sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Pensamento do Dia

 


Um país não consegue viver nessa angústia permanente

Não há melhor palavra para definir o que aconteceu em Brasília, na noite do dia 6 para o dia 7, do que “tenebroso”. Tenebroso, segundo o dicionário, significa “Coberto por trevas; repleto de escuridão; escuro, negro, sombrio”. Em sentido figurado, tenebroso é o que “incita o medo, causando horror; medonho: crime tenebroso”; e, ainda, “merecedor de desdém; que se deve desprezar por ser perverso; malévolo”. Tenebroso vem do latim “tenebrosus”, derivado de tenebra, que é “escuridão, falta de luz”, e cujo radical indo-europeu teme deu origem também a temeridade e temerário, o que “age às cegas, imprudente”.

Vejam só quantas coisas uma simples palavra explica.

A madrugada do dia 7 foi pior do que o dia 7 propriamente dito, porque o escuro favorece as más intenções. Aquele desfile de caminhões mugindo pela Esplanada dos Ministérios, o cortejo de carros buzinando por Brasília, as pessoas embrulhadas em bandeiras.

O sentimento das trevas era real e palpável, e se espalhou pelo país — ou, vá lá, pelo país que usa redes sociais. Todo mundo foi dormir tarde, na pilha, conferindo o celular constantemente, sem saber o que esperar do dia seguinte.

Que, afinal, trouxe mais do mesmo.

As mesmas multidões de meia-idade, os mesmos cartazes constrangedores escritos em mau inglês, os mesmos arroubos golpistas de uma massa que não vê contradição em pedir “liberdade” e “intervenção militar” na mesma passeata.

Considerando-se a antecedência da convocação, os esforços de divulgação e de logística, e a angústia da noite, era de se esperar algo nunca antes visto na história deste país. Pois não foi. Foram manifestações grandes, mas qualquer bom show de música reúne a mesma quantidade de pessoas com muito menos trabalho.

Ainda assim, isso não faz a menor diferença. Saber quantas pessoas exatamente havia na Paulista ou na Esplanada dos Ministérios é irrelevante, apenas uma curiosidade estatística.

Não é esse o problema.

O que importa mesmo, de verdade, é que um país não consegue viver nesse estado de angústia permanente, nesse sobressalto constante. A vida precisa de paz. Mesmo em circunstâncias normais, tocar o barco já é bastante difícil num país com os problemas e o tamanho do Brasil; quem dirá durante uma pandemia. Desde o começo deste governo tenebroso (repito a palavra) não temos descanso.

O pior é que estamos ficando exaustos e paralisados, aceitando ofensa em cima de ofensa, como se a grosseria e os descalabros do “Mito” fossem apenas um estilo vagamente excêntrico, um jeitinho caserna de ser.

Não há tecido social que suporte isso.

No dia 7 de Setembro Bolsonaro ultrapassou todos os limites do aceitável, mesmo para uma nação de sapos fervidos como a nossa. Um homem que declara com todas as letras que não vai obedecer a lei não está apto para governar, ponto.

O que ele propõe é sedição, o que ele comete é traição.

Ele só teve coragem de chegar até aqui porque Brasília é cúmplice e as elites do país são coniventes: temos um Napoleão de hospício na presidência e todo mundo faz de conta que isso é normal.

Sementeira da desordem


E aí estão os três elementos desordem: ambição dos que sabem ler mas não têm juízo, a ferocidade desocupada dos vagabundos e dos facínoras - e a ingenuidade dos analfabetos, que, coitados, são sempre os menos responsáveis e sempre os que mais sofrem
Olavo Bilac, "Revolta da vacina"

Insucesso de público, outra vez em cartaz a peça 'Jair paz e amor'

Dólar fora do controle. Pandemia aparentemente sob controle, mas sujeita ao aparecimento de novas variantes. Inflação recorde, beirando à casa dos 10% nos últimos 12 meses. Disparada no preço dos combustíveis e greve dos caminhoneiros. Reformas econômicas paralisadas. Ameaça de calote no valor de 90 bilhões de em dívidas judiciais vencidas. Crise hídrica às portas.

Na política, Centrão dá as cartas. Presidente sem partido rejeita todos eles e todos o rejeitam por tratar-se de uma companhia nefasta. Crise institucional que se arrasta pondo em choque o Executivo e o Judiciário. Fantasma do golpe que ora assombra, ora se retrai para de novo assombrar. Eleições polarizadas à vista, o que só contribui para o aumento das tensões.

Diante de um quadro desses, os que de fato mandam e sempre mandaram no país decidiram intervir – e de novo está servida a farsa de um presidente cronicamente pecador que se diz arrependido dos seus pecados. A versão Jair paz e amor, por falsa, não convence ninguém. É um clássico encenado sempre que o presidente acidental se vê em apuros, acuado, e com medo de cair.


“O grupo dos cinco não brinca em serviço”, observou um deputado federal paulista que conhece o caminho das pedras. “Não rasga dinheiro, acumula, e não põe seus negócios em perigo para dar suporte a um presidente doido”. O grupo dos cinco tem por endereço a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, sede da maior fatia do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O discurso incendiário de Bolsonaro no 7 de setembro na Avenida Paulista derrubou a Bolsa de Valores no dia seguinte e pôs em circulação a ideia de que o impeachment seria a única solução. Cauteloso, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, consultou suas fontes do mercado. O PSDB e o PMDB apressaram-se em declarar que topavam discutir o impeachment.

Então se fez ouvir a voz dos donos do poder, e ela foi peremptória: impeachment, não, jamais. Bolsonaro que se dane, mas o impeachment seria um tormento com duração de 6 a 7 meses, causando sérios danos à economia. Lira, boneco de ventríloquo do mercado, então ficou contra. PSDB e PMDB recuaram para não perder seus financiadores. Mas isso só não bastaria.

Faz mais de ano que o ex-presidente Michel Temer abriu um canal de comunicação com Bolsonaro e, a pretexto de “dar palpites”, aconselha-o em momentos delicados. Na maioria das vezes não é ouvido. Mas dessa vez, Bolsonaro fora previamente avisado de que o mercado falaria pela boca de Temer. E ouviu-o com atenção. Assinou a nota que ele trouxe pronta e divulgou-a de imediato.

Bom menino, esse rapaz que se elegeu presidente prometendo destruir o “sistema”, mas que a ele se submete para tentar sobreviver. Bolsonaro está em avançado estágio de decomposição. Com popularidade em queda, sem dinheiro para prorrogar o pagamento do auxílio emergencial e anabolizar o programa Bolsa Família, vê-se na direção de uma derrota fragorosa ano que vem.

O que lhe resta senão conformar-se com ela ou tentar evitá-la mediante um ato de força, embora lhe falte força para tal? A reapresentação por curta temporada do Jair paz e amor pode funcionar como uma trégua em meio a uma batalha. Bolsonaro vai lamber as feridas, contar o número de feridos e mortos que perdeu e dar tratos à bola sobre o que fazer doravante.

Bolsonaro não vai parar, taokey!?

A sobrevivência política de Jair Bolsonaro depende do engajamento de sua militância, pois não há nada que o presidente da República possa oferecer ao país, além de ofensas e confusão institucional. O golpismo está no DNA do bolsonarismo e o recuo momentâneo atende ao interesse de quem lhe dá sustentação política, o Centrão, pressionado que estava pelo impeachment.

Além de acalmar o mercado financeiro e tentar esvaziar o protesto dos caminhoneiros, a nota de arrego de Bolsonaro vem às vésperas das manifestações do domingo 12, que ganhou a forma de um movimento essencialmente antibolsonarista, unindo sob a mesma bandeira ‘branca’ lideranças liberais, progressistas e de centro.


Não é à toa que o PT de Lula se recusa a aderir ao protesto, pois tampouco o impeachment de Bolsonaro interessa ao ex-presidiário e aos agentes políticos e econômicos que o apoiam nos bastidores.

Claro está que os principais atores nesse cenário permanecem em suas posições. Bolsonaro não pediu desculpas a Moraes e ao STF, nem o fará; seus filhos permanecerão com a espada de Dâmocles sob a cabeça; Arthur Lira manterá o impeachment engavetado e Ciro Nogueira seguirá com a chave do cofre nas mãos.

Os bolsonaristas fanáticos seguirão se oferecendo ao sacrifício, na esperança de que Bolsonaro, em uma estratégia de guerra mirabolante e inacessível aos reles mortais, “dê um xeque-mate no establishment”.

E o eleitor pagador de impostos, que não suporta a cleptocracia lulopetista e o bolsonarismo genocida, seguirá torcendo por uma terceira via que parece cada vez mais inviável.
Claudio Dantas

O capitão sem rumo e o empurrão que falta

A ameaça do bolsonarismo de um golpe de Estado no dia 7 de setembro, com invasão do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrou-se mais uma vez um blefe, um anticlímax para os seus próprios militantes – que saíram de Brasília frustrados, porque acreditaram, piamente, que seriam conduzidos pelo seu líder para um novo regime político no país: uma ditadura fascista.

Bolsonaro e o seu governo saem mais fracos das manifestações do que já estavam, apesar de estas terem demonstrado, principalmente em São Paulo, que o movimento neofascista continua ativo e apoiando-os. Mas não é por aí, principalmente, que se pode avaliar a situação de Bolsonaro; como evidenciam todas as pesquisas, ele continua a ter o apoio de um quarto dos eleitores (nem todos identificados com o fascismo) e, por isso mesmo, tende a se reduzir com a piora da situação socioeconômica e a crise institucional do país. Essas manifestações não terão a capacidade de recuperar o apoio político perdido a partir de 2020, desde o início da pandemia.

Ao contrário; com uma pauta explícita e mais agressiva contra a democracia e as instituições do Estado de Direito, as manifestações, ao que tudo indica, aumentaram a fragilidade de Bolsonaro e de seu governo no âmbito institucional e na sociedade, induzindo que partidos e parlamentares até então reticentes passassem a admitir a possibilidade crescente do impeachment. O isolamento político do neofascismo cresceu.

A tática de Bolsonaro fica cada vez mais clara: é de permanente “fuga para frente”. Apesar de vir sofrendo, desde o início da pandemia e com as sucessivas defecções de apoiadores, um processo de perda de apoio popular e de isolamento político-institucional e na sociedade civil, a resposta e as iniciativas políticas do bolsonarismo são cada vez mais agressivas, dando impressão aparente de estar forte e na ofensiva. O anúncio em seu discurso em Brasília, que convocaria o Conselho da República (órgão consultivo) para discutir medidas de exceção, vai na mesma direção, de se manter, aparentemente na ofensiva e de dar uma satisfação aos decepcionados militantes do movimento neofascista. Novos factoides, com novas ameaças a pessoas e instituições, juntamente com teorias conspirativas e a disseminação de notícias falsas, deverão continuar acontecendo. Bolsonaro não pode dar a impressão de estar na defensiva nem de estar recuando.

Na verdade, essa tática, que esconde a fraqueza de Bolsonaro e o seu governo, serve a três objetivos:

1- Testar a resiliência das instituições democráticas e avaliar a possibilidade de execução de um golpe de Estado, o que inclui testar o grau de apoio que poderia haver nas forças armadas no sentido amplo e na sociedade civil para essa aventura.

2- Colocar em atividade permanente o movimento neofascista (o bolsonarismo), núcleo original e fundamental de apoio a Bolsonaro, e que ainda é estratégico para manter a sua competitividade eleitoral em 2022 – inviabilizando a possibilidade da chamada “3ª via” (uma candidatura da direita neoliberal, que se vende como sendo o “centro democrático”).

3- Impor permanentemente, em cada conjuntura, a pauta política do país, com a função de jogar para o fundo da cena política os assuntos que colocam Bolsonaro e o seu governo na defensiva (prática diversionista): a situação econômica do país (inflação, carestia, desemprego, pobreza, estagnação, aumento dos juros, desvalorização do real, crise energética etc.); o desempenho desastroso e genocida no enfrentamento da pandemia, evidente desde o início e mais recentemente revelado sistemática e formalmente pela CPI da Covid; e as denúncias, prisões preventivas e processos em andamento contra os filhos e apoiadores de Bolsonaro que têm por objeto as fake news e práticas inegavelmente corruptas (“rachadinhas” e compra de vacinas).

Nas últimas semanas, de preparação e anúncio dos atos do dia 7 de setembro, ficou evidenciado (por pesquisas, declarações e ações nas próprias manifestações) que os participantes e apoiadores do bolsonarismo nas polícias (militar, civil e federal) constituem uma minoria – apesar da crença bastante difundida em contrário. A expectativa de muitos, de que haveria o protagonismo dessas corporações em atos de violência e indisciplina, com a invasão do Congresso e do STF, com no limite a decretação de um golpe de Estado, não se concretizou.

Além disso, no plano institucional-parlamentar, o chamado Centrão e os presidentes da Câmara e do Senado, sujeitos fundamentais para a viabilização do impeachment de Bolsonaro, explicitaram o seu limite: apesar de seus compromissos com o presidente, não o acompanharão em uma tentativa de golpe de Estado. E no plano institucional-jurídico, o STF e outras instâncias do judiciário e o Ministério Público, apesar de serem parcialmente responsáveis pela situação trágica em que nos encontramos, têm confrontado e colocado em xeque todas as iniciativas antidemocráticas de Bolsonaro, disfarçadas de liberdade de expressão.

Mesmo entre as igrejas evangélicas e seus pastores, bastiões do bolsonarismo, começaram a aparecer publicamente críticos e vozes discordantes, inclusive através da elaboração e divulgação de manifestos. O mesmo ocorrendo com os caminhoneiros, outra forte base do bolsonarismo, com lideranças indo à justiça contra Bolsonaro e a União. Por fim, as várias frações do grande capital, que marcharam unidas no apoio à eleição de Bolsonaro, passaram, ainda que cautelosa e moderadamente, a apresentar divergências (inclusive no interior do capital financeiro) com relação às iniciativas golpistas de Bolsonaro.

Por sua vez, o adesão do PSDB ao impeachment de Bolsonaro, após as manifestações, evidencia, mais uma vez, que a preocupação maior e imediata de Bolsonaro, já há algum tempo, não é com a esquerda ou Lula, mas com a direita neoliberal, pois esta, depois de apoiá-lo, participar de seu governo (na figura de Paulo Guedes e no sequestro do Banco Central) e ir para a oposição, já percebeu (assim como Bolsonaro) que, na impossibilidade de inviabilizar de novo a candidatura de Lula, a alternativa de uma “3ª via” competitiva em 2022 exige a retirada de Bolsonaro (de alguma maneira) da competição eleitoral. É essa direita neoliberal, através de seus representantes e prepostos, quem mais tem incomodado política e concretamente Bolsonaro e o seu governo, nos planos midiático e judicial, ao dificultar enormemente suas ações e “narrativas”. Os alvos específicos das agressões de Bolsonaro nas manifestações mais recentes não deixam margem a dúvidas.

De outro lado, da parte de Lula e da esquerda em geral, mas principalmente da corrente hegemônica do PT, embora no plano do discurso o impeachment continue no horizonte, quase todas as ações políticas estão sendo dirigidas tendo por foco e objetivo primordial a eleição do próximo ano – com o suposto de que o adversário principal, e que ao que tudo indica até agora será derrotado, deve ser Bolsonaro. O discurso de Lula na véspera do dia 7 de setembro é exemplar a esse respeito: não contemplou e nem sequer mencionou, em momento algum, as manifestações contra Bolsonaro e em defesa da democracia, que também ocorreriam concomitantemente às manifestações bolsonaristas. Restringiu-se a criticar o óbvio caráter antidemocrático destas últimas e de Bolsonaro e, principalmente, acenou com a possibilidade de uma mudança do país para melhor, com a alusão implícita à eleição de 2022. Além disso, parte da oposição, e da própria esquerda, não convocaram nem participaram dessas manifestações, com o receio de haver um confronto violento com os bolsonaristas. Apesar disso, o “Grito dos Excluídos” e o “Fora Bolsonaro”, nas cidades em que ocorreram, sempre sem confrontos ou violências, foram significativos e evidenciaram a disposição de luta dos democratas e da esquerda.

A cena política do país é bastante complexa e muito incerta; no entanto, como sempre, podem-se fazer algumas conjecturas:

1- Não há possibilidade política, interna e internacionalmente, para um golpe de Estado clássico, com ruptura institucional (fechamento do Congresso e intervenção no STF) e instalação de uma ditadura, seja esta militar ou pessoal.

2- A candidatura de Lula e o seu favoritismo parecem irreversíveis; um novo golpe jurídico, que o retire de novo da cena política e da eleição, se mostra cada vez mais improvável.

3- A candidatura de Bolsonaro é a segunda mais competitiva, mas dependerá da manutenção do movimento neofascista unido e mobilizado, através de estímulos e orientações políticas como as que se explicitaram nas manifestações do último 7 de setembro. No entanto, a frustração dos seus militantes com o desfecho dos atos realizados nesta data, e que a reunião do tal Conselho da República não conseguirá reverter, poderá iniciar um processo de desidratação do movimento, dificultando ainda mais a reeleição de Bolsonaro – com essa passando a depender de um improvável (para dizer o mínimo) acordo de Bolsonaro com a direita neoliberal.

4- Mas as dificuldades não são apenas de Bolsonaro. A direita neoliberal é a tendência política com maior dificuldade na conjuntura; por um lado, não aceita a candidatura (fortemente favorita) de Lula, mas não tem como impedi-la, e de outro sabe que não conseguirá fazer um acordo com Bolsonaro minimamente confiável. A possibilidade de sua “3ª via”, portanto, exige, cada vez mais, para ser competitiva, retirar Bolsonaro da eleição de 2022. Ainda não achou um caminho para resolver o seu dilema.

Em suma, além de a montanha ter parido um rato no dia 7 de setembro, as ameaças antidemocráticas de Bolsonaro só reforçaram o seu isolamento político, trazendo para a defesa do impeachment segmentos políticos antes contrários ou vacilantes. Portanto, objetivamente, parar Bolsonaro e abreviar o seu mandato continua no cenário político; a sua fraqueza e de seu governo é crescente, mas a possibilidade de sua retirada através de um impeachment, ou de alguma outra maneira, continua incerta. Caso ocorra, abrirá uma conjuntura inteiramente nova, com uma grande derrota do neofascismo no país e um novo momento de ascensão das forças democráticas e de esquerda. Mas para isso, estas últimas têm que ser protagonistas e se colocar na linha de frente pelo impeachment, nas ruas (com grandes mobilizações) e no parlamento.