segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
O mal-estar eleitoral
Um dos grandes fatores de incerteza na conjuntura política é a ausência de um projeto de país no debate eleitoral que se inicia. Outro, o fato de que o Estado brasileiro está em crise, com o fracasso das políticas públicas e uma crise de financiamento cuja conta está sendo toda pendurada no sistema de Previdência.
Ao mesmo tempo em que os políticos e seus partidos não oferecem uma alternativa convincente e motivadora para a situação, a Operação Lava-Jato revelou para a sociedade que o financiamento da política — e o enriquecimento pessoal de seus principais operadores — era feito por meio do desvio ilegal de recursos, que deveriam ter ido para escolas, hospitais, estradas, metrôs, etc.
É impossível evitar o enorme mal-estar instalado na sociedade, com o agravante de que isso está sendo potencializado por outros fenômenos que não são uma exclusividade brasileira. No mundo inteiro, o Estado perdeu sua referência. O que era moderno e sólido, organizado, produtor de justiça e provedor da qualidade de vida das pessoas está se desmanchando no ar. Como assinalou o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (O mal-estar da pós-modernidade, Zahar), o Estado na pós-modernidade perdeu o poder para o mercado livre, perdeu o propósito de sua existência. Quanto maior, mais atrapalha. O Estado tornou-se uma empresa ineficiente.
Bauman utiliza a metáfora da liquidez para caracterizar a sociedade contemporânea. A crise das ideologias da modernidade — que tinham começo, meio e fim e uma base social estruturada na sociedade industrial — resultou numa cultura fluida, líquida, gasosa, pautada pelas incertezas e pela volatilidade. Tudo parece errado e em movimento. O que seria mais civilizado se revelou uma sociedade mais cruel e embrutecida, mais desigual e injusta. No Brasil, essa sensação de fracasso da sociedade contemporânea por não alcançar a felicidade, fruto da pós-modernidade, é ainda maior por causa da exclusão e da violência, sem falar na corrupção dos políticos. Sem as velhas utopias que fracassaram e com a fragmentação das ideologias, a política se tornou um objetivo em si mesma e um balcão de negócios, perdeu o projeto de Nação.
É nesse ambiente que entramos no ano eleitoral. Os discursos são, no mínimo, regressivos. Uma espécie de pare o mundo, vamos dar marcha à-ré. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, se apresenta como vítima de uma grande injustiça, como se nada tivesse a ver com toda a roubalheira que houve durante seus dois mandatos e o colapso econômico do país no governo Dilma Rousseff, cuja eleição foi sua maior proeza. Quer passar uma borracha no que aconteceu entre 2011 e 2016 e retomar o fio da história lá atrás. Vamos supor que isso fosse possível. Se Lula voltar ao poder para fazer o que vem dizendo, o desastre será ainda maior. Basta olhar para a Venezuela e outros países da América Latina.
Outro player do debate eleitoral é o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Depois da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, acredita que pode falar qualquer bobagem e nada abalará o seu prestígio. As bandeiras conservadoras e retrógradas são agarradas com as duas mãos pelo parlamentar, que faz uma defesa incondicional do golpe militar de 1964 e dos 20 anos de regime autoritário que o país atravessou. Agora flerta com ideias liberais na economia por mera conveniência; sua cabeça é nacionalista e estatizante, como a do ex-presidente Ernesto Geisel, com a diferença que não tem a mesma cultura e experiência administrativa do general que restabeleceu a hierarquia nas Forças Armadas e promoveu a abertura política. Com Bolsonaro no poder e um Congresso que lhe seja hostil, o risco de golpe militar entra em qualquer cenário pós-eleitoral.
Pode-se dizer que o país que queremos comporta essas duas alternativas? As pesquisas mostram que não. A maioria da sociedade ainda defende valores essenciais para a democracia, entre os quais a busca de consensos e a construção de soluções positivas, o respeito à diversidade, à igualdade de oportunidades e à inclusão. Entretanto, o ambiente “líquido” da disputa eleitoral fragmenta ainda mais os interesses da maioria e nenhum nome se apresenta como alternativa ao centro, nem mesmo aqueles que deveriam polarizar o debate eleitoral, como Marina Silva (Rede) e o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
Que país queremos? Quem responder a esse questionamento certamente terá possibilidade de disputar pra valer a Presidência. Sabemos, porém, que as referências dos brasileiros não são os países da América Latina, África ou Ásia; são a Europa e os Estados Unidos. Sabemos também que é preciso fazer um novo pacto entre o Estado e a sociedade e pensar um modelo de desenvolvimento mais sustentável, que aproveite nossos recursos naturais de forma não-predatória e aposte fortemente no conhecimento para que nos tornemos um país melhor para dentro e para fora dos locais de trabalho e de moradia.
Ao mesmo tempo em que os políticos e seus partidos não oferecem uma alternativa convincente e motivadora para a situação, a Operação Lava-Jato revelou para a sociedade que o financiamento da política — e o enriquecimento pessoal de seus principais operadores — era feito por meio do desvio ilegal de recursos, que deveriam ter ido para escolas, hospitais, estradas, metrôs, etc.
É impossível evitar o enorme mal-estar instalado na sociedade, com o agravante de que isso está sendo potencializado por outros fenômenos que não são uma exclusividade brasileira. No mundo inteiro, o Estado perdeu sua referência. O que era moderno e sólido, organizado, produtor de justiça e provedor da qualidade de vida das pessoas está se desmanchando no ar. Como assinalou o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (O mal-estar da pós-modernidade, Zahar), o Estado na pós-modernidade perdeu o poder para o mercado livre, perdeu o propósito de sua existência. Quanto maior, mais atrapalha. O Estado tornou-se uma empresa ineficiente.
Bauman utiliza a metáfora da liquidez para caracterizar a sociedade contemporânea. A crise das ideologias da modernidade — que tinham começo, meio e fim e uma base social estruturada na sociedade industrial — resultou numa cultura fluida, líquida, gasosa, pautada pelas incertezas e pela volatilidade. Tudo parece errado e em movimento. O que seria mais civilizado se revelou uma sociedade mais cruel e embrutecida, mais desigual e injusta. No Brasil, essa sensação de fracasso da sociedade contemporânea por não alcançar a felicidade, fruto da pós-modernidade, é ainda maior por causa da exclusão e da violência, sem falar na corrupção dos políticos. Sem as velhas utopias que fracassaram e com a fragmentação das ideologias, a política se tornou um objetivo em si mesma e um balcão de negócios, perdeu o projeto de Nação.
É nesse ambiente que entramos no ano eleitoral. Os discursos são, no mínimo, regressivos. Uma espécie de pare o mundo, vamos dar marcha à-ré. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, se apresenta como vítima de uma grande injustiça, como se nada tivesse a ver com toda a roubalheira que houve durante seus dois mandatos e o colapso econômico do país no governo Dilma Rousseff, cuja eleição foi sua maior proeza. Quer passar uma borracha no que aconteceu entre 2011 e 2016 e retomar o fio da história lá atrás. Vamos supor que isso fosse possível. Se Lula voltar ao poder para fazer o que vem dizendo, o desastre será ainda maior. Basta olhar para a Venezuela e outros países da América Latina.
Outro player do debate eleitoral é o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Depois da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, acredita que pode falar qualquer bobagem e nada abalará o seu prestígio. As bandeiras conservadoras e retrógradas são agarradas com as duas mãos pelo parlamentar, que faz uma defesa incondicional do golpe militar de 1964 e dos 20 anos de regime autoritário que o país atravessou. Agora flerta com ideias liberais na economia por mera conveniência; sua cabeça é nacionalista e estatizante, como a do ex-presidente Ernesto Geisel, com a diferença que não tem a mesma cultura e experiência administrativa do general que restabeleceu a hierarquia nas Forças Armadas e promoveu a abertura política. Com Bolsonaro no poder e um Congresso que lhe seja hostil, o risco de golpe militar entra em qualquer cenário pós-eleitoral.
Pode-se dizer que o país que queremos comporta essas duas alternativas? As pesquisas mostram que não. A maioria da sociedade ainda defende valores essenciais para a democracia, entre os quais a busca de consensos e a construção de soluções positivas, o respeito à diversidade, à igualdade de oportunidades e à inclusão. Entretanto, o ambiente “líquido” da disputa eleitoral fragmenta ainda mais os interesses da maioria e nenhum nome se apresenta como alternativa ao centro, nem mesmo aqueles que deveriam polarizar o debate eleitoral, como Marina Silva (Rede) e o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
Que país queremos? Quem responder a esse questionamento certamente terá possibilidade de disputar pra valer a Presidência. Sabemos, porém, que as referências dos brasileiros não são os países da América Latina, África ou Ásia; são a Europa e os Estados Unidos. Sabemos também que é preciso fazer um novo pacto entre o Estado e a sociedade e pensar um modelo de desenvolvimento mais sustentável, que aproveite nossos recursos naturais de forma não-predatória e aposte fortemente no conhecimento para que nos tornemos um país melhor para dentro e para fora dos locais de trabalho e de moradia.
O risco de uma crise contratada
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula em processos da Operação Lava Jato, diz esperar “um julgamento isento” quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, reunir-se no próximo dia 24 para decidir sobre o caso do tríplex do ex-presidente na praia do Guarujá.
A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, diz que “a única solução possível” para o julgamento “do ponto de vista legal é a absolvição”. Uma sentença condenatória simplesmente “não será uma sentença justa”, segundo ela. E por tabela, não deveria ser respeitada por ninguém.
“Se eles fizerem uma coisa dessas, existe a possibilidade de uma rebelião popular”, dispara o senador Lindberg Farias (PT-RJ). Afirma Tarso Genro (PT-RS), ex-ministro da Justiça: “Lula tem a obrigação de submeter-se à soberania popular e contestar as acusações que lhe são feitas”.
Ou seja: “um julgamento isento” e a única solução possível “do ponto de vista legal” seriam aqueles que resultassem na absolvição do ex-presidente. Do contrário, Lula terá a obrigação de disputar as próximas eleições mesmo impedido pela Justiça. E o país correrá o risco de ser palco “de uma rebelião popular”.
Estamos entendidos? Legal e justo para o PT é somente o que o PT aceita como legal e justo – dane-se a Justiça, dane-se o que está escrito nas leis, dane-se o bom senso, e dane-se o que no passado recente disse ou praticou o próprio PT. Ou vai ou racha. Condene-se Lula para ver só uma coisa! (Isso pode, Arnaldo?)
“É preciso derrotar o golpe em todas as suas manifestações e a ofensiva reacionária de parte do Judiciário é uma delas”, conclama nota oficial do PSOL divulgada no último sábado. Curioso! A ser um golpe a possível condenação de Lula, o PT e o ex-presidente não deveriam ter participado dele. Deveriam apenas tê-lo denunciado.
Mas participaram, sim, e continuarão participando até ficarem roucos de tanto gritar que é um golpe, até se resignarem a concorrer às eleições deste ano com outro nome na impossibilidade de Lula ser candidato. Nessa hipótese, o nome seria o do ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner.
Dilma reconheceu a legitimidade do processo de impeachment ao se defender das acusações em todas as instâncias da Justiça, ao comparecer ao Congresso para ser interrogada pelos senadores, e, por fim, ao se beneficiar do ato criminoso do Senado – esse, sim, um golpe – que preservou seus direitos políticos.
A Constituição manda que, uma vez cassada, a pessoa perca o direito de se candidatar e de exercer cargos públicos por oito anos. Sabe muito bem disso o ministro Ricardo Lewandowisk, que comandou a fase final do processo de impeachment na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal. Ou sabia e esqueceu.
Lula repete o comportamento de Dilma – com uma diferença. É mais agressivo do que ela na contestação ao devido processo legal. Não perde uma única oportunidade de avacalhar a Justiça. E como é popular e Dilma nunca foi, vale-se de sua força eleitoral para atrair parte do povo em sua defesa.
Foi uma parte minúscula do povo que atendeu ao convite e que participou dos comícios de Lula promovidos ao arrepio da lei nos últimos meses. Mas nada impede que essa parte possa crescer a depender da consistência, ou da falta dela, do juízo a ser conhecido dentro de nove dias. Haverá dias turbulentos pela frente. Ou meses.
Cabe a Justiça ser rápida para condenar ou absolver Lula. Do contrário teremos uma crise inédita e contratada desde já: a de um ex-presidente, líder nas pesquisas de intenção de voto, impedido de disputar eleições às vésperas das próximas. Ou pior: em meio a uma campanha oficialmente em curso. Seria o pior dos mundos.
A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, diz que “a única solução possível” para o julgamento “do ponto de vista legal é a absolvição”. Uma sentença condenatória simplesmente “não será uma sentença justa”, segundo ela. E por tabela, não deveria ser respeitada por ninguém.
“Se eles fizerem uma coisa dessas, existe a possibilidade de uma rebelião popular”, dispara o senador Lindberg Farias (PT-RJ). Afirma Tarso Genro (PT-RS), ex-ministro da Justiça: “Lula tem a obrigação de submeter-se à soberania popular e contestar as acusações que lhe são feitas”.
Ou seja: “um julgamento isento” e a única solução possível “do ponto de vista legal” seriam aqueles que resultassem na absolvição do ex-presidente. Do contrário, Lula terá a obrigação de disputar as próximas eleições mesmo impedido pela Justiça. E o país correrá o risco de ser palco “de uma rebelião popular”.
Estamos entendidos? Legal e justo para o PT é somente o que o PT aceita como legal e justo – dane-se a Justiça, dane-se o que está escrito nas leis, dane-se o bom senso, e dane-se o que no passado recente disse ou praticou o próprio PT. Ou vai ou racha. Condene-se Lula para ver só uma coisa! (Isso pode, Arnaldo?)
“É preciso derrotar o golpe em todas as suas manifestações e a ofensiva reacionária de parte do Judiciário é uma delas”, conclama nota oficial do PSOL divulgada no último sábado. Curioso! A ser um golpe a possível condenação de Lula, o PT e o ex-presidente não deveriam ter participado dele. Deveriam apenas tê-lo denunciado.
Mas participaram, sim, e continuarão participando até ficarem roucos de tanto gritar que é um golpe, até se resignarem a concorrer às eleições deste ano com outro nome na impossibilidade de Lula ser candidato. Nessa hipótese, o nome seria o do ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner.
Dilma reconheceu a legitimidade do processo de impeachment ao se defender das acusações em todas as instâncias da Justiça, ao comparecer ao Congresso para ser interrogada pelos senadores, e, por fim, ao se beneficiar do ato criminoso do Senado – esse, sim, um golpe – que preservou seus direitos políticos.
A Constituição manda que, uma vez cassada, a pessoa perca o direito de se candidatar e de exercer cargos públicos por oito anos. Sabe muito bem disso o ministro Ricardo Lewandowisk, que comandou a fase final do processo de impeachment na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal. Ou sabia e esqueceu.
Lula repete o comportamento de Dilma – com uma diferença. É mais agressivo do que ela na contestação ao devido processo legal. Não perde uma única oportunidade de avacalhar a Justiça. E como é popular e Dilma nunca foi, vale-se de sua força eleitoral para atrair parte do povo em sua defesa.
Foi uma parte minúscula do povo que atendeu ao convite e que participou dos comícios de Lula promovidos ao arrepio da lei nos últimos meses. Mas nada impede que essa parte possa crescer a depender da consistência, ou da falta dela, do juízo a ser conhecido dentro de nove dias. Haverá dias turbulentos pela frente. Ou meses.
Cabe a Justiça ser rápida para condenar ou absolver Lula. Do contrário teremos uma crise inédita e contratada desde já: a de um ex-presidente, líder nas pesquisas de intenção de voto, impedido de disputar eleições às vésperas das próximas. Ou pior: em meio a uma campanha oficialmente em curso. Seria o pior dos mundos.
Não só Portugal
Bem quero, mas não consigo alhear-me da comédia democrática que substituiu a tragédia autocrática no palco do país. Só nós! Dá vontade de chorar, ver tanta irreflexão. Não aprendemos nenhuma lição política, por mais eloquente que seja. Cinquenta anos a suspirar sem glória pelo fim de um jugo humilhante, e quando temos a oportunidade de ser verdadeiramente livres escravizamo-nos às nossas obsessões. Ninguém aqui entende outra voz que não seja a dos seus humores.
É humoralmente que elegemos, que legislamos, que governamos. E somos uma comunidade de solidões impulsivas a todos os níveis da cidadania. Com oitocentos anos de História, parecemos crianças sociais. Jogamos às escondidas nos corredores das instituições.Miguel Torga, "Diário" (1978)
O que é milagre brasileiro
Sempre procuro me sentar ao lado de José de Souza Martins na Academia Paulista de Letras. Porque é um grande conversador, um daqueles que você ouve longamente e até esquece o café, o suco e os pastéis. No último encontro do ano, no almoço que durou horas no restaurante La Casserole, de Marie France, me esgueirei e consegui ficar ao lado do amigo, autor de O Coração da Pauliceia Ainda Bate, um de meus livros de cabeceira, que me ensina a escrever crônicas e me encanta com histórias desta cidade. À certa altura, Martins virou-se para mim: “Sabe o que é o milagre brasileiro?”. E emendou: “Tomar o café da manhã”.
Peguei a deixa, retruquei: “O milagre brasileiro é ter o café, o leite e o pão”.
E ele: “Também milagre é levantar-se de manhã, disposto, sem uma doença, uma dor, um mal-estar, um estresse, uma preocupação”.
Neste momento, Jorge Caldeira chamou Martins, mas continuei sozinho, elucubrando (perdoem-me por tal palavra).
Receba no seu e-mail conteúdo de qualidade
"Milagre é pegar o ônibus de manhã."
"Milagre é o ônibus passar e, se passar, não chegar superlotado."
"Milagre é um jovem no metrô estar sentado no banco de gestante e idoso e levantar-se assim que uma grávida entre."
"Milagre brasileiro é um homem conseguir ficar junto a uma mulher sem encoxá-la, assediá-la."
"Milagre é a pessoa chegar ao trabalho, sentar-se e cumprir sua jornada, sem ter sido demitida logo de manhã."
"Milagre é você não ser demitido no final do expediente de sexta-feira, na véspera do feriado, no dia em que sai de férias."
"É também receber seu salário."
"Aliás, milagre mesmo é ter emprego."
"É também você passear pelo centro ou pela Avenida Paulista e não ter o celular ou a carteira roubados."
"Milagre é entrar nos Correios e ninguém te oferecer um boleto do Baú da Felicidade.”
"Ou em um banco e o caixa não indagar: não quer fazer um título de capitalização? Preciso fechar uma meta."
"Ou numa lotérica e a atendente entregar seu jogo sem perguntar: Não vai levar o bolão da Mega?”
"Estacionar seu carro e nenhuma pessoa surgir do nada perguntando: posso vigiar? Só 20 paus.”
"Milagre é o caixa do supermercado não indagar: o senhor não quer arredondar os centavos em prol de uma instituição?"
"Milagre é o telefone tocar e não haver do outro lado uma voz do telemarketing oferecendo fibras óticas ou tantos megabytes."
"Andar nas ruas e perceber que desde que o gestor Doria entrou pela primeira vez em 12 meses passou um varredor."
"Milagre é andar pela calçada e completar uma quadra sem tropeçar em um buraco, numa pedra solta, um degrau que não se percebe."
"Milagre é você pisar na faixa e os carros que viram na esquina o deixarem atravessar a rua."
“Milagre é você chegar ao estacionamento e perceber que aquele garoto, com um sorriso, permite que você ocupe a sua vaga de idoso."
“Milagre brasileiro é ninguém tentar furar a fila, invocar prioridades inexistentes, aplicando a lei do mais esperto."
"Milagre é você estar sentado na sua poltrona do avião e nenhum outro passageiro bater com a mochila na sua cara, no seu ombro, no peito. Ou atropelá-lo no corredor, querendo sair na frente."
"Milagre é você estar entrando em algum lugar e a pessoa à frente segurar a porta, em lugar de largá-la em sua cara."
"Milagre é seu vizinho entrar no elevador e dar-lhe bom dia. Ou uma pessoa pedir algo dizendo por favor e depois acrescentar muito obrigado."
"Milagre brasileiro dos maiores seria entrarmos em um apartamento e descobrirmos um monte de malas repletas de dinheiro e um cartãozinho avisando: Com o amor de sua mãezinha. Gaste com moderação."
Bom ano para vocês todos. Se for realmente bom será um imenso milagre brasileiro, como jamais se viu em 517 anos.
Ignácio de Loyola Brandão
Peguei a deixa, retruquei: “O milagre brasileiro é ter o café, o leite e o pão”.
E ele: “Também milagre é levantar-se de manhã, disposto, sem uma doença, uma dor, um mal-estar, um estresse, uma preocupação”.
Neste momento, Jorge Caldeira chamou Martins, mas continuei sozinho, elucubrando (perdoem-me por tal palavra).
Receba no seu e-mail conteúdo de qualidade
"Milagre é pegar o ônibus de manhã."
"Milagre é o ônibus passar e, se passar, não chegar superlotado."
"Milagre é um jovem no metrô estar sentado no banco de gestante e idoso e levantar-se assim que uma grávida entre."
"Milagre brasileiro é um homem conseguir ficar junto a uma mulher sem encoxá-la, assediá-la."
"Milagre é a pessoa chegar ao trabalho, sentar-se e cumprir sua jornada, sem ter sido demitida logo de manhã."
"Milagre é você não ser demitido no final do expediente de sexta-feira, na véspera do feriado, no dia em que sai de férias."
"É também receber seu salário."
"Aliás, milagre mesmo é ter emprego."
"É também você passear pelo centro ou pela Avenida Paulista e não ter o celular ou a carteira roubados."
"Milagre é entrar nos Correios e ninguém te oferecer um boleto do Baú da Felicidade.”
"Ou em um banco e o caixa não indagar: não quer fazer um título de capitalização? Preciso fechar uma meta."
"Ou numa lotérica e a atendente entregar seu jogo sem perguntar: Não vai levar o bolão da Mega?”
"Estacionar seu carro e nenhuma pessoa surgir do nada perguntando: posso vigiar? Só 20 paus.”
"Milagre é o caixa do supermercado não indagar: o senhor não quer arredondar os centavos em prol de uma instituição?"
"Milagre é o telefone tocar e não haver do outro lado uma voz do telemarketing oferecendo fibras óticas ou tantos megabytes."
"Andar nas ruas e perceber que desde que o gestor Doria entrou pela primeira vez em 12 meses passou um varredor."
"Milagre é andar pela calçada e completar uma quadra sem tropeçar em um buraco, numa pedra solta, um degrau que não se percebe."
"Milagre é você pisar na faixa e os carros que viram na esquina o deixarem atravessar a rua."
“Milagre é você chegar ao estacionamento e perceber que aquele garoto, com um sorriso, permite que você ocupe a sua vaga de idoso."
“Milagre brasileiro é ninguém tentar furar a fila, invocar prioridades inexistentes, aplicando a lei do mais esperto."
"Milagre é você estar sentado na sua poltrona do avião e nenhum outro passageiro bater com a mochila na sua cara, no seu ombro, no peito. Ou atropelá-lo no corredor, querendo sair na frente."
"Milagre é você estar entrando em algum lugar e a pessoa à frente segurar a porta, em lugar de largá-la em sua cara."
"Milagre é seu vizinho entrar no elevador e dar-lhe bom dia. Ou uma pessoa pedir algo dizendo por favor e depois acrescentar muito obrigado."
"Milagre brasileiro dos maiores seria entrarmos em um apartamento e descobrirmos um monte de malas repletas de dinheiro e um cartãozinho avisando: Com o amor de sua mãezinha. Gaste com moderação."
Bom ano para vocês todos. Se for realmente bom será um imenso milagre brasileiro, como jamais se viu em 517 anos.
Ignácio de Loyola Brandão
Assinar:
Postagens (Atom)