quarta-feira, 4 de maio de 2022

Paredão Brasil

Difícil hoje alguém não saber o que é o BBB – sigla de Big Brother Brasil, reality show da TV Globo. Reúne 20 pessoas, selecionadas, em longo processo, pela produção do programa. Esses irão conviver por três meses, numa casa fechada e recheada de câmeras.

Assinantes do programa têm o direito de acompanhar o dia a dia inteiro dos confinados. Quem não paga pode assistir um resumão diário do cotidiano do grupo, na TV aberta, em horário nobre, depois da novela das 21h. Assim vai se formando opinião sobre a performance de cada um. O que resulta em gigantescas torcidas virtuais contra ou a favor de uns e de outros.

Os participantes – homens e mulheres, chamados de elenco – vão se digladiando até que, por escolha do público, sobre um vencedor. Esse campeão leva prêmio de um milhão e meio de reais, além de fama e da conquista de milhares que seguidores. Vira mais um influencer. O que, nos dias de hoje, resultará em muito mais dinheiro no bolso. Benção, que costuma alcançar a maioria dos brothers. Inclusive os não mocinhos. Há quem goste de bandidos.

No BBB, toda a semana três ou quatro participantes vão ao paredão. Significa que, indicados pelos colegas de elenco, estarão sujeitos ao voto eletrônico do público, que decide qual dos emparedados deixará o programa.


A regra básica é evitar o paredão. Confinados, não sabem como está sendo avaliado seu desempenho no convívio em grupo. Ou seja, indo ao paredão, pode sair. Então, corra dele, ensina diariamente o apresentador do programa.

Ao longo do jogo, os que vão e voltam de distintos paredões acabam intuindo que seu comportamento vem sendo aprovado pelo público. Ganham confiança e firmeza na sua estratégia de sobrevivência no jogo.

O BBB é um jogo de habilidade e de esperteza na convivência forçada dos brothers. Como dezenas de câmeras exibem quase tudo daquele cotidiano, o programa é também um jogo de sedução do público telespectador. Assim, vão se fazendo os amados e os odiados – esses costumam sair com altas doses de rejeição popular. Serão “cancelados” aqui fora. (Cancelamento é péssimo). Vão-se seguidores e, com eles, o dinheiro que trazem.

Nos últimos dois anos, pra animar a festa, a produção do BBB seleciona o elenco com ditos famosos e gente-como-a-gente. Serão as turmas camarote e pipoca. Camarote, mundo afora, é espaço onde só cabe gente especial – de fama ou de dinheiro.

O termo pipoca vem do carnaval da Bahia, definindo os que, na rua, acompanham os trios elétricos, animadíssimos, mas fora da corda, estendida para demarcar espaço dos foliões devidamente trajados com a fantasia do trio/bloco. Esse traje, comprado e caro, é chamado de abadá pelos baianos e nas Micaretas que acontecem (ou aconteciam) em todo Brasil. Pipoca é quem sobrou na periferia da festa.

Há os que odeiam e os que amam o programa, que há 22 anos marca o começo do ano da TV Globo. E rende milhões a emissora. Até hoje, alguns poucos participantes, mesmo sem vencer, encontraram espaço de brilho pessoal no pós BBB. Ano passado, a vencedora, uma paraibana retada, virou paixão nacional. Se não conhece, nem nunca ouviu falar na Juliette tá muito out, bugado, flopado.

Flopar, nos dias de hoje, é uma tragédia. O ex-juiz Moro, por exemplo, é o maior flopado da cena política brasileira atual. Deu muito ruim pra ele.

No BBB22 venceu Arthur Aguiar, um jovem ator-cantor que entrou no programa cancelado por mau comportamento no casamento, mas, mesmo pouco amado pelos colegas de confinamento, deu seu jeito. Seduziu o público votante, levou o prêmio e saiu com mais de 13 milhões de seguidores que valem $$.

O BBB não é muito diferente da vida. Nós mortais – pipocas ou não – não temos câmeras abertas para permitir o julgamento público de nosso comportamento social, transformado em votos de sim e de não.

Finalizado o BBB da Globo, partimos para o difícil paredão da eleição presidencial de outubro. Até aqui, muitos dos previamente selecionados para o julgamento nas urnas já foram completamente cancelados, a terceira via flopou. No Paredão eleitoral deste ano ainda seguem firmes o ex-presidente Lula e o atual presidente do Brasil.

Lula, já vitimado pelo processo de produção de cancelamentos públicos, lidera as pesquisas. O outro, que concorre à reeleição, é especialista em flopar respeito, civilidade e outras questões que distinguem o racional do irracional.

Notícia de ontem, segunda, 2 de maio. “Há 77,7% de brasileiros endividados. Inadimplência alcançou o nível mais alto desde 2010, quando a pesquisa começou a ser feita: 28,6% das famílias têm dívidas atrasadas”.

A inadimplência é só mais um sintoma do desacerto brasileiro no paredão eleitoral de 2018, quando, emparedando presente e futuro, aboletamos na Presidência da República o mais despreparado dos candidatos. E eram muitos. Venceu um mico batizado de mito.

Uma letra trocada e micado ficou o país. Um C pelo T e, vapt, vupt , 200 milhões emparedados no Big Bobos Brasil.

Aprendeu? Sentiu? Então não flopa de novo no paredão de outubro!

Vai ter golpe

Saudade da época de poucas certezas. A minha única era que "amanhã é um novo dia". Parece-me, hoje, uma mistura de ingenuidade juvenil com crença na imortalidade, mas um tanto de boçalidade. Não faço ideia de como não morri lá atrás, não apenas uma vez, mas inúmeras delas, tal a certeza de que amanhã teria sempre um novo dia.

Mas se, de um lado, eu dava como certo que, fizesse chuva ou sol, o amanhã estaria ali na curva do horizonte, do outro lado, o que girava a roda da vida era um redemoinho de incertezas —e isso não era ruim. O futuro sem respostas, mas cheio de possibilidades, é ainda mais bonito do que um novo amanhecer.


Nessa curva da vida, imaginava que as certezas fossem chegando e que, enfim, me cansasse da adrenalina e pudesse só me acomodar numa caminhada com menos solavancos, mas com menos riscos de não estar aqui para um novo dia. A vida é uma coisa bem fácil de ser gostada, e a gente vai se apegando quanto mais o fim fica mais perto do que o começo.

E embora saiba mais coisas sobre a vida, sobre os homens, sobre a miséria humana, as certezas viraram desassossegos que têm consumido a mim e a todos ao meu redor a cada novo dia. Às vezes, tudo o que eu queria era só um tédio bem gostoso para abraçar e dormir mais um pouco. Mas o marasmo em que vivemos é só o das piores certezas.

Pode ser só pessimismo ou maturidade e overdose de informação. Nada se compara à ressaca que as notícias têm provocado. Nem vinho de garrafão me derrubava tanto quanto as manchetes dos jornais hoje.

Vai ter golpe. Bolsonaro só pensa nisso. As Forças Armadas estão ajoelhadas. As instituições não estão funcionando. O Legislativo e o Judiciário estão acovardados. A oposição ficou presa em 2002. A imprensa está falando com as paredes. E as paredes estão fazendo dancinhas no TikTok. Nunca haverá o Brasil que nos foi prometido. Amanhã pode não ter mais amanhã.

Brasil assassino

 


O amanhã

Existe um único lugar onde o ontem e o hoje se encontram e se reconhecem e se abraçam, e este lugar é o amanhã. Soam como futuras certas vozes do passado americano muito antigo. As antigas vozes, digamos, que ainda nos dizem que somos filhos da terra, e que mãe a gente não vende nem aluga. Enquanto chovem pássaros mortos sobre a Cidade do México e os rios se transformam em cloacas, os mares em depósitos de lixo e as selvas em deserto, essas vozes teimosamente vivas nos anunciam outro mundo que não seja este, envenenador da agua, do solo, do ar e da alma.

Também nos anunciam outro mundo possível as vozes antigas que nos falam de comunidade. A comunidade, o modo comunitário de produção e de vida, e a mais remota tradição das Américas, a mais americana de todas: pertence aos primeiros tempos e as primeiras pessoas, mas pertence também aos tempos que vem e pressentem um novo Mundo Novo. Porque nada existe menos estrangeiro que o socialismo nestas terras nossas. Estrangeiro e, na verdade, o capitalismo: como a varíola, como a gripe, veio de longe.
Eduardo Galeano, "O livro dos abraços"

Desastre anunciado

O país iria sofrer muito, caso ocorresse isso (releição). Seria um desastre. E o problema é que a história nos diz que tudo que está ruim tem espaço para piorar mais. Esse é o ponto. Nós temos que evitar que isso aconteça, sem dúvida
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central

Cão que Ladra

E aí vem O Elon Musk, tira 44 bilhões do bolso e compra o Twitter. Será que foi assim? Será que ele tem essa grana assim disponível e será que ele vai ser o dono do Twitter como se costumava entender como patrão? Esses novos bilionários espaciais, assim como os oligarcas russos e os sheiks árabes estabelecem um governo paralelo no planeta. A compra do Twitter pelo Elon Musk pode ter o mesmo significado geopolítico -exagero a parte pelo qual já peço perdão- que a guerra da Ucrânia. Lamentando os mortos que sempre são as primeiras vítimas da insanidade dos políticos temos outro tipo de vítima que são os navegadores da internet, o gado cibernético que caminha para o matadouro sem tirar o olho da tela do computador. Os governantes do mundo inteiro não conseguem mais desligar o celular e o equilíbrio de forças no planeta é elaborado também pelos algorítmos.


O Twitter, o Whatsapp e o Telegram funcionam como oráculos modernos. Dali vem a verdade mastigada e definitiva. Se você acredita ou não é outra coisa. A campanha eleitoral vai ser na sua maioria virtual. A mentira dita é muitas vezes maior que o seu desmentido. Por isso vale ser dita e até pagar multas por ela. Os primeiros vídeos de campanha do Bolsonaro (que aliás circulam pela web como se a campanha já tivesse começado) podem até ser bem feitos, mas são repletos de mentiras, histórias antigas sobre roubalheira e corrupção. Apesar de terem sido desmentidos pelo Supremo e pela ONU continuam como material de construção das ofensas e mentiras. Projetos não existem. Programas não são divulgados. Destruir continua sendo a grande ideia.

A desobediência do Daniel Silveira às ordens do Supremo, o atropelamento do Bolsonaro em relação às eleições, o desmando total no país e a juventude transviada que seus filhos representam me dão a sensação, por um lado de uma impunidade clássica do Brasil, uma passada de pano histórica como se a lei aqui não pegasse e por outro lado a impressão de que esses cães todos ladram mas mordem pouco. De qualquer forma a balbúrdia, termo que eles gostam de usar, precisa acabar e quem descumpre a lei tem, no mínimo, que pagar a multa. Se isso não for feito a desmoralização será geral e essa sensação, essa ideia passa. As pessoas seguem o exemplo que vem de cima.

Enquanto o bolsonarismo faz barulho, o Brasil sofre

Em março, o Brasil registrou a mais alta inflação para o mês em 28 anos, com um litro de gasolina custando agora mais de R$ 7. Ao mesmo tempo, a renda média dos brasileiros nas regiões metropolitanas caiu e atingiu uma mínima histórica (R$ 1.378) – o menor rendimento domiciliar per capita em dez anos. A taxa de desemprego do país deve ficar entre as mais altas do mundo em 2022 (13,7%). O desmatamento da Floresta Amazônica atingiu novos recordes no primeiro trimestre deste ano. Mais da metade da população do Brasil – 116 milhões de pessoas – vive com algum grau de insegurança alimentar.

Mas o que o país está discutindo? Que tema domina as manchetes? Com que assunto o presidente Jair Bolsonaro orgulhosamente preenche seus discursos? Sobre o que se fala no Congresso? Sobre um homem chamado Daniel Silveira. Alguém que, em tempos normais, seria completamente sem importância. É somente graças ao bolsonarismo que ele conseguiu se destacar no Brasil. Faz parte do bolsonarismo catapultar pessoas periféricas e muitas vezes extremamente desagradáveis para os holofotes, onde roubam nosso tempo e atenção.


Olhemos rapidamente para a ficha corrida do deputado Silveira, que costuma dizer que tem orgulho de já ter sido preso "mais de 90 vezes" pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. Em abril de 2007, Silveira, que então trabalhava como cobrador de ônibus, prestou depoimento na delegacia de Polícia Civil de Petrópolis sobre o uso de atestados médicos falsos no trabalho. Em 2011, Silveira foi reprovado numa pesquisa social exigida pela Polícia Militar para o ingresso na carreira. Ele só conseguiu ser integrado em 2014, após recorrer à Justiça.

Durante sua carreira como PM, Silveira acumulou faltas injustificadas por oito meses, entre 2015 e 2016. Nos Carnavais de 2015 e 2016 estava escalado para trabalhar, mas não apareceu. Ao longo de cinco anos, nove meses e 17 dias como policial militar, contabilizou 26 dias de prisão, 54 de detenção, 14 repreensões e duas advertências.

O histórico criminal de Silveira inclui também a invasão de um colégio no Rio sob o pretexto de contestar o método de ensino e uma agressão a um jornalista por ter se sentido incomodado com suas perguntas. Silveira ganhou notoriedade em 2018, quando vandalizou uma placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco.

Silveira é o típico bolsonarista: barulhento, prepotente, agressivo, medíocre e sem contribuições para o bem do país. Mas o presidente se disse "orgulhoso e feliz" por ter lhe concedido um indulto depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) o condenou à prisão por ataques contra a ordem constitucional. Para Bolsonaro, Silveira é um herói, alguém que ele convida para viajar junto com ele no avião presidencial.

Bolsonaro diz que, assim, defende a liberdade de todos. Como se a liberdade fosse o direito de infringir regras e leis. Como se a liberdade não implicasse também responsabilidade. Como se todos pudessem dizer e fazer o que quisessem sem medo de enfrentar consequências. É uma ideia infantil de liberdade.

Apesar dos enormes problemas do Brasil (ver acima), a nação está agora novamente discutindo uma suposta "crise entre os Poderes". Alguém se lembra de quantas "crises entre os Poderes" já houve desde que Bolsonaro está no poder? Na verdade, trata-se do "método Trump", que Bolsonaro tem estudado diligentemente e volta e meia aplica com sucesso. É sempre o mesmo jogo. O presidente e seus adeptos nas redes sociais e na política desafiam, provocam e ameaçam o STF para distrair, confundir, dominar as manchetes e mobilizar a base radical. E a mídia joga o jogo deles. As capas dos jornais deveriam ser dedicadas todos os dias aos 19 milhões de brasileiros que passam fome atualmente – um dos maiores escândalos neste rico país. É óbvio que o governo não tem interesse em falar sobre isso. É por isso que agora se discute a suposta crise institucional.

Bolsonaro se candidatou com a promessa de fazer valer a lei no Brasil. Disse que queria acabar com a corrupção e o crime e restabelecer valores tradicionais. Na verdade, o bolsonarismo despreza valores tradicionais, a lei e regras de convivência. Sempre se acha no direito, e, como uma criança mal-educada, começa a gritar, chorar e ficar agressivo quando não consegue o que quer. A cúpula do bolsonarismo é composta por pessoas sem respeito pela lei e as instituições.

Um acontecimento recente que ilustra perfeitamente a mentalidade do bolsonarismo foi protagonizado pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Foi a um aeroporto com uma arma carregada que não soube segurar e disparou um tiro colocando a vida de muitas pessoas em risco. Existe uma imagem melhor para a prepotência, a incompetência e o perigo que o bolsonarismo representa?

Enquanto isso, o país sofre.

Os que dizem defender a democracia já a cancelaram por 21 anos

Nada a ver com procurar pelo em cabeça de ovo. Mas há diferenças importantes nas notas distribuídas pelo Supremo Tribunal Federal e o Ministério da Defesa a respeito do encontro, ontem à tarde, entre o ministro Luiz Fux, presidente do tribunal, e o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa.

Segundo a nota do tribunal, o general “afirmou que as Forças Armadas estão comprometidas com a democracia brasileira e que os militares atuarão, no âmbito de suas competências, para que o processo eleitoral transcorra normalmente e sem incidentes”. A nota do Ministério da Defesa não fala em democracia.

O general disse que as Forças Armadas estão em “permanente estado de prontidão para o cumprimento das suas missões constitucionais”. A expressão “estado de prontidão” costuma ser usada na caserna para situações em que a tropa fica de sobreaviso, aquartelada, pronta para agir diante de algum tipo de ameaça.


Antes de reunir-se com Fux, Paulo Sérgio esteve com Bolsonaro e, depois, com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Embora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tenha estado também com Fux e dito que não considera “que haja uma crise”, existe uma crise, sim, deflagrada por Bolsonaro.


Por 10 votos contra 1, o Supremo condenou a 8 anos e 9 meses de prisão, à perda do mandato, a pagamento de multa e à inelegibilidade o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), acusado de atacar o tribunal e de participar de atos hostis à democracia. Bolsonaro assinou decreto livrando Silveira da pena.

Na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso disse em uma palestra que as Forças Armadas estariam sendo orientadas a acicatar a democracia. Instruído por Bolsonaro, o general Paulo Sérgio rebateu a fala de Barroso dizendo que sua declaração “era irresponsável” e constituía “ofensa grave” aos militares.

A maioria dos ministros do Supremo preferiu não contestar a decisão de Bolsonaro de perdoar Silveira, mas um deles, Alexandre de Moraes, relator do caso, anunciou que o deputado está inelegível, e por ter desrespeitado a ordem de usar tornozeleira eletrônica, novamente multado, desta vez a pagar 405 mil reais.

Sob o comando de Bolsonaro, só faz avançar a manobra de intimidação do Supremo. Bolsonaro quer que os militares atuem na apuração dos votos no dia das eleições. A Constituição não prevê isso em nenhum dos seus artigos. A bancada bolsonarista no Senado exige o impeachment de ministros do Supremo.

O general que representa os militares na comissão montada pelo Tribunal Superior Eleitoral para aprimorar o processo eleitoral ocupa-se em procurar pelo em cabeça de ovo, apontando falhas que não existem nas urnas eletrônicas e duvidando das explicações técnicas que o tribunal lhe oferece. Foi escalado para isso.

Há um propósito deliberado de Bolsonaro e dos militares em lançar suspeitas sobre a segurança das eleições. Havia fraude com o voto impresso. Desde a adoção do eletrônico, não houve mais. Mesmo assim, Bolsonaro chegou ao ponto de dizer que lhe roubaram a eleição de 2018, ganha por ele no primeiro turno.

Apresentou provas de que a eleição foi roubada? Nenhuma. Mas ele não precisa de provas para dizer o que quer. Seus devotos não lhe cobram provas, só as cobram dos adversários. Os militares recusam-se a aceitar um eventual retorno de Lula ao Poder. Por mais que digam defender a democracia, desconfiam dela.

Foi em nome da defesa da democracia que eles, em 1964, patrocinaram uma ditadura que durou 21 anos.