Assinantes do programa têm o direito de acompanhar o dia a dia inteiro dos confinados. Quem não paga pode assistir um resumão diário do cotidiano do grupo, na TV aberta, em horário nobre, depois da novela das 21h. Assim vai se formando opinião sobre a performance de cada um. O que resulta em gigantescas torcidas virtuais contra ou a favor de uns e de outros.
Os participantes – homens e mulheres, chamados de elenco – vão se digladiando até que, por escolha do público, sobre um vencedor. Esse campeão leva prêmio de um milhão e meio de reais, além de fama e da conquista de milhares que seguidores. Vira mais um influencer. O que, nos dias de hoje, resultará em muito mais dinheiro no bolso. Benção, que costuma alcançar a maioria dos brothers. Inclusive os não mocinhos. Há quem goste de bandidos.
No BBB, toda a semana três ou quatro participantes vão ao paredão. Significa que, indicados pelos colegas de elenco, estarão sujeitos ao voto eletrônico do público, que decide qual dos emparedados deixará o programa.
A regra básica é evitar o paredão. Confinados, não sabem como está sendo avaliado seu desempenho no convívio em grupo. Ou seja, indo ao paredão, pode sair. Então, corra dele, ensina diariamente o apresentador do programa.
Ao longo do jogo, os que vão e voltam de distintos paredões acabam intuindo que seu comportamento vem sendo aprovado pelo público. Ganham confiança e firmeza na sua estratégia de sobrevivência no jogo.
O BBB é um jogo de habilidade e de esperteza na convivência forçada dos brothers. Como dezenas de câmeras exibem quase tudo daquele cotidiano, o programa é também um jogo de sedução do público telespectador. Assim, vão se fazendo os amados e os odiados – esses costumam sair com altas doses de rejeição popular. Serão “cancelados” aqui fora. (Cancelamento é péssimo). Vão-se seguidores e, com eles, o dinheiro que trazem.
Nos últimos dois anos, pra animar a festa, a produção do BBB seleciona o elenco com ditos famosos e gente-como-a-gente. Serão as turmas camarote e pipoca. Camarote, mundo afora, é espaço onde só cabe gente especial – de fama ou de dinheiro.
O termo pipoca vem do carnaval da Bahia, definindo os que, na rua, acompanham os trios elétricos, animadíssimos, mas fora da corda, estendida para demarcar espaço dos foliões devidamente trajados com a fantasia do trio/bloco. Esse traje, comprado e caro, é chamado de abadá pelos baianos e nas Micaretas que acontecem (ou aconteciam) em todo Brasil. Pipoca é quem sobrou na periferia da festa.
Há os que odeiam e os que amam o programa, que há 22 anos marca o começo do ano da TV Globo. E rende milhões a emissora. Até hoje, alguns poucos participantes, mesmo sem vencer, encontraram espaço de brilho pessoal no pós BBB. Ano passado, a vencedora, uma paraibana retada, virou paixão nacional. Se não conhece, nem nunca ouviu falar na Juliette tá muito out, bugado, flopado.
Flopar, nos dias de hoje, é uma tragédia. O ex-juiz Moro, por exemplo, é o maior flopado da cena política brasileira atual. Deu muito ruim pra ele.
No BBB22 venceu Arthur Aguiar, um jovem ator-cantor que entrou no programa cancelado por mau comportamento no casamento, mas, mesmo pouco amado pelos colegas de confinamento, deu seu jeito. Seduziu o público votante, levou o prêmio e saiu com mais de 13 milhões de seguidores que valem $$.
O BBB não é muito diferente da vida. Nós mortais – pipocas ou não – não temos câmeras abertas para permitir o julgamento público de nosso comportamento social, transformado em votos de sim e de não.
Finalizado o BBB da Globo, partimos para o difícil paredão da eleição presidencial de outubro. Até aqui, muitos dos previamente selecionados para o julgamento nas urnas já foram completamente cancelados, a terceira via flopou. No Paredão eleitoral deste ano ainda seguem firmes o ex-presidente Lula e o atual presidente do Brasil.
Lula, já vitimado pelo processo de produção de cancelamentos públicos, lidera as pesquisas. O outro, que concorre à reeleição, é especialista em flopar respeito, civilidade e outras questões que distinguem o racional do irracional.
Notícia de ontem, segunda, 2 de maio. “Há 77,7% de brasileiros endividados. Inadimplência alcançou o nível mais alto desde 2010, quando a pesquisa começou a ser feita: 28,6% das famílias têm dívidas atrasadas”.
A inadimplência é só mais um sintoma do desacerto brasileiro no paredão eleitoral de 2018, quando, emparedando presente e futuro, aboletamos na Presidência da República o mais despreparado dos candidatos. E eram muitos. Venceu um mico batizado de mito.
Uma letra trocada e micado ficou o país. Um C pelo T e, vapt, vupt , 200 milhões emparedados no Big Bobos Brasil.
Aprendeu? Sentiu? Então não flopa de novo no paredão de outubro!
Aprendeu? Sentiu? Então não flopa de novo no paredão de outubro!
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