessões além de qualquer limite, romperam a barreira da decência. Não entregaram tudo, mas quase. Dá para escrever vários livros sobre o balcão de chantagens em que foi negociado o inegociável, temas cruciais para o país comercializados como se fossem salsichas. No vale-tudo ao qual o PT se atirou diante da possibilidade concreta de perder o poder, o PT perdeu o governo. Não todo, mas é possível que tenha chegado ao ponto do não retorno. Assim, o final de 2015 desvela um cenário trágico: defender o quê, afinal? Como defender o governo se já não há governo para ser defendido?
Este é um dilema que tem tirado o sono e a razão mesmo de militantes fiéis. Talvez o exemplo mais emblemático seja a entrega do Ministério da Saúde ao PMDB na última reforma ministerial, feita sob medida para ter apoio num Congresso hostil, em que mesmo os bagrinhos viraram tubarões diante do cheiro do sangue. Não só o ministério de maior orçamento, como um ministério estratégico para políticas públicas essenciais e para o Sistema Único de Saúde (SUS), do qual dependem dezenas de milhões de brasileiros para viver em vez de morrer. Um ministério estratégico para causas muito caras ao PT, aquelas de identidade, as que foram a própria razão de existir do partido.
Os efeitos do desmantelamento do ministério e das políticas públicas em curso na área da saúde, para ficar apenas neste caso entre tantos, só começam a aparecer. Em 10 de dezembro, o novo ministro da Saúde, o psiquiatra Marcelo Castro (PMDB), nomeou para a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas um nome que muitos acreditavam enterrado num passado sombrio: Valencius Wurch Duarte Filho. Sem deixar de reconhecer os limites da reforma psiquiátrica, que até hoje não foi concluída, a escolha de Wurch é um escárnio. Por si só já configura, simbolicamente, um retrocesso de pelo menos duas décadas. Wurch foi diretor nos anos 90 da Casa de Saúde Dr. Eiras, em Paracambi, no Rio de Janeiro, apontada como o maior manicômio privado da América Latina. Depois de várias denúncias de violações de direitos humanos ao longo dos anos, no contexto da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica, o hospício finalmente foi fechado, em 2012. As cenas encontradas lá evocavam um campo de concentração.
A Ciência é como Deus. Na falta de argumento, há sempre quem chame uma ou outro
Mas eis que o passado é esquecido – ou lembrado? – e Valencius Wurch reaparece em 2015 não mais no comando de um manicômio, mas de algo muito maior, ao ser nomeado para comandar a pasta que determina a política de saúde mental do país. Diante dos protestos em vários estados e capitais do Brasil e também de figuras de referência internacional na área, o ministro Marcelo Castro invocou a “Ciência”. A Ciência é como Deus. Na falta de argumento, há sempre quem chame uma ou outro.
No campo minado – e altamente lucrativo, tanto para quem ganha dinheiro com internações psiquiátricas como para a indústria farmacêutica –, é comum uma parcela dos psiquiatras lançarem mão da “Ciência” para defender seu feudo diante do avanço de outras abordagens sobre o sofrimento psíquico. Desta vez, invocar a “Ciência” ou uma escolha “técnica” não funcionou, já que o desempenho “científico” de Wurch é pífio e o de seu antecessor destituído, Roberto Tykanori Kinoshita, bastante vistoso. Funcionários, pacientes e familiares ocuparam as salas da saúde mental no ministério como ato de resistência.
A escolha de um ex-diretor de manicômio para o maior cargo da área da saúde mental revela que hoje, em Brasília, quando todos os limites já foram superados, impera a certeza de que é possível dizer e fazer qualquer coisa e seguir incólume. Mas há um aspecto interessante nesta escolha do ministro que levou o ministério no balcão das chantagens: diante da perversão de sua própria nomeação, nada mais lógico do que chamar um diretor de hospício. Afinal, a escolha de Valencius Wurch pode ter sido apenas um ato-falho do psiquiatra.
Há exemplos como este em várias áreas caras à história do PT, e hoje os focos de resistência onde ainda restam alguns princípios de base são cada vez mais escassos. Mesmo que o impedimento não se concretize, e mesmo que Dilma Rousseff termine o mandato para o qual foi eleita, parece uma possibilidade remota na atual conjuntura que ela recupere o poder de fato. E também não se sabe o que restou do PT, no sentido daquilo que fez o PT representar o projeto político de pelo menos duas gerações de esquerda.
Políticas públicas como as que eram levadas adiante na área de saúde mental, para ficar no mesmo exemplo, era no que muitos se agarravam para dizer que ainda fazia diferença um governo do PT. Se até isso foi vendido no balcão de salsichas, o que sobra? Qual é o porquê? Se em nome da “governabilidade” perdeu-se o governo, a pergunta é séria e também honesta: restou algo para defender?
A pergunta mais difícil para quem não adere à tese do impeachment é: há governo a ser defendido? O que se perde, de fato, sem Dilma Rousseff na presidência?
A questão da legalidade, convém deixar explícito, não é pequena. Dilma venceu a eleição, e quem não está gostando vai ter de esperar a próxima para mudar o governante. Essa é uma lição importante da democracia: mesmo descobrindo que seu voto foi um desastre é preciso se responsabilizar por ele como gente grande. Mesmo perdendo, é preciso respeitar o voto da maioria. Respeitar essa regra básica é fundamental, mais ainda para uma democracia tão frágil como a brasileira. Há dúvidas consideráveis sobre a legitimidade das razões alegadas para um impedimento, do ponto de vista legal. E, ainda que se saiba que um impedimento é um rito muito mais político do que legal, vale a pena repetir que isso não é pouco nem é menor. O impedimento de um presidente é algo sério demais para não haver um consenso mínimo sobre a legitimidade do pleito, como havia no caso de Fernando Collor de Mello. Ao ampliar-se ainda mais as fissuras, em lugar do enfrentamento honesto de nossos conflitos históricos, pode se tornar mais difícil para o país seguir adiante.
Como defender o governo, se já não há governo para ser defendido?
Dito isso, vale a pena se deter sobre a pergunta: o que restou desse governo e dessa presidente? Para se manter no poder, Dilma Rousseff e o PT fizeram concessões além de qualquer limite, romperam a barreira da decência. Não entregaram tudo, mas quase. Dá para escrever vários livros sobre o balcão de chantagens em que foi negociado o inegociável, temas cruciais para o país comercializados como se fossem salsichas. No vale-tudo ao qual o PT se atirou diante da possibilidade concreta de perder o poder, o PT perdeu o governo. Não todo, mas é possível que tenha chegado ao ponto do não retorno. Assim, o final de 2015 desvela um cenário trágico: defender o quê, afinal? Como defender o governo se já não há governo para ser defendido?
Este é um dilema que tem tirado o sono e a razão mesmo de militantes fiéis. Talvez o exemplo mais emblemático seja a entrega do Ministério da Saúde ao PMDB na última reforma ministerial, feita sob medida para ter apoio num Congresso hostil, em que mesmo os bagrinhos viraram tubarões diante do cheiro do sangue. Não só o ministério de maior orçamento, como um ministério estratégico para políticas públicas essenciais e para o Sistema Único de Saúde (SUS), do qual dependem dezenas de milhões de brasileiros para viver em vez de morrer. Um ministério estratégico para causas muito caras ao PT, aquelas de identidade, as que foram a própria razão de existir do partido.
Os efeitos do desmantelamento do ministério e das políticas públicas em curso na área da saúde, para ficar apenas neste caso entre tantos, só começam a aparecer. Em 10 de dezembro, o novo ministro da Saúde, o psiquiatra Marcelo Castro (PMDB), nomeou para a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas um nome que muitos acreditavam enterrado num passado sombrio: Valencius Wurch Duarte Filho. Sem deixar de reconhecer os limites da reforma psiquiátrica, que até hoje não foi concluída, a escolha de Wurch é um escárnio. Por si só já configura, simbolicamente, um retrocesso de pelo menos duas décadas. Wurch foi diretor nos anos 90 da Casa de Saúde Dr. Eiras, em Paracambi, no Rio de Janeiro, apontada como o maior manicômio privado da América Latina. Depois de várias denúncias de violações de direitos humanos ao longo dos anos, no contexto da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica, o hospício finalmente foi fechado, em 2012. As cenas encontradas lá evocavam um campo de concentração.
A Ciência é como Deus. Na falta de argumento, há sempre quem chame uma ou outro
Mas eis que o passado é esquecido – ou lembrado? – e Valencius Wurch reaparece em 2015 não mais no comando de um manicômio, mas de algo muito maior, ao ser nomeado para comandar a pasta que determina a política de saúde mental do país. Diante dos protestos em vários estados e capitais do Brasil e também de figuras de referência internacional na área, o ministro Marcelo Castro invocou a “Ciência”. A Ciência é como Deus. Na falta de argumento, há sempre quem chame uma ou outro.
No campo minado – e altamente lucrativo, tanto para quem ganha dinheiro com internações psiquiátricas como para a indústria farmacêutica –, é comum uma parcela dos psiquiatras lançarem mão da “Ciência” para defender seu feudo diante do avanço de outras abordagens sobre o sofrimento psíquico. Desta vez, invocar a “Ciência” ou uma escolha “técnica” não funcionou, já que o desempenho “científico” de Wurch é pífio e o de seu antecessor destituído, Roberto Tykanori Kinoshita, bastante vistoso. Funcionários, pacientes e familiares ocuparam as salas da saúde mental no ministério como ato de resistência.
A escolha de um ex-diretor de manicômio para o maior cargo da área da saúde mental revela que hoje, em Brasília, quando todos os limites já foram superados, impera a certeza de que é possível dizer e fazer qualquer coisa e seguir incólume. Mas há um aspecto interessante nesta escolha do ministro que levou o ministério no balcão das chantagens: diante da perversão de sua própria nomeação, nada mais lógico do que chamar um diretor de hospício. Afinal, a escolha de Valencius Wurch pode ter sido apenas um ato-falho do psiquiatra.
Há exemplos como este em várias áreas caras à história do PT, e hoje os focos de resistência onde ainda restam alguns princípios de base são cada vez mais escassos. Mesmo que o impedimento não se concretize, e mesmo que Dilma Rousseff termine o mandato para o qual foi eleita, parece uma possibilidade remota na atual conjuntura que ela recupere o poder de fato. E também não se sabe o que restou do PT, no sentido daquilo que fez o PT representar o projeto político de pelo menos duas gerações de esquerda.
Políticas públicas como as que eram levadas adiante na área de saúde mental, para ficar no mesmo exemplo, era no que muitos se agarravam para dizer que ainda fazia diferença um governo do PT. Se até isso foi vendido no balcão de salsichas, o que sobra? Qual é o porquê? Se em nome da “governabilidade” perdeu-se o governo, a pergunta é séria e também honesta: restou algo para defender?
3. Quando havia um governo, ele era defensável?
Esta é uma questão ainda mais espinhosa. E não há uma resposta fácil – nem de “sim” ou “não”. Acredito que o Brasil, em muitos aspectos, é melhor depois do PT. Mas é possível dizer que, em vez de enfrentar conflitos históricos, estruturais, do país, a opção do PT no poder, com algumas exceções, foi por acomodá-los. E a acomodação é sempre temporária. Pode-se simplificar (espero que não demais), dizendo que a questão central no Brasil hoje continua a ser a de que, para diminuir a desigualdade, será necessário tocar nos privilégios. Não só econômicos e sociais, mas também culturais. As elites terão de perder – bem mais do que o “direito” de não ter um pobre e preto ao seu lado no avião.
Lula, o conciliador, tentou fazer uma mágica, aquela que todos ganham sem que ninguém tenha de perder. Financiou essa mágica com as commodities e um irrecuperável custo-natureza. A mágica se esgotou, o encanto se desfez. E o Brasil, mais violento hoje, também porque mais gente tem o que perder – e está correndo o risco de perder –, encontra-se diante de sua chaga histórica, que pode ser resumida por um frase que virou quase um mantra: “Se a paz não for para todos, ela não será para ninguém”.
O PT não fez reforma agrária nem tocou na renda dos mais ricos. O desempenho na demarcação de terras indígenas foi vergonhoso, em especial com Dilma Rousseff. O PT também recuou ao enfrentar temas como aborto, homofobia e drogas. E avançou muito pouco no flagelo nacional, fator fundamental de desigualdade, a educação. O slogan “Pátria Educadora”, deste mandato, já nasceu morto pelas mãos dos marqueteiros. A própria ascensão do que se convencionou chamar de “nova classe média” ou “classe C”, na medida de uma inclusão não só, mas principalmente pelo consumo, começa a ficar comprometida pela crise econômica. E o Bolsa Família, obrigatório diante da indigência criminosa de parte da população brasileira, avançou pouco para além da política compensatória.
Isso não significa deixar de reconhecer os avanços de um governo petista, no tempo em que o PT governou. É possível pensar que a ampliação do debate fundamental sobre o racismo, hoje colocado em outros termos, se deve muito ao protagonismo da primeira geração de negros que alcançou a universidade pelas cotas raciais. Parte dos movimentos políticos que hoje emergem, inclusive confrontando a política partidária, podem ser pensados (também) a partir da experiência de inclusão assegurada por ações afirmativas. Não há dúvida de que hoje uma parte da população que tinha pouco a perder tem mais a perder – e quer mais.
É possível defender um governo e um partido que se corrompeu, mesmo que tenha feito avanços importantes para o país?
A percepção destes avanços, porém, tem sido corroída pela crise política e econômica. Isso fica claro, por exemplo, numa recente pesquisa do Datafolha, ao mostrar que, concretamente, a renda de todos os brasileiros melhorou consideravelmente nos 13 anos do PT. Todos ganharam, mas os mais pobres ganharam mais (129%). Ainda assim, apenas 31% dos brasileiros reconhecem que sua vida melhorou. Essa é a tragédia do partido. Ou uma delas. Perderam, pelo menos temporariamente, a batalha da memória.
A corrupção, por sua vez, não é um dado menor. É fato que ela atravessa a maioria dos partidos brasileiros, como o Mensalão Mineiro, do PSDB, finalmente começa a mostrar – e as investigações da Lava Jato já provaram. Mas também é fato que do PT, que se apresentava como aquele que restauraria a ética na política, se exige, com toda a justiça, muito mais.
É possível defender um partido – e o governo de um partido que se corrompeu ao ser governo –, mesmo que tenha feito avanços importantes para o país? Ou este é um limite ético? Desta pergunta, incômoda, não dá para escapar nem tergiversar.
Mas é na opção pelo tipo de desenvolvimento que o PT se torna, para parte da esquerda, mas não só, indefensável. Toda anatomia que agora se desvela tem sido denunciada por lideranças na Amazônia há muitos anos, quando Lula e depois Dilma estavam no auge da sua popularidade. E recebida com ouvidos surdos, por que quem se importa com os gritos de indígenas e ribeirinhos, afinal? Quem se importa com o que acontece lá na floresta e nas cidades corroídas da região que sempre foi vista pelo centro-sul como um corpo para exploração e exportação de matérias-primas?
É na Amazônia que as contradições do PT no poder se revelaram em toda a sua complexidade e muito mais cedo
O olhar histórico do centro político-econômico do Brasil sobre a Amazônia é o do colonizador, e ainda hoje não mudou. O projeto de Lula e de Dilma para a região revelou-se muito semelhante ao da ditadura militar. A política das grandes obras, na aliança com as grandes empreiteiras que ocupam Brasília desde que a construíram, tem na Usina Hidrelétrica de Belo Monte a sua síntese maior, ainda por ser inteiramente desvendada. É também lá que os mais desamparados foram jogados para fora da lei. E é lá que o processo de conversão de indígenas e ribeirinhos em pobres nas periferias urbanas levanta questões sobre a visão de mundo do partido. É lá ainda, bem longe do centro-sul, que as contradições do PT no poder se revelaram em toda a sua complexidade e muito mais cedo.
Me refiro à Amazônia, mas vale a pena olhar com atenção também para o Nordeste e mais especificamente para a transposição do Rio São Francisco, como obra-símbolo de uma visão de mundo sem nenhuma sensibilidade socioambiental, nenhuma escuta dos que lá vivem, nenhum respeito pelo conhecimento de uma população reduzida pelo poder público a objeto.
Esta é a pergunta mais complicada. Agora não mais o que o PT abriu mão com a justificativa – questionável – da “governabilidade”, uma palavra que foi se tornando mais e mais obscena. Mas a pergunta sobre o que o PT efetivamente escolheu quando tinha todo o capital político para governar.
4) Há fundo no poço sem fundo?
Tem se afirmado que 2015 foi um ano de paralisia. Antes fosse. Andar para trás ainda é andar. O ano de 2015 foi de retrocesso acelerado, e não só no aumento do desemprego e da inflação, ou na queda do PIB. basta ver todos os projetos colocados em pauta graças a Eduardo Cunha e à Bancada BBB (Boi, Bíblia e Bala), sem contar o terrorismo da lei antiterrorismo. Em 2015 se perdeu muito. Conquistas históricas dos trabalhadores foram atingidas. Chantageou-se com a legislação ambiental, ameaçou-se os direitos constitucionais dos indígenas, atacou-se a saúde reprodutiva, retomou-se um conceito de família da Bíblia. E a Licença de Operação de Belo Monte saiu sem o cumprimento de condicionantes.
Andar para trás ainda é andar. E 2015 foi um ano de retrocesso acelerado
O ano de 2015 foi também aquele em que as alternativas do espectro político-partidário, que já eram escassas, se arruinaram. Ao embarcar na chantagem do impeachment, compactuando com uma figura sinistra como Eduardo Cunha e fazendo declarações vergonhosas, o PSDB e seus próceres se apequenaram. MesmoFernando Henrique Cardoso, que sustentava um lugar simbólico de alguma respeitabilidade, manchou sua imagem. Geraldo Alckmin, Aécio Neves e José Serra perderam qualquer pudor ao escancarar que o impeachment ganhava legitimidade ou não conforme seus respectivos projetos de poder. Algo como “a medida sou eu”.
Com esse comportamento constrangedor, o PSDB, que já tinha perdido muito do respeito que chegou a ter em anos (bem) passados, quando era considerado uma alternativa de centro-esquerda, revelou que apodrece. Restou, como reserva ética, Marina Silva. Mas Marina saiu da campanha de 2014 desgastada, tanto pelos ataques abaixo da linha da cintura do PT quanto por seus próprios erros e contradições – e a Rede, partido que finalmente conseguiu viabilizar, nasceu sem o capital de novidade de quando foi lançada. Se Marina, que até hoje não conseguiu ecoar entre os mais pobres, ainda é capaz de representar uma alternativa para uma parte suficiente dos brasileiros é uma incógnita.
Se a opção imediata é um governo do PMDB de Michel Temer, o vice que entrega cartas “pedalando”, e se a alternativa à chantagem do pemedebista Eduardo Cunha é a do pemedebista Renan Calheiros, pelo menos até a Lava Jato alcançar o presidente nada probo do Senado, o Brasil não chegou ao fundo do poço porque os dias têm provado que o poço não tem fundo.
Qual é o projeto político capaz de enfrentar as velhas forças que se rearranjam para manter tudo como sempre foi?
O problema é menos o agora, e mais o depois. O impasse, como já escrevi, é infinitamente maior do que o impedimento ou não de Dilma Rousseff. Se fosse disso que se trata, seria até fácil. O drama maior, porém, é aquele que não acaba nem com Dilma ficando, nem com Dilma saindo. A tragédia é que neste teatro sobram vilões e faltam virtudes. O abismo é o país que por tantas gerações se viu como um futuro que nunca chegava, acreditou ter finalmente alcançado o presente e descobre-se atolado no passado.
Qual é o projeto político, de fato político, e não meramente um projeto de poder, para o presente-futuro do Brasil? Qual é o projeto político capaz de enfrentar as velhas forças que se rearranjam para manter tudo como sempre foi?
Este é o desafio para o qual não parece haver respostas convincentes. Por isso a sensação de que 2015 não vai acabar nunca – ou pelo menos vai levar muitos anos para acabar. Não é só uma questão de resgatar a política, no seu sentido amplo e profundo, como diálogo entre diferentes no espaço público, mas de criar uma nova política.
Mas como?
Diante do tamanho do abismo, me arrisco a apenas três afirmações que dizem respeito aos temas que acompanho como jornalista. Não há projeto de fato sem enfrentá-las. A primeira é a de que este país não pode mais adiar seus conflitos históricos: entre os principais, o racismo. A segunda é que não se enfrentará nem o racismo nem a desigualdade nem a violência nem a tragédia educacional, intimamente interligados que são, sem que as elites econômicas, políticas, sociais e também culturais compreendam que vão precisar perder privilégios. E não me refiro apenas à renda, mas perder privilégios menos contabilizáveis, que talvez sejam até mais difíceis, como o de falar sozinho, por exemplo, ou o de ter razão sozinho, ou o de estabelecer os limites até onde é permitido questionar os próprios privilégios. Privilégios mais sutis, daqueles que nem mesmo se acha que são privilégios, tão assimilados estão, que têm sido colocados à prova em embates do feminismo e do próprio racismo neste último ano. Ninguém – ninguém mesmo – está fora disso. E o terceiro é que não há saída sem sensibilidade socioambiental, que passa por reconhecer o conhecimento e a riqueza das experiências dos povos tradicionais. Não apenas para deter os vários etnocídios em curso, assim como encontrar maneiras para fazer o diálogo entre os Brasis, mas também para encontrar caminhos diante dos enormes desafios representados pela mudança climática.
5) A desesperança como imperativo ético
Agora, de volta ao princípio. Ou à ideia mais dura deste artigo, também a de maior potência.
Este é um país em que se declarar sem esperança é visto como uma falha de caráter, uma traição ao coletivo e a si mesmo. Como assim, você não tem esperança? A esperança é como a felicidade na lógica capitalista: objeto de consumo que mede o sucesso de uma vida. Esperança é palavra invocada por todos os lados na atual conjuntura do Brasil. Seja de forma espontânea, seja como construção marqueteira. Conforme a posição daquele que a evoca, a esperança seria algo a ser recuperado, tanto para o partido que perdeu o país recuperar seu lugar, como para o país recuperar a si mesmo. Esse resgate de um e de outro passaria pelo resgate da esperança. Mas também desponta como palavra de acusação ao PT, o partido que teria sequestrado a esperança dessa enigmática entidade a que se dá o nome de “povo brasileiro”. A reposição da esperança, e de quem a pode repor, supondo-se que perdida está, é campo de disputa. O que une essas tantas narrativas é de que seria ela, a esperança, aquela capaz de recosturar o tecido rasgado chamado Brasil.
Talvez tenha chegado a hora de superar a esperança e fazer o muito mais difícil: criar/lutar mesmo sem acreditar
A esperança como conceito alcança no Brasil suas próprias particularidades, que ainda merecem ser investigadas com maior profundidade. Como invocação, ela tem um lugar estratégico nos 13 anos do PT no poder. Marca a primeira campanha vitoriosa de Lula, em 2002: “a esperança para vencer o medo”. Era uma reação à afirmação da atriz Regina Duarte, no programa do oponente, o PSDB, ao dizer que tinha medo de uma vitória do petista. No pleito de 2014, para a reeleição de Dilma Rousseff, Lula afirmou: “Agora temos de fazer uma campanha para a esperança vencer o ódio”. Em 2015, um dos programas do PT, assombrado pela presidente mais impopular desde a redemocratização e sob ameaça de impeachment, apontava a saída para a crise pelo “caminho da esperança”.
Talvez tenha chegado a hora de superar a esperança. Autorizar-se à desesperança ou pelo menos não linchar quem a ela se autoriza. Quero afirmar aqui que, para enfrentar o desafio de construir um projeto político para o país, a esperança não é tão importante. Acho mesmo que é supervalorizada. Talvez tenha chegado o momento de compreender que, diante de tal conjuntura, é preciso fazer o muito mais difícil: criar/lutar mesmo sem esperança. O que vai costurar os rasgos do Brasil não é a esperança, mas a nossa capacidade de enfrentar os conflitos mesmo quando sabemos que vamos perder. Ou lutar mesmo quando já está perdido.
Fazer sem acreditar. Fazer como imperativo ético.
Eliane Brum
Agora, de volta ao princípio. Ou à ideia mais dura deste artigo, também a de maior potência.
Este é um país em que se declarar sem esperança é visto como uma falha de caráter, uma traição ao coletivo e a si mesmo. Como assim, você não tem esperança? A esperança é como a felicidade na lógica capitalista: objeto de consumo que mede o sucesso de uma vida. Esperança é palavra invocada por todos os lados na atual conjuntura do Brasil. Seja de forma espontânea, seja como construção marqueteira. Conforme a posição daquele que a evoca, a esperança seria algo a ser recuperado, tanto para o partido que perdeu o país recuperar seu lugar, como para o país recuperar a si mesmo. Esse resgate de um e de outro passaria pelo resgate da esperança. Mas também desponta como palavra de acusação ao PT, o partido que teria sequestrado a esperança dessa enigmática entidade a que se dá o nome de “povo brasileiro”. A reposição da esperança, e de quem a pode repor, supondo-se que perdida está, é campo de disputa. O que une essas tantas narrativas é de que seria ela, a esperança, aquela capaz de recosturar o tecido rasgado chamado Brasil.
Talvez tenha chegado a hora de superar a esperança e fazer o muito mais difícil: criar/lutar mesmo sem acreditar
A esperança como conceito alcança no Brasil suas próprias particularidades, que ainda merecem ser investigadas com maior profundidade. Como invocação, ela tem um lugar estratégico nos 13 anos do PT no poder. Marca a primeira campanha vitoriosa de Lula, em 2002: “a esperança para vencer o medo”. Era uma reação à afirmação da atriz Regina Duarte, no programa do oponente, o PSDB, ao dizer que tinha medo de uma vitória do petista. No pleito de 2014, para a reeleição de Dilma Rousseff, Lula afirmou: “Agora temos de fazer uma campanha para a esperança vencer o ódio”. Em 2015, um dos programas do PT, assombrado pela presidente mais impopular desde a redemocratização e sob ameaça de impeachment, apontava a saída para a crise pelo “caminho da esperança”.
Talvez tenha chegado a hora de superar a esperança. Autorizar-se à desesperança ou pelo menos não linchar quem a ela se autoriza. Quero afirmar aqui que, para enfrentar o desafio de construir um projeto político para o país, a esperança não é tão importante. Acho mesmo que é supervalorizada. Talvez tenha chegado o momento de compreender que, diante de tal conjuntura, é preciso fazer o muito mais difícil: criar/lutar mesmo sem esperança. O que vai costurar os rasgos do Brasil não é a esperança, mas a nossa capacidade de enfrentar os conflitos mesmo quando sabemos que vamos perder. Ou lutar mesmo quando já está perdido.
Fazer sem acreditar. Fazer como imperativo ético.
Eliane Brum
O Natal desesperado
O Natal perdeu a delicadeza antiga. Não temos mais chaminés nem ceias transcendentais. Hoje, Papai Noel vem com as renas de um Polo Norte que está derretendo pelo efeito estufa. Hoje, no presépio de Belém, perto da manjedoura do Menino Jesus, explodem homens-bomba berrando: “Feliz Natal, cães infiéis”. Estranho destino da humanidade: a morte no mesmo lugar no nascimento, o fim da civilização na mesma região onde começou.
Todo ano eu acabo escrevendo sobre o Natal. Todo ano sinto a estranheza dessa data que sempre me soou inverossímil como um conto de fadas. Toda aquela alegria com data marcada, toda aquela mansidão fraternal que une desafetos do ano todo.
No Brasil, como comemorar um Natal à beira do abismo? Sim. Passamos o ano todo diante de más notícias e, de repente, noite feliz, noite de paz, rabanadas, castanhas e perus? Que peru? Comê-lo-emos ou seremos comidos? Estamos assistindo a uma desmontagem do país e de repente ficamos felizes? Este Natal chega com o bruto agravamento da crise brasileira. É terrível, mas estamos constatando que talvez o Brasil seja impossível de salvar. Talvez em nossa história tenham se consolidado erros que se somam numa trama maldita, numa mixórdia que determinará para sempre nosso futuro. Talvez não tenhamos futuro. Talvez estejamos descobrindo que nossos erros presentes e nosso atraso são eternos. Como conciliar divergências e os interesses mais sujos da política com a necessidade de reformas administrativas e sociais? O Executivo não quer ou não tem poder para dialogar com o Congresso entre chantagens e oportunismo.
Estes últimos 13 anos mostram a infinita capacidade de errar de um governo de gente que quer se vingar e refazer o sonho maluco de 1963, quando jovens achavam que iam conquistar o socialismo sem armas e com a ajuda do Jango, o presidente da República. Naquela época havia uma romântica ingenuidade, uma beleza na coragem e no martírio, mas, com o passar do tempo, só restou o delírio daquele sonho ideológico que nos moveu, ficaram só os maus motivos, ocultos sob a luz da coragem. E todos foram adotados pelo PT e pelos aliados. Com eles, só restaram os antigos defeitos.
Quais?
Por exemplo, daquela época sobrou o desprezo pela democracia e pela sociedade civil (mesmo se falando em nome dela), continuou o sonho de um grande Estado provedor, ficou o velho rancor contra os empreendedores que fizeram o país, ficou o ódio e o simplismo de achar que a história tão complexa hoje é apenas a luta entre opressores e oprimidos, ficou a santificação da pobreza como prova de pureza de alma, ficou o despreparo político daqueles tempos quando o marxismo-leninismo era apenas um pretexto, pois ninguém lera nada. A ignorância era louvada como um direito dos “guerreiros do povo brasileiro”, que, por tamanha coragem, não precisavam estudar.
Ficou no ar a louvação que Lula fez da própria incultura, ficou a arrogância com que eles se sentem superiores a nós – “burgueses alienados”. Continuou a incompetência daqueles tempos, quando, além de diagnósticos esquemáticos sobre o Brasil, ninguém sabia como agir. Ficou (e se desenvolveu galhardamente) a tese de que é permitido expropriar (eufemismo para roubar) grana de empresas públicas para utopias ridículas. Ficou o ódio estúpido ao mercado, que é a expressão da vida social desde as cavernas, ficou o mesmo ideal babaca que embalou os bolivarianos com os resultados que vimos na Venezuela e na Argentina, ficou a teimosia vista como obstinação, ficou a tese de que a mudança de ideias é um desvio da linha justa, chamado de aventureirismo ou sórdido revisionismo. Mudar é trair. Ficou a burrice de quererem governar um país capitalista com métodos “socialistas”.
Ficou visível que o DNA dessa gente que nos ocupou é imutável, mesmo com acrobacias mentais de alguns intelectuais orgânicos para justificar essa cag#*&, ficou o desejo vagabundo de substituir a realidade por outra realidade que não sabem qual é, ficou a preguiça de administrar como sendo uma coisa também menor, comparada às tarefas “revolucionárias”. Ficaram os olhos iluminados pela crença no absurdo.
Esse esquematismo ideológico, somado aos obstáculos legislativos, somado à imensa estupidez popular, somado à falta de educação e o analfabetismo funcional, é o contrário de tudo que devia ser feito. Já estão aí os sinais.
Dá para prever.
A chegada de Nelson Barbosa ao Ministério da Fazenda já prepara a volta da fracassada “nova matriz econômica”, com a finalidade de criar um novo populismo de consumo, mesmo quebrando o Estado, para enrolar o povo e salvar o governo até 2018. Os “meios” errados nos levarão a “fins” errados.
Os gastos públicos não serão cortados e aumentarão muito.
A inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a “inflação neoliberal”. A economia continuará a ser ditada pela Dilma, com o obediente Nelson Barbosa batendo cabeça.
A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada definitivamente.
Ou seja, leitor, desculpe o mau jeito, mas abandone toda esperança.
Provavelmente não haverá impeachment porque a engrenagem do medo e do oportunismo cordial entre partidos criam um sarapatel de obstáculos que paralisam tudo.
Claro que Dilma jamais renunciará. Não haverá ajuste fiscal nenhum. Não haverá reforma alguma nem na Previdência, nem em nada, o desemprego vai aumentar, tudo que foi modernizado há 15 anos será jogado para o passado mais escroto dessa matriz econômica que nos empobrece (em nome dos pobres), a conjunção astral de forças do “mal” está a nos condenar a um futuro imutável.
O Brasil vai voltar para seu estado primitivo, alheio à modernidade internacional. Já somos considerados o país mais autodestrutivo do mundo. Sinto muito, amigos, mas acho que nada vai melhorar. Nada. Este Natal é a porta para um ano desastroso.
Mas há uma vitória: Dilma está realizando seu sonho de ex-guerrilheira – acabar com o capitalismo. E ela está conseguindo.
Arnaldo Jabor
Abre o olho!
O Governo rotineiramente abusa do seu poder. Isso não é uma observação particularmente profunda. Mas, mesmo que ela não elimine a justificação para a existência do governo, deveria nos tornar mais céticos ao avaliar programas estatais expansivos e regulamentações restritivasDoug Bandow
Só quero ver quem vai votar contra o impeachment
De minha parte, uma decisão já está tomada: pode ser o meu melhor amigo(a), candidato(a) a vereador(a) ou a prefeito(a) em 2016, e também nas eleições de 2018, se pertencer a um partido que não foi 100% a favor do impeachment, então não terá meu voto. Simples assim.
Espero que milhões de pessoas se posicionem dessa forma, as redes sociais são um bom meio para se fazer essa declaração. Chega de empulhação, ou se é a favor do Brasil ou a favor dos bandidos petralhas no poder. Chega também de omissão – está ouvindo(ou lendo), dona Marina Silva?
Articulistas ridículos, com argumentos cada vez mais fracos e piores, insistem em defender a “gestão” de dona Dilma Rousseff! Vamos resumir a coisa:
Dona Dilma, presidanta, providencie para que a oposição não consiga os 342 votos na Câmara. Mas mesmo assim, vamos supor que a oposição consiga 335 votos, faltando 7 para conseguir encaminhar o impeachment e o seu afastamento do cargo. Que tipo de governo (ou desgoverno) irá fazer tendo um número tão absurdo de deputados contrários ao seu mandato? E, além disso, com mais de 90% de desaprovação popular? É muita imbecilidade!
Ainda assim poderia haver uma hipótese de conseguir chegar ao final do mandato de maneira menos conturbada: abra mão de continuar governando dentro desse presidencialismo furado de coalizão (ou seria de corrupção), deixe que Michel Temer assuma um papel de primeiro-ministro, forme o novo gabinete dele e comece a governar. E a senhora ficaria até 2018, só como chefe de estado, curtindo viagens, regabofes, lindas praias de fortes da Marinha, como na Bahia e outros mordomiazinhas do cargo. Mas, pelo amor de Deus, desista de governar, o país não aguenta mais sua incompetência gerencial e seus desatinos!
A sangue frio
A semana que passou foi a da definição dos papéis dos diversos atores da tragédia brasileira. Personagem por personagem, cada um veio à boca do palco para dizer à sua descendência e à História: “Eis aqui o que eu sou…”
Renan Calheiros e o PT oficializaram a lambuzagem de mucosas em que vinham entretidos, nascida das suas “afinidades eletivas”. Tendo construido, os dois, a sua trajetória política em cima do tripé corrupção, violência e exploração da miséria, quase sempre à margem da lei, a aproximação da polícia que vem no seu encalço desde Curitiba tornou claro que uma eventual afirmação do império da lei sobre o padrão histórico de negação dele na tradição brasileira configuraria, inapelavelmente para ambos, o fim final da picada.
A admissão formal da superação das variações do discurso com que cada um justificava os seus “malfeitos” em troca de uma garantia mutua de impunidade impos-se, assim, como um imperativo de sobrevivência. Renan Calheiros e Dilma Rousseff são, agora oficialmente, a perna direita e a perna esquerda do PT, que não permanecerá em pé se qualquer das duas vier a ser quebrada.
Ao dar com exclusividade a Eduardo Cunha o que já estava devendo ha muito mais tempo a Renan Calheiros, o “porteiro do impeachment”, Rodrigo Janot também confirmou o que já sinalizara: ele é o procurador geral de Dilma Rousseff antes de ser o procurador geral da república.
Completou o quadro o “Eu também, Brutus! Eu também!” com que oito ministros do Supremo Tribunal Federal sacramentaram, na quinta-feira passada, o “Ato Institucional” que resulta no virtual “fechamento” da Câmara Baixa do Congresso Nacional mediante a suspensão autocrática da vigência do artigo 51 da Constituição e a determinação de que, seja o que for que os representantes eleitos dos 204 milhões de brasileiros venham a decidir, mesmo por maioria de 2/3, bastam metade mais 1 dos “liderados” do “porteiro do impeachment” plantado no Senado – e em alguns casos até uma simples decisão solitária dele – para anulá-la como se nunca tivesse sido tomada.
O 18 de dezembro entra para a História como a data em que se tornou inapelável a falência múltipla das instituições e da segurança jurídica sem as quais não ha sustentação da vida econômica que Dilma Rousseff já vinha antecipando com os repetidos julgamentos de si mesma endossados pelos “seus” juristas e pelos “seus” legisladores em frente às câmeras de televisão, acompanhados da condenação como “golpe” a ser enfrentado com uma conflagração aberta qualquer afirmação em contrário dos juristas e dos legisladores do Brasil, agora calados por ordem superior e sem possibilidade de apelação.
O “AI-6” do STF é, portanto, apenas o encerramento formal da etapa deste desastre que interessa exclusivamente a Brasília e aos jornalistas brasiliocêntricos. Para a falecida economia do Brasil Real que não pode ser matada mais do que já está morta ele é apenas o atestado de óbito.
Como se ha de recordar, ninguém impôs o ex-ministro Joaquim Levy ao flagelo Dilma Rousseff, foi ela própria quem o escolheu. Versado em aritmética que é, como todo bancário que se preze, não demorou muito para que ele demonstrasse incontestavelmente até para alguém com as características de Dilma Rousseff e da gente que a cerca quais eram e para onde nos levariam os numeros que estavam postos e a impossibilidade física de continuar fazendo das palavras atos que enchessem de novo o Tesouro Nacional esvaziado, mesmo oferecendo, por cima dos 15% a que já chegamos, a pele de todos os brasileiros vivos e ainda por nascer a quem se aventurar a nos emprestar dinheiro que valha alguma coisa.
Foi aí – nessa demonstrada e re-demonstrada inexistência de alternativa para sair desse buraco sem uma reforma profunda do Estado – que a questão realmente “pegou”, deixando o país paralisado à espera de que Dilma e cia. se refaçam do choque. Pois, de fato, como o Estado brasileiro é o PT e, mais especialmente, a gordura mórbida de que ele vem sendo recheado nos últimos 13 anos; como tudo que resta ao PT é essa rarefeita militância que ele ainda consegue a duras penas por na rua constituída pelo funcionalismo público “enfiado” e mais as agremiações diretamente assalariadas do Estado que a imprensa condescende em continuar chamando de “movimentos sociais”, a escolha muito prática e concreta que se apresenta ao PT é reduzir o tamanho do PT para reabrir espaço para o Brasil, ou deixar que o Brasil exploda.
Esta é a faceta menos compreendida da tragédia brasileira: a massa da opinião pública não conhece esses numeros que o ministro Levy passou um ano exibindo nas lousas das salas de reunião do Planalto e que se mostraram bastantes para convencer até mesmo o PT de que não ha alternativa para salvar o Brasil da mutilação senão incluir na crise também e principalmente os eternos “sem crise” que sempre as fabricam mas nunca as vivem. Tendo se autocondenado à amplificação do que lhe dizem fontes oficiais, à reprodução das denuncias e dossies a que lhe “dão acesso” as partes em conflito ou a relatar o que fazem a Policia Federal e as células ainda vivas do Poder Judiciário, a imprensa brasileira simplesmente não tem trabalhado o mapeamento do Estado petista e suas medidas auto-explicativas que, postas ao lado das medidas do Brasil Real em desmoronamento, conduzem automaticamente às respostas certas. E isso desfoca e dispersa a força de pressão sem a qual não se corrigirá o rumo a favor do Brasil.
Com o “ataque em pinça” da semana passada o PT comunicou à nação a sua decisão. Com a manobra que excluiu formalmente dessa discussão todos os representantes eleitos dos 204 milhões de brasileiros, o Supremo Tribunal Federal deixa, na prática, aos agentes patológicos da doença instilada nas veias da economia brasileira a decisão em circuito fechado com a sua própria representação política, da sua remoção ou não da corrente sanguínea que parasitam.
Conformar-se com essa violência é um caminho sem volta.
Com a queda de Levy, Lula assume de vez o comando do país
A palavra da Dilma não vale um tostão furado. Como o país pode acreditar numa presidente que não tem convicção no que diz? Mente cinicamente para a população todas as vezes que é questionada sobre o seu governo e a sua equipe. Não faz muito tempo, pressionada por Lula, disse que não mexeria no Joaquim Levy, seu ministro da Fazenda. Levou um puxão de orelha do chefe e mudou de ideia. Agora, o ministro da Fazenda é Nelson Barbosa, um cara da cozinha do Instituto Lula. Com essa mudança, o ex-presidente ocupa todos os espaços do governo. Mudou o gabinete dela, expurgando de lá o Aloizio Mercadante e a sua turma, e vai ditar a regra da política econômica.
Infelizmente, estamos diante de uma presidente de papel, sem personalidade e autoridade que, ao primeiro sinal de que vai magoar seu antecessor, muda as regras do jogo para não contrariá-lo. Trata-se de uma marionete, manipulada por Lula e sua equipe que agora, sim, assume de vez o país. Se alguém tinha dúvidas de que a Dilma ainda mandava em alguma coisa, a saída de Levy mostra que estamos em um país à deriva a procura de um timoneiro competente que encontre o caminho de volta ao porto seguro.
Disse aqui – e repito – que o Lula conspirou contra a Dilma quando ela se rebelou em trocar o ministro da Fazenda. Foi dele a ideia de acionar o Rui Falcão, presidente do PT, para que os três deputados do Norte votassem a favor do processo de Eduardo Cunha na Comissão de Ética, quebrando o acordo que ele mesmo havia feito para proteger o presidente da Câmara e evitar a abertura do impeachment. E mais: mandou que o Falcão, seu fiel escudeiro, o mais fundamentalista de todos os militantes, não prestasse solidariedade ao senador Delcidio do Amaral, líder do governo, entregando-o às baratas. Afinal de contas, pensou, Amaral era “coisa” da Dilma, portanto, ela que resolvesse o problema.
Agora, com a saída de Levy, Lula vai tentar reorganizar o país que ele começou a destroçar, quando escalou Guido Mantega para administrar a economia nos dois governos petistas. Mantega, refém da sua própria incompetência, não pode sair de casa com medo dos insultos e de apanhar de alguns mais exaltados na rua, foi o condutor mais primário da economia brasileira.
Durante o tempo que passou à frente do ministério da Fazenda obedeceu cegamente às ordens de Lula que entende tão bem de economia como de fissão nuclear. Tornou-se o maior lobista da indústria automobilística e adotou a politica de incentivar o consumo para gerar emprego e movimentar a indústria por iniciativa do seu chefe. Resultado: quebrou o país que voltou ao patamar dos juros altos para frear o consumo e provocou a disparada da inflação. Hoje, a população inadimplente não só vive no sacrifício como amarga o desemprego. Por isso, o ministro está trancafiado dentro de casa com medo de levar uma surra quando bota a cabeça de fora.
Não se engane, Barbosa, que conviveu ao lado de Levy conspirando para tirá-lo do cargo, é um aluno aplicado do Instituto Lula, de onde, de fato, o ex-presidente comanda o país. Chega ao ministério para atender as demandas do Lula e da cúpula do PT. Se alguém acredita que ele será o salvador da pátria pode tirar o cavalinho da chuva. O desastre da economia será ainda pior, porque suas credenciais não são tão valorizadas no mercado internacional como as de Levy. É só esperar pra ver.
Se depender, porém, de um empurrãozinho de Lula ele permanecerá mais tempo no poder. Afinal de contas, Barbosa goza da intimidade do ex-presidente desde que esteve à frente das finanças do comitê da reeleição do padrinho em 2006.
Disse aqui – e repito – que o Lula conspirou contra a Dilma quando ela se rebelou em trocar o ministro da Fazenda. Foi dele a ideia de acionar o Rui Falcão, presidente do PT, para que os três deputados do Norte votassem a favor do processo de Eduardo Cunha na Comissão de Ética, quebrando o acordo que ele mesmo havia feito para proteger o presidente da Câmara e evitar a abertura do impeachment. E mais: mandou que o Falcão, seu fiel escudeiro, o mais fundamentalista de todos os militantes, não prestasse solidariedade ao senador Delcidio do Amaral, líder do governo, entregando-o às baratas. Afinal de contas, pensou, Amaral era “coisa” da Dilma, portanto, ela que resolvesse o problema.
Agora, com a saída de Levy, Lula vai tentar reorganizar o país que ele começou a destroçar, quando escalou Guido Mantega para administrar a economia nos dois governos petistas. Mantega, refém da sua própria incompetência, não pode sair de casa com medo dos insultos e de apanhar de alguns mais exaltados na rua, foi o condutor mais primário da economia brasileira.
Durante o tempo que passou à frente do ministério da Fazenda obedeceu cegamente às ordens de Lula que entende tão bem de economia como de fissão nuclear. Tornou-se o maior lobista da indústria automobilística e adotou a politica de incentivar o consumo para gerar emprego e movimentar a indústria por iniciativa do seu chefe. Resultado: quebrou o país que voltou ao patamar dos juros altos para frear o consumo e provocou a disparada da inflação. Hoje, a população inadimplente não só vive no sacrifício como amarga o desemprego. Por isso, o ministro está trancafiado dentro de casa com medo de levar uma surra quando bota a cabeça de fora.
Não se engane, Barbosa, que conviveu ao lado de Levy conspirando para tirá-lo do cargo, é um aluno aplicado do Instituto Lula, de onde, de fato, o ex-presidente comanda o país. Chega ao ministério para atender as demandas do Lula e da cúpula do PT. Se alguém acredita que ele será o salvador da pátria pode tirar o cavalinho da chuva. O desastre da economia será ainda pior, porque suas credenciais não são tão valorizadas no mercado internacional como as de Levy. É só esperar pra ver.
Se depender, porém, de um empurrãozinho de Lula ele permanecerá mais tempo no poder. Afinal de contas, Barbosa goza da intimidade do ex-presidente desde que esteve à frente das finanças do comitê da reeleição do padrinho em 2006.
Lula: O Ogro Piantrópico
O ogro é uma figura mitológica voraz e insaciável, cuja particularidade é devorar tudo e a todos. A palavra ogro vem do latim, orcus, que significa inferno. Filantrópico vem de filantropia, o ato de se fazer caridade, ajudar o próximo sem desejar nada em troca. O vosso Dr. Lula, devoto da luta de classes, não é propriamente um filantropo, mas, sim, como sabido, um pilantra ambulante, tipo refinado na arte de passar a perna na patuleia ignara (o que vem fazendo, sem pudor, há mais de três décadas). Por oportuno, vamos tratar de algumas facetas deste assombroso personagem.
No histórico, essa gente nunca vacilou em alardear a "liderança carismática" do ogro pilantrópico, logo reconhecido como um "quadro genuíno" a ser cooptado a todo custo. Além de astuto, ambicioso e ignorante, o operário relâmpago seria capaz, segundo o comparsa Leonel Brizola, de "pisar o pescoço da própria mãe para chegar ao poder".
A figura foi um achado para as hordas comunistas, aparentemente esfaceladas pelos milicos. Cevado nos antros da teologia da libertação e da "intelectuária orgânica" da USP, o títere de pronto foi enviado para a Alemanha Oriental, onde recebeu tratamento de choque em cursilhos ministrados pela ortodoxia da STASI. No regresso, mostrou-se afiado no vociferar da decoreba vermelha. Daí a fundar um partido "hegemônico" e chegar ao poder, "pisando o pescoço da própria mãe", foi um passo. Em seguida, para mantê-lo, o ogro "fez o diabo" e armou com mão de ferro o Estado Socialista do PT, hoje considerado o mais corrupto do mundo, embora atravesse fase agônica.
O exemplo de como a imprensa amestrada venera ídolos de pés de lama verificou-se quando o puxa-saco Roberto D'Ávila, outro membro da patota, entrevistou o companheiro Lula na Globo News, uma emissora a serviço da desinformação. Nela, o ogro pilantrópico, no momento às voltas com inúmeras denúncias da operação Lava-jato, mentiu adoidado, distorcendo os fatos mais notórios ao sabor da sua completa amoralidade. Diante das câmeras, com irrefreável lógica de botequim, o ogro atropelou como quis o falso entrevistador que, de resto, manteve-se fiel ao hábito de "levantar a bola" para o arremate dos companheiros de viagem.
Lula vociferou tal qual a figura do fingidor histérico, tipificado na patologia como o doente que diz uma coisa que sabe que é mentira e a sustenta, publicamente, na maior cara de pau. Escondido no bunker do Instituto Lula, onde armou a entrevista-farsa, o ogro mentiu desvairado, o quanto pôde, para eventuais telespectadores, sempre rodeado pelos cupinchas da CUT, UNE e MST, claque cativa e bem remunerada. Em determinado instante, Lula, um sujeito rico com milhões de reais investidos em especulações financeiras, chefe de família dona de 17 empresas capitalistas, garantiu que ninguém apareceu quando era presidente para lhe oferecer sequer "uma pêra". Em ato falho, porém, sofismou em defesa própria: no Brasil, "... aquele cara que parece um santo, na verdade é um bandido. O que parece bandido é um santo". É preciso mais?
Na dura realidade, no País conflagrado pelo socialismo petista, as chamadas instituições oficiais afundam na desídia e na dissolução, o desemprego ultrapassa a casa dos 10%, a inflação galopa em dois dígitos, o PIB desaba, o descrédito externo avança e a dengue, a zika e a chikungunya massacram a população carente. Numa reação previsível, a maioria indignada, mesmo descrente, manifesta nas ruas sua repulsa contra o governo corrupto ostentando o boneco ladravaz de Lula, símbolo da miséria física e moral que estigmatiza a nação.
Enquanto isso, nos palácios de Brasília, a caricata Dilma Rousseff, factotum de Lula, se aferra ao poder contra a vontade de 84% da população. Com o governo falido pelo roubo público, ela informa que o País atravessa crise passageira e promete mundos e fundos, inaugurando obras inexistentes em viagens dispendiosas nas quais se vende como vítima de golpes tramados pelos adversários políticos.
Quer dizer: estamos ferrados.
Antes de mais nada convém anotar que o ogro do ABC não seria mais que fenômeno passageiro caso não fosse incensado pela mídia amestrada, dia e noite, desde que pintou no pedaço. Diga-se, de passagem, que a imprensa cabocla, totalmente dominada pelo ativismo esquerdista, encampa, por tradição, todo tipo de fanático ou picareta capaz de entoar a cantilena comunista (seja leninista ou gramsciana).
No histórico, essa gente nunca vacilou em alardear a "liderança carismática" do ogro pilantrópico, logo reconhecido como um "quadro genuíno" a ser cooptado a todo custo. Além de astuto, ambicioso e ignorante, o operário relâmpago seria capaz, segundo o comparsa Leonel Brizola, de "pisar o pescoço da própria mãe para chegar ao poder".
A figura foi um achado para as hordas comunistas, aparentemente esfaceladas pelos milicos. Cevado nos antros da teologia da libertação e da "intelectuária orgânica" da USP, o títere de pronto foi enviado para a Alemanha Oriental, onde recebeu tratamento de choque em cursilhos ministrados pela ortodoxia da STASI. No regresso, mostrou-se afiado no vociferar da decoreba vermelha. Daí a fundar um partido "hegemônico" e chegar ao poder, "pisando o pescoço da própria mãe", foi um passo. Em seguida, para mantê-lo, o ogro "fez o diabo" e armou com mão de ferro o Estado Socialista do PT, hoje considerado o mais corrupto do mundo, embora atravesse fase agônica.
O exemplo de como a imprensa amestrada venera ídolos de pés de lama verificou-se quando o puxa-saco Roberto D'Ávila, outro membro da patota, entrevistou o companheiro Lula na Globo News, uma emissora a serviço da desinformação. Nela, o ogro pilantrópico, no momento às voltas com inúmeras denúncias da operação Lava-jato, mentiu adoidado, distorcendo os fatos mais notórios ao sabor da sua completa amoralidade. Diante das câmeras, com irrefreável lógica de botequim, o ogro atropelou como quis o falso entrevistador que, de resto, manteve-se fiel ao hábito de "levantar a bola" para o arremate dos companheiros de viagem.
Lula vociferou tal qual a figura do fingidor histérico, tipificado na patologia como o doente que diz uma coisa que sabe que é mentira e a sustenta, publicamente, na maior cara de pau. Escondido no bunker do Instituto Lula, onde armou a entrevista-farsa, o ogro mentiu desvairado, o quanto pôde, para eventuais telespectadores, sempre rodeado pelos cupinchas da CUT, UNE e MST, claque cativa e bem remunerada. Em determinado instante, Lula, um sujeito rico com milhões de reais investidos em especulações financeiras, chefe de família dona de 17 empresas capitalistas, garantiu que ninguém apareceu quando era presidente para lhe oferecer sequer "uma pêra". Em ato falho, porém, sofismou em defesa própria: no Brasil, "... aquele cara que parece um santo, na verdade é um bandido. O que parece bandido é um santo". É preciso mais?
Na dura realidade, no País conflagrado pelo socialismo petista, as chamadas instituições oficiais afundam na desídia e na dissolução, o desemprego ultrapassa a casa dos 10%, a inflação galopa em dois dígitos, o PIB desaba, o descrédito externo avança e a dengue, a zika e a chikungunya massacram a população carente. Numa reação previsível, a maioria indignada, mesmo descrente, manifesta nas ruas sua repulsa contra o governo corrupto ostentando o boneco ladravaz de Lula, símbolo da miséria física e moral que estigmatiza a nação.
Enquanto isso, nos palácios de Brasília, a caricata Dilma Rousseff, factotum de Lula, se aferra ao poder contra a vontade de 84% da população. Com o governo falido pelo roubo público, ela informa que o País atravessa crise passageira e promete mundos e fundos, inaugurando obras inexistentes em viagens dispendiosas nas quais se vende como vítima de golpes tramados pelos adversários políticos.
Quer dizer: estamos ferrados.
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