terça-feira, 18 de novembro de 2014

Única coisa que sabe


Brasil tem 155 mil em regime de escravidão


Quase 36 milhões de homens, mulheres e crianças - 0,5% da população global - vivem em situação de escravidão moderna no mundo, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira pela organização de direitos humanos Walk Free Foundation.

O Brasil, apesar de ter um dos menores índices de escravidão do continente americano (atrás de Canadá, EUA e Cuba), ainda abriga 155,3 mil pessoas nessa situação, que abrange desde trabalho forçado ou por dívidas, tráfico humano ou sexual até casamentos forçados, em que uma das partes é subserviente.

"Depois da Europa, o continente americano é a região com a menor prevalência de escravatura moderna no mundo. Ainda assim, cerca de 1,28 milhão de pessoas (no continente) são vítimas de escravatura, na sua maioria por meio do tráfico sexual e exploração laboral, (sobretudo) trabalhadores agrícolas com baixas qualificações e elevada mobilidade", diz o relatório.

"Um dos principais fatores na região são as fortes tendências migratórias transnacionais, que levam pessoas vulneráveis a abandonar seus lares em busca de trabalho. As condições de trabalho são muitas vezes deploráveis e podem incluir servidão por dívida, confinamento físico, ausência de dias de descanso, falta de água potável, retenção de salários e horas extras ilegais, muitas vezes sob ameaça de deportação."

Não surpreende, portanto, que o empobrecido Haiti lidere o ranking da região: 2,3% de sua população vive em condições de escravatura moderna, segundo o Índice Global de Escravatura.

O relatório destaca que o Brasil está entre os países com "respostas governamentais mais firmes" contra o problema, ao encorajar as empresas a pressionarem pelo fim do trabalho escravo nas diversas etapas de sua cadeia produtiva.

Número de multimilionários dobrou depois da crise


Segundo a ONG, taxa de 1,5% sobre a riqueza da parcela da população mais abastada levaria educação a todas as crianças do mundo e serviços de saúde aos países mais pobres.
 A organização britânica de luta contra a pobreza Oxfam fez um apelo contra a desigualdade social e econômica, ao apresentar um novo relatório em Londres. Segundo o documento, o número de multimilionários no mundo duplicou depois da crise econômica de 2008, passando de 793 pessoas em 2009 para 1.645 hoje.

Além disso, o relatório afirma que uma pequena taxa anual de 1,5% sobre o patrimônio dos multimilionários seria o suficiente para assegurar que cada criança do mundo tenha acesso à educação e para levar serviços de saúde aos países mais pobres.

"Hoje a riqueza está aumentando, e vai continuar sendo assim a não ser que os governos ajam", disse a diretora executiva da Oxfam International, Winnie Byanyima. "Não devemos permitir que doutrinas econômicas de visão estreita e o interesse próprio dos ricos e poderosos nos deixem cegos para esses fatos."

Segundo o relatório, 70% das pessoas vivem em países onde a distância entre ricos e pobres aumentou nos últimos 30 anos. O documento reconhece que a desigualdade entre os países diminuiu nos últimos 14 anos, mas afirma que o mais importante é a desigualdade entre a população de um país.

A Oxfam calcula que a riqueza somada das 85 pessoas mais ricas do mundo cresce 668 milhões de dólares por dia. Essas pessoas têm um patrimônio equivalente ao da metade mais pobre do planeta, afirma.

O pré-sal da corrupção


Não adianta querer lutar contra a corrupção se não houver governança e planejamento
Ministro Augusto Nardes, presidente do Tribunal de Contas da União

Fizemos uma análise das contas, nos padrões internacionais, do governo da presidente Dilma. Descobrimos 2,3 trilhões de reais que não estavam contabilizados em relação ao passivo dos funcionários da Previdência. É um cálculo que deveria estar no balanço da União. O valor está relacionado às previsões do déficit da Previdência para os próximos 50 anos. Isso deu para mostrar que o Brasil não tem transparência na auditoria financeira. Ilustração tubo

A arrogância da doutora


O que nos tortura, a mim e a toda gente honesta, é que com o caráter arrogante, impudente e revoltado que é o teu, mergulhas o mundo todo numa funesta discórdia
Erasmo de Roterdã (1466-1536)

A 'reforma política' da PF pode acabar com o PT


A Operação Lava Jato, agora na apropriadamente apelidada etapa do Juízo Final, pode fazer aquilo que todo governo em crise promete: uma reforma política. Ao atacar de frente os corruptores, a Polícia Federal tem a oportunidade de expor o elo que costuma escapar nos escândalos do gênero.

A confirmar as suspeitas, ao fim poderá estar claro que empresas fornecedoras da Petrobras roubaram da estatal por meio de propinas e superfaturamentos, e usaram parte deste mesmo recurso para molhar a mão de políticos e operadores que permitiram a instalação do esquema.

É quase um círculo perfeito, no que tange o financiamento dos políticos. Em campanhas, dinheiro desviado pode ser reinvestido legalmente em quem abriu a porta do cofre.

Depois do mensalão e das duras condenações aplicadas particularmente aos atores não-políticos do esquema, o pagamento aos políticos precisava de novos e menos arriscados mecanismos.

A reforma política proposta pelo governo não resolve os problemas e ainda cria outros. Mas involuntariamente a PF fará avançar essa agenda, se conseguir ir até o fim. Resta saber o que sairá disso, visto que agentes que irão debater as novas regras poderão fazê-lo do banco dos réus.

O escândalo da Petrobras ameaça a todos, mas só um partido corre risco existencial com ele: o PT.

Em seus governos, o partido colocou a estatal no topo da agenda; fez controle inflacionário ao represar reajustes de combustível, enquanto Lula embebia as mãos com petróleo, à Getúlio. Para cada descoberta no pré-sal, contudo, parece ter havido uma contrapartida obscura.

PMDB, PP e outros estão citados, mas o PT tinha o leme. Depois de sobreviver ao mensalão e sofrer derrotas apesar de reeleger Dilma, o que sobrará do partido se o que se insinua na Lava Jato for comprovado?