sexta-feira, 4 de abril de 2014

O Pato sentou

Foram necessários cinco anos de espera para que a maioria da população de Vila dos Patos, que não reelegeu o desqualificado, visse enfim o prefeitinho sentar por duas vezes, num mesmo dia, no banco dos réus dentro do Fórum. Foi uma vitória e tanto dos abnegados que lutam há anos com denúncias gravíssimas sobre a administração corrupta.
Prefeito com extenso prontuário na Justiça conseguiu, a muito custo, por todo este tempo fugir das audiências como o diabo foge da cruz. E a cada vez que não comparecia frente ao juiz resultava em mais uma comemoração de sua tropa, que ficou amuada com o acontecimento. Para muitos deles, o Pato, como é também conhecido o de vulgo, depois que provou o gostinho do banco dos réus, pode agora sentar lá com mais freqüência do que se imagina devido aos inúmeros processos que estão correndo na Justiça desde aquele distante 2009.

Ainda não é para abrir o champanha, mas pode-se desde já ter mais esperança de que a casa vai cair.    

Hora de poesia

Comunicado

Na frente ocidental nada de novo.
O povo
continua a resistir,
sem ninguém que lhe valha,
geme e trabalha
até cair.


Miguel Torga, pseudônimo de Adolfo Correia da Rocha (1907/1995), foi dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Também escreveu contos, memórias, romances, peças de teatro e ensaios. Destacam-se no conjunto da obra os 16 volumes de “Diário”

Que Justiça é essa!?


A Justiça brasileira tem uma legislação moderníssima, elogiadíssima, mas não funciona. Os seus "donos" rebatem toda a crítica do vulgo ignaro só se esquecendo de que outras sociedades com leis antiquadas produzem mais efeito, ou o resultado que se espera da Justiça. Nos Estados Unidos, onde a Constituição é pequenina, ninguém escapa impune. Cometeu crime, é algemado, levado imediatamente ao juiz e sai da audiência direto para o xilindró. Em caso de político também não tem perdão e é longa a lista dos que frequentam as prisões norte-americanas. Até mesmo um parlamentar filho de ex-senador candidato à Presidência amarga uma cela por corrupção.
A futurística Justiça brasileira, ainda mais quando julga crimes de políticos, é de uma benevolência com os condenados que espanta qualquer Moisés ou Salomão. No caso de crimes eleitorais, extrapola e esbanja afagos aos criminosos. Os políticos são condenados a essa ou àquela pena, mas ninguém sabe se pagaram a multa. E se na verdade pagam, logicamente não é com dinheiro próprio, mas tirado do bolso público. A Justiça nem quer saber, recebe o dinheiro que veio do próprio crime, conseguido por arranjos corruptos e damos por conversado. Em recente caso, condenou um ex-vereador a "devolver" o excedente recebido indevidamente quando estava na Câmara, quatro anos depois de sua saída. O condenado deve ter agradecido, porque aplicando o “extra” durante todo o tempo que levou o processo teve rendimentos que deram para pagar folgadamente a multa e ainda sobrou para ele muito mais do que se imagina.
Se não bastasse sua lentidão, seus recursos protelatórios, a Justiça, principalmente eleitoral, dá ampla e irrestrita margem de defesa que beira ao cúmulo da falta de vergonha se ver condenados continuando a obrar da mesma forma por que foi punido. Há políticos com folha corrida muito mais extensa, e criminosa, afetando danosamente milhares de indivíduos, no entanto, livres, leves e soltos como pipa nos céus. E ai de quem tentar puxar a linha!
Um dos casos mais ridículos da legislação eleitoral brasileira aconteceu nos últimos dias quando um prefeitinho conquistou a condenação por inelegibilidade pela segunda vez consecutiva sem que as condenações sejam acumulativas. Mesmo assim ainda conseguiu se eleger (não é inelegível?) para presidência de partido como se essa eleição não estivesse sob essa legislação, o que determinaria estarem todos os partidos ilegais. Agora mais fortalecido pelo novo cargo que acumula, está à solta cometendo o mesmo crime de outras formas no município, além de levar no pescoço um colar brilhante de prontuários de fazer inveja a qualquer grande meliante do país.