terça-feira, 29 de julho de 2014

O varredor

O varredor de rua, Georges Seurat

Entra ano
sai ano
e eu?
varrendo sempre
as mesmas folhas secas
das mesmas velhas árvores
nesta mesma cidade fantasma
Dalton Trevisan


Intervencionista e parasita


O candidato à presidência pelo PV assume a fragilidade política do movimento ambientalista e critica o racha entre o grupo de Marina Silva e o PV. Defende, no entanto, uma reaproximação.

O médico sanitarista Eduardo Jorge, que concorre à presidência da República pelo Partido Verde (PV), credencia-se para ocupar o lugar de candidato incômodo desta eleição. Pretende discutir temas áridos, como reforma política, implementação do parlamentarismo, e tabus, a exemplo da legalização do aborto e da maconha.

Fundador do Partido dos Trabalhadores, em que ficou 20 anos, e ex-secretário municipal do tucano José Serra, Jorge vê um modelo de Estado desgastado. “O nosso Estado, além de intervencionista ao extremo, é parasita, com uma estrutura de presidencialismo imperial”, diz ele, que defende as consultas públicas e plebiscitos.


Autor da lei dos genéricos, o ex-deputado federal pelo PT sabe que tem “zero ou alguma chance” de vencer o pleito deste ano. Também é ciente que será difícil repetir o sucesso da ex-correligionária Marina Silva. A ambientalista, vice de Eduardo Campos (PSB), obteve 20 milhões de votos em 2010. A saída dela do PV para tentar criar a Rede foi nefasta, segundo Jorge, para a causa ambiental. “A organização do movimento político ambiental é frágil no país e aí ainda se dividiu. A gente devia ter se mantido unido e ampliado o PV”, analisa o candidato, que deixa a porta aberta para a volta de Marina.

Inchaço no Estado


Excesso de ministérios e cargos comissionados só servem para abrigar a base aliada e revelam a urgência de uma reforma administrativa, afirmam analistas. Brasil tem mais ministérios que Estados Unidos e Argentina juntos.
 A presidente Dilma Rousseff anunciou em 24 de junho um pacto com cinco medidas para atender às principais reivindicações da onda de protestos que recentemente tomou as ruas no Brasil. Entre elas está a responsabilidade fiscal nas contas públicas das esferas federal, estadual e municipal.
Mas especialistas ouvidos pela DW Brasil defendem que o governo federal pode começar "cortando na própria carne", ou seja, fazendo uma reforma administrativa que simplifique a estrutura do Executivo.

O número de ministérios e secretarias com status de ministério no Brasil – ao todo são 39 – é muito maior do que em países como Alemanha (14) e Estados Unidos (15), ou mesmo vizinhos como a Argentina (14) e o Chile (22).

"Essa forma de gestão caminha na contramão da história e de tudo aquilo que seria o ideal para a administração pública, não só no Brasil, mas em qualquer país. A criação desses ministérios é uma forma de abrigar a base aliada do governo e acelera ainda mais as distorções dentro da máquina pública", afirma José Matias-Pereira, professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB).