sexta-feira, 20 de junho de 2014
Sombras de uma pesquisa
A pesquisa “O Descontentamento no Brasil antes da Copa do
Mundo”, publicada pelo Pew Research Center, conclui que “o clima nacional no
Brasil é sombrio”, depois de um ano em que mais de um milhão de pessoas saíram
às ruas em todo o país para protestar contra a corrupção, a inflação e os
enormes gastos do governo em obras públicas para a Copa, muitas das quais
permanecem inacabadas.Muitos manifestantes dizem que o Brasil deveria ter
gastado mais com educação de qualidade, saúde e transporte público, e menos com
futebol.
Alguns dos resultados da pesquisa são:
*72% dos brasileiros estão
insatisfeitos com o rumo das coisas em seu país, em comparação com 55% pouco
antes do início das manifestações contra a Copa em junho de 2013, e 49% em
2010.
*67% dos brasileiros acham que a economia
não vai bem, em comparação com 41% no ano passado e 36% em 2010.
*61% dos brasileiros acham que sediar a Copa
do Mundo é ruim, porque retira dinheiro da educação, da saúde e de outros
serviços públicos. Só 34% acham que a Copa ajudará a melhorar a economia.
*52% dos brasileiros acham que Dilma exerce uma má
influência sobre os assuntos do país, enquanto 48% pensam que a sua influência
é boa.
O elitismo da tropa
Um manifesto assinado por 300 parlamentares, artistas,
professores, jornalistas e advogados em defesa dos condenados no mensalão foi
protocolado no Supremo Tribunal de Justiça (STF). O documento, batizado
"apelo público ao STF, em defesa da Justiça e do Estado de direito",
foi iniciativa de um grupo de amigos do ex-ministro José Dirceu, fazendo duros
ataques ao presidente do tribunal, Joaquim Barbosa.
Eis aí mais um movimento da elite, petista de camiseta e
bandeira, desfilando como justiceira em favor dos seus. Aqueles que nunca se
manifestaram contra a calamitosa gestão das penitenciárias brasileiras, onde
negros e pobres são os mais escorraçados; aqueles que não defenderam bandeiras
contra a corrupção; aqueles que não assinam nenhum documento contra os nefastos
governos petistas; aqueles que sempre taxaram os outros partidos de elite,
estão aí para demonstrar o quanto são elite. Porque elite é apenas uma parcela
da população que defende com toda a blindagem possível interesses de grupo.
O manifesto dos 300 é mais uma pirotecnia petista que se
apropria da justiça para criticar e condenar a Justiça, uma vez que os presos
que defendem, todos sem distinção, nada mais são que condenados como milhares e
milhares que vegetam nas cadeias brasileiras, estejam com saúde ou precisando
de cuidados médicos. Estiveram, por privilégio, diante do mais importante
tribunal do país e receberam as devidas (ou indevidas) condenações. Agora
desejam os amigos que a Justiça reveja a legislação para privilegiar os companheiros no xilindró. Os benefícios que conseguirem com o manifesto será estendido aos
demais presos? Nem pensar, porque os outros não fazem parte da elite.
A hipocrisia dos 300 mostra bem o quanto são capazes para
defender da lei os infratores petistas. Não falta a eles um estoque de todo
tipo de máscara para cada situação, e não têm vergonha em se mascararem
conforme a ocasião.
Sobem em tamancas e se fantasiam de Justiça por estarem
blindados e nunca porem a cara a tapa nas grandes questões que o povo levou às
ruas. Ou alguém ainda acredita que algum deles iria à rua para se manifestar
contra os desmandos na saúde, educação, segurança pública? O documento que
assinaram é uma das maiores vergonhas dos últimos tempos, mas que piamente
consideram, por serem petistas de carteirinha, que é de grande importância,
como eles também se acham importantes. Pois o mal das elites é não reconhecerem
nunca que fedem tanto quanto os outros. E os petistas que restam até
ainda vivos exalam putrefação longe.
A lista do PT
Lula só pensa naquilo. Diante das vaias (normais no ambiente
dos estádios) e dos xingamentos (deploráveis em qualquer ambiente) a Dilma
Rousseff na abertura da Copa, o presidente de facto construiu uma narrativa
política balizada pela disputa eleitoral.
A “elite branca” e a “mídia”, explicou, difundem “o ódio”
contra a presidente-candidata. Os conteúdos dessa narrativa têm o potencial de
provocar ferimentos profundos numa convivência democrática que se esgarça desde
a campanha de ataques sistemáticos ao STF deflagrada pelo PT.
O partido que ocupa o governo decidiu, oficialmente,
produzir uma lista de “inimigos da pátria”. É um passo típico de tiranos — e
uma confissão de aversão pelo debate público inerente às democracias. Está lá,
no site do PT, com a data de 16 de junho (Leia "A desmoralização dos pitbulls da grande mídia").
O artigo assinado por Alberto Cantalice, vice-presidente do
partido, acusa “os setores elitistas albergados na grande mídia” de “desgastar
o governo federal e a imagem do Brasil no exterior” e enumera nove “inimigos da
pátria” — entre os quais, este colunista.
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