É pergunta para a qual não se espera resposta. Simplesmente faz parte de retórica perversa. Pensando bem, não existe nem mesmo razão perguntar. Encontrar respostas é simples. O difícil é aceitar a responsabilidade sobre elas. E agir para mudar.
Este é o país onde esforço e planejamento não são valorizados. O que vale mesmo é a capacidade de improvisação. Onde se glorifica a resposta a problemas que não deveriam ter existido através de métodos improvisados que, por sua vez, trazem soluções precárias condenadas a parir novos problemas que não deveriam ter existido.
Este é o país que investe mais na manutenção de privilégios desiguais que na formação dos jovens. Que envelhece rápido e não enriquece. Onde cada vez mais jovens não trabalham nem estudam. Que compromete o futuro para não encarar os problemas presentes.
É o país em onde os dramas e as tragédias foram se desenrolado em câmera-lenta, a vista de todos. Sem que o distinto público tivesse qualquer animo em interferir para mudar ou melhorar as regras do jogo.
Este é o país que não chegou onde está por acaso. Foi construindo seu próprio desastre. Alimentou suas angustias de mazelas inventadas escolhendo acreditar que empurrar com a barriga levaria a alguma solução aceitável.
Este é o país onde se desprezam as normas, as leis, a ética. Onde uns são mais iguais que os outros. Onde levar vantagem é norma. É o país tolerou desonestidade. E colheu corrupção.
Este é o país que aceitou a falácia de que a realidade pode ser transformada através de golpes de caneta cristalizando fraudes. Onde se acreditou que os pequenos desvios éticos e legais são aceitáveis baseados em um projeto que, juravam, trariam um bem comum que por ali nunca chegou.
Este é o país que construímos.