terça-feira, 13 de junho de 2017
Cinismo e política
A crise política se aprofunda. Mas, desta vez, diversamente de outros momentos da história republicana, a possibilidade de uma saída negociada, através da velha conciliação, não parece que solucionará o impasse. Isto porque a crise é mais profunda, não é conjuntural, pontual, é do sistema. E aí é que mora o problema central: o sistema tem condições de se autorreformar?
Para alguns, o impeachment de Dilma Rousseff encerraria a crise de governabilidade. Comparavam — equivocadamente — 1992 com 2016, Itamar Franco com Michel Temer. Com a nova maioria parlamentar, o país seguiria relativamente tranquilo até a sucessão presidencial de 2018.
O simplismo analítico não conseguia detectar a gravidade da crise sistêmica, a maior da nossa história em extensão e profundidade.
As instituições estão desmoralizadas. O estado democrático de direito se transformou — por paradoxal que seja — em apanágio de corruptos. Foi tomado por interesses privados do capitalismo de quadrilheiros. Que é suficientemente amplo para subornar e comprar a estrutura do aparelho de Estado e suas ramificações na sociedade civil.
A cada dia se aprofunda a fratura entre Brasília e o Brasil.
Há um entendimento de que somos governados por uma elite cínica, que não teme a Justiça e o julgamento do voto popular. É como se tudo estivesse à venda e pudesse ser mercantilizado.
Para justificar este terrível estado de coisas buscam até justificativas históricas, mambembes, é verdade, procurando dar um ar de continuidade, de inevitabilidade, à corrupção como se fosse um fenômeno da natureza, e não da relação entre os homens.
É recorrente a afirmação de que a estabilidade política é indispensável à recuperação econômica. Fica implícito que as ações de combate à corrupção estão criando dificuldades à economia. E que a Lava-Jato, especialmente, já teria cumprido o seu papel. Sua permanência seria um desserviço ao país. Neste caso, o mercado estaria sinalizando que é possível conviver com a corrupção, desde que seja aceitável, até um certo limite.
Não causou admiração o apoio entusiástico, principalmente do setor financeiro, ao projeto criminoso de poder petista. Vale recordar que no auge do processo de impeachment de Dilma Rousseff, dirigentes de grandes bancos não compartilharam do entusiasmo popular em defesa da ética e moralidade republicanas. O mesmo se repete um ano depois. Para eles, é indispensável ao país a permanência do governo Temer, mesmo que envolto em graves acusações de corrupção.
Para o capitalismo quadrilheiro, que depende do Estado para seus negócios — e Estado no sentido conceitual da expressão —, pouco importa se as instituições não conseguem dar conta dos anseios populares. O que desejam é a concessão de facilidades, de privilégios, especialmente. Maculam os processos eleitorais sem qualquer constrangimento. Basta ressaltar que no segundo turno da eleição presidencial de 2014 Dilma Rousseff e Aécio Neves receberam propina do grupo JBS.
Em outras palavras, a eleição serviu para que os brasileiros escolhessem um dos candidatos — mas desde que fosse da JBS e servisse à família Batista, uma espécie de democrabatista, criação nacional, dos tempos sombrios que vivemos.
Quem não ficou horrorizado com o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral da semana passada? E as manobras para impedir a apreciação de provas que o próprio TSE colheu? E os ministros recém-nomeados por Temer que não se sentiram impedidos em votar em defesa de Temer? E o triste papel de Gilmar Mendes, atacando o Ministério Público, a imprensa, constrangendo ministros? E Napoleão Maia propondo degolar seus adversários?
Tudo isso ocorreu no julgamento mais importante da história do TSE, ao qual milhões de brasileiros assistiram. Mesmo assim, a democrabatista novamente venceu. E foi jogada mais uma pá de cal na democracia brasileira.
Michel Temer deixou de ser o presidente da República. Apenas ocupa o Palácio do Planalto. Mas não governa. Sua lenta agonia não pode paralisar o país.
É uma falácia a ligação entre a aprovação das reformas e a sua permanência no poder. Muito pelo contrário, as reformas tendem a ser aprovadas com a profundidade necessária quando o Palácio do Planalto tiver outro ocupante.
Ou seja, a manutenção de Temer levará a que as reformas passem com diversas alterações — produto de negociações para se manter a todo custo no poder —, prejudicando a essência do projeto modernizador das relações trabalhistas e previdenciárias.
Hoje, Temer é sinônimo de turbulência, de instabilidade. A cada semana um novo escândalo vai envolver o governo. E quem permanecer apoiando este bloco que está no poder não será protagonista na sucessão presidencial em 2018. Isto é, sair do governo é condição indispensável para ter sucesso eleitoral nas próximas eleições.
Além do que, é um grave equívoco a afirmação de que a queda de Temer levará à volta do PT. Não há relação entre um fato e outro. Vale lembrar que o PT foi derrotado fragorosamente na última eleição — há menos de nove meses — nos principais colégios eleitorais do país.
Eleger, como determina a Constituição, um novo presidente certamente diminuirá a tensão. Mas não vai resolver o impasse. O sistema deverá encontrar uma saída emergencial, ainda este ano. Mas a crise é muito mais profunda. E coloca em risco a democracia. Não devemos nos esquecer de que o Brasil tem uma triste tradição autoritária, e os recentes escândalos jogam água no moinho daqueles que almejam uma solução extraconstitucional.
Para alguns, o impeachment de Dilma Rousseff encerraria a crise de governabilidade. Comparavam — equivocadamente — 1992 com 2016, Itamar Franco com Michel Temer. Com a nova maioria parlamentar, o país seguiria relativamente tranquilo até a sucessão presidencial de 2018.
O simplismo analítico não conseguia detectar a gravidade da crise sistêmica, a maior da nossa história em extensão e profundidade.
As instituições estão desmoralizadas. O estado democrático de direito se transformou — por paradoxal que seja — em apanágio de corruptos. Foi tomado por interesses privados do capitalismo de quadrilheiros. Que é suficientemente amplo para subornar e comprar a estrutura do aparelho de Estado e suas ramificações na sociedade civil.
A cada dia se aprofunda a fratura entre Brasília e o Brasil.
Há um entendimento de que somos governados por uma elite cínica, que não teme a Justiça e o julgamento do voto popular. É como se tudo estivesse à venda e pudesse ser mercantilizado.
Para justificar este terrível estado de coisas buscam até justificativas históricas, mambembes, é verdade, procurando dar um ar de continuidade, de inevitabilidade, à corrupção como se fosse um fenômeno da natureza, e não da relação entre os homens.
É recorrente a afirmação de que a estabilidade política é indispensável à recuperação econômica. Fica implícito que as ações de combate à corrupção estão criando dificuldades à economia. E que a Lava-Jato, especialmente, já teria cumprido o seu papel. Sua permanência seria um desserviço ao país. Neste caso, o mercado estaria sinalizando que é possível conviver com a corrupção, desde que seja aceitável, até um certo limite.
Não causou admiração o apoio entusiástico, principalmente do setor financeiro, ao projeto criminoso de poder petista. Vale recordar que no auge do processo de impeachment de Dilma Rousseff, dirigentes de grandes bancos não compartilharam do entusiasmo popular em defesa da ética e moralidade republicanas. O mesmo se repete um ano depois. Para eles, é indispensável ao país a permanência do governo Temer, mesmo que envolto em graves acusações de corrupção.
Para o capitalismo quadrilheiro, que depende do Estado para seus negócios — e Estado no sentido conceitual da expressão —, pouco importa se as instituições não conseguem dar conta dos anseios populares. O que desejam é a concessão de facilidades, de privilégios, especialmente. Maculam os processos eleitorais sem qualquer constrangimento. Basta ressaltar que no segundo turno da eleição presidencial de 2014 Dilma Rousseff e Aécio Neves receberam propina do grupo JBS.
Em outras palavras, a eleição serviu para que os brasileiros escolhessem um dos candidatos — mas desde que fosse da JBS e servisse à família Batista, uma espécie de democrabatista, criação nacional, dos tempos sombrios que vivemos.
Quem não ficou horrorizado com o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral da semana passada? E as manobras para impedir a apreciação de provas que o próprio TSE colheu? E os ministros recém-nomeados por Temer que não se sentiram impedidos em votar em defesa de Temer? E o triste papel de Gilmar Mendes, atacando o Ministério Público, a imprensa, constrangendo ministros? E Napoleão Maia propondo degolar seus adversários?
Tudo isso ocorreu no julgamento mais importante da história do TSE, ao qual milhões de brasileiros assistiram. Mesmo assim, a democrabatista novamente venceu. E foi jogada mais uma pá de cal na democracia brasileira.
Michel Temer deixou de ser o presidente da República. Apenas ocupa o Palácio do Planalto. Mas não governa. Sua lenta agonia não pode paralisar o país.
É uma falácia a ligação entre a aprovação das reformas e a sua permanência no poder. Muito pelo contrário, as reformas tendem a ser aprovadas com a profundidade necessária quando o Palácio do Planalto tiver outro ocupante.
Ou seja, a manutenção de Temer levará a que as reformas passem com diversas alterações — produto de negociações para se manter a todo custo no poder —, prejudicando a essência do projeto modernizador das relações trabalhistas e previdenciárias.
Hoje, Temer é sinônimo de turbulência, de instabilidade. A cada semana um novo escândalo vai envolver o governo. E quem permanecer apoiando este bloco que está no poder não será protagonista na sucessão presidencial em 2018. Isto é, sair do governo é condição indispensável para ter sucesso eleitoral nas próximas eleições.
Além do que, é um grave equívoco a afirmação de que a queda de Temer levará à volta do PT. Não há relação entre um fato e outro. Vale lembrar que o PT foi derrotado fragorosamente na última eleição — há menos de nove meses — nos principais colégios eleitorais do país.
Eleger, como determina a Constituição, um novo presidente certamente diminuirá a tensão. Mas não vai resolver o impasse. O sistema deverá encontrar uma saída emergencial, ainda este ano. Mas a crise é muito mais profunda. E coloca em risco a democracia. Não devemos nos esquecer de que o Brasil tem uma triste tradição autoritária, e os recentes escândalos jogam água no moinho daqueles que almejam uma solução extraconstitucional.
A nova revolução
A Lava-Jato revela o divórcio entre a elite política e a sociedade, entre os partidos e os eleitores, num momento em que a nossa economia e o Estado brasileiro precisam se reinventar
A clássica divisão entre esquerda e direita que pautou a política desde a Revolução Francesa, fazendo com que essas forças se revezassem no poder, foi sepultada no seu país de origem, avisa o professor da UFRJ Marcos Cavalcanti, no “textão” que postou para os amigos do Facebook. “Foi um tsunami. A direita sofreu a maior derrota eleitoral da sua história e deverá ter apenas 70 deputados. A extrema direita (Front Nacional, de Marine Le Pen) deverá ter apenas 10 deputados. Já a esquerda foi dizimada. O PS (partido que estava no poder) teve menos de 10% dos votos e não deverá fazer nem 40 deputados. A “nova esquerda”, a France Insoumise teve menos votos que o Front Nacional e, mesmo aliada ao PCF (Partido Comunista Francês), fará menos de 15 deputados…”
Criado há pouco mais de um ano, o grupo político vencedor foi o France en Marche, do presidente Macron, que terá maioria absoluta no parlamento, com mais de 400 deputados, dos quais a maioria nunca participou da política. “É uma revolução que deixa o status quo político, mediático e intelectual de cabelo em pé. Foi ridículo ver os políticos dos partidos de direita e de esquerda (inclusive os da ‘nova’ esquerda, como a France Insoumise — o PSol francês) tentando justificar sua derrota acachapante. Só conseguiram repetir os chavões e blá-blá-blá de sempre, que cansou os eleitores”, comenta.
Observador privilegiado — é um estudioso da sociedade do conhecimento e do novo mundo do trabalho —, Marcos Cavalcanti acompanhou as eleições francesas in loco. De certa forma, diverte-se com as agruras de jornalistas e comentaristas políticos (“estão completamente desorientados”) e acadêmicos (“eles não podem dar o braço a torcer e dizer, simplesmente, que não estão entendendo nada”). Segundo ele, o caminho mais fácil é repetir que o povo está cansado dos políticos, afirmação corroborada por 51% de abstenções, conclusão dos jornalistas, ou dizer que a opinião pública “está brincando com o caos”, a arrogante advertência dos acadêmicos.
Magalhães pensa que não. Segundo ele, é a velha política que está sendo enterrada, com o “advento da sociedade do conhecimento em rede e o fim da hegemonia do pensamento cartesiano e dual”. Na economia e na política, “que mudam menos rápido que os costumes e práticas humanas”, o esgotamento do pensamento binário é cada vez mais evidente. “Existe uma nova economia, intensiva em tecnologia e conhecimento, que está superando a velha economia baseada em mão de obra e combustíveis fósseis. E, na política, é cada vez mais claro que as pessoas estão cansadas desta velha divisão direita versus esquerda e desejam uma nova política, mesmo que ainda não saibam exatamente qual.”
Estamos longe da realidade francesa, onde um ex-ministro da Fazenda pega o boné, cria um partido, vira candidato a presidente e, no ano seguinte, vence as eleições. As mudanças em curso no mundo estão chegando, em meio a uma crise sem precedentes. No Brasil, tudo é meio retardado e mitigado, demora mais para acontecer, mas não custa nada lembrar que as origens da insegurança e da incerteza que levaram os franceses a escantear seus partidos e políticos tradicionais são as mesmas: o impacto da globalização e das novas tecnologias na economia nacional e a crise de representação dos partidos na nova sociedade em rede.
Para onde vamos? A pergunta de domingo permanece sem resposta. Mas, como no velho trocadilho de Apparycio Torelly, o Barão de Itararé, o cidadão comum anda dizendo: “Diga-me com quem andas que eu direi se vou contigo”. Vivemos uma crise dentro da crise no governo Temer. No plano econômico, o impacto da globalização nas nossas estruturas produtivas não decorre apenas das mudanças tecnológicas. O maior anacronismo é o modelo de acumulação de capital, baseado na formação de cartéis e na ajuda generosa do Estado a setores privilegiados, tudo junto e misturado com velhas práticas fisiológicas e patrimonialistas.
A nossa crise de representação dos partidos não deriva apenas dos grandes meios de comunicação social e das novas mídias sociais, é resultado sobretudo do transformismo dos partidos e do cretinismo parlamentar, que afastam o Congresso da sociedade e bloqueiam a renovação política. A Lava-Jato é uma força da natureza na vida nacional; pode fazer a grande diferença. Está revelando o divórcio entre a elite política e a sociedade, entre os partidos e os eleitores, num momento em que a nossa economia e o Estado brasileiro precisam se reinventar. Nos Estados Unidos e na Europa, essas mudanças geraram insegurança e incerteza, em razão do desemprego, da queda da qualidade de vida e subtração de direitos sociais. A eleição de Trump é uma tentativa de fazer a roda da história andar pra trás. Na França, deu-se o contrário, o povo tenta andar pra frente. E aqui no Brasil, para onde vamos?
A clássica divisão entre esquerda e direita que pautou a política desde a Revolução Francesa, fazendo com que essas forças se revezassem no poder, foi sepultada no seu país de origem, avisa o professor da UFRJ Marcos Cavalcanti, no “textão” que postou para os amigos do Facebook. “Foi um tsunami. A direita sofreu a maior derrota eleitoral da sua história e deverá ter apenas 70 deputados. A extrema direita (Front Nacional, de Marine Le Pen) deverá ter apenas 10 deputados. Já a esquerda foi dizimada. O PS (partido que estava no poder) teve menos de 10% dos votos e não deverá fazer nem 40 deputados. A “nova esquerda”, a France Insoumise teve menos votos que o Front Nacional e, mesmo aliada ao PCF (Partido Comunista Francês), fará menos de 15 deputados…”
Criado há pouco mais de um ano, o grupo político vencedor foi o France en Marche, do presidente Macron, que terá maioria absoluta no parlamento, com mais de 400 deputados, dos quais a maioria nunca participou da política. “É uma revolução que deixa o status quo político, mediático e intelectual de cabelo em pé. Foi ridículo ver os políticos dos partidos de direita e de esquerda (inclusive os da ‘nova’ esquerda, como a France Insoumise — o PSol francês) tentando justificar sua derrota acachapante. Só conseguiram repetir os chavões e blá-blá-blá de sempre, que cansou os eleitores”, comenta.
Observador privilegiado — é um estudioso da sociedade do conhecimento e do novo mundo do trabalho —, Marcos Cavalcanti acompanhou as eleições francesas in loco. De certa forma, diverte-se com as agruras de jornalistas e comentaristas políticos (“estão completamente desorientados”) e acadêmicos (“eles não podem dar o braço a torcer e dizer, simplesmente, que não estão entendendo nada”). Segundo ele, o caminho mais fácil é repetir que o povo está cansado dos políticos, afirmação corroborada por 51% de abstenções, conclusão dos jornalistas, ou dizer que a opinião pública “está brincando com o caos”, a arrogante advertência dos acadêmicos.
Magalhães pensa que não. Segundo ele, é a velha política que está sendo enterrada, com o “advento da sociedade do conhecimento em rede e o fim da hegemonia do pensamento cartesiano e dual”. Na economia e na política, “que mudam menos rápido que os costumes e práticas humanas”, o esgotamento do pensamento binário é cada vez mais evidente. “Existe uma nova economia, intensiva em tecnologia e conhecimento, que está superando a velha economia baseada em mão de obra e combustíveis fósseis. E, na política, é cada vez mais claro que as pessoas estão cansadas desta velha divisão direita versus esquerda e desejam uma nova política, mesmo que ainda não saibam exatamente qual.”
Estamos longe da realidade francesa, onde um ex-ministro da Fazenda pega o boné, cria um partido, vira candidato a presidente e, no ano seguinte, vence as eleições. As mudanças em curso no mundo estão chegando, em meio a uma crise sem precedentes. No Brasil, tudo é meio retardado e mitigado, demora mais para acontecer, mas não custa nada lembrar que as origens da insegurança e da incerteza que levaram os franceses a escantear seus partidos e políticos tradicionais são as mesmas: o impacto da globalização e das novas tecnologias na economia nacional e a crise de representação dos partidos na nova sociedade em rede.
Para onde vamos? A pergunta de domingo permanece sem resposta. Mas, como no velho trocadilho de Apparycio Torelly, o Barão de Itararé, o cidadão comum anda dizendo: “Diga-me com quem andas que eu direi se vou contigo”. Vivemos uma crise dentro da crise no governo Temer. No plano econômico, o impacto da globalização nas nossas estruturas produtivas não decorre apenas das mudanças tecnológicas. O maior anacronismo é o modelo de acumulação de capital, baseado na formação de cartéis e na ajuda generosa do Estado a setores privilegiados, tudo junto e misturado com velhas práticas fisiológicas e patrimonialistas.
A nossa crise de representação dos partidos não deriva apenas dos grandes meios de comunicação social e das novas mídias sociais, é resultado sobretudo do transformismo dos partidos e do cretinismo parlamentar, que afastam o Congresso da sociedade e bloqueiam a renovação política. A Lava-Jato é uma força da natureza na vida nacional; pode fazer a grande diferença. Está revelando o divórcio entre a elite política e a sociedade, entre os partidos e os eleitores, num momento em que a nossa economia e o Estado brasileiro precisam se reinventar. Nos Estados Unidos e na Europa, essas mudanças geraram insegurança e incerteza, em razão do desemprego, da queda da qualidade de vida e subtração de direitos sociais. A eleição de Trump é uma tentativa de fazer a roda da história andar pra trás. Na França, deu-se o contrário, o povo tenta andar pra frente. E aqui no Brasil, para onde vamos?
Pronto-Socorro Gilmar Mendes: só para amigos na mira da Justiça
Uma imensidão de brasileiros descobriu na semana passada que o Tribunal Superior Eleitoral é presidido por um ministro da defesa de réus soterrados pela avalanche de provas do crime. Quem acompanha a trajetória de Gilmar Mendes sabe disso pelo menos desde 2008, quando esse mato-grossense de Diamantino assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal — e passou a mostrar que o professor de Direito Constitucional era a fachada que camuflava um doutor em absolvição de culpados.
Em 27 de agosto de 2009, por exemplo, Gilmar conseguiu arquivar “por falta de provas” a denúncia que identificava Antonio Palocci como o mentor da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que testemunhara as frequentes aparições do ainda ministro da Fazenda na suspeitíssima “República de Ribeirão Preto”. Para inventar o estupro encomendado sem mandante, valeu-se do duplo papel de presidente da corte e relator do caso.
O relator negou-se a enxergar a catarata de evidências. O presidente foi o primeiro a votar pelo sepultamento da bandalheira. A mentira venceu por 5 a 4 porque Gilmar, como reafirma o vídeo abaixo, não viu nada de mais. Talvez aceitasse a denúncia se Palocci fosse pessoalmente à agência da CEF, obrigasse o gerente a mostrar-lhe a conta e convocasse uma entrevista coletiva para confessar o que fizera. Como não agiu assim, sobrou para o caseiro.
Por ter contado a verdade, Francenildo perdeu o emprego, o sossego, a mulher e a chance de conseguir trabalho fixo em Brasília. O culpado ficou dois meses deprimido com a perda do emprego, elegeu-se deputado federal, coordenou a campanha de Dilma Rousseff, virou chefe da Casa Civil, teve de cair fora do primeiro escalão por ter enriquecido como facilitador de negociatas disfarçado de “consultor”, voltou ao palco para ajudar a candidata à reeleição e acabou no pântano drenado pela Lava Jato.
Preso em Curitiba desde 26 de setembro de 2016, Palocci tentou recentemente escapar pela trilha que começa na Segunda Turma do STF. O malogro da tentativa de ser resgatado da cela pela trinca formada por Gilmar, Lewandowski e Toffoli convenceu o ex-ministro a buscar um acordo com o Ministério Público Federal. No momento, o Italiano da Odebrecht ensaia a delação premiada que assombra as madrugadas de Lula. Promete fazer revelações que comprometem banqueiros e empresários. Tomara que não se esqueça do Poder Judiciário.
Em dezembro de 2009, enquanto Palocci saboreava o regresso à Câmara dos Deputados, Gilmar valeu-se de um habeas corpus para devolver à liberdade o médico Roger Abdelmassih, engaiolado desde agosto pela autoria de pelo menos 56 crimes sexuais contra 37 pacientes e condenado a 278 anos de prisão. Convencido de que o popstar da inseminação artificial já não ameaçava ninguém por ter sido proibido de exercer a profissão, decidiu que quatro meses de confinamento estavam de bom tamanho.
Em 2011, a polícia comunicou à Justiça que Abdelmassih havia regularizado o passaporte e pediu autorização ao STF para prendê-lo antes que fugisse. De novo, Gilmar garantiu-lhe o direito de ir e vir, que usou em 2011 para ir embora do Brasil e não voltar. Foi recapturado três anos mais tarde, quando saboreava a vida mansa no Paraguai. Hoje é um dos hóspedes do presídio de Tremembé.
Nos anos seguintes, a agenda sempre sobrecarregada de Gilmar Mendes não deixou de abrir espaço para atendimentos de emergência a amigos do Estado natal, sobretudo aos que reconhecem e festejam a influência do ministro. Em 10 de maio de 2013, ao receber a medalha da Ordem do Mérito de Mato Grosso, o homenageado incluiu nesse grupo de elite o governador Silval Barbosa: “Somos amigos há muito anos, sempre tivemos conversas proveitosas”, diz Gilmar no vídeo abaixo. Uma dessas conversas proveitosas ocorreria um ano mais tarde, quando a residência de Silval foi alvo de um mandado de busca e apreensão executado pela Polícia Federal.
Ao vasculharem a casa do político investigado no Supremo Tribunal Federal por corrupção, os agentes da PF encontraram uma pistola com registro vencido. Depois de pagar a fiança fixada em R$ 100 mil, Silval teve prontamente atendido o pedido de socorro a Gilmar, como atesta o áudio abaixo.
— Governador, que confusão é essa!!!??? — ouve-se a voz de Gilmar Mendes num tom que desenha um buquê de pontos de exclamação e interrogação.
— Barbaridade, ministro, isso é uma loucura! — ouve-se a voz de Silval Barbosa num tom de quem faz o possível para simular espanto.
— Que coisa! Tô sabendo isso agora! — Gilmar continua perplexo.
— É… é uma decisão aí do Toffoli — começa o cortejo de palavras desconexas, frases truncadas e explicações incoerentes, interrompido a cada meia dúzia de sílabas por vírgulas bêbadas e reticências que denunciam a ausência de álibis. Entre um e outro hum-hum rosnado por Gilmar, o governador menciona Blairo Maggi, uma delação premiada e denúncias envolvendo a campanha eleitoral de 2010 que nem sabe direito quais são. Precisa conferir o processo. — É uma loucura, viu? — recita com voz chorosa.
— Que loucura!, que loucura! — concorda Gilmar, antes de avisar que o socorro está a caminho. — Eu vou ver. Vou agora para o TSE conversar com o Toffoli.
O governador repete o falatório incongruente. O ministro do STF reitera a promessa de ajuda:
— Eu vou lá e, se for o caso, depois a gente conversa — combina Gilmar, que se despede com “um abraço de solidariedade”.
Silval pôde dormir em sossego enquanto desfrutou do foro privilegiado. Terminado o mandato, ficou exposto a instâncias do Judiciário fora do alcance do nada santo protetor de corruptos. Em 17 de setembro de 2015, depois de ficar foragido por dois dias para escapar da prisão preventiva decretada pela juíza Selma Arruda, Silval entregou-se à Justiça. Passados quase dois anos, continua engaiolado. Mas não parece figurar na agenda de preocupações do especialista na absolvição de culpados.
Gilmar, que vive prometendo marcar encontros com “as prisões alongadas ocorridas em Curitiba”, não deu as caras na cadeia que há quase dois anos aloja Silval. Feroz inimigo de delações premiadas, decerto não gostou de saber que o ex-governador negocia um acordo com a Justiça que o obrigará a contar tudo o que sabe. A amizade entre essas duas celebridades mato-grossenses pode estar perto do fim.
Como reiterou a entrevista publicada pela Folha nesta segunda-feira, Gilmar vê no espelho uma figura onipotente, onisciente e onipresente. Mas mesmo quem pode muito não pode tudo. Já não pode, por exemplo, livrar Aécio Neves da enrascada em que se meteu com a divulgação da conversa telefônica em que tentou conseguir R$ 2 milhões de Joesley Batista — e mostrou ao país que um ex-candidato à Presidência da República também sabe falar um subdialeto de encabular o mais desbocado brigão de cortiço.
Até então, o senador mineiro figurou na lista VIP dos clientes do ministro. Aos integrantes desse grupo é permitido até pedir que um ministro do Supremo interfira em votações no Senado, como atesta a gravação abaixo reproduzida, que registra o diálogo entre entre Gilmar e Aécio ocorrido em 26 de abril deste ano. Ou pode, como fez Michel Temer, pedir ao presidente do TSE que o absolva por excesso de provas. Foi a maior vitória do Juiz dos Juízes. Talvez tenha sido a última.
Em 27 de agosto de 2009, por exemplo, Gilmar conseguiu arquivar “por falta de provas” a denúncia que identificava Antonio Palocci como o mentor da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que testemunhara as frequentes aparições do ainda ministro da Fazenda na suspeitíssima “República de Ribeirão Preto”. Para inventar o estupro encomendado sem mandante, valeu-se do duplo papel de presidente da corte e relator do caso.
O relator negou-se a enxergar a catarata de evidências. O presidente foi o primeiro a votar pelo sepultamento da bandalheira. A mentira venceu por 5 a 4 porque Gilmar, como reafirma o vídeo abaixo, não viu nada de mais. Talvez aceitasse a denúncia se Palocci fosse pessoalmente à agência da CEF, obrigasse o gerente a mostrar-lhe a conta e convocasse uma entrevista coletiva para confessar o que fizera. Como não agiu assim, sobrou para o caseiro.
Por ter contado a verdade, Francenildo perdeu o emprego, o sossego, a mulher e a chance de conseguir trabalho fixo em Brasília. O culpado ficou dois meses deprimido com a perda do emprego, elegeu-se deputado federal, coordenou a campanha de Dilma Rousseff, virou chefe da Casa Civil, teve de cair fora do primeiro escalão por ter enriquecido como facilitador de negociatas disfarçado de “consultor”, voltou ao palco para ajudar a candidata à reeleição e acabou no pântano drenado pela Lava Jato.
Preso em Curitiba desde 26 de setembro de 2016, Palocci tentou recentemente escapar pela trilha que começa na Segunda Turma do STF. O malogro da tentativa de ser resgatado da cela pela trinca formada por Gilmar, Lewandowski e Toffoli convenceu o ex-ministro a buscar um acordo com o Ministério Público Federal. No momento, o Italiano da Odebrecht ensaia a delação premiada que assombra as madrugadas de Lula. Promete fazer revelações que comprometem banqueiros e empresários. Tomara que não se esqueça do Poder Judiciário.
Em dezembro de 2009, enquanto Palocci saboreava o regresso à Câmara dos Deputados, Gilmar valeu-se de um habeas corpus para devolver à liberdade o médico Roger Abdelmassih, engaiolado desde agosto pela autoria de pelo menos 56 crimes sexuais contra 37 pacientes e condenado a 278 anos de prisão. Convencido de que o popstar da inseminação artificial já não ameaçava ninguém por ter sido proibido de exercer a profissão, decidiu que quatro meses de confinamento estavam de bom tamanho.
Em 2011, a polícia comunicou à Justiça que Abdelmassih havia regularizado o passaporte e pediu autorização ao STF para prendê-lo antes que fugisse. De novo, Gilmar garantiu-lhe o direito de ir e vir, que usou em 2011 para ir embora do Brasil e não voltar. Foi recapturado três anos mais tarde, quando saboreava a vida mansa no Paraguai. Hoje é um dos hóspedes do presídio de Tremembé.
Nos anos seguintes, a agenda sempre sobrecarregada de Gilmar Mendes não deixou de abrir espaço para atendimentos de emergência a amigos do Estado natal, sobretudo aos que reconhecem e festejam a influência do ministro. Em 10 de maio de 2013, ao receber a medalha da Ordem do Mérito de Mato Grosso, o homenageado incluiu nesse grupo de elite o governador Silval Barbosa: “Somos amigos há muito anos, sempre tivemos conversas proveitosas”, diz Gilmar no vídeo abaixo. Uma dessas conversas proveitosas ocorreria um ano mais tarde, quando a residência de Silval foi alvo de um mandado de busca e apreensão executado pela Polícia Federal.
Ao vasculharem a casa do político investigado no Supremo Tribunal Federal por corrupção, os agentes da PF encontraram uma pistola com registro vencido. Depois de pagar a fiança fixada em R$ 100 mil, Silval teve prontamente atendido o pedido de socorro a Gilmar, como atesta o áudio abaixo.
— Governador, que confusão é essa!!!??? — ouve-se a voz de Gilmar Mendes num tom que desenha um buquê de pontos de exclamação e interrogação.
— Barbaridade, ministro, isso é uma loucura! — ouve-se a voz de Silval Barbosa num tom de quem faz o possível para simular espanto.
— Que coisa! Tô sabendo isso agora! — Gilmar continua perplexo.
— É… é uma decisão aí do Toffoli — começa o cortejo de palavras desconexas, frases truncadas e explicações incoerentes, interrompido a cada meia dúzia de sílabas por vírgulas bêbadas e reticências que denunciam a ausência de álibis. Entre um e outro hum-hum rosnado por Gilmar, o governador menciona Blairo Maggi, uma delação premiada e denúncias envolvendo a campanha eleitoral de 2010 que nem sabe direito quais são. Precisa conferir o processo. — É uma loucura, viu? — recita com voz chorosa.
— Que loucura!, que loucura! — concorda Gilmar, antes de avisar que o socorro está a caminho. — Eu vou ver. Vou agora para o TSE conversar com o Toffoli.
O governador repete o falatório incongruente. O ministro do STF reitera a promessa de ajuda:
— Eu vou lá e, se for o caso, depois a gente conversa — combina Gilmar, que se despede com “um abraço de solidariedade”.
Silval pôde dormir em sossego enquanto desfrutou do foro privilegiado. Terminado o mandato, ficou exposto a instâncias do Judiciário fora do alcance do nada santo protetor de corruptos. Em 17 de setembro de 2015, depois de ficar foragido por dois dias para escapar da prisão preventiva decretada pela juíza Selma Arruda, Silval entregou-se à Justiça. Passados quase dois anos, continua engaiolado. Mas não parece figurar na agenda de preocupações do especialista na absolvição de culpados.
Gilmar, que vive prometendo marcar encontros com “as prisões alongadas ocorridas em Curitiba”, não deu as caras na cadeia que há quase dois anos aloja Silval. Feroz inimigo de delações premiadas, decerto não gostou de saber que o ex-governador negocia um acordo com a Justiça que o obrigará a contar tudo o que sabe. A amizade entre essas duas celebridades mato-grossenses pode estar perto do fim.
Como reiterou a entrevista publicada pela Folha nesta segunda-feira, Gilmar vê no espelho uma figura onipotente, onisciente e onipresente. Mas mesmo quem pode muito não pode tudo. Já não pode, por exemplo, livrar Aécio Neves da enrascada em que se meteu com a divulgação da conversa telefônica em que tentou conseguir R$ 2 milhões de Joesley Batista — e mostrou ao país que um ex-candidato à Presidência da República também sabe falar um subdialeto de encabular o mais desbocado brigão de cortiço.
Até então, o senador mineiro figurou na lista VIP dos clientes do ministro. Aos integrantes desse grupo é permitido até pedir que um ministro do Supremo interfira em votações no Senado, como atesta a gravação abaixo reproduzida, que registra o diálogo entre entre Gilmar e Aécio ocorrido em 26 de abril deste ano. Ou pode, como fez Michel Temer, pedir ao presidente do TSE que o absolva por excesso de provas. Foi a maior vitória do Juiz dos Juízes. Talvez tenha sido a última.
Sob Temer, país conhece a vivência no abismo
A crise brasileira atingiu um novo estágio. Depois do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, que absolveu a chapa Dilma-Temer por excesso de provas, não há mais aquela sensação de que o governo e o sistema político estão à beira do abismo. O governo de Michel Temer é a vivência do abismo. Brasília atravessa uma conjuntura de impasse institucional, em que a pior hipótese sempre vence.
Uma das características da crise é a ausência de espanto. Roubaram até o ponto de exclamação. O governo assegura que o ambiente é de normalidade. E o anormal passa a ser visto com crescente naturalidade. Os ministros sob suspeição, o ex-assessor preso, os apoiadores e os opositores apodrecidos, o presidente investigado por corrupção… Tudo ganhou ares de hedionda normalidade.
Ninguém ignora que o governo Temer nivela a política por baixo. Mas os principais atores preferem mantê-lo no cargo a organizar a eleição indireta de um presidente decente. A decência na Presidência viraria opção automática para a reeleição em 2018. E isso não interessa ao sistema apodrecido.
Sujos, petistas pregam uma eleição direta que sabem ser inviável. Mal lavados, tucanos e peemedebistas se enrolam na bandeira das reformas enquanto providenciam os 172 votos de que Temer precisa para se livrar de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal. Num ambiente assim. quando você ouvir alguém falando em patriotismo do seu lado, segure a carteira.
Uma das características da crise é a ausência de espanto. Roubaram até o ponto de exclamação. O governo assegura que o ambiente é de normalidade. E o anormal passa a ser visto com crescente naturalidade. Os ministros sob suspeição, o ex-assessor preso, os apoiadores e os opositores apodrecidos, o presidente investigado por corrupção… Tudo ganhou ares de hedionda normalidade.
Sujos, petistas pregam uma eleição direta que sabem ser inviável. Mal lavados, tucanos e peemedebistas se enrolam na bandeira das reformas enquanto providenciam os 172 votos de que Temer precisa para se livrar de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal. Num ambiente assim. quando você ouvir alguém falando em patriotismo do seu lado, segure a carteira.
Gilmar Mendes, um voto chamado desastre
O título, claro está inspirado na obra de Tennessee Wiliams, para comentar a declaração de Gilmar Mendes em entrevista a Mônica Bergamo, Folha de São Paulo desta segunda-feira, ao justificar que a decisão do TSE visou a evitar que o país ingressasse num quadro de incógnita. Na entrevista, ele frisou que o TSE contrariou pressões de grupos da mídia e de setores políticos. Infelizmente, acrescentou, cabe a nós do Judiciário decidir muitas vezes contrariando a maioria. Disse ainda que seu voto seria o mesmo se estivesse em jogo o mandato de Dilma Rousseff. Além disso, o magistrado apontou pressões sobre o Judiciário especialmente relacionadas à Operação Lava-Jato.
Gilmar Mendes criticou o ministro Edson Fachin, frisando que o STF não deve ser obrigado a chancelar todos os atos da Procuradoria Geral da República.
Após atacar de maneira quase direta o procurador Rodrigo Janot, indiretamente teceu restrições à presidente do STF, Cármen Lúcia, acentuando que ela tem de sair em defesa de todos os ministros.
Neste ponto, Gilmar Mendes esqueceu que Carmen Lúcia defendeu Edson Fachin porque contra ele surgiram notícias de que o governo estaria utilizando a ABIN para devassar sua vida pessoal. Este tema foi levantado pela Revista Veja, que se encontra nas bancas e que deu margem à enérgica resposta da ministra Carmen Lúcia. O que, de fato, o presidente do TSE quis dizer com isso?
A ministra Carmen Lúcia defendeu o ministro focalizado na matéria da Veja e inclusive baseou sua defesa em todo o universo do Poder Judiciário.
Gilmar Mendes parece desejar que a presidente do STF o defenda das críticas maciças que lhes são dirigidas. Mas ele próprio está se defendendo na entrevista a Mônica Bérgamo. Não foi acusado de nenhuma intenção ilegal nem teve ameaçada qualquer devassa em sua vida pessoal. Seu caso é completamente diferente do episódio que atingiu Edson Fachin.
Parte da mídia, disse ele, passou a entender que o TSE seria a solução para o impasse político que está envolvendo o governo Michel Temer. O Tribunal não é o cenário para esse desfecho, alegou.
Relativamente à ministra Carmen Lúcia, Gilmar Mendes acentuou que ela deve assumir a defesa institucional do STF e não só de um ou outro ministro. Essa é a missão dela.
Gilmar Mendes criticou o ministro Edson Fachin, frisando que o STF não deve ser obrigado a chancelar todos os atos da Procuradoria Geral da República.
Após atacar de maneira quase direta o procurador Rodrigo Janot, indiretamente teceu restrições à presidente do STF, Cármen Lúcia, acentuando que ela tem de sair em defesa de todos os ministros.
Neste ponto, Gilmar Mendes esqueceu que Carmen Lúcia defendeu Edson Fachin porque contra ele surgiram notícias de que o governo estaria utilizando a ABIN para devassar sua vida pessoal. Este tema foi levantado pela Revista Veja, que se encontra nas bancas e que deu margem à enérgica resposta da ministra Carmen Lúcia. O que, de fato, o presidente do TSE quis dizer com isso?
A ministra Carmen Lúcia defendeu o ministro focalizado na matéria da Veja e inclusive baseou sua defesa em todo o universo do Poder Judiciário.
Parte da mídia, disse ele, passou a entender que o TSE seria a solução para o impasse político que está envolvendo o governo Michel Temer. O Tribunal não é o cenário para esse desfecho, alegou.
Relativamente à ministra Carmen Lúcia, Gilmar Mendes acentuou que ela deve assumir a defesa institucional do STF e não só de um ou outro ministro. Essa é a missão dela.
Por falar em missão, não se pode ignorar a dimensão da crise que atinge o Palácio do Planalto. Gilmar Mendes defende sua posição como destinada a assegurar a governabilidade. Mas deve se perguntar a ele: qual a governabilidade?
O presidente Michel Temer é acusado pelo Procurador Geral Rodrigo Janot de prática de fatos ilegais e também inquirido pela Polícia Federal. Qual a governabilidade que ele poderá exercer se não resguardar o Palácio de visitas como a do empresário Joesley Batista ou do fugitivo da noite Rocha Loures, filmado pela Polícia Federal?
O ministro Gilmar Mendes com seu voto não assegurou a estabilidade do poder. Assegurou, isso sim a permanência de Michel Temer na presidência da República, enfraquecido e exposto à decepção que vem provocando em todo o povo brasileiro.
Estar presidente é uma coisa. O exercício do cargo é outra. O voto de Gilmar Mendes é uma terceira versão para negar a realidade concreta do país.
O presidente Michel Temer é acusado pelo Procurador Geral Rodrigo Janot de prática de fatos ilegais e também inquirido pela Polícia Federal. Qual a governabilidade que ele poderá exercer se não resguardar o Palácio de visitas como a do empresário Joesley Batista ou do fugitivo da noite Rocha Loures, filmado pela Polícia Federal?
O ministro Gilmar Mendes com seu voto não assegurou a estabilidade do poder. Assegurou, isso sim a permanência de Michel Temer na presidência da República, enfraquecido e exposto à decepção que vem provocando em todo o povo brasileiro.
Estar presidente é uma coisa. O exercício do cargo é outra. O voto de Gilmar Mendes é uma terceira versão para negar a realidade concreta do país.
Aos pés da canalha
Ganha um doce quem descobrir aonde os poderes e poderosos enfiaram o Brasil. É o mistério mais bem guardado dessa turba inconsequente muito bem nutrida, protegida e municiada financeiramente.
O país, em momento algum, está em seus projetos nem mesmo quando abrem a boca para exaltar nacionalismo ou bradar a vontade popular, manietada na boca de urna, ultrajada quando pede justiça.
Os 8,5 milhões de km², que consideram sua propriedade privada, apesar de todos os pesares, se tornou um país só na aparência, quando é mais um campo de batalha por despojos. No momento, uma carniça com 14 milhões de desempregados e 60 mil assassinatos por ano que os senhores disputam com avidez pelos restos ainda aproveitáveis como seus salários - ou botim - e postos de poder.
Não há exagero em dizer que somos um Estado explorado por uma malta política-governamental, as organizações alcunhadas de governo, brasileiríssimas. Não se pode mais bancar avestruz, concordando em que a Justiça se faça mandando investigar por investigar, não para punir.
Quando necessárias as medidas de salvação de milhões para uma vida, que justifique a democracia proclamada, os Poderes saem aos tapas por resguardar privilégios e salvar-se do xadrez, ou no mínimo da desmoralização. Que se danem todos os outros, pois há que salvar as famiglias que não dispensam as regalias régias proporcionadas por governanças mafiosas às custas de quem paga impostos.
Mesmo quando saem tão democráticos em defesa do povo, nada mais estão do que defendendo interesses particulares e as bolsas privadas locupletadas pela ganância nos cofres públicos.
O país, em momento algum, está em seus projetos nem mesmo quando abrem a boca para exaltar nacionalismo ou bradar a vontade popular, manietada na boca de urna, ultrajada quando pede justiça.
Não há exagero em dizer que somos um Estado explorado por uma malta política-governamental, as organizações alcunhadas de governo, brasileiríssimas. Não se pode mais bancar avestruz, concordando em que a Justiça se faça mandando investigar por investigar, não para punir.
Quando necessárias as medidas de salvação de milhões para uma vida, que justifique a democracia proclamada, os Poderes saem aos tapas por resguardar privilégios e salvar-se do xadrez, ou no mínimo da desmoralização. Que se danem todos os outros, pois há que salvar as famiglias que não dispensam as regalias régias proporcionadas por governanças mafiosas às custas de quem paga impostos.
Mesmo quando saem tão democráticos em defesa do povo, nada mais estão do que defendendo interesses particulares e as bolsas privadas locupletadas pela ganância nos cofres públicos.
Luiz Gadelha
O plano tenebroso
O que existe de pior na degenerada vida política nacional inicia agora seu ataque final à República.
O ânimo para “estancar a sangria” foi estimulado pelo aval do TSE ao abuso do poder econômico nas campanhas e, como sublinhou o ministro Herman Benjamim, “ao sistema partidário-eleitoral falido”.
Investigados e réus por corrupção planejam uma fuga em massa, distanciando-se dos tribunais e da cadeia e rumando, a jato (de empresas?), para a renovação de seus mandatos nas urnas, ano que vem. Dão a essa trama o nome de “garantia de estabilidade para a retomada do crescimento”. Crescimento de que mesmo?
O plano, liderado pelo PMDB de Temer, é sustentado pelos partidos que vendem apoio em troca de cargos e negociatas, e conta com a rearticulação do “Centrão”. PPS e PSDB simulam resquícios de pudor, mas mantém ministros e apoio à junta serviçal do capital financeiro e do mercado total. Hipocrisia também é falta de ética!
A ação trevosa em curso é visível em várias iniciativas nefastas:
1) a recusa de Michel Temer em responder às 81 questões da Polícia Federal. O doutor solicitou mais tempo para NÃO dizer nada, carimbando um silêncio que “transforma homens em covardes” (Abraham Lincoln);
2) constrangimentos ao ministro Fachin, relator da Lava Jato, para o que já se suspeita mesmo do uso da ABIN para fazer espionagem, a la ditadura;
3) desqualificação de Rodrigo Janot, o Procurador Geral da República, até o fim de seu mandato, em setembro, quando se colocará na PGR alguém "inofensivo";
4) mudanças na cúpula da PF e restrição às suas atividades, em benefício do governo e seus aliados, todos investigados;
5) pressão sobre empresas que fizeram delação premiada, não por amor à ética e à transparência, mas como vingança e desestímulo a outras que possam querer colaborar com a Justiça, revelando os esquemas corruptos dos quais participaram;
6) No plano congressual, leis que inibam a ação de outros poderes e anistiem o Caixa 2, blindagem de Temer, implantação do “distritão” (para reeleição de caciques) e eliminação, pela cláusula de barreira, de partidos ideológicos que não coonestam o sistema decrépito.
Esse plano sinistro terá, por parte do PSOL, a mais firme postura de denúncia, combate e rejeição, em palavras, iniciativas e votos. Mas só o repúdio organizado da população nos dará forças para a luta no Congresso Nacional.
Fora Temer, não ao seu plano sinistro, Diretas já e sempre!
O ânimo para “estancar a sangria” foi estimulado pelo aval do TSE ao abuso do poder econômico nas campanhas e, como sublinhou o ministro Herman Benjamim, “ao sistema partidário-eleitoral falido”.
Investigados e réus por corrupção planejam uma fuga em massa, distanciando-se dos tribunais e da cadeia e rumando, a jato (de empresas?), para a renovação de seus mandatos nas urnas, ano que vem. Dão a essa trama o nome de “garantia de estabilidade para a retomada do crescimento”. Crescimento de que mesmo?
A ação trevosa em curso é visível em várias iniciativas nefastas:
1) a recusa de Michel Temer em responder às 81 questões da Polícia Federal. O doutor solicitou mais tempo para NÃO dizer nada, carimbando um silêncio que “transforma homens em covardes” (Abraham Lincoln);
2) constrangimentos ao ministro Fachin, relator da Lava Jato, para o que já se suspeita mesmo do uso da ABIN para fazer espionagem, a la ditadura;
3) desqualificação de Rodrigo Janot, o Procurador Geral da República, até o fim de seu mandato, em setembro, quando se colocará na PGR alguém "inofensivo";
4) mudanças na cúpula da PF e restrição às suas atividades, em benefício do governo e seus aliados, todos investigados;
5) pressão sobre empresas que fizeram delação premiada, não por amor à ética e à transparência, mas como vingança e desestímulo a outras que possam querer colaborar com a Justiça, revelando os esquemas corruptos dos quais participaram;
6) No plano congressual, leis que inibam a ação de outros poderes e anistiem o Caixa 2, blindagem de Temer, implantação do “distritão” (para reeleição de caciques) e eliminação, pela cláusula de barreira, de partidos ideológicos que não coonestam o sistema decrépito.
Esse plano sinistro terá, por parte do PSOL, a mais firme postura de denúncia, combate e rejeição, em palavras, iniciativas e votos. Mas só o repúdio organizado da população nos dará forças para a luta no Congresso Nacional.
Fora Temer, não ao seu plano sinistro, Diretas já e sempre!
'Comédia' de alto risco
Para o advogado de Michel Temer, foi apenas uma comédia. Naquele encontro noturno gravado por Joesley Batista, dono do grupo JBS, Temer foi coadjuvante numa ópera-bufa, “encenada por um empresário e criminoso confesso” — definiu o criminalista Antonio Claudio Mariz em ofício ao juiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo. Esse gênero cômico nascido na Itália costuma requerer personagens fixos, como alguém endinheirado, um velho avarento e/ou um trapaceiro.
Agora, escreveu o advogado, o povo questiona: “Mas o que estão fazendo com o presidente? Seus amigos indagam: ‘Por que o Michel está sendo tratado desta forma?’”
Na sexta-feira, quando a petição de Mariz chegou ao Supremo, Temer completava a série de providências que vinha adotando discretamente desde a delação da JBS. Preparava-se para uma sequência de batalhas políticas e judiciais a partir desta semana. Como previa, venceu a primeira, no Tribunal Superior Eleitoral, onde acabou absolvido por excesso de provas.
Enquanto isso, no Diário Oficial, o presidente estampava uma medida provisória (nº 784) modificando 15 leis vigentes para, em caráter de urgência, restringir ao Banco Central e à Comissão de Valores Mobiliários futuros acordos de leniência de bancos, corretoras, seguradoras e empresas de auditoria, incluindo seus diretores, conselheiros e até auditores de balanços.
O que vier acontecerá sob sigilo e sob controle estrito do BC e da CVM, decretou, pois “sua publicidade pode colocar em risco a estabilidade e a solidez do Sistema Financeiro Nacional, do Sistema de Pagamentos ou de pessoa mencionada”.
A urgência e o teor da decisão indicam que Temer prevê que algum banqueiro e sua instituição estejam na iminência de detonar uma “bomba” sobre corrupção no sistema financeiro cujos efeitos poderiam comprometer “a estabilidade e a solidez” de todo o setor.
Há evidências de que grandes bancos e corretoras ganharam valiosas comissões para esconder dinheiro e realizar pagamentos de propinas — só a Odebrecht pagou US$ 1 bilhão no país. Desde a crise bancária dos anos 90, nenhum governo havia recorrido ao argumento do “risco sistêmico” para justificar decisões de controle e fiscalização do setor financeiro.
Temer, simultaneamente, mandou a Advogada-Geral da União requisitar à Justiça “compartilhamento integral, ainda que sigiloso, dos autos de todos os processos” de investigações derivadas da Lava-Jato (codinomes Greenfield, Sépsis e Cui Bono e Carne Fraca), nas quais a JBS aparece envolvida. Àquela altura, fiscais da Receita e da CVM já realizavam nova devassa nos arquivos do grupo comandado por Joesley e seu irmão Wesley Batista.
A semana ainda não acabara, quando o presidente sorriu ao saber que seus aliados haviam programado para amanhã, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a votação de um requerimento de interpelação ao juiz Edson Fachin (Temer nega que tenha mandado o serviço secreto espionar o relator da Lava-Jato no Supremo). A manobra reúne deputados aliados do presidente.
Temer deixou sem resposta 82 perguntas da Polícia Federal sobre sua omissão em comunicar crimes a que teria assistido na “comédia” de Joesley. Foi, realmente, um bom coadjuvante.
José Casado
Agora, escreveu o advogado, o povo questiona: “Mas o que estão fazendo com o presidente? Seus amigos indagam: ‘Por que o Michel está sendo tratado desta forma?’”
Na sexta-feira, quando a petição de Mariz chegou ao Supremo, Temer completava a série de providências que vinha adotando discretamente desde a delação da JBS. Preparava-se para uma sequência de batalhas políticas e judiciais a partir desta semana. Como previa, venceu a primeira, no Tribunal Superior Eleitoral, onde acabou absolvido por excesso de provas.
O que vier acontecerá sob sigilo e sob controle estrito do BC e da CVM, decretou, pois “sua publicidade pode colocar em risco a estabilidade e a solidez do Sistema Financeiro Nacional, do Sistema de Pagamentos ou de pessoa mencionada”.
A urgência e o teor da decisão indicam que Temer prevê que algum banqueiro e sua instituição estejam na iminência de detonar uma “bomba” sobre corrupção no sistema financeiro cujos efeitos poderiam comprometer “a estabilidade e a solidez” de todo o setor.
Há evidências de que grandes bancos e corretoras ganharam valiosas comissões para esconder dinheiro e realizar pagamentos de propinas — só a Odebrecht pagou US$ 1 bilhão no país. Desde a crise bancária dos anos 90, nenhum governo havia recorrido ao argumento do “risco sistêmico” para justificar decisões de controle e fiscalização do setor financeiro.
Temer, simultaneamente, mandou a Advogada-Geral da União requisitar à Justiça “compartilhamento integral, ainda que sigiloso, dos autos de todos os processos” de investigações derivadas da Lava-Jato (codinomes Greenfield, Sépsis e Cui Bono e Carne Fraca), nas quais a JBS aparece envolvida. Àquela altura, fiscais da Receita e da CVM já realizavam nova devassa nos arquivos do grupo comandado por Joesley e seu irmão Wesley Batista.
A semana ainda não acabara, quando o presidente sorriu ao saber que seus aliados haviam programado para amanhã, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a votação de um requerimento de interpelação ao juiz Edson Fachin (Temer nega que tenha mandado o serviço secreto espionar o relator da Lava-Jato no Supremo). A manobra reúne deputados aliados do presidente.
Temer deixou sem resposta 82 perguntas da Polícia Federal sobre sua omissão em comunicar crimes a que teria assistido na “comédia” de Joesley. Foi, realmente, um bom coadjuvante.
José Casado
Marmelada
O julgamento da chapa Dilma&Temer é mais uma palhaçada que ilustra o festival de besteiras que assola o país. Assistimos a um julgamento cujo veredito é do conhecimento público antes de começar. O presidente da Corte, o midiático, vaidoso, inadequado e perigoso Gilmar Mendes definiu o placar logo no início do jogo: 4x3 para o time do seu amigo Michel, de cuja torcida pertence e com quem janta amiúde no Palácio do Jaburu. E que lhe dá caronas no avião presidencial. Este mesmo Gilmar Mendes que, entre outras façanhas, manda soltar notórios criminosos tipo José Dirceu e Eike Batista, só para citar alguns, que não se sente impedido de julgar causas patrocinadas pelo escritório de advocacia onde sua mulher trabalha e que aproveita dos cargos que tem para bombar o Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual é sócio. E ainda protagonizou um espetáculo constrangedor assistido ao vivo pela TV por milhões de brasileiros, perplexos com o que estava acontecendo. Outra sacada dele: “temos que proteger o voto popular”. Algum de vocês votou em Temer?
E assim se coonesta o maior estelionato eleitoral de que se tem noticia na história país, até que o próximo estelionato o supere. O atual ocupante do Palácio do Planalto foi eleito na carona dos milhões gastos pela petista em sua milionária e, sustentam os fatos, criminosa campanha de 2014.
O triste espetáculo que assistimos vai ter desdobramentos.
O Tribunal Superior Eleitoral, mais uma jabuticaba brasileira sem paralelos no resto do mundo, a exceção da Costa Rica, uma fruta exótica tupiniquim, a exemplo do estojo de pronto socorro e extintor de incêndio obrigatório nos carros e da espetacular tomada de três pontas, assumiu que não tem serventia. Já não tinha autoridade definitiva pois de suas decisões cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal. Agora conclui melancolicamente que não tem razão de ser por não ter isenção e nem competência para atuar dentro dos limites da lei. Virou tribunal politico. Uma instituição inócua que consome 2,5 bilhões de reais por ano do nosso escasso e suado dinheirinho. Um escândalo. De agora em diante, com que cara vai poder fiscalizar e punir políticos eleitos ilegalmente? O TSE acabou, apesar dos esforços do Ministro Herman Benjamim, que produziu um voto profissional e exemplar, apoiado por dois ministros do Supremo, Luiz Fux e Rosa Weber. Os outros que votaram contra o relator nem sei bem quem são, exceção feita é claro ao notório Gilmar Mendes que mandou a modéstia às favas e que há muito tempo habita o noticiário, para seu deleite pessoal.
Muito pior do que o réquiem do TSE, que descanse em paz, é o estrago que esta palhaçada faz na nossa crença na justiça. Já não acreditamos no Legislativo, por abundantes razões, nem no Executivo, conspurcado por 13 anos de cleptocracia do PT e agora mais um do PMDB, que se mantém aos trancos e barrancos, ferido por escândalos de todos os tipos, corroído por um mar de lama de dar inveja aos inimigos de Getúlio Vargas.
Agora vem este ataque feroz contra um dos poderes da República que imaginávamos estar ainda incólume e que nos protegeria como Nação das safadezas em curso e na moda. Imaginávamos incólume, “pero no mucho”, já que refém do famigerado instituto do foro privilegiado, das 200 ações no STF que já prescreveram em benefício da bandidagem, e que mantém o Lula solto. Mas como a esperança é a última que morre, achávamos que a justiça um dia iria prevalecer. Era a nossa aposta. Perdemos por 4x3.
De toda esta lambança, o Ministro Herman Benjamim vai sair muito bem na foto, autor que foi da melhor frase do espetáculo: “eu, como juiz, recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão”.
Pessoas como ele e o ex-ministro Joaquim Barbosa no mensalão, corajosas e imparciais, fazem a diferença. Como o Ministro Fachin está tentando fazer na Lava Jato, apesar de frequentemente derrotado na segunda turma do Lewandowski e do Tofolli.
E nós, os cidadãos, como ficamos? Qual será a nossa reação a tanta iniquidade?
O que é mais importante para nós, proteger uma “governabilidade” mambembe ou o império da lei?
Como sempre, só nos resta o caminho das ruas.
É lá que podemos exigir que as “autoridades” nos respeitem.
Sob pena de perderem a cabeça, como o fizeram as cabeças coroadas na Revolução Francesa.
E assim se coonesta o maior estelionato eleitoral de que se tem noticia na história país, até que o próximo estelionato o supere. O atual ocupante do Palácio do Planalto foi eleito na carona dos milhões gastos pela petista em sua milionária e, sustentam os fatos, criminosa campanha de 2014.
O triste espetáculo que assistimos vai ter desdobramentos.
O Tribunal Superior Eleitoral, mais uma jabuticaba brasileira sem paralelos no resto do mundo, a exceção da Costa Rica, uma fruta exótica tupiniquim, a exemplo do estojo de pronto socorro e extintor de incêndio obrigatório nos carros e da espetacular tomada de três pontas, assumiu que não tem serventia. Já não tinha autoridade definitiva pois de suas decisões cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal. Agora conclui melancolicamente que não tem razão de ser por não ter isenção e nem competência para atuar dentro dos limites da lei. Virou tribunal politico. Uma instituição inócua que consome 2,5 bilhões de reais por ano do nosso escasso e suado dinheirinho. Um escândalo. De agora em diante, com que cara vai poder fiscalizar e punir políticos eleitos ilegalmente? O TSE acabou, apesar dos esforços do Ministro Herman Benjamim, que produziu um voto profissional e exemplar, apoiado por dois ministros do Supremo, Luiz Fux e Rosa Weber. Os outros que votaram contra o relator nem sei bem quem são, exceção feita é claro ao notório Gilmar Mendes que mandou a modéstia às favas e que há muito tempo habita o noticiário, para seu deleite pessoal.
Muito pior do que o réquiem do TSE, que descanse em paz, é o estrago que esta palhaçada faz na nossa crença na justiça. Já não acreditamos no Legislativo, por abundantes razões, nem no Executivo, conspurcado por 13 anos de cleptocracia do PT e agora mais um do PMDB, que se mantém aos trancos e barrancos, ferido por escândalos de todos os tipos, corroído por um mar de lama de dar inveja aos inimigos de Getúlio Vargas.
Agora vem este ataque feroz contra um dos poderes da República que imaginávamos estar ainda incólume e que nos protegeria como Nação das safadezas em curso e na moda. Imaginávamos incólume, “pero no mucho”, já que refém do famigerado instituto do foro privilegiado, das 200 ações no STF que já prescreveram em benefício da bandidagem, e que mantém o Lula solto. Mas como a esperança é a última que morre, achávamos que a justiça um dia iria prevalecer. Era a nossa aposta. Perdemos por 4x3.
De toda esta lambança, o Ministro Herman Benjamim vai sair muito bem na foto, autor que foi da melhor frase do espetáculo: “eu, como juiz, recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão”.
Pessoas como ele e o ex-ministro Joaquim Barbosa no mensalão, corajosas e imparciais, fazem a diferença. Como o Ministro Fachin está tentando fazer na Lava Jato, apesar de frequentemente derrotado na segunda turma do Lewandowski e do Tofolli.
E nós, os cidadãos, como ficamos? Qual será a nossa reação a tanta iniquidade?
O que é mais importante para nós, proteger uma “governabilidade” mambembe ou o império da lei?
Como sempre, só nos resta o caminho das ruas.
É lá que podemos exigir que as “autoridades” nos respeitem.
Sob pena de perderem a cabeça, como o fizeram as cabeças coroadas na Revolução Francesa.
Unidos da arapongagem
Votar melhor, projeto para o Brasil
Acontecido nesse último fim de semana na cidade de Tiradentes, o evento Conexão Empresarial reuniu quase 300 empresários dos mais diversos setores da economia mineira. Lá estiveram representantes do comércio, da indústria, do setor financeiro, dos serviços, do agronegócio, prefeitos, deputados, enfim, presente o interesse do conjunto que movimenta a atividade econômica no país, reunido em torno de demandas clássicas e com prioridades comuns.
De todos se ouviu o comentário com censura sobre a decisão do TSE que absolveu da cassação a chapa Dilma-Temer, poupando a Presidência da República de novo despejo de seu titular. Na língua de todos, santificado o ministro Herman Benjamin e execrado o presidente daquele tribunal, Gilmar Mendes, com muita justiça em relação a ambos.
É sabido que o ministro Gilmar Mendes terá que acender muitas velas clamando pela amnésia da sociedade brasileira, tal o repúdio que o Brasil pensante tem a respeito de sua atuação de magistrado. Se não for esquecido, Gilmar nunca mais terá paz para sair às ruas.
Mas o julgamento, ainda que de importância histórica para o Brasil, virou no evento de pano de fundo. As pessoas, e não apenas os empresários, têm urgências que consideram mais importantes. O Brasil sempre foi assim, de memória curta e sempre com pressa.
Voltando ao evento, ficou claro o que os empresários vivem, cotidianamente. Vivem, mas exigem que sejam poupados de suas angústias comuns, expressas na impagável carga tributária, que, ao mesmo tempo em que lhes é eficazmente cobrada, destampa o desperdício, a fraude, a corrupção, a impunidade de seus agentes.
A esse cenário se acrescenta uma burocracia estúpida e onerosa, mantida quase sempre como forma de poder político e para se criarem abrigos para uma turba de aproveitadores inservíveis, que emperram o que restou da capacidade empreendedora de parcela do empresariado, ainda capaz de lutar e investir.
Essas duas deformações se impõem por meio de uma legislação coatora, quando não retrógrada e descompassada das realidades, e por isso excludente, porque é caro e penoso seu cumprimento. É preciso suavizar essa agonia geral, e um dos caminhos para limitá-la é a discussão e implantação da tão sonhada agenda de reformas, a trabalhista, a previdenciária, a política e, sobretudo, a reforma ética.
Ninguém tem dúvida de que a decisão do TSE, absolvendo Dilma e Temer, tem as marcas lesivas de um ajuste onde este não caberia existir. Sob o aspecto jurídico e ético, o Brasil ficou ainda pior. Mas está feito e é preciso avançar, olhar para a frente, lutar e fazer o impossível sob o primado da decência, da ética, do compromisso com valores melhores, que poderá dar-se em mais cuidadosa escolha de nossos representantes nas próximas eleições.
Esse é o inadiável projeto Brasil. Vamos trabalhar para realizá-lo.
De todos se ouviu o comentário com censura sobre a decisão do TSE que absolveu da cassação a chapa Dilma-Temer, poupando a Presidência da República de novo despejo de seu titular. Na língua de todos, santificado o ministro Herman Benjamin e execrado o presidente daquele tribunal, Gilmar Mendes, com muita justiça em relação a ambos.
É sabido que o ministro Gilmar Mendes terá que acender muitas velas clamando pela amnésia da sociedade brasileira, tal o repúdio que o Brasil pensante tem a respeito de sua atuação de magistrado. Se não for esquecido, Gilmar nunca mais terá paz para sair às ruas.
Voltando ao evento, ficou claro o que os empresários vivem, cotidianamente. Vivem, mas exigem que sejam poupados de suas angústias comuns, expressas na impagável carga tributária, que, ao mesmo tempo em que lhes é eficazmente cobrada, destampa o desperdício, a fraude, a corrupção, a impunidade de seus agentes.
A esse cenário se acrescenta uma burocracia estúpida e onerosa, mantida quase sempre como forma de poder político e para se criarem abrigos para uma turba de aproveitadores inservíveis, que emperram o que restou da capacidade empreendedora de parcela do empresariado, ainda capaz de lutar e investir.
Essas duas deformações se impõem por meio de uma legislação coatora, quando não retrógrada e descompassada das realidades, e por isso excludente, porque é caro e penoso seu cumprimento. É preciso suavizar essa agonia geral, e um dos caminhos para limitá-la é a discussão e implantação da tão sonhada agenda de reformas, a trabalhista, a previdenciária, a política e, sobretudo, a reforma ética.
Ninguém tem dúvida de que a decisão do TSE, absolvendo Dilma e Temer, tem as marcas lesivas de um ajuste onde este não caberia existir. Sob o aspecto jurídico e ético, o Brasil ficou ainda pior. Mas está feito e é preciso avançar, olhar para a frente, lutar e fazer o impossível sob o primado da decência, da ética, do compromisso com valores melhores, que poderá dar-se em mais cuidadosa escolha de nossos representantes nas próximas eleições.
Esse é o inadiável projeto Brasil. Vamos trabalhar para realizá-lo.
O ódio a bordo
Sofri um ataque de violência verbal por parte de delegados do PT dentro de um voo. Foram duas horas de gritos, xingamentos, palavras de ordem contra mim e contra a TV Globo. Não eram jovens militantes, eram homens e mulheres representantes partidários. Alguns já em seus cinquenta anos. Fui ameaçada, tive meu nome achincalhado e fui acusada de ter defendido posições que não defendo.
Sábado, 3 de junho, o voo 6237 da Avianca, das19h05, de Brasília para o Santos Dumont, estava no horário. O Congresso do PT em Brasília havia acabado naquela tarde e por isso eles estavam ainda vestidos com camisetas do encontro. Eu tinha ido a Brasília gravar o programa da Globonews.
Antes de chegar ao portão, fui comprar água e ouvi gritos do outro lado. Olhei instintivamente e vi que um grupo me dirigia ofensas. O barulho parou em seguida, e achei que embarcariam em outro voo.
Fui uma das primeiras a entrar no avião e me sentei na 15C. Logo depois eles entraram e começaram as hostilidades antes mesmo de sentarem. Por coincidência, estavam todos, talvez uns 20, em cadeiras próximas de mim. Alguns à minha frente, outros do lado, outros atrás. Alguns mais silenciosos me dirigiram olhares de ódio ou risos debochados, outros lançavam ofensas.
— Terrorista, terrorista — gritaram alguns.
Pensei na ironia. Foi “terrorista” a palavra com que fui recebida em um quartel do Exército, aos 19 anos, durante minha prisão na ditadura. Tantas décadas depois, em plena democracia, a mesma palavra era lançada contra mim.
Uma comissária, a única mulher na tripulação, veio, abaixou-se e falou:
— O comandante te convida a sentar na frente.
— Diga ao comandante que eu comprei a 15C e é aqui que eu vou ficar — respondi.
O avião já estava atrasado àquela altura. Os gritos, slogans, cantorias continuavam, diante de uma tripulação inerte, que nada fazia para restabelecer a ordem a bordo em respeito aos passageiros. Os petistas pareciam estar numa manifestação. Minutos depois, a aeromoça voltou:
— A Polícia Federal está mandando você ir para frente. Disse que se a senhora não for o avião não sai.
— Diga à Polícia Federal que enfrentei a ditadura. Não tenho medo. De nada.
Não vi ninguém da Polícia Federal. Se esteve lá, ficou na porta do avião e não andou pelo corredor, não chegou até a minha cadeira.
Durante todo o voo, os delegados do PT me ofenderam, mostrando uma visão totalmente distorcida do meu trabalho. Certamente não o acompanham. Não sou inimiga do partido, não torci pela crise, alertei que ela ocorreria pelos erros que estavam sendo cometidos. Quando os governos do PT acertaram, fiz avaliações positivas e há vários registros disso.
Durante o voo foram muitas as ofensas, e, nos momentos de maior tensão, alguns levantavam o celular esperando a reação que eu não tive. Houve um gesto de tão baixo nível que prefiro nem relatar aqui. Calculavam que eu perderia o autocontrole. Não filmei porque isso seria visto como provocação. Permaneci em silêncio. Alguns, ao andarem no corredor, empurravam minha cadeira, entre outras grosserias. Ameaçaram atacar fisicamente a emissora, mostrando desconhecimento histórico mínimo: “quando eles mataram Getúlio o povo foi lá e quebrou a Globo”, berrou um deles. Ela foi fundada onze anos depois do suicídio de Vargas.
O piloto nada disse ou fez para restabelecer a paz a bordo. Nem mesmo um pedido de silêncio pelo serviço de som. Ele é a autoridade dentro do avião, mas não a exerceu. A viagem transcorreu em clima de comício, e, em meio a refrões, pousamos no Santos Dumont. A Avianca não me deu — nem aos demais passageiros — qualquer explicação sobre sua inusitada leniência e flagrante desrespeito às regras de segurança em voo. Alguns dos delegados do PT estavam bem exaltados. Quando me levantei, um deles, no corredor, me apontou o dedo xingando em altos brados. Passei entre eles no saguão do aeroporto debaixo do coro ofensivo.
Não acho que o PT é isso, mas repito que os protagonistas desse ataque de ódio eram profissionais do partido. Lula citou, mais de uma vez, meu nome em comícios ou reuniões partidárias. Como fez nesse último fim de semana. É um erro. Não devo ser alvo do partido, nem do seu líder. Sou apenas uma jornalista e continuarei fazendo meu trabalho.
Antes de chegar ao portão, fui comprar água e ouvi gritos do outro lado. Olhei instintivamente e vi que um grupo me dirigia ofensas. O barulho parou em seguida, e achei que embarcariam em outro voo.
Fui uma das primeiras a entrar no avião e me sentei na 15C. Logo depois eles entraram e começaram as hostilidades antes mesmo de sentarem. Por coincidência, estavam todos, talvez uns 20, em cadeiras próximas de mim. Alguns à minha frente, outros do lado, outros atrás. Alguns mais silenciosos me dirigiram olhares de ódio ou risos debochados, outros lançavam ofensas.
— Terrorista, terrorista — gritaram alguns.
Pensei na ironia. Foi “terrorista” a palavra com que fui recebida em um quartel do Exército, aos 19 anos, durante minha prisão na ditadura. Tantas décadas depois, em plena democracia, a mesma palavra era lançada contra mim.
Uma comissária, a única mulher na tripulação, veio, abaixou-se e falou:
— O comandante te convida a sentar na frente.
— Diga ao comandante que eu comprei a 15C e é aqui que eu vou ficar — respondi.
O avião já estava atrasado àquela altura. Os gritos, slogans, cantorias continuavam, diante de uma tripulação inerte, que nada fazia para restabelecer a ordem a bordo em respeito aos passageiros. Os petistas pareciam estar numa manifestação. Minutos depois, a aeromoça voltou:
— A Polícia Federal está mandando você ir para frente. Disse que se a senhora não for o avião não sai.
— Diga à Polícia Federal que enfrentei a ditadura. Não tenho medo. De nada.
Não vi ninguém da Polícia Federal. Se esteve lá, ficou na porta do avião e não andou pelo corredor, não chegou até a minha cadeira.
Durante todo o voo, os delegados do PT me ofenderam, mostrando uma visão totalmente distorcida do meu trabalho. Certamente não o acompanham. Não sou inimiga do partido, não torci pela crise, alertei que ela ocorreria pelos erros que estavam sendo cometidos. Quando os governos do PT acertaram, fiz avaliações positivas e há vários registros disso.
Durante o voo foram muitas as ofensas, e, nos momentos de maior tensão, alguns levantavam o celular esperando a reação que eu não tive. Houve um gesto de tão baixo nível que prefiro nem relatar aqui. Calculavam que eu perderia o autocontrole. Não filmei porque isso seria visto como provocação. Permaneci em silêncio. Alguns, ao andarem no corredor, empurravam minha cadeira, entre outras grosserias. Ameaçaram atacar fisicamente a emissora, mostrando desconhecimento histórico mínimo: “quando eles mataram Getúlio o povo foi lá e quebrou a Globo”, berrou um deles. Ela foi fundada onze anos depois do suicídio de Vargas.
O piloto nada disse ou fez para restabelecer a paz a bordo. Nem mesmo um pedido de silêncio pelo serviço de som. Ele é a autoridade dentro do avião, mas não a exerceu. A viagem transcorreu em clima de comício, e, em meio a refrões, pousamos no Santos Dumont. A Avianca não me deu — nem aos demais passageiros — qualquer explicação sobre sua inusitada leniência e flagrante desrespeito às regras de segurança em voo. Alguns dos delegados do PT estavam bem exaltados. Quando me levantei, um deles, no corredor, me apontou o dedo xingando em altos brados. Passei entre eles no saguão do aeroporto debaixo do coro ofensivo.
Não acho que o PT é isso, mas repito que os protagonistas desse ataque de ódio eram profissionais do partido. Lula citou, mais de uma vez, meu nome em comícios ou reuniões partidárias. Como fez nesse último fim de semana. É um erro. Não devo ser alvo do partido, nem do seu líder. Sou apenas uma jornalista e continuarei fazendo meu trabalho.
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